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Granulometria Energia Desempenho Frangos

Efeito da granulometria e do nível de energia sobre o desempenho de frangos de corte de 23 a 42 dias de idade

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: DJA Miranda, LJC Lara, NC Baião, MA Pompeu, JSR Rocha, RJC Vasconcelos, VM Barbosa, KR Soares, CE Cunha - Parte da dissertação do primeiro autor. Discente do Programa de Pós-graduação em Zootecnia pela EV/UFMG. Professor do Departamento de Zootecnia/
Sumário

Para avaliar o efeito da granulometria e do nível de energia da ração sobre desempenho de frangos de corte na fase de crescimento, foram utilizados 720 pintos de corte machos da linhagem Ross. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em arranjo fatorial (2x3), sendo dois níveis de energia (3.100 e 3.200 Kcal/Kg de EM) e três granulometrias dos ingredientes (fina, média e grossa) em rações peletizadas. De 23 a 42 dias de idade, as aves alimentadas com 3.200Kcal/kg de EM apresentaram maior (P≤0,05) ganho de peso, viabilidade e consumo de energia do que as aves que receberam dieta com menor nível de energia. Conclui-se que rações com 3.200 Kcal/Kg de EM, independente da granulometria, favorecem o desempenho dos frangos de corte na fase de crescimento.
Palavras Chave: Frangos de corte, Granulometria, Energia, Desempenho, Diámetro geométrico médio.

Introdução
A alimentação é o fator que mais impacta no custo da produção avícola. Assim, tem-se buscado tecnologias para aumentar a eficiência e a qualidade das rações oferecidas às aves, tais como determinação de níveis nutricionais para cada fase de criação, alteração da forma física da dieta por meio dos processamentos e definição do grau ideal de moagem dos ingredientes.
Para obter péletes de qualidade, os nutricionistas precisam associar o grau de moagem dos grãos, a fim de maior rendimento de moagem e menor consumo de energia elétrica pela fábrica, com a inclusão de óleo nas rações, devido à alta exigência energética dos frangos de corte. Estes fatores estão diretamente relacionados com a qualidade do pélete, já que com uma granulometria mais fina obtém-se péletes de melhor qualidade com maior gasto energético, e com granulometrias mais grosseiras reduz-se o gasto com a moagem porém piora a qualidade do pélete. A inclusão de óleo nas rações para frangos de corte, dependendo da quantidade, também pode prejudicar a qualidade do pélete. Desta forma, os objetivos neste trabalho foram avaliar os efeitos da granulometria e do nível de energia em rações peletizadas sobre o desempenho de frangos de corte na fase de crescimento (23 a 42 dias de idade).
Material & Métodos
Foram utilizados 720 frangos de corte, machos, da linhagem Ross, com peso de 1,075±0,033 Kg, alojados em densidade de 9,6 aves/m². Essas aves foram criadas até os 22 dias de idade com ração única e, somente após este período foram distribuídas entre os tratamentos. Água e ração foram oferecidos à vontade.
As aves foram alojadas em galpão de alvenaria, não climatizado, dividido em boxes idênticos com 10 m² cada. O material da cama foi o cepilho de madeira. Os equipamentos e o manejo foram semelhantes aos utilizados na exploração comercial de frangos de corte.
Os níveis nutricionais utilizados duas rações diferiram apenas no valor energético. A composição destas rações e seus valores nutricionais calculados encontram-se na tabela 1. Para a formulação das rações foram utilizados os valores nutricionais dos ingredientes encontrados nas tabelas brasileiras de aves e suínos (Rostagno et al., 2005). Os níveis nutricionais das rações foram estabelecidos de acordo com Lara et al. (2008a). Para a diferenciação das granulometrias de moagem do milho foram utilizadas três peneiras com os seguintes diâmetros dos furos: fina menor que 1,0 mm; média 2,5 mm e grossa 6,0 mm.
Os tratamentos, definidos pela granulometria do milho e pelo nível de energía, foram: granulometria fina e 3100 Kcal/kg de EM (inclusão de 2% de óleo); granulometria fina e 3200 kcal/kg de EM (inclusão de 4% de óleo); granulometria média e 3100 Kcal/kg de EM (inclusão de 2% de óleo); granulometria média e 3200 kcal/kg de EM (inclusão de 4% de óleo); granulometria grossa e 3100 Kcal/kg de EM (inclusão de 2% de óleo); granulometria grossa e 3200 kcal/kg de EM (inclusão de 4% de óleo).
Tabela 1. Valores nutricionais calculados das rações experimentais para a fase de crescimento
Níveis nutricionais
Inicial
Crescimento
baixa energia
Crescimento
alta energia
Proteína bruta (%)
22,22
19,56
19,46
Energia metabolizável (kcal/kg)
2900
3100
3200
Cálcio (%)
0,95
0,94
0,94
Fósforo disponível (%)
0,50
0,45
0,45
Lisina digestível (%)
1,22
1,10
1,10
Metionina digestível (%)
0,58
0,54
0,54
Metionina + cistina digestível (%)
0,86
0,79
0,79
Treonina digestível (%)
0,80
0,71
0,71
Triptofano digestível (%)
0,23
0,19
0,19
Sódio (%)
0,19
0,18
0,18
Aos 42 dias de idade foi mensurado o ganho de peso, o consumo de ração, a conversão alimentar, a viabilidade, o consumo de energia e a conversão energética.
O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em arranjo fatorial 3 x 2 (3 granulometrias e 2 níveis de energia), totalizando assim seis tratamentos, com cinco repetições de 24 aves cada. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey através do programa SAEG (2007).
 Resultados & Discussão
Os resultados referentes ao desempenho dos frangos de corte de 23 a 42 dias de idade encontram-se descritos na tabela 2.
Não houve interação (P>0,05) entre os níveis de energia e as granulometrias dos ingredientes para nenhuma das variáveis estudadas.
Tabela 2. Ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), viabilidade (VIAB), consumo de energia (CE) e conversão energética (CEN) dos frangos de corte de 23 a 42 dias de idade de acordo com os tratamentos
Variáveis
GP (Kg)
CR (Kg)
CA (Kg)
VIAB (%)
CE (Kcal)
CEN (Kcal/Kg)
Granulometria
 
