Introdução
O Alphitobius diaperinus (Panzer), conhecido popularmente como "cascudinho" (Rohde et al., 2006), pertence ao Filo Artrópode, Classe Inseto, Ordem Coleóptera e Família Tenebrionidae (Paiva, 2000). É uma praga dos grãos armazenados que se adaptou aos galpões de aves (Vaughan et al., 1984; Arends, 1987; Mac Allister et al., 1995). Afeta as instalações avícolas, produzindo danos físicos, e as aves através da transmissão de diversas doenças, Salmonella typhimurium (Rezende, et al 2009), Escherichia coli, Gumboro e Newcastle (Eidson et al., 1966; De Las Casas et al., 1973). As aves comem os coleópteros com diminuição do consumo de ração, perda de peso e diminuição da produção (Matías, 1995).
Materiais & Métodos
O Ensaio foi realizado em dois galpões de uma granja com um alto grau de contaminação com o Alphitobius diaperinus em sua cama. A cama consistia em casca de arroz, usada em uma criação anterior.
Num dos galpões a cama foi tratada com o produto Eco-Guard®, (200 g /m2), enquanto que o outro, sem o produto, foi considerado como tratamento Controle.
A amostragem foi feita semanalmente, coletando dados de temperatura da cama e amostras da mesma cama para a análise no laboratório de matéria seca, expressa como umidade, e contagem de alphitobius diaperinus expresso com a quantidade de insetos por 100 g de cama.
A amostragem foi realizada tomando amostras de cama, dos dois galpões, em zonas determinadas como: lateral esquerda, lateral direita. De cada lateral, por sua vez, houve amostragem de tipo lateral abaixo dos bebedouros e abaixo dos comedouros. O material obtido em cada ponto (em total 15 pontos de amostragem) era colocado dentro de um recipiente e, no final do galpão, foi homogeneizado. Dali se tomava uma subamostra (2-3 kg) em uma sacola de polietileno para a posterior recontagem do Alphitobius no laboratório. No final de cada etapa, foram coletadas duas amostras por galpão. Para a extração da amostra, utilizou-se um cilindro metálico colocado em posição vertical como uma sonda. Para a contagem do Alphitobius, foi feita a separação, classificação e recontagem dos insetos. Os adultos foram contabilizados em forma direta. As larvas foram classificadas em: maiores de 1 cm de longitude; entre 0,5 e 1 cm de longitude e menores de 0,5 cm de longitude, correspondendo com dois estados de desenvolvimento do inseto (adultos e larvas). (Cecco et al., 2005).
Os dados de temperatura e umidade, além da quantidade do alphitobius diaperinus foram analisados mediante Análise de Variância. Para o número total de indivíduos, foi feita uma regressão através dos tempo, com a comparação de pendentes entre os dois tratamentos.
Resultados & Discussão
Umidade e temperatura da cama
Não foram observadas diferenças estatísticas significativas na umidade da cama entre o galpão Controle e o galpão Tratado (tabela 1). Deve-se destacar que este foi o resultado da média dos diferentes pontos de amostragem das temperaturas da cama, através das seis semanas do estudo, em que se observou uma alta variabilidade nos dados individuais.
Tabela 1. Conteúdo de umidade da cama, expressos em %.
Médias com a mesma letra não são significativamente diferentes.
Nos valores de temperatura da cama (tabela 2), também não foram observadas diferenças nas diversas semanas, exceto para a quarta, em que o Controle teve maior temperatura do que o Tratado. Na umidade, os dados de temperatura apresentaram alta variabilidade nos diferentes pontos de amostragem.
Tabela 2. Médias de temperaturas tomadas na cama dos galpões (em º C)
Médias com a mesma letra dentro de uma mesma coluna não são significativamente diferentes (P>0.05).
Contagem de Alphitobius diaperinus
Na Figura 1, aparecem as regressões dos grupos Tratado e Controle. As pendentes são significativamente diferentes (P=0.06). Isso demonstra que o produto é efetivo para diminuir o número de Alphitobius diaperinus.Alves et al (2006) encontraram o mesmo comportamento com um produto de similares características. Contudo, considera-se que não se deveria ter misturado as amostras tomadas de cada ponto do galpão, e sim que cada uma deveria ter sido considerada em forma individual. Isto teria aumentado a quantidade de dados por amostragem, baixado a alta variabilidade e, inclusive, nos permitiria comparar o comportamento do produto sobre o Alphitobius diaperinus em lugares com distintas características, como abaixo dos comedouros, abaixo dos bebedouros e laterais do galpão.
Figura 1. Número Total de alphitobius diaperinus (número de indivíduos por 100 g de cama) em Galpão Controle vs. Galpão Tratado.
Figura 2. Comparação da quantidade de alphitobius diaperinus em diferentes estágios de desenvolvimento, por separado (número de indivíduos por 100 g de cama)
Tabela 3. Número de indivíduos por 100g de cama.
EE= Erro padrão; LA= Adulto; LG= Larva Grande maior a 1 cm; LM= Larva média entre 0,5 a 1 cm; LC= Larva menor a 0,5 cm.
Na figura 2 e na tabela 3, se pode observar o efeito do produto sobre os diferentes estágios de desenvolvimento do inseto. O número de larvas entre 0.5 e 1 cm de longitude foi diferente, estatisticamente, entre o tratamento e o controle (P<0.06).
Conclusões
O produto Eco-Guard® produziu uma diminuição significativa (P=0.06) sobre o número de indivíduos ao longo do período avaliado.
O alto coeficiente de variação em alguns dos parâmetros medidos indica que se teria de aumentar o número de repetições por galpão para melhorar a sensibilidade da metodologia utilizada. Devido à alta variabilidade dos dados, se sugere modificar o plano de amostragem. Deveria ser aumentado o número de amostras e realizar a contagem de Alphitobius diaperinus, considerando individualmente os lugares de amostragem (abaixo dos comedouros, abaixo dos bebedouros e laterais do galpão), porque existem diferenças nas condições ambientais (umidade por vazamento dos bebedouros, perda de ração dos comedouros e diferentes temperaturas, de acordo com a localização das campanas).
Bibliografia
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