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Galinhas Linhagem Caipira Francês

Efeito dos niveis de energia metabolizável sobre o desempenho de frangos da linhagem caipira francês exótico na fase inicial

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: Elizanne Lima, MSV Santos, SS Vieira, FB Tavares, LRO Sampaio, LTO Galvão
Sumário

O trabalho teve por objetivo avaliar o efeito dos níveis de energia sobre o desempenho zootécnico de frangos caipiras da linhagem Caipira Francês Exótico. O experimento foi conduzido em galpão experimental cedido para a Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, localizado em Parauapebas – PA. Foram utilizados 192 pintos da linhagem Caipira Francês Exótico, mistos, com 1 dia de idade criados em sistema intensivo. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com 3 tratamentos. Cada tratamento foi formado de 4 repetições, sendo a unidade experimental 1 box de 16 aves. Os tratamentos adotados foram definidos pelos níveis de energia das rações na fase inicial (1 a 28 dias) sendo: T1 - 3.000 kcal de EM/kg; T2 - 3.100 kcal de EM/kg e T3 - 3.200 kcal de EM/kg. As variáveis estudadas foram peso inicial, peso final, consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar. A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o procedimento ANOVA, para um modelo inteiramente casualizado, com o programa “Sistema para análise estatística e genética” (SAEG, 2007). As diferenças entre as médias das variáveis estudadas foram realizadas pelo Teste de Tukey a um nível de 5%. O nível de 3.200 kcal de EM/kg propiciou melhores resultados de desempenho zootécnico para peso final, ganho de peso e conversão alimentar. Houve um decréscimo na Eficiência protéica com o aumento dos níveis de energia.
Palavras Chave: Desempenho zootécnico, Caipira francês exótico, Ganho de peso.

Introdução
A evolução e a competitividade da indústria avícola brasileira têm impulsionado a constante busca da melhoria do material genético das linhagens. Pesquisas avaliando esses produtos são realizadas a fim de identificar linhagens com características superiores em relação a outras, selecionando, assim, aves que apresentem não apenas um bom desempenho, mas também melhores rendimentos de carcaça e de cortes (Stringhini et al., 2003).
O frango de corte, entre os animais produtores de alimentos para o homem, destaca-se por transformar produtos de origem vegetal em proteína de alta qualidade (Ramos et al. 2006). A criação de aves para produção de carne tipo caipira é um dos segmentos mais promissores da avicultura alternativa, tendo em vista a demanda por produtos mais saborosos, firmes e com sabor acentuado (Madeira et al., 2010). Além das características produtivas, a qualidade da carne dos frangos tem se tornado importante, uma vez que as características sensoriais, como aparência e maciez da carne são exigidas pelo consumidor (Beraquet, 2000).
Nesse contexto, a avaliação de diferentes linhagens de corte é fundamental para obtenção de dados atualizados acerca das características produtivas que melhor atendam as necessidades do mercado consumidor (Mendes, 2001; Moreira et al., 2003). O nível energético das rações interfere substancialmente no resultado de desempenho de frangos de corte (Mendes et al., 2004).
Objetivou-se com esse trabalho de pesquisa analisar o efeito dos níveis de energia metabolizável da ração sobre o desempenho zootécnico de frangos da linhagem Caipira Francês Exótico, na fase inicial de criação, alimentados com diferentes níveis de energia.
Materiais & Métodos
O experimento foi desenvolvido em um galpão experimental no Parque de Exposição de Parauapebas, situado no estado do Pará. Foram utilizados 192 pintos da linhagem Caipira Francês Exótico, mistos, com 1 dia de idade, criados em sistema intensivo.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com 3 tratamentos. Cada tratamento foi formado de 4 repetições de 16 aves. Os tratamentos adotados foram definidos pelos níveis de energia na fase inicial (1 a 28 dias) sendo T1: 3.000 kcal de EM/kg; T2: 3.100 kcal de EM/kg e T3: 3.200 kcal de EM/kg. Para composição das rações foram utilizados componentes convencionais como milho, farelo de soja, óleo de soja, farinha de carne, calcário, fostato bicálcico, sal comum, premix mineral e vitamínico.
Para cálculo da formulação das rações foi utilizado o Programa SuperCrac (2008), visando atender as exigências nutricionais das aves (Tabela 1).
Tabela 1. Composição percentual e análise calculada das dietas na fase inicial (1-28 dias)
Ingredientes
T1
T2
T3
Milho
58,83
56,54
54,25
Farelo de Soja
32,60
32,90
33,33
Óleo Vegetal
1,80
3,70
5,60
Farinha carne
5,50
5,60
5,60
Calcário calcítico
0,37
0,36
0,35
Sal comum
0,30
0,30
0,30
Premix mineral/vitamínico (*)
0,60
0,60
0,60
Total
100
100
100
Análise Calculada
 
