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Frangos de corte flavomycin

A reavaliação dos efeitos sobre o desempenho de frangos de corte flavomycin ao vivo

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: R. Barros, SL Vieira, F Bess, E Allix, R Dornelles - Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Departamento de Zootecnia - Huvepharma do Brasil Com.Imp. Ltda
Sumário

Flavomicina foi amplamente utilizado como promotor de crescimento para frangos de corte no passado. Seus efeitos são conhecidos por conduzir uma modificação na microflora intestinal que diminui o crescimento de organismos patogênicos como Escherichia coli, Salmonella sp. e Clostridium perfringens. Estes benefícios são relacionados com uma melhora na conversão alimentar e ganho de peso. O objetivo deste trabalho foi reavaliar a suplementação de flavomicina utilizando um experimento dose-resposta. Novecentos pintos machos do cruzamento Cobb x Cobb 500 foram alojados e suplementados com dietas de 0, 2, 4, 8 e 16 ppm de flavomicina. Ganho de peso, conversão alimentar corrigida pela mortalidade, consumo e mortalidade foram avaliados. A inclusão de flavomicina melhorou ganho de peso e conversão alimentar para as aves suplementadas quando comparadas com dietas sem suplementação. O desempenho vivo foi otimizado com 10,9 ppm para ganho de peso e 10,14 ppm para conversão alimentar de 1 a 42 dias de idade.
Palavras Chave: Desempenho de frango, Favophospholipol, Dose-resposta.

Introdução
Um dos grandes receios no uso de promotores de crescimento é o risco da transferência de bactérias resistentes do meio zootécnico para o homem. Esta preocupação é justificada pelo uso comum de substâncias em medicina humana e veterinária. A flavomicina (flavophospholipol) é um principio ativo utilizado apenas em zootecnia como promotor de crescimento e não possui atividades farmacêuticas necessárias para uso curativo em medicina humana e veterinária. A literatura cita que este promotor tem grande eficiência em reduzir populações de organismos potencialmente patogênicos como Salmonella sp., Escherichia coli,Clostridium perfringens e Campylobacter sp (Bolder et al., 1999; Butaye et al., 2003). Este efeito é devido a formação de ácido lático pelos lactobacilos e bifidobactérias com produção de ácidos graxos voláteis e resultando em um efeito antagônico ao crescimento das bactérias citadas bem como diminuindo sua excreção no ambiente (Butaye et al., 2003; Stutz & Laron, 1984) . Além do efeito na microflora de aves, a flavomicina melhorou as taxas de ganho de peso e conversão alimentar (Esteve-garcia et al., 1997). Embora este ganho seja conhecido, a falta de estudos com essa molécula faz com que suas doses estejam subestimadas frente a avicultura atual, principalmente pela redução drástica no seu uso nas últimas décadas. O objetivo deste estudo foi avaliar a melhor dose-resposta para frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.
Materiais & Métodos
