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Turnover carbono-13 frangos

Turnover do carbono-13 no plasma de frangos de corte tipo colonial

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: PC Araujo, AC Pezzato, VC Pelícia, JR Sartori, C Ducatti, AC Stradiotti
Sumário

O trabalho teve como objetivo avaliar o turnover do carbono-13 pela substituição de dieta composta de grãos do ciclo fotossintético C4 por dieta composta de grãos do ciclo fotossintético C3 no plasma de três linhagens de frango tipo colonial com potencial genético de crescimentos lento, médio e rápido. Foram utilizados 900 pintos de corte com três linhagens frango tipo colonial, sendo uma de crescimento rápido (Máster Griss), uma de crescimento intermediário (Vermelhão Pesado) e uma de crescimento lento (Label Rouge), criadas em sistema intensivo, com 1 dia de idade. Para as análises isotópicas, foram tomados aleatoriamente 4 aves por tratamento nos dias 0, 1, 2, 3, 5, 8, 11,14 e 21 dias de idade. Os resultados revelaram valores de meia vida do carbono-13 no plasma foi de 1,42; 1,96 e 1,64 dias para as linhagens Pescoço pelado, Vermelho pesado e Master Griss respectivamente, representando a velocidade de turnover deste tecido e indicando a velocidade de crescimento destas aves.
Palavras Chave: Isótopos estáveis, Label Rouge, Master Griss, Vermelhão Pesado.

Introdução
A técnica dos isótopos estáveis pode ser utilizada como metodologia envolvendo a variação natural do carbono-13 tecidual ou corporal para avaliar a qualidade da dieta e a eficiência com que é utilizada pelos animais. Essa metodologia pode ser considerada apropriada para avaliar a substituição do carbono tecidual, fornecendo diretamente o turnover, em vez de taxas de síntese e degradação separadamente (Zuanon et al., 2007).
O turnover de componentes corporais e órgãos de animais adultos podem ser mensurados por dietas com assinaturas isotópicas contrastantes (Gannes et al., 1998). Após a mudança da dieta, a alteração da composição isotópica no tecido ou corpo depende da velocidade com que esses constituintes são substituídos.
Durante o crescimento de frangos de corte, produz-se um incremento rápido no início, diminuindo com o passar do tempo até atingir o pleno desenvolvimento do tecido, quando então se torna nulo (Macari et al., 2002).
A maioria dos estudos tem utilizado animais adultos na determinação de turnover para evitar erros de interpretações causadas pelo fator crescimento, pois o acréscimo de massa tecidual é o principal fator na velocidade de diluição isotópica do carbono (turnover isotópico) em relação ao turnover metabólico para animais em crescimento (Zuanon et al., 2007).
O objetivo foi avaliar o turnover do carbono-13 pela substituição de dieta composta de grãos do ciclo fotossintético C4 por dieta composta de grãos do ciclo fotossintético C3 no plasma de três linhagens de frango tipo colonial com potencial genético de crescimentos lento, médio e rápido.
Materiais & Métodos
Em galpão experimental da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP - Campus de Botucatu-SP, foram alojados 900 pintos de corte com três linhagens de frango tipo colonial, sendo uma de crescimento rápido (Máster Griss), uma de crescimento intermediário (Vermelhão Pesado) e uma de crescimento lento (Label Rouge), criadas em sistema intensivo. As aves foram distribuídas em delineamento em blocos casualizados com 6 tratamentos e 4 repetições, com água e ração fornecidas ad libitum, durante todo o período experimental.
Os pintainhos foram obtidos de matrizes que estavam recebendo dietas compostas predominantemente por grãos de plantas do ciclo fotossintético C4. Ao nascerem, estes devem possuir em seus tecidos corporais sinais isotópicos de carbono-13 semelhantes ao destas dietas. Após o alojamento as aves foram alimentadas com dieta contendo predominantemente grãos do ciclo C4 para dar início à troca de sinal do tecido corporal.
Para as análises isotópicas, foram tomados aleatoriamente 4 aves por tratamento nos dias 0, 1, 2, 3, 5, 8, 11, 14 e 21 dias de idade. Para realização dessas análises, as amostras de plasma foram descongeladas, e analisadas na forma líquida adicionando-se 0,3 μl em cápsulas de estanho para determinação das razões isotópicas de carbono em espectrômetro de massa DELTA-S (Finnigan Mat) acoplado ao Analisador Elementar (EA 1108 CHN), de acordo com a equação d13C(amostra, padrão) = [(Ramostra/Rpadrão)- 1] x 103, onde: d13C = enriquecimento relativo da razão 13C/12C da amostra em relação ao padrão PDB. R = razão isotópica (13C/12C) da amostra e do padrão.
Para mensurar o turnover isotópico do carbono (diluição isotópica) nos tecidos em um determinado intervalo de tempo pelo método de equações exponenciais de primeira ordem do softwareOrigin® 6.0 Professional (Microcal Software, 1999), foi empregada a função exponencial do tempo expressa pela equação d13C(t) = d13C (f) + [d13C (i) - d13C(f)]e-kt, onde: d13C(t) = enriquecimento isotópico do tecido em qualquer tempo (t); d13C(f) =enriquecimento isotópico do tecido no patamar de equilíbrio, ou condição final; d13C(i) = enriquecimento isotópico do tecido, na condição inicial; k = constante de troca (turnover) em dia-1; t = tempo (em dias) a partir da substituição da dieta.
A meia-vida do 13C para o tecido muscular, na condição de 50% da condição inicial e 50% da condição final, em t= T, será calculada pela equação T = ln 2/k, onde: T = meia-vida, em tempo (dias); ln = logaritmo niperiano; k = constante da taxa de turnover no tecido, em dia-1.
Resultados & Discussão
Os valores médios do d13C em função do tempo, a meia vida e suas respectivas equações, para o sangue das diferentes linhagens de frango de corte tipo colonial podem ser observadas nas Figuras 1, 2 e 3. A análise dos resultados de d13C do sangue dos frangos da linhagem Pescoço pelado (crescimento lento) resultou na equação d13C= -25,72 - 2,03 e-0,5873t com meia vida do carbono calculada de 1,42 dias, para os frangos da linhagem Vermelhão pesado (crescimento médio) a equação obtida foi: d13C= -25,57 - 2,80 e-0,3532t com meia vida do carbono de 1,96 dias, e para os frangos da linhagem Master Griss (crescimento rápido) a equação obtida foi: d13C= -25,84 - 2,34 e-0,4204t com meia vida do carbono de 1,64dias.
Figura 1. Curvas de diluição isotópica do carbono (média ± desvio-padrão, n = 4) e valores de meia vida (em dias) do sangue frangos da linhagem Pescoço pelado

