Considerações em relação à aplicação de medicamentos em aves
Publicado:9 de fevereiro de 2011
Por:Matheus Ramalho de Lima (Doutorando em Zootecnia na UFPB, Areia/PB); Severino Bernardino de Sena Netto
INFORMATIVO TÉCNICO
Dentre os medicamentos a serem empregados em Medicina veterinária, apenas 17% destes visam ser utilizados em aves, sendo sua grande maioria empregada em aves comerciais como frangos de corte,galinhas poedeiras, perus, avestruzes e etc. A falta de conhecimentos farmacocinéticos e farmacodinâmicos dos medicamentos empregados em aves, facilitam a aplicação errada das drogas, e também deve-se levar em consideração que as doses são diferentes entre mamíferos e aves. Assim, algumas características básicas devem ser mensuradas, como: particularidades anatômicas, taxa metabólica e a via de administração a ser utilizada.
A grande maioria dos medicamentos é administrada por via oral, portanto ressaltaremos alguns aspectos anato-fisiológicos que podem interferir na biodisponibilidade dos princípios ativos utilizados. Uma dilatação esofágica denominada "papo" ,onde tem a função principal de armazenar os alimentos, faz com que alimentos secos tendem a permanecer mais tempo no local fazendo assim, consequentemente, a retenção dos medicamentos em tal compartimento. Já o estômago é dividido em duas porções: pró-ventrículo e moela, de forma que as aves têm o hábito de ingerir algumas pedras pequenas, onde estas em contato com secreções gástricas podem liberar íons metálicos que podem se ligar aos fármacos alterando sua disponibilidade e logicamente efetividade. Como se sabe, o duodeno é um local que possui uma flora bacteriana capaz de alterar os princípios ativos dos medicamentos possibilitando em algum efeito adverso na absorção do mesmo. Outra característica anatômica bastante interessante é uma válvula existente na artéria ilíaca comum, onde por ação das catecolaminas, abre-se fazendo com que o sangue dos membros pélvicos adentre nos rins, ocorrendo bio-transformação e posterior excreção.
A taxa metabólica das aves é mais elevada que a dos mamíferos, assim a excreção é mais rápida, diminuindo a biodisponibilidade. O que torna mais prudente o uso de doses mais altas e com intervalos menores que as preconizadas para mamíferos.
Como a via mais hábil é a oral, a prática de triturar os comprimidos e solubilizar em água, evita o armazenamento no "papo" descrito antes e objetiva a não diminuição da biodisponibilidade. Quando houver a necessidade de utilizar a via - intramuscular, deve se fazê-lo utilizando os músculos do peito com precaução à aplicações repetidas, nas quais podem ocasionar necrose tecidual, miopatias e atrofia muscular, sendo necessário aplicação em locais variados desta musculatura,evitando-se os membros pélvicos como já mencionado pois evita a excreção precoce dos medicamentos.