Introdução
Na indústria avícola, a eficiência reprodutiva de matrizes de corte é um ponto crítico, uma vez que determina o máximo de retorno econômico a partir do número e qualidade de ovos e pintos produzidos por ave alojada. O uso de aditivos alimentares, advindos da biotecnologia, é primordial, pois complementam a nutrição e podem aumentar a produtividade. A vitamina D3 na forma de seu metabólito 25-(OH)D3 (25-hidroxicolecalciferol), pode estar relacionado com melhorias do crescimento esquelético das aves, produção de ovos, qualidade de casca e reprodução, já que esta vitamina está diretamente envolvida no metabolismo do cálcio e fósforo (Smith et al., 2007). É importante enfatizar que a vitamina D3 é transferida da matriz para o ovo na forma de seus metabólitos 25-(OH)D3 e 1,25-(OH)2D3 (Macari et al., 2005). O embrião também metaboliza a vitamina D3 presente na gema do ovo, utilizando-a para a formação do seu esqueleto (Rosa et al., 2009). O ovo é conhecido como um dos alimentos mais completos, pois possui uma rica fonte de nutrientes, ou seja, um excelente balanço de gorduras, carboidratos, minerais e vitaminas, e principalmente proteínas. No entanto, é um meio ideal para crescimento de microrganismos patogênicos e por se tratar de um produto de origem animal, assim como a carne e seus derivados, é um alimento altamente perecível e que pode perder sua qualidade rapidamente (Theron et al., 2003). Desta forma, a procura por um aditivo que melhore a produção e a qualidade de ovos incubáveis é fundamental para um melhor rendimento no segmento avícola de matrizes de corte.
Materiais & Métodos
Duzentos e sessenta e quatro fêmeas e vinte e quatro machos reprodutores de corte Cobb 500, com 25 semanas de idade foram alojados em 12 unidades experimentais em um aviário do Laboratório de Avicultura da Universidadede Federal de Santa Maria. As aves foram distribuídos de forma aleatória e com peso corporal uniforme ao início do experimento, em 2 tratamentos com 6 repetições, cada. As dietas foram formuladas isonutritivas, sendo T1: dieta controle com base de milho e farelo de soja e T2: dieta controle com adição de 1000g ton-1 de MaxiChick® ( produto patenteado pela empresa DSM Nutritional Products Ltd, São Paulo, SP/Brasil composto de 6.000 mg de cantaxantina /kg + 2.760.000 UI de 25-OHD3 /kg). Foram avaliados parâmetros zootécnicos e de incubação. Avaliou-se o peso corporal com pesagens totais do lote na 25ª, 28ª, 32ª, 36ª, 40ª, 44ª, 48ª e 52ª semana de idade das aves. Nas demais semanas foram realizadas pesagens amostrais com 50% do lote. A taxa de postura foi calculada pelo somatório de ovos produzidos e coletados seis vezes ao dia e o número de aves de cada repetição. Os ovos coletados, a partir da 28ª semana de idade, foram identificados e selecionados como ovos incubáveis (sem deformações, sujidades e trincas) para a avaliação de peso médio e da gravidade específica segundo a metodologia de Hamilton (1982), semanalmente. Após, foram selecionados três ovos numa faixa de 2,5% do peso médio da repetição, para a mensuração de peso percentual de albúmen, gema e clara, além da coloração da gema por leque colorímetro DSM®, que apresenta cores do amarelo fraco ao laranja forte em escala de 1 a 15. A análise química dos ovos (3 gemas/repetição) ocorreu a cada quatro semanas, em laboratório terceirizado segundo a metodologia de Ohkawa et al. (1979), que analisa os níveis de malondialdeído (MDA) com o ácido tiobarbitúrico (TBA), formando um complexo colorido que pode ser quantificado por espectrofotometría, expresado em nmol de MDA/mg de proteína. Quanto maior o nivel de MDA, maior a peroxidação lípidica da gema. Foram utilizados na fase experimental, para incubação, aproximadamente 24.000 ovos, os quais foram desinfetados por via gasosa com formol 37% e permanganato de potássio. No 21º dia de incubação ocorreu o nascimento. Foram pesados os pintos de boa qualidade (sem anomalias e umbigo bem cicatrizado) e os ovos que não eclodiram foram expostos ao embriodiagnóstico para cálculo do percentual de mortalidades (M1 - 48horas; M2 - 1ª semana; M3 - 2ª semana e M4 - 3ª semana) e de ovos contaminados, bicados e inférteis. Todos os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) pelo software SAS (2000).
Resultados & Discussão
A adição de MaxiChick® em dietas de matrizes de corte não afetou o peso corporal das aves no período de 25 a 52 semanas de idade. Não foram observados efeitos do tratamento sobre a taxa de postura, gravidade específica, peso de ovos e o percentual dos componentes de ovos incubáveis (Tabela 1). Porém, houve uma maior deposição de carotenóides na gema de ovos proveniente de matrizes que consumiram a associação de cantaxantina e 25-hidroxicolecalciferol na dieta, supostamente pela presença de cantaxantina no produto. Esses resultados corroboram com os encontrados por Rosa et al. (2009), que observaram matrizes alimentadas com a mesma associação com 45 semanas de idade e constataram nehum efeito de desempenho, apenas maior pigmentação na gema. Nos parâmetros de incubação (Tabela 2) o uso do produto promoveu um aumento significativo na taxa de nascimento (P < 0,0075), na eclosão dos ovos férteis (P < 0,0237) e reduziu o percentual de mortalidade enbrionária nas primeiras 48 horas de incubação (P < 0,0178) durante o período avaliado. Esses resultados coicidem com o observado por Scher et al. (2009a) que afirmam que o uso associado de 25-OHD3 e cantaxantina melhoram a taxa de eclosão total e de ovos férteis, além de melhorar a fertilidade dos galos reprodutores de corte e diminuir a mortalidade enbrionária. O nível de peroxidação lipídica não foi reduzido com o uso do produto, discordando dos resultados encontrados por Scher (2009b) ao usar cantaxantina em dieta para matrizes de corte com 45 semanas de idade.
Tabela 1. Taxa de posura e qualidade dos ovos incubáveis
Médias com diferentes letras diferem significativamente (p<0,05).
Tabela 2. Parâmetros de incubação
Médias com diferentes letras diferem significativamente (p<0,05).
Conclusões
A inclusão de associação de cantaxantina e 25-hidroxicolecalciferol (MaxiChick®) em dietas de matrizes de corte Cobb 500®, no periodo de 25 a 52 semanas de idade, não afetou o desempenho produtivo das aves e na qualidade dos ovos incubáveis. Porém permitiu maior deposição de carotenóides na dieta, maior taxa de nascimento e eclosão de ovos férteis. E diminuiu a mortalidade embrionária na primeiras 48 horas de incubação. Os demais parâmetros não sofreram efeito do tratamento no período avaliado.
Bibliografia
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