 
 
EM-Aves Kcal/kg
3.000
3.100
3.200
Proteína Bruta %
22,00
22,00
22,00
Extrato Etéreo %
4,89
6,70
8,51
Fibra Bruta %
3,54
3,52
3,49
Matéria Mineral %
5,31
5,31
5,31
Lisina %
1,21
1,22
1,23
Cálcio %
1,00
1,00
1,00
Fósforo total %
0,68
0,68
0,68
Fósforo Disponível %
0,48
0,48
0,48
Sódio %
0,17
0,17
0,17
(*) Composição por kg do produto: Vit. A - 1.335,000 UI; Vit. D3 - 300.000 UI; Vit. E - 2.000 mg; Vit. B1 - 167 mg; Vit. B2 - 670 mg; Vit. B6 - 170 mg; Vit. K3 - 335 mg; Vit. B12 - 1.670μg; Biotina - 7 mg; Ácido fólico - 67 mg; Niacina - 4.670 mg; Selênio - 35 mg; Antioxidante - 2.000 mg; Pantontenato de Cálcio - 1.870 mg; Cobre - 1.000 mg; Cobalto 17 mg; Iodo - 170 mg; Ferro 8.335 mg; Manganês - 10.835 mg; Zinco - 7.500mg; Cloreto de colina 50% - 83.340; Metionina - 235.000 mg; Coccdiostático - 10.000 mg; Promotor de crescimento - 10.000
Logo após a chegada dos pintos no galpão experimental, realizou-se o manejo de seleção e pesagem. Lotes homogêneos de 16 pintos foram pesados e distribuídos aleatoriamente nos boxes, de acordo com a identificação dos tratamentos e repetições. A água foi fornecida à vontade. Os bebedouros foram lavados e cheios duas vezes por dias para evitar a redução do consumo de água e conseqüentemente de ração. A ração foi pesada uma vez por semana e fornecida á vontade, evitando a falta nos comedouros. Duas vezes por dia, a ração dos comedouros foi mexida para estimular o consumo e as raspas de maravalha foram retiradas.
As variáveis estudadas foram peso inicial, peso final, consumo de ração, ganho de peso diário, conversão alimentar, proteína bruta consumida, eficiência protéica, energia metabolizada consumida e eficiência energética. A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o procedimento ANOVA, para um modelo inteiramente casualizado, com o programa "Sistema para análise estatística e genética" (SAEG, 2007). As diferenças entre as médias das variáveis estudadas foram realizadas pelo Teste de Tukey a um nível de 5%.
Resultados & Discussão
O peso final, o ganho de peso e a conversão alimentar foram influenciados pelos níveis de energia na dieta, verificando-se que as aves que consumiram uma dieta com 3.200 kcal de EM/kg obtiveram melhores resultados, porém não diferiram daquelas aves que receberam 3.100 kcal de EM/kg (Tabela 2).
Tabela 2. Desempenho zootécnico de frangos da linhagem Caipira Francês Exótico alimentados com rações contendo diferentes níveis de energía metabolizável na fase inicial (1 a 28 dias de idade)
Tratamentos
Peso
Inicial
(g)
Peso
Final
(g)
Consumo
de Ração
(g)
Ganho de
Peso
(g/ave/dia)
Conversão
Alimentar
T1 - 3.000 Kcal de EM/kg
35,00a
615,75b
1074,00a
20,74b
1,85b
T2 - 3.100 Kcal de EM/kg
34,75ª
655,75ab
1102,00a
22,19ab
1,77ab
T3 - 3.200 Kcal de EM/kg
34,75ª
713,50a
1082,75a
24,24ª
1,59ª
CV (%)
1,86
6,51
8,30
6,83
5,45
Médias seguidas de diferentes letras minúsculas nas colunas diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (p<0,05).
Resultados diferentes foram encontrados por Rocha et al. (2003), que verificaram que os níveis de energia metabolizável utilizados nas rações experimentais (2.850 e 3.000 kcal/kg) não determinaram diferenças estatísticas ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar das aves. Por outro lado, Reginatto et al. (2000) trabalhando com dois níveis de energia metabolizável (3.200 e 2.900 kcal/kg) verificaram que as dietas com alta energia proporcionaram um maior ganho de peso (p<0,01), um menor consumo de ração (p<0,01) e conseqüentemente melhor conversão alimentar (p<0,01) em frangos de corte aos 21 dias de idade.
