INTRODUÇÃO
A criação de galinhas nas propriedades rurais brasileiras é uma atividade que remonta à época do descobrimento, desempenhando papel importante no fornecimento de carne e ovos.
Com o tempo, houve grande evolução tecnológica na avicultura de corte brasileira, a ponto de sermos hoje o maior exportador de carne de frango do mundo. Contudo, este segmento de produção intensiva, no qual os frangos são alojados em aviários cuja capacidade supera 12.000 aves, requer elevados investimentos financeiros que muitas propriedades não conseguem alavancar.
A alternativa pode ser a atividade em pequena escala de produção, utilizando os recursos existentes na propriedade para a produção de frangos de corte em sistema de pequena escala e em condições adequadas de criação.
Diante desta realidade, a Embrapa Suínos e Aves elaborou esta cartilha que aborda a construção de pequenos aviários em detalhes e sugere um modelo de construção que possa ser adequado às condições de produção em diferentes regiões do Brasil, prevendo um abate inspecionado para fornecimento a mercados municipais. A sugestão é construir aviários com capacidade para 100, 200, 300 ou 500 frangos de corte, adquirindo ou reutilizando materiais de construção disponíveis ou adaptando instalações e ainda absorvendo a produção de insumos da própria propriedade.
É fundamental salientar que devem ser seguidas as boas práticas de produção e observadas as exigências ambientais, de biosseguridade e de bem estar animal na instalação de aviários e as condições de criação preconizadas pela legislação.
Especificamente na área de sanidade, a produção de frangos deve estar respaldada nas Normativas Oficiais do Programa Nacional de Sanidade Avícola – PNSA do Ministério da Agricultura, Pecuária a Abastecimento - MAPA, que abrange desde a criação de aves de reprodução até frangos e poedeiras comerciais. Todos os sistemas de produção devem atender a Instrução Normativa 56/2007 do MAPA que trata dos procedimentos para registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas de reprodução e comerciais de carne ou de ovos.
CARACTERÍSTICAS E LOCALIZAÇÃO DO AVIÁRIO
O ambiente de criação deve ser tranquilo e distante de outras criações ou plantéis avícolas e ainda se possível distante de estradas onde ocorra circulação de veículos e pedestres.
Segundo recomendações da Embrapa Suínos e Aves, o aviário deve estar a pelo menos 100 metros de distância da estrada vicinal e a 30 metros dos limites periféricos da propriedade. A distância entre galpões do mesmo núcleo deverá ser de pelo menos o dobro da largura do galpão e de 500 metros de outro estabelecimento de aves comerciais de corte.
Os aviários devem ser construídos (Fig. 1) ou adaptados a partir de instalações em desuso na propriedade. Na adaptação de instalações, deve-se ter o cuidado em manter as características de um aviário, como por exemplo, mureta lateral de 30 cm de altura e cortina lateral que possibilite manejo de temperatura interna e ventilação.
Fig. 1. Aviário construído.
Aviário
É uma construção simples e funcional com finalidade de alojamento das aves e que propicie conforto e bem-estar. Recomenda-se a sua construção em locais bem drenados na propriedade (fazer uma terraplanagem se for necessário, para regularização do terreno).
O material para construção deve estar disponível na região, evitando-se altos investimentos. Uma opção é utilizar madeira rústica (ex: eucalipto tratado) para construção.
A direção do eixo maior do aviário deve ser leste/oeste conforme Fig. 2.
Fig. 2. Orientação do aviário em relação ao sol.
Área de construção
No dimensionamento da instalação deve-se considerar a relação de 1 m² para cada 9-10 frangos (sem exceder 30 kg/peso vivo/m²).
Para cálculo da área de alojamento e altura do pé-direito do aviário, deve-se utilizar a relação constante na Tabela 1.
Tabela 1. Sugestões de medidas para construção de aviários.
Piso
De chão batido. Optar por terrenos bem drenados ou se necessário providenciar sistema de drenagem. Recomenda-se construir o piso a pelo menos 20 cm acima do chão adjacente (circundante e próximo do aviário), com caimento de 2% do centro para o sentido das laterais da instalação.
Oitões
Os oitões ou paredes das extremidades do aviário deverão ser fechados até o teto com madeira. Em um dos oitões deve-se prever a porta para entrada no aviário.
Mureta lateral e tela
A mureta deve ter 30 cm de altura e ser construída nas laterais do aviário. Dê preferência para a construção com tijolos, pois a durabilidade é maior.
Na mureta será fixada a tela que vai até o teto (utilizar tela antipássaro com malha não superior a 2 cm). A mureta serve ainda para reter a cama, proteger as aves das correntes de ar e evitar entrada de outros animais.