Foi conduzido um experimento no Aviário de Ensino e Pesquisa da UFRGS com 900 frangos de corte machos do cruzamento Cobb x Cobb 500 de um dia de idade. Os animais foram vacinados para doença de Gumboro e Marek no incubatório. As aves foram divididas em 5 tratamentos com 12 unidades experimentais cada. As dietas experimentais foram divididas em 4 fases: pré-inicial de 1 a 7 dias, inicial de 8 a 21 dias, crescimento de 22 a 35 dias e final de 36 a 42 dias de idade. As dietas formuladas foram isoenergéticas e isoprotéicas, diferenciando-se apenas pela inclusão do promotor e sua dose. Os tratamentos contaram com 5 inclusões do promotor de crescimento: 0, 2, 4, 8 e 16 ppm de flavomicina. O desempenho animal foi avaliado semanalmente até os 42 dias de idade. Aos 21 dias de idade foram retirados os animais com problemas locomotores e erros de sexagem. Os parâmetros avaliados foram: conversão alimentar corrigida pela mortalidade (CA), consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), peso corpóreo e mortalidade (MORT). A mortalidade (MORT) foi monitorada periodicamente e classificadas conforme sua provável causa. O programa de luz dos animais seguiu as recomendações do manual da linhagem. A ambiência dos animais foi monitorada diariamente. Para atingir o conforto térmico das aves foram utilizados aquecedores, ventiladores e nebulizadores conforme sua necessidade. As aves tiveram a sua disposição comedouros pendulares e bebedouros tipo nipple. Água e ração foram fornecidos a vontade. Foi utilizado maravalha como cama para as aves. A análise estatística foi realizada com o pacote SAS (2004) - O PROC GLM e PROC REG -. As médias dos tratamentos foram analisadas através do teste de Tukey a 5% de significância.
Resultados & Discussão
Os dados de desempenho estão sumarizados na Tabela 1. As curvas de regressão e suas equações podem ser visualizadas na Figura 1 e Tabela 2, respectivamente. Conforme apresentado na Tabela 2, o tratamento sem flavomicina teve pior desempenho quando comparado com os tratamentos suplementados, independentemente da dose utilizada o que pode ter sido devido ao aumento da competição pelo alimento da microflora e das vilosidades intestinais da ave (Lorençon et al., 2007). Houve resposta significativa para ganho de peso, conversão alimentar e consumo de ração no período de 1-21 dias. Para consumo de ração, os resultados de 1 a 21 dias de idade nos mostram que os tratamentos suplementados com flavomicina foram estatisticamente iguais ao tratamento sem suplementação, a exceção da dosagem de 16 ppm (P=0,0039) que foi superior. O tratamento com 16 ppm de flavomicina diferenciou-se (P=0,0039) das inclusões de 0, 2 e 4 ppm e foi igual a 8 ppm para consumo de ração, sendo os melhores tratamentos para esse parâmetro neste período. Os tratamentos com 4 e 16 ppm de inclusão de flavomicina foram estatisticamente superiores ao controle negativo e iguais (P>0,05) as demais inclusões para conversão alimentar. As inclusões de 2 e 8 ppm foram similares (P>0,05) entre os demais tratamentos. Na análise de ganho de peso, a maior inclusão de flavomicina foi igual a dosagem de 8 ppm e superior as demais inclusões. As doses de 0, 2 e 4 ppm foram estatisticamente iguais (P>0,05). Os resultados concordam com os dados encontrados por Parks et al. (2001)em trabalho realizado com desafio de E. coli, onde a suplementação de flavomicina favoreceu um incremento no ganho de peso comparado ao tratamento controle sem a presença do promotor.
Tabela 1. Desempenho dos animais suplementados com flavomicina.
 
