É nitidamente notável que animais desafiados por agentes patogênicos tenderam a ter pior desempenho. Esses efeitos negativos têm sido observados em outras espécies, como suínos (Bosi et al., 2004 e van Dijk et al., 2002) e bezerros (Quiley e Drew, 2000), mas que ao receberem o plasma spray-dried demonstraram melhoria no ganho e na taxa de eficiência alimentar.
O fornecimento de plasma ou soro spry-dried em condições de desafios entéricos tem se mostrado bastante benéfico na melhoria e manutenção da sobrevivência. Hunt et al. (2002), reportaram a redução da permeabilidade intestinal e melhora na morfologia intestinal de bezerros desafiados com Cryptosporidium parvum.
Em aves, a Pasteurella multocida é o agente causador da cólera, doença respiratória que pode apresentar maior virulência quando há produção de endotoxinas (lipopolissacarídeos), o que resulta em aumento da mortalidade. Campbell et al. (2004b), observaram que o uso do soro bovino spray-dried é capaz de manter a sobrevivência de perus submetidos a este agente patogênico (figura 1).
O ambiente no qual os animais são criados pode influenciar o ganho de peso, a eficiência alimentar e o rendimento da carcaça.
Frangos de corte criados em condições de baixa presença de agentes patogênicos apresentam se mais pesados quando comparados aos criados em condições de desafios ou comerciais (Coates et al., 1963). No entanto, a resposta do plasma spray-dried para ganho de peso e para eficiência alimentar em leitões criados em ambientes convencionais é maior que para leitões criados em ambientes limpos. Este efeito do plasma relacionado ao ambiente limpo ou sujo também foi observado por Campbell et al. (2004a) em perus.
Campbell et al. (2003), observaram que frangos de corte criados em baterias de aos 42 dias de idade, recebendo soro bovino spray-dried (SBSD) na água de beber nas concentrações de 0; 0,45; 0,90 e 1,35%, não apresentaram melhora significativa no ganho de peso, eficiência alimentar e rendimento de carcaça. Porém, ao testarem os mesmos níveis em frangos de corte alojados em ambiente limpo e sujo aos 21 dias de idade, evidenciaram melhora significativa (P<0,05) no ganho de peso e na conversão alimentar para ambos os ambientes, comparados aos animais que não receberam o SBSD (tabela 2).
Para Campbell et al. (2003), a provável explicação para a melhoria do desempenho em diferentes ambientes pode ser devido a capacidade do SBSD em reduzir o super estimulo do sistema imune em frangos de corte. Esse efeito esta de acordo com Coffey e Cromwell (1995), que observaram que suínos consumindo plasma suíno spray-dried e alojados em ambiente com alta carga patogênica respondem melhor que em suínos alojados em ambientes com baixa patogenicidade.
Essa melhoria no desempenho de frangos de corte também foi observada por Rostagno et al. (2005), em que aves de 1 a 42 dias de idade, criadas sob desafio e recebendo dietas suplementadas com 0,0; 1,5; 2,0 e 2,25% de PSD tiveram aumento crescente no ganho de peso e melhoria na conversão alimentar em relação às aves que não receberam dietas suplementadas com PSD (tabela 3).
Há outras suposições para explicar essa melhora no desempenho das aves com o uso de PSD, baseada na maior disponibilidade de nutrientes tem sido feita. Longo et al. (2005), observaram que a energia metabolizável do PSD para pintos de corte entre 1 e 7 dias de idade foi de 3.831 kcal/kg, superior a glúten de milho (3.374 kcal/kg) e do isolado protéico de soja (2.110 kcal/kg). Constataram também que a utilização do plasma spray-dried nesta fase estimula a absorção (P<0,10) do saco vitelino dentro das primeiras 24 horas em relação ao glúten de milho e ao ovo em pó e promove ainda, maior desenvolvimento do proventrículo (P<0,10) em relação ao isolado protéico de soja.
Para Yi et al. (2001a e b), o plasma desidratado não altera a morfologia intestinal em relação a glutamina e farinha de peixe, mas apresenta maior digestibilidade de alguns aminoácidos em relação ao farelo de soja e da farinha de peixe. Ambos pesquisadores sugerem mais pesquisas para melhor compreensão e confirmação destes efeitos sobre o desempenho animal.
Boa parte das dietas comercial para aves é peletizada a temperaturas que variam de 85 - 95°C. Este fator poderia ser limitante para o uso do PSD em dietas processadas pela desnaturação das proteínas funcionais, reduzindo o desempenho animal. Segundo Steidinger et al. (2000), a resposta ao crescimento para o plasma é reduzida quando suínos foram alimentados com dietas peletizadas a temperaturas superiores a 78°C.
Para verificar se o mesmo efeito aconteceria em dietas para aves, Cresnshaw et al. (2004), realizaram três experimentos com o objetivo de avaliar o efeito da temperatura de peletização (85, 90 ou 95°C) sobre o desempenho de frangos de corte em diferentes idades, alimentos com dietas contendo PSD. No primeiro experimento todas as dietas foram peletizadas usando uma matriz de 4 x 32mm a 85°C por 15 segundos de condicionamento. Sendo os tratamentos: controle (sem plasma), PSD aplicado como revestimento dos pellets e PSD misturado na ração e depois peletizada. No experimento 2 (42 dias) foram utilizados os mesmos tratamentos do experimento 1 acrescidos de mais 2: PSD + 1% de óleo misturado na dieta e depois peletizados a 90°C ou 95 °C. Para o experimento 3 (21 dias) foram utilizados os mesmos do experimento 2, mas sem a adição de óleo (tabela 3).
Os autores concluíram que a temperaturas de 85, 90 ou 95°C não foram prejudiciais ao crescimento ou peso final de frangos de corte alimentados com plasma spray-dried misturados à dietas peletizadas e ainda proporcionaram a melhora em relação a dieta controle.
Considerações finais
Diante do exposto pode se concluir que o plasma spray-dried contribui para a redução da super estimulação da reposta imune, assim, favorecendo o desempenho das aves. E a temperatura de peletização não influencia nos efeitos benéficos do plasma spray-dried. Os dados até então divulgados são promissores quanto ao uso do plasma sobre o desempenho animal, requerendo portanto mais pesquisas.
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