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Acidificante Antibióticos Frangos

Avaliação de probiótico e de acidificante como alternativas ao uso de antibióticos promotores de crescimento em frangos para grelhados

Publicado: 20 de outubro de 2011
Por: JO Azcona1, BF Iglesias1, MV Charriere1, C Lago2 - 1Sección Avicultura, INTA - EEA Pergamino, CC31, B2700WAA Pergamino, Buenos Aires, Argentina; 2Porfenc SRL, Buenos Aires, Argentina
Sumário

A proibição, desde 2006, pela União Europeia para o uso de antibióticos promotores de crescimento provocou o desenvolvimento de diferentes alternativas como probióticos, acidificantes, etc. No presente estudo, foi avaliado o efeito do probiótico BioPro® e do acidificante enriquecido em sódio AES, sobre o desempenho dos frangos. Como Controle Positivo foi utilizado o BMD a 11%, incorporado à ração, e como Controle Negativo foram utilizadas as mesmas dietas sem a inclusão do promotor de crescimento. Foi utilizado um modelo de desafio baseado na oferta de dietas com níveis subótimos em aminoácidos (especialmente lisina, metionina+cistina e treonina), vacinação contra a coccidiose (cinco vezes a dose recomendada), uso de cama reutilizada e incremento da carga de E. coli na cama. Como consequência do desafio aplicado foi detectado um menor peso e peso/conversão ao comparar o Controle Positivo vs. Controle Negativo. Este resultado confirma que o desafio aplicado foi suficiente para afetar o desempenho das aves. Com a inclusão do BioPro® se observou um incremento no consumo com relação ao Controle Negativo e, como consequência, aumentaram o peso e a relação peso/conversão mas sem que seja afetada a conversão alimentar. Com AES® aconteceu algo semelhante ao que ocorreu com o BioPro®, mas em menor dimensão, apresentando ambos os produtos um comportamento similar ao Controle Positivo.
Palavras-Chave: Modelo de desafio, Escherichia coli, Desempenho das aves, Enterococcus faecium, sais sódicos.

Introdução
Na União Europeia (UE) existe, desde janeiro de 2006, a total proibição do uso de antibióticos promotores de crescimento (APC) em alimentação animal. Apesar de ser um tema controvertido por existir tanto informação a favor como em contra, o Comitê Científico da Comissão Europeia propôs a proibição dos APC, baseado no "princípio de precaução". A partir de 2012 também se proibirá o uso de salinomicina e monensina, atualmente utilizados como coccidiostatos (Cepero Briz, 2005).
Outros fatores relacionados com a ração, além da proibição do uso dos APC, agiriam como agravantes. Por exemplo, no ano 2010, na UE foi proibido o uso de farinhas de carne e ossos, por isso aumentou a utilização de farinha de soja e, em consequência, o risco derivado dos fatores antinutricionais quando esta última não foi corretamente processada. A proibição também tem estimulado um maior nível de inclusão de óleos e gorduras, o que pode predispor a problemas entéricos (Cepero Briz, 2005).
Desde a proibição do uso dos APC, se observou um renascimento de certas patologias, como enterite necrótica (EN) causada por Clostridium perfringens tipos A e C.   A EN é uma doença multifatorial e sua incidência e sua incidência depende da nutrição, utilização (más condições ambientais, altas densidades de cria), sanidade (vazios sanitários muito curtos), entre outros (Santomá et al., 2006).
Como consequência deste tipo de patologias, houve um incremento médio da mortalidade, menor peso, aumento do índice de conversão e menor homogeneidade de lotes. Como alternativa aos APC, surgiram diferentes produtos, como probióticos e acidificantes. Com a finalidade de avaliar este tipo de aditivos, têm sido desenvolvidas metodologias experimentais baseadas em gerar condições de desafio.  (Iglesias et al., 2011).
Objetivo
Avaliar o efeito da inclusão, na dieta de frangos para grelhados, do BioPro® e do acidificante enriquecido com sódio AES® sobre o desempenho das aves desafiadas.
Materiais & Métodos
Participaram 576 frangos Cobb 500 machos, alojados em piso sobre cama de serragem. Foram avaliados 4 tratamentos (Tabela 1) com 8 repetições de 18 aves cada uma, distribuídos num desenho em blocos completamente aleatorizado, utilizando-se a prova de Duncan para a separação de médias (InfoSTAT®, 2001).
Tabela 1. Tratamentos
Tratamentos
Descrição
1.- Controle +
Basal + BMD 11% (540g/t)
2.- Controle -
Basal sem ATB
3.- BioPro®1
Idem T2 + BioPro 2L/t até os 14 d, logo 1L/t
4.- AES2
Idem T2 + AES 2kg/t
1Probiótico a base de uma linhagem de Enterococcus faecium; 2Acidificante enriquecido em sódio. BMD: Bacitracina Metil Disalicilato a 11%.
O plano de alimentação foi: Iniciador (1 - 7 dias), Crescimento (8 - 28 dias), Terminador (29 - 43 dias) e Última Semana (44 - 49 dias) (Tabela 2) e o alimento foi administrado em forma de farinha. As dietas foram formuladas com base nas recomendações de Cobb, utilizando o software DAPP, N-utrition® 2.0 (2003).
Tabela 2. Composição e aporte de nutrientes das dietas
Idade (dias)
1 - 14 dias
15 - 28 dias
29 - 42 dias
43 - 49 dias
Milho
61,03
65,48
66,66
69,96
Farinha de soja 44
24,97
16,26
17,83
7,78
Feijão de Soja Vapor
6,60
11,10
8,86
15,55
Farinha de Carne 41
6,34
6,16
5,74
5,80
Cálcio
0,43
0,42
0,41
0,41
Sal
0,33
0,26
0,25
0,24
Metionina
0,05
0,07
0,08
0,08
Premix
0,20
0,20
0,15
0,15
Colina
0,05
0,05
0,03
0,03
Nutrientes (%)
 