 
 
 
 
 
    Fina
2,088 a
3,779 a
1,81 a
97,92 b
11902,66 a
5,70 a
    Média
2,053 a
3,680 a
1,79 a
100,00 a
11593,61 a
5,64 a
    Grossa
2,049 a
3,740 a
1,83 a
98,61 ab
11801,36 a
5,80 a
Energia
 
 
 
 
 
 
    3.100 Kcal EM
2.033 b
3,716 a
1,83 a
98,21 b
11520,25 b
5,67 a
    3.200 Kcal EM
2,093 a
3,748 a
1,79 a
99,44 a
11992,76 a
5,76 a
CV (%)
3,18
2,26
1,85
1,62
2,57
2,37
Valores de P
 
 
 
 
 
 
    Granulometria
NS
NS
NS
P≤0,05
NS
NS
    Energia
P≤0,05
NS
NS
P≤0,05
P≤0,05
NS
    Interação
NS
NS
NS
NS
NS
NS
Letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P≤0,05)
Independente dos níveis de energia, não houve efeito (P>0,05) da granulometria sobre o ganho de peso. Independente da granulometria, o ganho de peso aumentou (P≤0,05) com maior nível energético da ração. Este efeito, segundo Andreotti et al. (2004), pode estar relacionado à alta taxa de crescimento do frango e do aumento do consumo de óleo pelos frangos nesta fase. Esse aumento do ganho de peso pela ave com o aumento do nível de energia, oriundo de uma maior inclusão de óleo, também, pode estar relacionado aos efeitos extracalóricos do óleo.
Não houve efeito (P>0,05) da granulometria e do nível de energia sobre o consumo de ração e conversão alimentar. Resultado semelhante aos encontrados por López e Baião (2004). De acordo com Nir et al. (1995) e Amerah et al. (2007) também não verificaram efeito da granulometria dos ingredientes em rações peletizadas sobre o consumo de ração, devido a redução do desperdício de ração durante o consumo e a redução do gasto de energia na alimentação devido ao processamento da mesma. Em relação aos níveis de energia, Leeson et al. (1996) e Lara et al. (2008b) observaram redução do consumo à medida que se aumentou o nível de energia da ração, evidenciando a capacidade da ave regular o consumo. Resultado este, contraditório ao presente experimento.
Independente dos níveis de energía, a granulometria média aumentou (P≤0,05) a viabilidade dos frangos quando comparada à granulometria fina. A granulometria grossa apresentou resultado intermediário e semelhante (P>0,05) às demais granulometrías para esta variável. Os resultados deste experimento discordam dos encontrados López & Baião (2004) que verificaram menor viabilidade das aves alimentadas com ração de granulometria média, quando comparada a granulometria grossa. Porém neste experimento, a granulometria fina teve uma viabilidade menor se comparada com a granulometria média. De acordo com Nir (1998) quando o alimento é finamente moído, este flui mais rapidamente da moela para o duodeno, provocando aumento da carga intestinal e maior quantidade de quimo no intestino delgado, que aumenta as necessidades de oxigênio, fato este que pode desencadear o aumento de doenças metabólicas, como a ascite.
Independente da granulometria, frangos alimentados com ração com maior nível de energía apresentaram maior (P≤0,05) viabilidade de 23 a 42 dias de idade do que os que receberam o menor nível energético nas dietas. Resultados controversos aos de Lecznieski et al. (2001) e Mendes et al. (2004).
Independente dos níveis de energía, não houve influência (P>0,05) da granulometria dos ingredientes sobre o consumo de energia. Independente da granulometria, houve efeito (P≤0,05) do nível de energia da ração sobre o consumo de energia pelos frangos de corte aos 42 dias de idade, com um maior consumo de energia para o maior nível de energia (3.200Kcal/Kg de EM). Assim como neste experimento, Meinerz et al. (2001) e Lara et al. (2008b) verificaram maior consumo de energia com o aumento dos níveis energéticos da ração. Isso se deve à igualdade entre os consumos, porém com as diferenças entre os níveis energéticos de cada ração. A diferença encontrada para o consumo de energia em relação aos níveis de energia mostra que não houve uma eficiência das aves na fase de crescimento em regular o consumo de acordo com as energias das rações. Este resultado é contraditório ao destacado por Meinerz et al. (2001) que observaram uma eficiência das aves em regular o consumo, principalmente para dietas peletizadas.
