Introdução
Nos últimos anos, a coturnicultura tem despertado grande interesse de produtores e empresas, por exigir investimentos e mão-de-obra menores que outras culturas, alem do mais algumas raças apresenta ciclo reprodutivo curto, precocidade sexual, boa fertilidade e ótima taxa de postura. Quando falamos de codornas japonesas, podemos verificar percentagem de postura de até 80% (TDNET, 2006).
Como podemos notar a produção de ovos de codorna brasileira apresentou um rápido crescimento nos últimos 10 anos. Em 2001, o plantel de codornas foi estimado em seis milhões de aves, com produção de 93.334 mil de dúzias de ovos (IBGE, 2003). Já em 2007 a produção de ovos subiu para 131 mil dúzias e em 2009 saltou para 192.196 mil dúzias (IBGE, 2010).
Este aumento da produção se deve em parte à mudanças nos hábitos de alimentação do homem moderno, que tem procurado cada vez mais restaurantes para realizarem suas refeiçoes, e do aumento no número de refeições preparadas nesses estabelecimentos. Esse aumento tem se mantido com a maior oferta do produto, garantida pela maior produtividade do segmento coturnícola com a adaptação e modernização dos criatórios tradicionais (Bressan & Rosa, 2002).
Em aves de postura, é conhecida a função da luz artificial nos programas de iluminação, aumentando o fotoperíodo e estimulando a produção de ovos, considerando que as aves são responsivas a estimulação pela luz. Porem se esta técnica de iluminancia não for adequada a este tipo de criação, os indices produtivos não serão bons, tornando a criação inviavel. Segundo (Etches, 1996) O uso da iluminação artificial para aves de postura comercial é uma das mais poderosas ferramentas de manejo disponíveis para o produtor avícola.
Jordan & Tavares (2005) e Jácome (2009) afirmam que o setor de iluminação é um grande responsável por desperdícios na produção de ovos, o sistema de iluminação utilizado para produzir a iluminância normalmente empregada é composto por um elevado número de lâmpadas de alta potência e baixa eficiência. As lâmpadas incandescentes, usualmente empregadas, apresentam baixa conversão em lm W -¹, além de pequena durabilidade, com vida util de 1000 h em média, assim aumentando os gastos com reposição.
Levando em conta que os gastos e desperdícios totais de energia elétrica, na produção de aves, são altos, tornam-se necessários estudos que modifique e atualize os setores avícolas, viabilizando a competitividade da produção. Com isso objetivou-se testar uma fonte alternativa na iluminação artificial das gaiolas para codornas de postura, substituindo as lâmpadas incandescentes usuais por Mangueiras luminosas.
Materiais & Métodos
O trabalho foi conduzido no setor de avicultura da Universidade Federal de Santa Maria, campus Palmeira das Missões - RS, a uma latitude 27° 53' 58" sul e a uma longitude 53° 26' 45" oeste, estando a uma altitude de 634m acima do nível do mar.
Foram utilizadas 112 codornas japonesas (Coturnix Japonica), fêmeas de linhagem para postura com idade inicial de 45 dias, sendo submetidas a quatro tratamentos de iluminação com mangueiras luminosas, sendo os tratamentos as seguintes cores: amarelo, vermelho, azul e verde.
As análises foram realizadas ao longo de 140 dias, sendo o total dividido em 5 períodos de 28 dias, e cada análise com duração de 4 dias.
Coletaram-se os dados de produção total diária, e a cada período de 28 dias foi coletada uma amostra representativa para análise de peso do ovo, altura de albúmen e unidade Haugh. A avaliação da altura do albúmen foi realizada em uma superfície plana onde foi medida com o auxilio de um paquímetro digital. Já para peso do ovo, foi utilizada uma balança digital, com precisão de 0,05 kg.
Para estimar a Unidade Haugh, foi utilizado os dados de peso do ovo e da altura do albúmen, e foi calculada através da seguinte fórmula: UH = 100.log (A - 1 7P0,37+ 7,6) (Haugh 1937; Brant et al., 1951), e adaptada em uma planilha Microsoft Office Excel 2007®. A= altura do albúmen em milímetros; P = peso do ovo em gramas.
O consumo de ração foi avaliado através da pesagem das sobras de ração no final de um período de 24 horas durante quatro dias. A dieta utilizada foi comercial própria para codornas em fase de postura. O manejo adotado manual com uso dos comedouros tipo calha e bebedouros tipo nipple, para todos os tratamentos.
A partir da primeira semana de alojamento, estabeleceu-se o programa de luz, iniciando-se com 13 horas diarias de fotoperiodo, com aumentos sucesivos de 30 minutos por semana, até que atingisse 17 horas diárias de fotoperiodo. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições. Os resultados foram submetidos ao teste F, e as médias foram comparadas pelo teste Tukey. As análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico (ASSISTAT, 2010).
Resultados & Discussão
Observou-se em relação a produção das aves, que as aves pertencentes ao tratamento composto por mangueiras luminosas de cor verde obtiveram uma maior produção quando comparadas com as aves submetidas a mangueiras de cor azul (P<0,05), porem quando comparamos as aves expostas a cor azul com a aves pertencentes as gaiolas que continham as cores amarela e vermelha, não obteve-se diferença na produção (P>0,05). O tratamento das mangueiras verde não diferiu estatisticamente dos tratamentos compostos por mangueiras de cor amarela e de cor vermelha (P>0,05).
