Aves Clima Diagnostico

Ao se planejar uma instalação para a criação de aves ou seja, promover o condicionamento térmico da mesma, é necessário conhecer as características do meio natural que constituem o clima local e compará-las com as condições de conforto fisiológico das aves para as quais se projeta a instalação. Da comparação de ambas as situações, obtém-se as modificações que devem ser realizadas na situação climática natural, deduzem-se os meios para obtê-las e elaboram-se soluções técnico-construtivas e/ou energéticas. Diante disso foi realizado o diagnóstico bioclimático para a produção de aves no Vale do São Francisco da Bahia como orientação aos avicultores na implantação de sistemas de controle ambiental.

De acordo com o Censo Agropecuário 1995 - 1996, a mesorregião Vale do São Francisco da Bahia, no Estado da Bahia, é constituída de quatro microrregiões: Barra, Bom Jesus da Lapa, Juazeiro e Paulo Afonso. Foram selecionadas quatro estações agrometeorológicas, uma em cada microrregião.

O diagnóstico bioclimático para cada microrregião foi realizado com os dados climáticos obtidos nas Normais Climatológias, de 1961 a 1990 (Brasil, 1992), das seguintes estações:

Barra - estação existente no município de Barra, correspondendo a microrregião de Barra;

Bom Jesus da Lapa - estação existente no município de Bom Jesus da Lapa, correspondendo a microrregião de Bom Jesus da Lapa;

Remanso - estação existente no município de Remanso, correspondendo a microrregião de Juazeiro;

Paulo Afonso - estação existente no município de Paulo Afonso, correspondendo a microrregião de Paulo Afonso.

Para o diagnóstico foram utilizadas as seguintes variáveis:

- Média da Temperatura do Ar Máxima - t_max;

- Média da Temperatura do Ar Mínima - t_min;

- Média da Temperatura do Ar Compensada - t_med   e

- Umidade Média Relativa do Ar (UR).

Esses valores foram utilizados para comparar as condições de conforto térmico ideais para aves, em função da idade (Tabela 1).

Tabela 1 - Valores ideais de temperatura ambiente e de umidade do ar em função da idade das aves

Para comparar as exigências das aves com os valores climáticos das microrregiões foi adotada a seguinte simbologia:

I - inferiores aos exigidos pelas aves;

C - confortáveis aos exigidos pelas aves; e

S - superiores aos exigidos pelas aves.

Dessa maneira, foi estabelecido em que épocas do ano a microrregião é ideal para criação de aves e em que épocas do ano e idade das aves, existe a necessidade de adoção de meios artificiais de condicionamento térmico.

A Tabela 2 foi utilizada para a comparação entre as umidades relativas ideais e efetivas para os Municípios de Barra, Bom Jesus da Lapa, Remanso e Paulo Afonso.

Tabela 2 - Valores de umidade relativa do ar para os municípios de Barra, Bom Jesus da Lapa, Remanso e Paulo Afonso

 

Diagnóstico Bioclimático para  Produção de Aves na Mesorregião Vale do São Francisco da Bahia |3

Os valores de umidade relativa do ar apresentados na Tabela 2 mostram que os meses de outubro a fevereiro no município de Barra, junho a outubro em Bom Jesus da Lapa, julho a novembro em Remanso e outubro a dezembro em Paulo Afonso, apresentam condições propícias para a adoção do resfriamento evaporativo do ar. Ainda, que esses valores são os recomendados para a criação de aves, nos meses de março, abril, junho, agosto e setembro em Barra, fevereiro, março, maio e novembro em Bom Jesus da Lapa, entre os meses de dezembro a junho em Remanso e de outubro a dezembro em Paulo Afonso. Normalmente o estresse calórico ocorre nas horas mais quentes do dia em que a umidade relativa do ar se apresenta com valor mínimo, necessitando do uso de resfriamento evaporativo. Nesse momento o produtor terá de monitorar a umidade ou instalar um umidostato para comandar o acionamento ou desligamento do sistema evaporativo, para que a eficiência do sistema não seja prejudicada principalmente.

A resultante da comparação entre os dados climáticos mensais de cada município com as exigências das aves, está representada nas Tabelas 3, 4, 5 e 6.

Tabela 3 - Diagnóstico bioclimático para o município de  Barra

A letra maiúscula refere-se à situação térmica para T_med; a letra minúscula refere-se à situação térmica para T_max; a letra minúscula itálica refere-se à situação térmica para T_min.

