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bacitracina zinco frangos de corte

Uso da bacitracina de zinco como melhorador do desempenho de frangos de corte

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: MP Reis, PB Rodrigues, Camila Meneghetti, AAP Garcia Jr, GFR Lima, LR Silva, L Makiyama, VMP Bernardino Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras
Sumário

O uso de antimicrobianos melhoradores de desempenho na produção de frangos de corte foi fonte de muita polêmica nos últimos anos. O Brasil como terceiro maior produtor de frangos de corte do mundo determinou limites para a utilização destes compostos. Objetivou-se com o presente trabalho determinar o efeito da utilização da bacitracina de zinco, dentro dos níveis recomendados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), em dietas para frangos de corte sobre o desempenho das aves criadas de 1 a 21 dias de idade. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos, distribuídos em 10 repetições de 25 pintos machos de corte da linhagem Cobb 500®. Os tratamentos experimentais foram constituídos de cinco níveis de inclusão de bacitracina de zinco (0, 10, 25, 40 e 55 ppm). As variáveis analisadas foram consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar. A bacitracina de zinco foi eficiente como beneficiador do desempenho de frangos de corte criados no período de um a 21 dias. No período estudado, o uso da bacitracina de zinco resultou em menor consumo de ração e maior ganho de peso das aves quando comparado ao tratamento sem o antimicrobiano. No geral a melhor conversão alimentar foi obtida quando se adicionou 55 ppm de bacitracina de zinco na ração de frangos de corte.
Palavras Chave: Melhorador de desempenho, Aditivo zootécnico, Frango de corte.

