Introdução
A avicultura brasileira é uma atividade que vem se desenvolvendo em ritmo bastante acelerado nos últimos anos devido ao avanço em várias áreas como a nutrição, melhoramento genético, sanidade, instalações, entre outros. Esse avanço tem possibilitado a oferta de uma ótima fonte de proteína a custos bastante baixos quando comparados a outras atividades (Silva & Camargo, 2010). O objetivo da criação de aves caipira é utilizar um sistema de criação mais natural para poder gregar valor a um produto diferenciado, tendo em vista a procura de consumidores por produtos alternativos e de melhor qualidade. A criação de aves para produção de carne tipo caipira é um dos segmentos mais promissores da avicultura alternativa, tendo em vista a demanda por produtos mais saborosos, firmes e com sabor pronunciado. (Madeira et al., 2010)
A energia que os animais obtêm dos alimentos é utilizada prioritariamente para a manutenção dos processos vitais, como respiração, manutenção da temperatura corporal e fluxo sangüíneo. (Oliveira Neto et al., 2000). A literatura tem mostrado que o desempenho das aves tem relação direta com o nível de energia da ração. Entretanto, poucas pesquisas para estudar exigências de energia para aves de crescimento lento foram realizadas até o momento. Nesse contexto, o embasamento teórico é fundamentado nos trabalhos para estudar as exigências de energia metabolizável (EM). Desta maneira, o conhecimento do desempenho de frangos caipiras recebendo diferentes níveis de energia metabolizável se torna importante já que apresentará influencia nos custos de produção dos animais e desenvolvimento dos mesmos. Com isso o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos níveis de energia metabolizável da ração sobre o desempenho de frangos da linhagem Caipira Francês Barre, na fase inicial.
Materiais & Métodos
O estudo foi desenvolvido em um galpão experimental no Parque de Exposições de Parauapebas, no estado do Pará. Foram utilizados 192 pintos da linhagem Caipira Francês Barré, mistos, com 1 dia, criados em sistema intensivo.
Para composição das rações foram utilizados componentes convencionais como milho, farelo de soja, óleo de soja, farinha de carne, calcário, fostato bicálcico, cloreto de sódio e premix mineral e vitamínico (Tabela 1).
Tabela 1. Composição percentual e análise calculada das dietas na fase inicial (1 - 28 dias)
(*) Composição por kg do produto: Vit. A - 1.835.000 UI; Vit. D3 - 335.000 UI; Vit. E - 2.835 mg; Vit. B1 - 335 mg; Vit. B2 - 1.000 mg; Vit. B6 - 335 mg; Vit. K3 - 417 mg; Vit. B12 - 2.500 μg; Biotina - 17 mg; Ácido fólico - 135 mg; Niacina - 6.670 mg; Selênio - 35 mg; Antioxidante - 2.000 mg; Pantontenato de Cálcio - 1.870 mg; Cobre - 1.000 mg; Cobalto 35 mg; Iodo - 170 mg; Ferro 8.335 mg; Manganês - 10.835 mg; Zinco - 8.335 mg; Cloreto de colina 50% - 135.000; Metionina - 267.000 mg; Coccdiostático - 13.335 mg; Promotor de crescimento - 16.670
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com 3 tratamentos de 4 repetições, sendo a unidade experimental 1 box com 16 aves. Os tratamentos adotados foram definidos pelos níveis de energia das rações na fase inicial (1 a 28 dias) sendo: T1 - 3.000 kcal de EM/kg; T2 - 3.100 kcal de EM/kg e T3 - 3.200 kcal de EM/kg. O galpão passou pelo processo de limpeza e desinfecção. Logo após a chegada dos pintos no galpão experimental, realizou-se o manejo de seleção e pesagem. Lotes homogêneos de 16 pintos foram pesados e distribuídos aleatoriamente nos boxes, de acordo com a identificação dos tratamentos e repetições. A água foi fornecida à vontade. Os bebedouros foram lavados e cheios duas vezes por dias para evitar a redução do consumo de água e conseqüentemente de ração. A ração foi pesada uma vez por semana e fornecida á vontade, evitando a falta nos comedouros. Duas vezes por dia a ração dos comedouros foi mexida para estimular o consumo, e as raspas de maravalha foram retiradas.