 
 
 
EMV (Kcal/Kg)
3288
3383
3476
3476
Lipídios
4,64
5,35
6,23
6,03
Proteína
21,00
19,00
18,00
17,00
Lisina
1,10
0,97
0,91
0,84
Metionina + Cistina
0,71
0,67
0,65
0,62
Treonina
0,80
0,71
0,67
0,63
Arginina
1,40
1,25
1,17
1,08
Ca
1,00
0,96
0,90
0,90
PD
0,50
0,48
0,45
0,45
Não foi utilizado o coccidiostato, dado que aos frangos foi realizado um desafio com oocistos de coccidias.
Desafio
Com a intenção de entrar numa região de maior resposta zootécnica diante de qualquer mudança na absorção de nutrientes, foi diminuído o requerimento de metionina + cistina, lisina e treonina a 80% das recomendações da cabana e, como consequência, foi reduzida a inclusão de aminoácidos de sínteses em todos os alimentos.
Ao terceiro dia de vida, os pintos foram vacinados com oocistos, utilizando 5 vezes a dose recomendada pelo fabricante. Também se utilizou cama de criações anteriores e, para elevar as contagens de bactérias, ela foi borrifada com uma solução contendo 109 UFC/ml de E. coli (20ml desta solução cada 1,8 m2levados a 50ml com solução salina 0,9%p/v). Esta operação foi realizada em três oportunidades durante a criação (dias 7, 14 e 21). A umidade da cama foi mantida borrifando 500ml de água por curral, dia e meio, enquanto estiveram acesas as campanas.
Medições
O peso corporal foi determinado semanalmente, como também o consumo de ração ajustado por mortalidade e se calculou a conversão e a relação peso/conversão.
Resultados & Discussão
Nas Tabelas 3 a 6 e no Gráfico 1 figuram os resultados zootécnicos obtidos.
Tabela 3. Consumo (g)
Tratamentos
Dias
7
14
21
28
34
42
49
1.- Controle +
81
428
976
1869AB
2844B
4376B
5894
2.- Controle -
86
434
961
1855B
2803B
4346B
5855
3.- BioPro®
86
437
979
1847B
2897A
4475A
6022
4.- AES®
82
429
977
1902A
2880A
4445A
5997
CV%
5.1
4.8
1.6
2.4
2.6
2.4
2.9
Probabilidade
0.29
0.92
0.19
0.10
0.09
0.08
0.20
         
Médias numa mesma coluna, com distinta letra, diferem significativamente (p≤0.10).
Tabela 4. Peso (g)
Tratamentos
Dias
7
14
21
28
34
42
49
1.- Controle +
112
344
647ab
1131ab
1616a
2292ab
2890AB
2.- Controle -
111
347
633c
1110c
1667b
2243b
2816B
3.- BioPro®
112
351
641bc
1151a
1634a
2342a
2931A
4.- AES®
108
353
656a
1154a
1616a
2308a
2902A
CV%
3.8
5.1
1.9
1.6
2.5
2.4
3.0
Probabilidade
0.67
0.90
<0.01
<0.01
0.02
0.01
0.09
         