Telhado
Utilizar na cobertura, material disponível na propriedade ou região e de baixo custo. Materiais bastante utilizados são as telhas de barro ou fibrocimento. Observar o ângulo de inclinação do telhado conforme o tipo de cobertura (constante no projeto do aviário).
Cortinas laterais
A cortina pode ser de PVC, lona ou outras fibras trançadas e utilizadas lateralmente no aviário, para proteção das aves contra ventos e chuvas e facilitar controle da temperatura interna.
A parte inferior da cortina é fixada na mureta lateral e a parte superior é sustentada por cordas e roldanas, de maneira a oferecer condições de regulagem quanto à altura, podendo hora o galpão ficar completamente fechado ou parcialmente aberto, controlando desta maneira o ambiente dentro do galpão, conforme as exigências de conforto térmico em relação a fase do desenvolvimento das aves.
Para manter a cortina próxima à tela, o que facilita o manuseio e evita danos causados por ventos fortes, recomenda-se utilizar um sistema simples de cordas (Fig. 3). O movimento da cortina (abre e fecha o aviário) poderá ser feito utilizando sistema de catracas (Fig. 4).
Fig. 3. Corda fixada para manter a cortina próxima à tela. Evita danos e facilita manuseio diário.
Fig. 4. Catraca para movimentação da cortina lateral. Foto: Jacir J. Albino Foto: Jacir J. Albino
Porta
É a via de acesso ao interior do aviário para recebimento de pintos e rações e desenvolvimento de tarefas diárias como alimentação e inspeção das aves, limpeza dos equipamentos, retirada da cama, apanha de aves para abate e possíveis reparos.
Pedilúvio
Deve-se reservar ainda no interior do aviário, junto à porta, um espaço de cerca de 1 m² onde será disponibilizado o pédilúvio (Fig. 5), cujo objetivo é desinfetar o calçado. Este espaço deverá permitir somente o acesso do tratador e deve ser isolado das aves. Para tanto pode-se utilizar um cercado de tela com altura média de 1 metro e um portão de acesso.
Fig. 5. Pédilúvio disponibilizado na entrada do aviário com solução de iodo.
Caixa d'água
Deve ser instalada em local sombreado e protegido, de forma a fornecer água de qualidade e em temperatura adequada para as aves. O ideal é que a temperatura da água não seja superior a 21ºC, principalmente no verão. Para manter esta temperatura, a sugestão é a proteção dos canos até o aviário, enterrando-os à profundidade média de 30 cm.
Uma dica para estimar o tamanho da caixa d´água a ser instalada, é que ela tenha a capacidade superior a dois dias de consumo do lote. Na Tabela 2 encontra-se uma estimativa de consumo de água para frangos de corte, de acordo com a média de temperatura esperada no ambiente de criação.
Tabela 2. Estimativa de consumo diário de água para frangos de corte.
As Fig. 6 e 7 exemplificam as diferentes situações de exposição da caixa de água em relação ao sol.
Fig. 6. caixa da água exposta ao sol.
Fig. 7. Caixa da água na sombra.
PROJETO DA INSTALAÇÃO
Aviário com área de 50 m² (capacidade estimada para 500 frangos de corte)
Vista frontal
Vista lateral
Corte cobertura
Corte cobertura
Planta baixa
Estimativa de material necessário para construção do aviário
Há a opção de cobertura com telha de fibrocimento ou telha de barro.
Referências
ABREU, P. G. de; ABREU, V. M. N. de. Paisagismo circundante ao aviário. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2000. 5 p. (Embrapa Suínos e Aves. Comunicado Técnico, 263).
AVILA, V. S. de; KUNZ, A.; BELLAVER, C.; PEDROSO-DE-PAIVA, D.; JAENISCH, F. R. F.; MAZZUCO, H.; TREVISOL, I. M.; PALHARES, J. C. P.; ABREU, P. G. de; ROSA, P. S. Boas práticas de produção de frangos de corte. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2007. 28 p. (Embrapa Suínos e Aves. Circular Técnica, 51).
CAMPOS, I. S.; GONZAGA, D. S. de O. M.; SCHMIDT, G. S.; ÁVILA, V. S. de; JAENISCH, F. R. F.; ALBINO, J. J.; BASSI, L. J.; FLEMING, J. R.; PORTOLEZ, L. F. B. Produção familiar de frango colonial. Rio Branco: Embrapa Acre, 2005. 36 p. (Embrapa Acre. Documentos, 94).
FIGUEIREDO, E. A. P.; ÁVILA, V. S. de.; DE BRUM, P. A. R.; JAENISCH, F. R. F.; PEDROSO-DE-PAIVA, D.; BOMM, E. R. Embrapa 041 – Frango de Corte Colonial. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2006. Folder.
***O Trabalho foi originalmente publicado pela Embrapa Suínos e Aves / Concórdia, SC, 2009.