Os níveis de energia da ração não influenciaram na proteína bruta consumida, energia metabolizada consumida e eficiência energética das aves. Todavia, a eficiência protéica foi reduzida com o aumento dos níveis de energia metabolizável (Tabela 3).
Pacheco (2004), avaliando o efeito dos níveis de energia (2.800, 2.860, 2.920, 2.980 e 3.040 kcal de EM/kg) e proteína sobre o desempenho de frangos Label Rouge e Pesadão, na fase inicial de criação, concluíram que todos os níveis crescentes de energia nas dietas melhoraram e eficiência energética e protéica.
Tabela 3. Eficiência energética e protéica de frangos da linhagem Caipira francês Exótico na fase inicial (1 a 28 dias de idade)
Variáveis
Tratamentos
T1
3.100 Kcal EM/kg
T2
3.200 Kcal EM/kg
T3
3.300 Kcal EM/kg
CV (%)
Proteína bruta consumida (kg/ave/dia)
8,44ª
8,66a
8,51a
8,30
Energia metabolizada consumida (kcal/ave/dia)
115,07ª
122,01ª
123,74ª
8,26
Eficiência protéica
0,41ª
0,39ab
0,35b
5,45
Eficiência energética
0,18ª
0,18ª
0,20ª
5,38
Médias seguidas de diferentes letras minúsculas nas colunas diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (p<0,05).
Conclusões
O nível de 3.200 kcal de EM/kg proporcionou melhores resultados de desempenho zootécnico para os  frangos da linhagem Caipira Francês Exótico, na fase inicial. Houve um decréscimo na eficiência protéica com o aumento dos níveis de energía metabolizável da ração.
Bibliografia
Beraquet NJ. 2000. Influência de fatores ante e post mortem na qualidade da carne de aves. Revista Brasileira de Ciência Avícola 1(3):155-166.
Madeira LA, Sartori JR, Araujo PC, Pizzolante CC, Saldanha ÉSPB, Pezzato AC. 2010. Avaliação do desempenho e do rendimento de carcaça de quatro linhagens de frangos de corte em dois sistemas de criação. Revista Brasileira de Zootecnia, vol.39 n.10 Botucatu.
Mendes AA. 2001. Rendimento e qualidade da carcaça de frangos decorte. In: Conferência Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas, 2001, Campinas. Anais... Campinas: FACTA, p.79-99.
Mendes AA, Moreira J, Oliveira EG, Garcia EA, Almeida MIM, Garcia RG. 2004. Efeitos da Energia da Dieta sobre Desempenho, Rendimento de Carcaça e Gordura Abdominal de Frangos de Corte. Revista Brasileira de Zootecnia 33(6):2300-2307.
Moreira J, Mendes AA, Garcia EA. 2003. Avaliação de desempenho, rendimento de carcaça e qualidade da carne do peito em frangos de linhagens de conformação versus convencionais. Revista Brasileira de Zootecnia 32(6) (supl. 1):1663-1673.
Pacheco O. 2004. Efeitos de Diferentes níveis de energia e proteína sobre o desempenho de frangos de corte de linhagens colonial. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Paraná. Curitiba.
Ramos LSN, Lopes JB, Figueirêdo AV, Freitas AC, Farias LA, Santos LS, Silva HO. 2006. Polpa de caju em rações para frangos de corte na fase final: desempenho e características de carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia 35(3):804-810.
Reginatto MF, Ribeiro AM, Penz Jr AM. 2000. Efeito da Energia, Relação Energia: Proteína e Fase de Crescimento Sobre o Desempenho e Composição de Carcaça de Frangos de Corte. Revista Brasileira de Ciencia Avícicola 2(3) set.
Rocha PT, Stringhini JH, Andrade MA. 2003. Desempenho de frangos de corte alimentados com rações pré-iniciais contendo diferentes níveis de proteína bruta e energia metabolizável. Revista Brasileira de Zootecnia 32(1) Jan./Fev.
SAEG Sistema para Análise Estatística. 2007. Versão 9.1. Fundação Artur Bernardes - UFV - Viçosa.
Stringhini JH, Laboissiére M, Muramatsu K, Leandro NSM, Café MB. 2003. Avaliação do Desempenho e Rendimento de Carcaça de Quatro Linhagens de Frangos de Corte Criadas em Goiás. Revista Brasileira de Zootecnia 32(1) Goiânia.
 
 
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