Médias numa mesma coluna, com distinta letra, diferem significativamente (minúscula p≤0.05; maiúscula p≤0.10).
Tabela 5. Conversão
Tratamentos
Dias
7
14
21
28
34
42
49
1.- Controle +
0.726
1.246
1.509AB
1.652
1.761
1.909
2.040
2.- Controle -
0.770
1.250
1.520A
1.671
1.789
1.938
2.080
3.- BioPro®
0.766
1.247
1.519A
1.655
1.772
1.911
2.055
4.- AES®
0.756
1.214
1.491B
1.649
1.783
1.926
2.067
CV%
3.7
2.7
1.4
1.9
1.9
1.8
1.6
Probabilidade
0.18
0.44
0.06
0.54
0.38
0.33
0.15
Médias numa mesma coluna, com distinta letra, diferem significativamente (p≤0.10).
Tabela 6. Peso/Conversão
Tratamentos
Dias
7
14
21
28
34
42
49
1.- Controle +
153
277
429ab
686a
918a
1202ab
1417A
2.- Controle -
145
279
417b
665b
876b
1158b
1354B
3.- BioPro®
146
282
423b
696a
923a
1226a
1427A
4.- AES®
143
291
440a
700a
908ab
1199ab
1405A
CV%
5.4
6.5
3.0
2.6
3.7
3.5
3.9
Probabilidade
0.40
0.70
0.01
<0.01
0.05
0.03
0.07
Médias numa mesma coluna, com distinta letra, diferem significativamente (minúscula p≤0.05; maiúscula p≤0.10).
Gráfico 1. Relação percentual dos diferentes tratamentos a respeito do Controle Positivo (100%) aos 49 dias de vida
Avaliação de probiótico e de acidificante como alternativas ao uso de antibióticos promotores de crescimento em frangos para grelhados - Image 1
Modelo de desafio
Não foram observadas diferenças em consumo de ração entre o Controle Positivo e o Controle Negativo. O peso vivo das aves alimentadas com as dietas correspondentes ao Controle Negativo foi menor que o das aves do grupo Controle Positivo. Estas diferenças foram significativas entre 21 e 34 dias (p<0.05).
Não foram observadas diferenças em conversão entre Controles.
A relação peso/conversão foi menor no caso do Controle Negativo, sendo as diferenças significativas a 28 e 34 dias (P<0.05) e a 49 dias (P<0.10).
Estes resultados mostram que o modelo de desafio utilizado afetou o desempenho das aves, condição necessária para poder comparar o efeito dos aditivos estudados.
BioPro®
Não foram observadas diferenças, em resposta zootécnica, entre as aves alimentadas com BioPro® e com BMD (Controle Positivo).
O consumo de ração observado com BioPro® foi maior que o correspondente ao Controle Negativo, diferenças significativas (P<0.10) a 34 e 42 dias.
O peso alcançado com BioPro® foi maior com relação ao grupo Controle Negativo, sendo as diferenças significativas (P<0.05) desde 28 dias até 42 dias. A mesma tendência (P<0,10) se observou a 49 dias.
Não foram detectadas diferenças em conversão alimentar entre BioPro® e Controle Negativo.
A resposta em termos da relação peso/conversão foi semelhante à descrita para peso.
AES®
Não foram observadas diferenças em resposta zootécnica entre as aves alimentadas com AES® e com BMD (Controle Positivo).
Não foram observadas diferenças no consumo de ração entre as aves alimentadas com AES® e aquelas do Controle Negativo.
O peso vivo alcançado com AES superou o Controle Negativo desde 21 dias até 42 dias (P<0.05).
Foi observada uma tendência (P<0.10) a melhor conversão com AES a 21 dias.
A relação peso/conversão alcançada com AES superou a do Controle Negativo, sendo as diferenças significativas (P<0.05) a 21 e 28 dias e com uma tendência (P<0.10) a 49 dias.
Conclusões
  • O modelo de desafio aplicado afetou negativamente o desempenho das aves.
  • Os resultados mostram que, com a inclusão de BioPro® ou de AES®, foi possível reverter esta situação, o que posiciona estes aditivos como alternativas aos antibióticos promotores de crescimento.
Bibliografia
Cepero Briz R. 2005. Retirada de los antibióticos promotores de crecimiento en la unión europea: causas y consecuencias. En XII Congreso Bienal Asociación Mexicana de Nutrición Animal (AMENA) Puerto Vallarta, Jalisco. URL:http://www.wpsa-aeca.es/aeca_imgs_docs/24_01_30_
MEXICO05-RCB.pdf. Acceso: 01/04/11.
DAPP, N-utrition. 2003. Software para formulación de raciones a mínimo costo. Versión 2.0. Colón, Entre Ríos, Argentina.
Iglesias BF, Azcona JO, Charriere MV, Lago C. 2011. Effect of BioPro on broiler chickens performance. pp 58. In: Proceeding of the International Poultry Scientific Forum, 24 y 25 de enero de 2011. Atlanta, GA, USA.
InfoSTAT. 2008. Software estadístico. Versión 2008p para Windows®. Córdoba, Argentina.
Santomá G, Pérez de Ayala P, Gutiérrez del Alamo A. 2006. Producción de broilers sin antibióticos promotores del crecimiento. Conocimientos actuales. En XLIII Simposio Científico de Avicultura, Barcelona, España. URL:http://www.wpsa-aeca.es/aeca_imgs_docs/wpsa11617
71886a.pdf. Acceso: 01/04/11.
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