A conversão energética de 23 a 42 dias de idade não foi influenciada (P>0,05) pelo nível de energia e pela granulometria. Este resultado está de acordo com o encontrado por Lecznieski et al. (2001).
Conclusões
Conclui-se que rações com 3.200 Kcal/Kg de EM, independente da granulometria, favorecem o desempenho dos frangos de corte na fase de crescimento.
Bibliografia
Amerah AM, Ravindran V, Lentle RG, Thomas DG. 2007. Influence of feed particle size and feed form on the performance, energy utilization, digestive tract development and digesta parameters of broiler starters. Poultry Science 86:2615-2623.
Andreotti M, Junqueira O, Barbosa M, Cancherini L, Araújo L, Rodrigues E. 2004. Energia metabolizável do óleo de soja em diferentes níveis de inclusão para frangos de corte nas fases de crescimento e final. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia 33(5):1145-1151.
Lara LJC, Baião NC, Rocha JSR, Lana AMQ, Cançado SV, Fontes DO, Leite RS. 2008a. Influência da forma física da ração e da linhagem sobre o desempenho e rendimento de cortes de frangos de corte. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.60, n.4, p.970-978.
Lara, JCL, Teixeira JL, Baião NC, Cançado SV, Rocha JSR, Michell BC. 2008b. Efeito dos níveis de energia da dieta sobre o desempenho e rendimentos de carcaça de frangos de corte. Revista Ceres 55:402-408.
Lecznieski JL, Ribeiro AML, Kessler AM, Penz Jr AM. 2001. Influência da forma física e do nível de energia da ração no desempenho e na composição de frangos de corte. Arch. Latinoam. Prod. Anim. 9(1):6-11.
Leeson S, Caston L, Summers JD. 1996. Broiler response to diet energy. Poultry Science 75:529-535.
Lopez CAA & Baião NC. 2004. Efeitos do tamanho da partícula e da forma física da ração sobre o desempenho, rendimento de carcaça e peso dos órgãos digestivos frangos de corte. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia 56(2):214-221.
Meinerz V, Ribeiro AML, Penz Jr AM, Kessler AM. 2001. Níveis de energia e peletização no desempenho e rendimento de carcaça de frangos de corte com oferta alimentar equalizada. Ver. Bras. Zootec. 30(6S):2026-2032.
Mendes AA, Moreira J, Oliveira EG, Garcia EA, Almeida MIM, Garcia RG. 2004. Efeitos da energia da dieta sobre o desempenho, rendimento de carcaça e gordura abdominal de frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia 33(6):2300-2307, supl.3.
NIR I. 1998. Resposta de frangos de corte à estrutura alimentar: ingestão de alimentos e trato gastrointestinal, pp. 49-68. In: Simpósio Internacional sobre Nutrição de Aves, Campinas. Anais. Campinas:CBNA.
Nir I, Hillel R, Ptichi I, Shefet G. 1995. Effect of particle size on performance. 3. Grinding pelleting interactions. Poultry Science 74:771-783.
Rostagno HS, Albino LFT, Donzele JL et al. 2005. Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos - composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa: UFV/Departamento de Zootecnia, 186p.
Universidade Federal De Viçosa - UFV. 2007. SAEG - Sistemas de análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1. Viçosa/MG.
 
 
Conteúdo do evento:
Autores:
Daniel José Antoniol Miranda
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