Turnover do carbono-13 no plasma de frangos de corte tipo colonial - Image 1

 Figura 2. Curvas de diluição isotópica do carbono (média ± desvio-padrão, n = 4) e valores de meia vida (em dias) do sangue frangos da linhagem Vermelhão Pesado
Turnover do carbono-13 no plasma de frangos de corte tipo colonial - Image 2
Figura 3. Curvas de diluição isotópica do carbono (média ± desvio-padrão, n = 4) e valores de meia vida (em dias) do sangue frangos da linhagem Master Griss
Turnover do carbono-13 no plasma de frangos de corte tipo colonial - Image 3
Verifica-se que o valor meia vida encontrado para a linhagem Pescoço Pelado foi o menor (1,42dias) indicando que esta linhagem teve troca mais rápida de carbono-13, o que não era esperado por se tratar de uma linhagem de crescimento lento. Para a linhagem Vermelhão Pesado, o valor de meia vida foi o maior (1,96 dias) indicando troca mais lenta de carbono-13 podendo representar crescimento mais lento entre as três linhagens contra firmando o pré-determinado que era o de crescimento médio. Para a linhagem Master Griss o valor de meia vida foi o intermediário (1,64 dias) podendo representar crescimento médio entre estas três linhagens. Esses interessantes resultados, além de evidenciarem uma inversão entre as linhagens Pescoço Pelado, Master Griss e Vermelhão Pesado no que se refere à velocidade de crescimento, também servirão de base, contribuindo para a realização de outros estudos envolvendo a técnica dos isótopos estáveis para a rastreabilidade.
Conclusões
A utilização dos isótopos estáveis em pesquisas na área da nutrição animal é uma ferramenta eficiente para o entendimento do metabolismo animal.
Agradecimentos
À FAPESP pelo financiamento do projeto Temático nº 2008/57411-4, do qual este estudo faz parte. Pela bolsa de doutorado concedida Processo n° 2010/51717-4.
Bibliografia
Gannes LZ, Del-Rio CM, Koch P. 1998. Natural abundance variations in stable isotopes and their potential uses in animal physiological ecology. Comparative Biochemistry and Physiology 119A(3)725-737.
Macari M, Furlan RL, Gonzales E, Sartori JR. 2007. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. In: Crescimento e metabolismo muscular. Jaboticabal, FUNEP:UNESP :279-297.
Zuanon JAS et al. 2007. Muscle delta 13C change in Nile tilapia (Oreochromis niloticus) fingerlings fed on C3 or C4 cycle plants grain-base diets. Comparative Biochemistry and Physiology 147:761-765.
 
 
Conteúdo do evento:
Autores:
PC Araujo
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