Tabela 4 - Diagnóstico bioclimático para o município de Bom Jesus da Lapa

A letra maiúscula refere-se à situação térmica para T_med; a letra minúscula  refere-se à situação térmica para T_max; a letra minúscula itálica refere-se à situação térmica para T_min.

Tabela 5 - Diagnóstico bioclimático para o município de Remanso

A letra maiúscula refere-se à situação térmica para T_med; a letra minúscula refere-se à situação térmica para T_max; a letra minúscula itálica refere-se à situação térmica para T_min.

Tabela 6 - Diagnóstico bioclimático para o município de Paulo Afonso

 A letra maiúscula refere-se à situação térmica para T_med; a letra minúscula refere-se à situação    térmica para T_max; a letra minúscula itálica refere-se à  situação térmica para T_min.

Os valores médios de Temperatura do Ar (Máxima - T_max, Mínima - T_min e Compensada - T_med) foram utilizados para comparar as condições de conforto térmico ideais para aves.

Considerando os valores de T_med diários, há necessidade de providenciar aquecimento até a 2ª semana de idade das aves em todos os meses do ano, para todos os municípios. Na 3ª semana em maio e de junho a dezembro em Barra, de janeiro a agosto e dezembro em Bom Jesus da Lapa, de maio a agosto em Remanso e de abril a setembro em Paulo Afonso. As condições apresentam-se confortáveis na 4ª semana em maio e de julho a dezembro no município de Barra, de novembro a agosto em Bom Jesus da Lapa, de maio a agosto em Remanso e de abril a setembro em Paulo Afonso. A partir da 5ª semana o ambiente apresenta-se com valores acima das condições de conforto para as aves, o ano todo, nos 4 municípios, exceto no mês de julho em Paulo Afonso, na 5ª semana.

No período diurno, compreendido pela T_max, verifica-se que há necessidade de aquecimento do ambiente na 1ª semana em maio e de julho a novembro no município de Barra; em dezembro e janeiro e de abril a julho no município de Bom Jesus da Lapa; de março  a agosto em Remanso e de abril a setembro em Paulo Afonso. Somente para esse último município, na 2ª semana ainda é necessário o aquecimento nos meses de junho e julho. As condições apresentam-se confortáveis na 2ª semana de maio a novembro no município de Barra, de novembro a fevereiro e de abril a julho em Bom Jesus da Lapa, de março a agosto em Remanso e em abril, maio, agosto e setembro no município de Paulo Afonso. A partir da 3ª semana o ambiente apresenta-se com valores acima das condições de conforto para as aves, o ano todo, nos 4 municípios, exceto em Paulo Afonso nos meses de junho e julho, na 3ª semana.

Considerando os resultados para T_min, o avicultor necessitará acionar o sistema de aquecimento durante o período noturno, até a 4ª semana em todos os municípios e na 5ª semana, de setembro a janeiro no município de Barra; de abril a setembro em Bom Jesus da Lapa; em julho no município de Remanso e de junho a agosto em Paulo Afonso; na 6ª e 7ª semanas, em janeiro no município de Barra, em julho em Remanso e de junho a agosto em Paulo Afonso. Na 5ª semana, o conforto térmico é verificado de fevereiro a agosto em Barra, de outubro a março em Bom Jesus da Lapa, de agosto a junho em Remanso e de setembro a maio em Paulo Afonso.

Na 6ª e 7ª semanas o ambiente apresenta-se com valores acima das condições de conforto para as aves, o ano todo, nos 4 municípios, exceto em Barra e Bom Jesus da Lapa, no mês de janeiro, nos meses de janeiro e julho em Remanso e de junho a setembro em Paulo Afonso.

Na prática, no Brasil, o sistema de aquecimento não tem sido utilizado após a terceira semana de vida das aves.

 

O diagnóstico bioclimático mostrou a necessidade de correção do bioclima, nas microrregiões de Barra, Bom Jesus da Lapa, Juazeiro e Paulo Afonso, na Bahia, para se obter condições ideais de conforto térmico para a produção de aves.

 

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria de Irrigação. Departamento Nacional de Meteorologia. Normais Climatológicas: 1961 - 1990. Brasília, 1992. 84p.

CENSO AGROPECUÁRIO 1995-1996. Rio de Janeiro: IBGE, 1998.