As variáveis estudadas foram peso inicial, peso final, consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar, proteína bruta consumida, energia metabolizada consumida, eficiência protéica e eficiência energética. A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o procedimento ANOVA, para um modelo inteiramente casualizado, com o programa "Sistema para análise estatística e genética" (SAEG, 2007). As diferenças entre as médias das variáveis estudadas foram realizadas pelo Teste de Tukey a um nível de 5%.
Resultados & Discussão
A análise dos dados coletados constatou que o peso inicial, o peso final, o consumo de ração, ganho de peso diário e a conversão alimentar não sofreram influência pelos níveis de energia metabolizável das dietas (Tabela 2). Resultado divergente foi encontrado por Reginatto et al. (2000), que testando uma dieta com alto (3.200 Kcal/EM) e baixo (2.900 kcal/EM) nível de energia metabolizável em frangos de corte da linhagem Ross (1-21 dias de idade) reportaram que o desempenho dos frangos de corte foi reduzido nas aves que consumiram uma ração com energia menor.
Tabela 2. Desempenho zootécnico de frangos da linhagem Caipira Francês Barré alimentados com rações contendo diferentes níveis de energia metabolizável na fase inicial (1 - 28 dias de idade)
As médias não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Oliveira Neto et al. (2000) analisando cinco níveis de energia metabolizável (3.000, 3.075, 3.150, 3.225 e 3.300 kcal de EM/kg de ração) sobre desempenho, qualidade de carcaça e variáveis fisiológicas de frangos de corte dos 22 aos 42 dias de idade, da linhagem Hubbard, contataram que o nível de 3232 kcal de EM proporcionou os melhores resultados de desempenho e deposição de proteína na carcaça.
Ao avaliar a proteína bruta consumida, a energia metabolizada consumida, a eficiência protéica e a eficiência energética das aves foi constatado que não houve efeito significativo das dietas contendo três níveis de energia (Tabela 3). Nazareno (2008) avaliando os sistemas de criação confinado e semi-confinado de aves da linhagem Cobb 508, alimentadas com dietas contendo 3.119 e 3.161 kcal/kg de energia metabolizável, constatou que os sistemas de criação não promoveram alterações marcantes no desempenho e não afetou a eficiência protéica e energética.
Tabela 3. Eficiência energética e protéica de frangos da linhagem Caipira francês Barré na fase inicial (1 a 28 dias de idade)
As médias não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (P<0,05)
Conclusões
Os níveis de energia metabolizável da ração não influenciaram no desempenho zootécnico dos frangos da linhagem Caipira Francês Barré, na fase inicial. A eficiência energética não foi influenciada pelos níveis de energia das dietas.
Bibliografia
Madeira LA, Sartori JR, Araujo PC, Pizzoalante CC, Saldanha PB, Pezzato AC. 2010. Avaliação do desempenho e do rendimento de carcaça de quatro linhagens de frangos de corte em dois sistemas de criação. R. Bras. Zootec. 39(10):2214-2221.
Nazareno AC. 2008. Influência de diferentes sistemas de criação na produção de frangos de corte industrial com ênfase no bem-estar animal. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Tecnologia Rural.
Oliveira Neto AR, Oliveira RFM, Donzele JL, Rostagno HS. 2000. Níveis de energia metabolizável para frangos de corte no período de 22 a 42 dias de idade mantidos em ambiente termoneutro. Revista Brasileira Zootecnia 29(4):1132-1140.
Reginatto MF, Ribeiro AM, Penz AM. 2000. Efeito da Energia, Relação Energia: Proteína e Fase de Crescimento sobre o desempenho e composição de carcaça de frangos de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola 2(3):229-237.
SAEG - Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas. 2007. Versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes-UFV- Viçosa.
Silva MG & Camargo AM. 2010. Desempenho produtivo e características da carcaça de frangos caipiras em diferentes sistemas de criação. Em: Anais do XIV Seminário de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS, Feira de Santana.