29 de enero de 2015
Prezado Manoel,
atuo na região centro-oeste, onde ultimamente o sol tem demonstrado todo seu poder calorífero, elevando a temperatura e baixando drasticamente a umidade relativa do ar.
Para quem tem 1800 m quadrados de telhado absorvendo essa luminosidade e transferindo-a para o interior do galpão, onde estão alojadas as aves, somando-se a baixa umidade relativa do ar, somente o uso da ventilação dos exaustores, teto rebaixado e nebulizadores, fica muito difícil atingir a zona de conforto para engorda das aves.
Por esse motivo busca-se o recurso da arborização circundante, na busca de um microclima que deverá ser captado e insuflado para dentro do galpão, onde as trocas térmicas acontecem e, consequentemente, uma melhora na temperatura interna do galpão nas horas de pico durante o dia.
Afirmo para você, Manoel, que já vi muita coisa e do que vi e vivi, afirmo que são muito poucos os técnicos, proprietários e o que mais estiver no campo vivendo a avicultura diariamente, que REALMENTE sabem o que estão recomendando aos produtores de frango.
De bananeira em cabeçeira de galpão a amoreira ao longo do aviário, de neim indiano a leucena, ambos ao longo do galpão, a única coisa que consegui vivenciar no dia a dia foram muitas telhas quebradas, muitas folhas no teto do galpão que levaram a inúmeras goteiras por refluxo de água quando do início das chuvas, muita mão de obra para subir no telhado, repor telhas quebradas, beirais quebrados pelos galhos que crescem desordenadamente rumo ao galpão, acidentes com neim indiano com chuvas de vento, pois, os mesmos quebram que nem mandioca e por aí vai.
Todas essas variedades citadas, fora o eucalipto que ficou de fora por ser mais utilizado entre os galpões, aceitam poda. Claro que as bananeiras também estão de fora por motivos óbvios.
Gostaria de lhe expor algumas observações que vão servir de base para a minha afirmação no final, senão fica muito fácil falar e não sugerir uma solução plausível para o problema.
1- Você vai arborizar a lateral do seu galpão imaginando o que? Essa é a primeira pergunta a se fazer aos técnicos, uma vez que esses estão na busca da melhor condição para a ave, consequentemente, melhores resultados zootécnicos e financeiros, certo? Não sei qual vai ser a sua resposta, mas eles querem fazer isso usando o dinheiro do avicultor, não o dele. Afirmo isso por que o custo disso poderá não trazer o efeito projetado e você vai depois ficar na chapada sozinho, técnicos vem e vão, conforme resultados da região das integradoras. Detalhe, sou médico veterinário, porém, enquadrado dentro do termo "técnicos". Isso se faz necessário por que muitos podem ler esse comentário e entender que sou contra técnicos, o que não é verdade.
2- Dentro da pergunta anterior, se a resposta foi o telhado, você acertou a pergunta e errou o objetivo. Veja o nascimento do sol e seu poente. Ele fará um ângulo de insolação sobre o seu telhado ao nascer e ao se pôr, mas, ao longo do dia, das 10h e 30 min até 15h e 30min todo seus 1800 metros quadrados de telhado receberão os raios solares 100%. Dependendo da cumeeira e das ondas da sua telha de amianto, esses lúmens são refletidos todos para o interior do galpão em ângulo de 90°, transferindo essa caloria para as aves, você sabia desse detalhe? Seu técnico lhe informou isso? Engenheiros no momento do cálculo da inclinação do telhado levaram em consideração esse dado? A espessura da telha foi citada?
3- A essa altura da leitura você já chegou a conclusão que eu chegueis depois de 25 anos tentando uma medida que fosse válida, sem esses modismos que cercam a avicultura de corte: Não adianta nada essa arborização lateral do galpão. Vale sim investir na arborização enter os seus aviários e respeitando a lateralidade da estrada de acesso a porta da pega e retirada da cama, igualzinho o que é feito para matrizes. Você não vê árvores na lateral de galpão de matrizes.
4- Outro equipamento que deverá ser utilizado são as placa evaporativas, para auxiliar os bicos nebulizadores e a velocidade de vento produzida pelos exautores. Para nós técnicos o entendimento é mais fácil do que para você criador, ma o fato é que não se consegue retirar temperatura de galpão de frango sem umidade relativa do ar e ventilação, por que o princípio é o da transferência do calor para as micropartículas de água da nebulização que se evaporam e são arrastadas pelos ventos dos exaustores. Esse processo de evaporação necessita de energia que vem da temperatura, por isso a temperatura caí.
5- Então, finalizando, se existe um micro clima envolvendo o aviário, a oportunidade de entrar um ar mais úmido devido a fotossíntese das árvores é maior do que as árvores isoladas do teto. Assim, os equipamentos do galpão, se bem programados poderão passar pelo período de peco de calor provocando menos stress calórico nas aves, potencializando a energia da ração para ganho de peso e não para mecanismos de liberação de calor.
Dessa forma Manoel, retroceda as suas criações de lotes anteriores e imagine um cenário diferente para visualizar um quadro onde os nossos recursos possam ser melhor utilizados. Costumo dizer que ninguém precisa acreditar no que falo e escrevo, apenas valide essa afirmação e tire suas conclusões. É assim que a estatística valida dados matematicamente falando e, não nos esqueçamos, a unica coisa exata é a matemática.
Um abraço.
P.S.: Me envie o seu e-mail para que possa lhe enviar algumas fotos interessantes, você vai gostar, coloca em xeque muitas receitas de bolo de técnicos menos avisados.