1-21 dias
22-42 dias
1-42 dias
Tratamentos
CR, g
CA
GP, g
CR, g
CA
GP, g
CR, g
CA
GP, g
T1 - 0 ppm
1.104b
1.279b
864c
4.081
1.764b
2.313b
5,243
1,651b
3,177b
T2 - 2 ppm
1.112b
1.247ab
892bc
4.105
1.713a
2.396a
5,273
1,604a
3,288a
T3 - 4 ppm
1.113b
1.238a
899bc
4.097
1.695a
2.422a
5,275
1,588a
3,321a
T4 - 8 ppm
1.154ab
1.249ab
924ab
4.096
1.684a
2.433a
5,308
1,582a
3,356a
T5 - 16 ppm
1.168a
1.244a
940a
4.142
1.701a
2.409a
5,321
1,589a
3,349a
Média
1,187
1,315
903
4,097
1,711
2,394
5,283
1,602
3,298
CV, %
3,49
2,00
3,33
3,00
1,58
2,67
2,27
1,35
2,34
Probab.
0,0039
0,0031
<0,0001
0,9859
<0,0001
0,0011
0,6315
<,0001
<,0001
*Médias seguidas por letras na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância.
Figura 1. Gráfico de regressão dos parâmetros conversão alimentar e ganho de peso.
A reavaliação dos efeitos sobre o desempenho de frangos de corte flavomycin ao vivo - Image 1
Tabela 2. Equações de regressão em resposta a inclusão de flavomicina na dieta, de 1 a 42 dias.
Resposta
Equação
Prob.
r2
Dose Ótima, ppm
GP
Y=1, 623x² + 35,231x - 3196,7
0,0006
0,4163
10,9
CA
Y=0, 0007x² - 0,0142x + 1,641
0,0001
0,5326
10,1
Para o período de 22 a 42 dias de idade, o consumo de ração não diferiu estatisticamente entre os tratamentos. As inclusões de flavomicina foram melhores(P<0,0001) ao diminuir a conversão alimentar dos animais suplementados. O parâmetro ganho de peso demonstrou melhora com a suplementação do promotor de crescimento no período de 22 a 42 dias. No período de 1 a 42 dias a suplementação de flavomicina foi eficiente em aumentar ganho de peso e melhorar a conversão alimentar de todos os tratamentos suplementados. A variável consumo de ração não obteve resposta significativa no período total de 1 a 42 dias. Dawson (1997) reportaram que o uso de flavomicina em dietas de aves desafiadas com E. coli obtiveram um aumento no ganho de peso das mesmas, mas sem melhora na conversão alimentar. Entretanto, Ashayerizadeh et al. (2009) relatam que o uso de flavomicina incrementou o ganho de peso e diminuíram a conversão alimentar dos animais suplementados.
O uso deste aditivo em doses crescentes obteve incrementos no desempenho até a dosagem de 10,9 ppm deste promotor, conforme demonstrado pelo gráfico presente na figura 1. lsto pode ser atribuído a uma maior pressão de seleção sobre as bactérias intestinais, que com maiores dosagens selecionaram em maior quantidade as bactérias do gênero lactobacilos e bifidobactérias, diminuindo o pH do meio e, assim, reduzindo o crescimento de bactérias potencialmente patogênicas.
Conclusões
Dietas com 2 ppm ou mais de flavomicina produziram desempenho superiores ao controle negativo, não havendo diferenças entre 2 ppm e os demais níveis adicionados quando a avaliação foi feita pelo teste de Tukey (P<0.05) de 1 a 42 dias.
Frangos de corte consumindo dietas suplementadas com flavomicina apresentam melhora no ganho de peso e conversão e alimentar. As concentrações de flavomicina que otimizam as respostas de ganho de peso e conversão alimentar são respectivamente 10,9 ppm e 10,14 ppm.
Bibliografía
Ashayerizadeh A, Dabiri N, Ashayerizadeh O, Mirzadeh KH, Roshanfekr H, Mamooee M. 2009. Effect of dietary antibiotic, probioticand prebiotic as growth promoters, on growth performance, carcass characteristics and hematological indices of broiler chickens. Pak. J. Biol. Sci. 12:52-57.
Bolder NM, Wagenaar JA, Putirulan FF, Veldman KT, Sommer M. 1999. The effect of flavophospholipol (flavomycin) and salinomycin (sacox) on the excretion of Clostrid-ium perfringens, Salmonella enteritidis, and Campylobacter jejuni broilers after experimental infection. Poult. Sci. 78:1681-1689.
Butaye P, Devriese LA and Haesebrouck F. 2003. Antimicrobial growth promoters used in animal feed: effects of less well known antibiotics on gram-positive bacteria. Clin. Microbiol. Rev. 16:175-188.
Dawson KA. 1997. Mechanisms, development and applications of microbial competitive exclusion strategies in animal production systems. pp159-175. In: Proceedings for the Arkansas Nutrition Conference. University of Arkansas, Fayetteville, AR.
Esteve-Garcia E, Brufau J, Perez-Vendrell A, Miquel A, Duven K. 1997. Bioefficacy of enzyme preparations containing β-glucanase and xylanase activities in broiler diets based on barley or wheat, in combination with flavomycin. Poult. Sci. 76:1728-1737.
Lorençon L, Nunes R, Pozza P, Pozza M, Appelt M, Silva W. 2007. Utilization of growth promoter for broiler chickens in mashed and pellets diets. Acta Scientiarum. Animal Sciences 29:210-219.
Parks CW, Grimes JL, Ferket PR, Fairchild AS. 2001. The effect of mannanoligosaccharides, bambermycins, and virginiamycin on performance of large white male market turkeys. Poult Sci. 80:718-723
SAS Institute, 2004. SAS User''''s Guide: Statistics, Version 8.0 Edition. SAS Institute, Cary, NC.
Stutz MW & Lawron GC. 1984. Effects of diet and antimicrobials on growth, feed efficiency, intestinal Clostridium perfringens, and ileal weight of broiler chicks. Poult Sci. 63:2036-2042.
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Autores:
R. Barros
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