Introdução
Para alcançar altos índices de produção, tornando seu produto competitivo, o produtor de frangos de corte tem a sua disposição vários produtos comercializados para este fim. Os antimicrobianos melhoradores de desempenho (AMD) são ingredientes classificados como aditivos zootécnicos e sua adição nas dietas de frangos de corte, tende a melhorar a eficiência e o desempenho animal. Entretanto, o uso dos antimicrobianos com o intuito de promover a melhoria no desempenho animal tem sido contestado, principalmente pelos países da Comunidade Européia (CE), nos quais a pressão dos consumidores por produtos livres de antimicrobianos é forte. No Brasil, o uso de antimicrobianos melhoradores de desempenho é permitido e feito dentro de normas estipuladas pelo ministério da agricultura pecuária e abastecimento (MAPA). Estas normas entraram em vigor a partir de 2004, no qual uma das principais mudanças, foi a definição de níveis máximos para utilização de cada antimicrobiano, o que levou as empresas que comercializam este aditivo a se adequarem às novas regras. Apesar dos limites estipulados, fica a critério do formulador, qual nível utilizar, e dependendo do antimicrobiano, este nível pode variar bastante, como por exemplo, a bacitracina de zinco, com o limite máximo recomendado de 55 ppm. Ao adotar o limite máximo o formulador pode fornecer doses acima do necessário para proporcionar a melhoria no desempenho animal, gerando uma ração com maior custo. Portanto, o conhecimento do melhor nível de utilização pode ser essencial para produção eficiente e de baixo custo. Diante do exposto, objetivou-se com o presente trabalho avaliar o efeito da utilização de diferentes níveis, dentro dos limites recomendados pelo ministério da agricultura, de bacitracina de zinco, sobre o desempenho das aves criadas de um a 21 dias.
Materiais & Métodos
Foram utilizados 1500 pintos, machos de um dia, da linhagem Cobb-500®, provenientes de incubatório comercial, sendo distribuídos em 60 boxes. O boxe (parcela experimental) foi preparado com sistema de aquecimento com lâmpada incandescente de 200W, bebedouro pendular e comedouro tubular. O piso do boxe foi forrado com cama reutilizada, obtida de galpão comercial. A cama foi utilizada com o intuito de provocar uma possível contaminação microbiana do ambiente (desafio), aproximando o ensaio experimental da realidade de campo. Porém, não se realizou análise microbiológica da cama que pudesse comprovar tal efeito. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos de 10 repetições cada. As rações experimentais foram formuladas à base de milho e farelo de soja, sendo isonutrientes para cada fase experimental, de acordo com o manual da linhagem.
Foi adotado um programa alimentar com duas fases, pré- inicial (1-7 dias) e inicial (8-21 dias). Como fonte do antimicrobiano utilizou-se bacitracina de zinco 15%. Os tratamentos experimentais foram constituídos por cinco níveis de inclusão de bacitracina de zinco (0, 10, 25, 40 e 55 ppm), sendo sorteados para cada parcela experimental e a dieta e a água foram fornecidas ad libitun durante todo o experimento. Os bebedouros foram lavados apenas duas vezes por semana, com o objetivo de proporcionar maior desafio ambiental às aves.
Ao final de cada fase de criação as aves e a sobra de ração foram pesadas, para posterior cálculo do consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar.
Os dados foram submetidos à análise de variância, no qual foi aplicado o teste F, por meio do software Sistema de Análise de Variância para dados balanceados (SISVAR), descrito por Ferreira (2000). O efeito dos tratamentos, quando significativo, foi desdobrado para estudo da adição dos diferentes níveis de bacitracina de zinco, através da análise de regressão.
Resultados & Discussão
Avaliando o desempenho das aves no período de um a vinte e um dias, foi observado efeito significativo dos níveis de bacitracina de zinco na ração para todas as variáveis estudadas (p<0,05) (tabela 1).
Tabela 1. Consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) dos frangos de corte na fase de 1 a 21 dias, submetidos às dietas contendo diferentes níveis de bacitracina de zinco
Tratamentos
CR (g/ave)1
GP (g/ave)2
CA (g/g)1
T1 - 0 ppm Bac. Zn
1295
896
1,44
T2 - 10 ppm Bac. Zn
1297
915
1,41
T3 - 25 ppm Bac. Zn
1285
907
1,41
T4 - 40 ppm Bac. Zn
1297
929
1,39
T5 - 55 ppm Bac. Zn
1264
899
1,40
CV %
1,94
2,31
2,09
1Efeito linear (p<0,05). 2Efeito quadrático (p<0,05)
Para a variável consumo de ração observou-se resposta linear (p<0,05) (CR = - 0,000458x + 1,299562; R² = 50,42%), verificando-se um menor consumo de ração (1264 g/ave) quando se utilizou 55 ppm de bacitracina de zinco. O maior consumo de ração foi observado para a dieta com 0 ppm de bacitracina, correspondendo a um aumentando estimado em 2,4% no consumo. Portanto, de acordo com a equação, as aves que receberam ração com bacitracina de zinco apresentaram um menor consumo no período de 1 a 21 dias.
Similar aos resultados obtidos no presente experimento, Sims et al. (2004), observaram diminuição no consumo de ração, ao fornecer 55 ppm de bacitracina na ração de perus.
Analisando os níveis de bacitracina na ração para o ganho de peso, observou-se resposta quadrática (p<0,05) (GP = - 0,000027x² + 0,001568x + 0,897036; R² = 52.84%), estimando-se a inclusão de 29,3 ppm para maximizar o ganho de peso (920 gramas), correspondendo a um aumento de aproximadamente 3% em relação as aves que não receberam bacitracina na ração (0 ppm). Os dados mostram que apesar da equação estimar maior consumo de ração para as aves que não receberam antimicrobiano, este maior consumo não foi suficiente para incrementar o ganho de peso.
Estes resultados corroboram com outros estudos (Engberg et al., 2000, Brennan et al., 2003) nos quais houve melhora no ganho de peso das aves, justificado pela diferença no perfil microbiológico do intestino delgado.
Observou-se efeito positivo do uso de bacitracina de zinco na ração sobre a conversão alimentar das aves (p<0,05) (CA = - 0,000675x + 1,434360; R² = 69.73%), com resposta linear dos níveis, verificando-se melhor conversão (1,40) quando se utilizou 55 ppm de bacitracina na ração. A maior conversão (1,44) verificada para as aves que não receberam bacitracina na ração (p<0,05), representou uma diferença de aproximadamente 3%, com relação às aves que receberam 55 ppm de bacitracina. Apesar do consumo diferenciado das aves que não receberam bacitracina, esta diferença não foi suficiente para uma expressiva diferença no ganho de peso, aumentando a conversão alimentar. Para os tratamentos com bacitracina, a diminuição no consumo de ração não foi acompanhada por expressiva queda no desempenho, ocasionando diminuição na conversão alimentar, demonstrando que a melhora na conversão alimentar foi devido a uma maior eficiência das aves em aproveitar os nutrientes da dieta.
Conclusões
Pelos resultados obtidos no presente trabalho, a bacitracina de zinco é um eficiente melhorador de desempenho de frangos de corte criados no período de 1 a 21 dias, maximizando a conversão alimentar quando se utiliza 55 ppm na ração.
Bibliografia
Brennan J, Skinner J, Barnum DA, Wilson J. 2003. The Efficacy of Bacitracin Methylene Disalicylate when Fed in Combination with Narasin in the Management of Necrotic Enteritis in Broiler Chickens. Poultry Science 82:360-363.
Engberg RM, Hedemann MS, Leser TD, Jensen BB. 2000. Effect of Zinc Bacitracin and Salinomycin on Intestinal Microflora and Performance of Broilers. Poultry Science 79:1311-1319.
Ferreira DF. 2000. Sistema de análise de variância para dados balanceados - SISVAR. Lavras: UFLA.
Sims MD, Dawson KA, Newman KE, Spring P, Hooge DM. 2004. Effects of Dietary Mannan Oligosaccharide, Bacitracin Methylene Disalicylate, or Both on the Live Performance and Intestinal Microbiology of Turkeys. Poultry Science 83:1148-1154.
 
 
Conteúdo do evento:
Autores:
Camila Meneghetti
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