1. Introdução
Na criação de frangos de corte, diversos programas de luz contínua e intermitente, em diferentes intensidades, tem sido propostos, com o objetivo de propiciar condições ambientais satisfatórias para se obter animais com maior ganho de peso, melhor conversão alimentar, qualidade de carcaça superior e livre de alterações metabólicas. O fotoperíodo comtínuo compreende um programa de luz contínua (24h luz:0h escuro), quase contínua (23h luz:1 h escuro, 16h luz:8h escuro). Os programas contínuos, de longa duração, propiciam condições para o máximo consumo e ganho de peso pelo acesso aos comedouros. Programas de luz intermitentes caracterizam-se por apresentar períodos intercalados de luminosidade e escuridão em 24 horas. Frangos submetidos aos programas intermitentes apresentam maior produtividade, menor incidência de morte súbita, e de problemas de patas quando de comparados aos programas contínuos. Além dos programas de luz, tem-se questionado a influência da cor da cortina utilizada nos aviários (amarela ou azul). Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o consumo de energia elétrica e o desempenho produtivo de frangos de corte criados em aviários com cortinas de cores amarela e azul, submetidos a dois programas de luz.
2. Metodologia
Foram utilizados 19.200 machos da linhagem Ross, distribuídos em quatro repetições, em um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 6x2X2 (lotes, programas de luz, cortina). As aves e a ração foram pesadas semanalmente e as variáveis estudadas foram: mortalidade, peso vivo, ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar, aos 21, 35 e 42 dias de idade das aves. A mortalidade foi anotada diariamente e classificada em Ascite (AS), Morte Súbita (MS) e outras Causas (OC). Foi incluída a anotação das mortes por calor, que ocorreram em dois lotes. O consumo de energia elétrica, na entrada e saída de cada lote, foi registrado por meio de medidores de energia.
Foram utilizados seis lotes consecutivos de frangos de corte, em quatro aviários, localizados nas instalações experimentais da Embrapa Suínos e Aves, com dimensões de 12 m x 10 m, divididos internamente em quatro boxes, com 200 aves cada. A cama foi reutilizada por seis lotes, sendo que o primeiro lote recebeu cama nova e para os seguintes, a cama foi reposta somente nos círculos de proteção. Foram utilizadas lâmpadas incandescentes com intensidade de 60 watts. Os tratamentos foram dois tipos de cortina (amarela e azul) e dois programas de iluminação quase contínuo (23h luz: 1h escuro) e intermitente (16h luz: 2h escuro: 1h luz :2h escuro :1h luz : 2h escuro). Esses tratamentos foram distribuídos da seguinte maneira: Aviário 1: Tratamento 1- Cortina Azul e luz intermitente; Aviário 2: Tratamento 2 - Cortina Amarela e luz Intermitente; Aviário 3: Tratamento 3 - Cortina Amarela e luz quase contínua, Aviário 4: Tratamento 4 - Cortina Azul e quase contínua.
3. Resultados e Discussão
Os valores médios de peso vivo e comversão alimentar em função da seqüência do lote, idade das aves, programa de luz e cortina são apresentados na Tabela 1. Para os lotes 1, 4, 5 e 6 tanto o peso vivo como a conversão alimentar foram melhores, quando a cortina amarela e o programa de luz quase contínuo foram utilizados. Nos lotes 2 e 3 os melhores resultados foram alcançados também para a cortina amarela e com programa de luz intermitente. Esses resultados corroboram em parte a literatura corrente, considerando que os programas contínuos de longa duração, permitem o acesso uniforme das aves à ração durante todo dia, propiciando condições para o máximo consumo e ganho de peso. Pesquisas também demonstraram que até os 28 dias de idade o peso corporal das aves é maior no programa quase contínuo, mas ao final de 41 dias essa diferença desaparece e o desempenho das aves é semelhante nos dois tipos de programas. Para o peso vivo e a conversão alimentar, o programa de luz quase contínuo foi melhor, porém esse programa propiciou aumento de morte súbita e mortalidade geral (Tabela 2 ). O programa de luz quase contínuo propiciou 1,48 vezes mais mortalidade por morte súbita (razão de chances) e 1,34 vezes mais mortalidade geral. Não houve diferença na mortalidade por ascite. Existe a suposição de que a cortina azul, propicia melhor desempenho devido ao menor gasto energético da ave, provocado pela diminuição de sua locomoção. Por outro lado, essa condição também pode propiciar baixo desempenho, pois a ave ao se locomover menos não se alimenta adequadamente. Resultados apontaram de forma geral, melhor desempenho das aves criadas com cortina amarela. Na interpretação desses resultados considerar que os aviários eram abertos com manejo da cortina totalmente manual e após os 21 dias de idade das aves, as cortinas ficaram abertas. Pode-se verificar em todos os lotes que as aves criadas com cortina amarela apresentaram melhores resultados já aos 21 dias e que esses persistiram até os 42 dias de idade.
No presente estudo, o consumo médio de energia elétrica para a luz intermitente foi de 44 KWh e de 93,16 KWh para a luz quase contínua, um consumo médio 2,12 vezes maior. Os resultados apresentados nesse trabalho mostraram a necessidade de se realizar uma análise econômica, considerando que o programa de luz quase contínuo melhorou o peso vivo e a conversão alimentar, e no entanto, propiciou maior mortalidade, tanto por morte súbita quanto morte geral e maior consumo de energia elétrica (Tabela 2).
4. Conclusão
Aves criadas em aviários com cortina amarela e programa de luz quase contínuo apresentaram melhor peso vivo e conversão alimentar. O programa de luz quase contínuo propiciou aumento na mortalidade e no consumo de energia elétrica.