Introdução
O presente relatório apresenta os resultados da negociação acerca do custo do avicultor para a produção de frango de corte tipo "Griller" em Santa Catarina, no ano de 2011. A metodologia utilizada baseia-se na definição dos sistemas de produção mais representativos e no levantamento de coeficientes técnicos e preços de mercado por meio de painéis com especialistas e profissionais que atuam nas cadeias produtivas. A consolidação do custo ocorreu, pois este custo representa o consenso entre produtores, representados pelas suas associações de classe, e agroindústrias da região. Estiveram presentes às reuniões representantes da Embrapa Suínos e Aves, da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), do Sindicato Patronal dos Criadores de Aves do Estado de Santa Catarina (SINCRAVESC) e da Cooperativa Regional dos Produtores de Aves e Suínos (COOPERAVISU). A reunião ocorreu no dia 15 de Março de 2011, na Embrapa Suínos e Aves.
Caracterização dos sistemas de produção
Aviário convencional
- galpão com 1.200 m² de área;
- piso de chão batido;
- comedouro tubular;
- bebedouro nipple;
- aquecimento à lenha, um silo para ração;
- ventiladores em pressão positiva;
- resfriamento por nebulização, forro e cortina.
Este sistema também pode receber a denominação de aviário climatizado (pressão positiva), com comedouro tubular. O valor das instalações e equipamentos novos neste aviário é de R$ 91.633,93 e R$ 68.699,20 respectivamente, totalizando R$ 160.333,13.
Aviário automatizado
- galpão com 1.200 m² de área;
- piso de chão batido;
- comedouro automático;
- bebedouro nipple;
- aquecimento à lenha;
- dois silos para ração;
- ventiladores em pressão positiva;
- resfriamento por nebulização, forro e cortina.
Este sistema também pode receber a denominação de aviário climatizado em pressão positiva, com comedouro automático. O valor das instalações e equipamentos novos neste aviário é de R$ 91.633,93 e R$ 87.944,36 respectivamente, totalizando R$ 179.578,29.
Aviário climatizado ou semidark-house
- dois galpões com 2.400 m² de área cada (150 m x 16 m)
- piso de chão batido
- comedouro automático
- bebedouro nipple
- aquecimento à lenha
- quatro silos para ração
- exaustores em pressão negativa
- resfriamento por nebulização, forro e cortina.
Este sistema também pode receber a denominação de aviário climatizado em pressão negativa, com comedouro automático. O valor das instalações e equipamentos novos, por módulo, neste sistema, é de R$ 332.243,92 e R$ 271.643,20 respectivamente, totalizando R$ 603.887,12.
Na Tabela 1 apresentam-se a vida útil e valor residual utilizados, bem como peso e idade de abate, intervalo entre lotes e para troca de cama e número de lotes por ano.
Tabela 1. Vida útil e valor residual do investimento, peso e idade de abate e intervalo entre lotes e número de lotes
Coeficientes técnicos de produção
Na Tabela 2 apresentam-se os coeficientes utilizados para calcular o custo do avicultor em um lote de frangos de corte.
Em relação à maravalha como ao substrato para cama, considerou-se o padrão recomendado pela
Embrapa Suínos e Aves de 10 cm de altura de cama no lote inicial, sendo reutilizada com fermentação, requerendo para esse manejo o uso de lona adequada. A troca da cama é feita a cada oito lotes. Observa-se que práticas diferentes implicarão em alterações nos coeficientes técnicos, portanto, nos custos de produção, os quais deverão ser considerados caso a caso.
Tabela 2. Coeficientes técnicos utilizados
Preços de insumos e fatores de produção
Na Tabela 3 apresentam-se os preços de insumos e fatores de produção utilizados para calcular o custo do avicultor em um lote de frangos de corte tipo Griller.
Tabela 3. Preços de insumos e fatores de produção, em maio de 2011 (R$/Unidade)
Custo operacional do avicultor
Na Tabela 4 apresentam-se os custos variáveis e a depreciação do avicultor (denominado de custo operacional).
Tabela 4. Custo operacional, em Santa Catarina, maio de 2011 (R$/Lote)
Expectativa de rentabilidade e custo de capital
A Embrapa Suínos e Aves utiliza e mantém na sua metodologia o cálculo do custo de oportunidade sobre o capital médio investido e sobre as despesas financeiras geradas em cada lote de frangos. Segundo entendimento entre os representantes das indústrias e dos produtores, neste documento o custo de capital é calculado à parte para que este item seja analisado conforme a realidade de mercado. O custo de capital não é um desembolso, mas um valor que o produtor poderia receber caso destinasse esse capital em alternativa de investimento, como uma aplicação financeira ou mesmo outra atividade produtiva. O custo do capital é medido pela Taxa de Mínima Atratividade (TMA), a qual é aplicada sobre as despesas financeiras geradas pela atividade, bem como sobre o capital médio investido nela. Quanto maior for a TMA, maior é a rentabilidade desejada do capital aplicado.
Convém lembrar que a rentabilidade de uma atividade não depende apenas da eficiência produtiva do avicultor, mas também da conjuntura de mercado e da negociação entre as indústrias e os produtores. Assim, na Tabela 5 é apresentado o custo de capital para TMA variando de 1% a 9% ao ano.
Tabela 5. Custo de capital em função de diferentes TMA, em Santa Catarina, março de 2011 (R$/Lote)
Considerações finais
Os custos de produção calculados pela Embrapa Suínos e Aves são uma referência para agentes do setor produtivo, órgãos públicos, sistema financeiro, instituições de pesquisa e ensino e outros interessados. Deve-se ressaltar que o custo de cada produtor pode não coincidir com o valor aqui apresentado, pois representa uma realidade diferente e depende do sistema de produção, da tecnologia adotada, da eficiência produtiva, dos preços praticados, bem como da divisão de responsabilidades definidas no contrato de parceria. Na elaboração deste documento, as dimensões dos sistemas, índices técnicos e o consumo de insumos foram considerados como os mais representativos para cada sistema de produção. Este entendimento deve ser considerado quando houver comparação com custos obtidos em situações específicas.
Lista de participantes