A produção de ovos dos tratamentos compostos por mangueiras de cor verde 96% e vermelha 92% foram superior e igual respectivamente a produção de ovos onde codornas foram expostas a lampadas incandecentes, segundo (Borille et al., 2010) que em seu trabalho obteve uma produção de 92% com luz incandecente, assim pode-se afirmar que mudando o tipo de iluminação de lampadas incandecentes mor mangueiras luminosas de cor vermelha ou cor verde não afetaria a produção.
Tabela 1. Produção, % (PR), consumo de ração, g (CR) de ovos de codornas japonesas submetidos a diferentes tipos de iluminação artificial
No que se refere a consumo podemos observar que as aves do tratamento composto por mangueiras de luz verde obtiveram uma maior ingestao de ração do que as aves do tratamento de luz azul, e este não diferiu dos tratamentos onde era ofertada a luz vermelha e amarela (P>0,05).
Tambem não obteve-se diferença entre os tratamentos compostos por mangueiras de luz verde, vermelha e amarela (P>0,05).
Com os dados apresentados na tabela 1 constatamos que houve uma redução de 8% no conssumo alimentar das aves da gaiola de luz azul em comparação com as outras, justificando a menor produção das aves submetidas a cor azul, por outro lado notamos um aumento de 6% no consumo das aves do tratamento de cor verde e consequentemente um aumento na produção das mesmas. Assim pode-se atribuir em partes ao consumo de ração a sustentação para que as aves possam expressar o seu maximo potencial genético no quesito produção de ovos.
Tabela 2. Peso do ovo, g (PO), altura do albumen, (AA) e unidade haugh de ovos de codornas japonesas submetidos a diferentes tipos de iluminação artificial
Médias com diferente letra diferem significativamente (p<0,05).
Para peso do ovo identificou-se diferenças quando comparamos os ovos das codornas submetidas a luz verde em relação as codornas mantidas em luz azul (P<0,05), porem esta não diferiu das aves dos tratamentos de luz vermelha e amarela(P>0,05). Quando comparados os tratamentos de luz verde com os de luz vermelha e amarela não foi obtido diferença (P>0,05). Com os dados das tabelas 1 e 2 podemos afirmar que as codornas submetidas a luz verde alem de ter um melhor desempenho na produção elas proporcionam ovos de maior peso, estas dados estão semelhantes aos achados por (Murakami & Ariki, 1998) que indicam uma média de 10,39 g. porem os dados de peso do ovo estão abaixo dos achados por (Borille et al., 2010) onde testando led's como fonte de luz artificial achou uma média de 11,82.
Quanto a altura de albumen e unidade haugh os dados foram semelhantes não houvendo diferença entre os tratamentos (P>0,05), confirmando que para esta pesquisa o tipo de tecnologia adotado não interferiu na qualidade dos ovos. Para (Rossi et al., 1995), o tipo de criação e a estação do ano afetam a composição e a estrutura dos ovos de galinha. Este fato não foi percebido nesta pesquisa, uma vez que os ovos submetidos a análise eram frescos, e o sistema de criação e a ração foram semelhantes para todos os tratamentos.
Conclusão
Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a mangueira de luz verde como fonte de iluminação artificial apesentou-se melhor para a produção de ovos, em relação aos outros tratamentos testados, sem interferir na qualidade do produto.
Bibliografia
ASSISTAT. 2010. Programa de Análises Estatísticas. Versão 7.5 UAEG - CTRN - UFCG, Campina Grande - PB. URL: http://www.assistat.com. Acesso em: 20-mai-2010.
Borille R et al. 2010. Efeitos do uso da tecnologia de led's na iluminação artificial de codornas japonesas. Em: 47a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Salvador, Brasil.
Brant AW et al. 1951. Recommended standard for scoring and measuring opened egg quality. Food Technology 5:356.
Bressan MC & Rosa FC. 2002. Processamento e industrialização de ovos de codornas. pp. 68-69. Em: Simpósio Internacional de Coturnicultura, Lavras, Brasil.
Etches RJ. 1996. Reproducción Aviar. Zaragoza: Acribia.
Haugh RR. 1937. The Haugh unit for measuring egg quality. H.S. Egg Poultry Mag 48:552-555.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2003. Pesquisa Pecuária Municipal (PPM). URL:http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/default.asp?t=2&z=t&o=23&u1=1&u2=1&u3=1&u4=1&u5=1&u6=1&u7=1. Acesso em: 28-03-2011.
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Jácome IMTD. 2009. Diferentes sistemas de iluminação artificial usados no alojamento de poedeiras leves. Dissertação (Doutorado em Construções rurais e Ambiência) - Universidade Estadual de Campinas . Faculdade de Engenharia Agrícola, Campinas, SP. 144 p.
Jordan RA & Tavares MHF. 2005. Análise de diferentes sistemas de iluminação para aviários de produção de ovos férteis. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental 9(3):420-423.
MurakamI AE & Ariki J. 1998. Produção de codornas japonesas. FUNEP Jaboticabal, Brasil. 79 p.
Rossi M & Pompei C. 1995. Changes in some egg components and analytical values due to hen age. Poultry Science 74:152-160.
TDNET. 2006. URL: http://www.tdnet.com.br/tds/td/Script/DescricaoArtigos.asp?Cod=12. Acesso em 23-03-2011.