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Método Fermentivo Cama Aviário

Avaliação do Método Fermentivo da Cama de Aviário

Publicado: 10 de janeiro de 2009
Por: Fernanda Flores; Maristela Lovato Flôres; Róger Boufleur; Fabio Luis Gazoni; R Bampi. LCDPA/ UFSM, RS. Brasil
A criação de frangos em alta densidade populacional é uma prática que visa otimizar os galpões de criação. Passa-se de uma produção de, aproximadamente, 28 kg de ave-viva por m2 de piso nas criações convencionais para, até 50 kg/m2, nas criações em alta densidade.

Essa alteração na prática de manejo interfere na ambiência e no conforto animal. Também, há maior acúmulo de dejetos na cama – geralmente constituída de maravalha de madeira - levando à maior produção de gases no ambiente, por ação microbiana sobre o material fecal. A cama consiste em média de 14% de proteína bruta, 16% de fibra bruta, 13% de matéria mineral e 0,41% de extrato etéreo (1). Após a criação de um lote de frangos a composição da cama torna-se rica em nutrientes servindo como substrato para o crescimento bacteriano (2).

Quando os frangos estão presentes o pH varia entre 6 e 9, e as temperaturas variam de 20 a 32°C, dependendo da semana de criação (4). A composição da cama aliada a esses fatores físicos constitui um ótimo nicho para a multiplicação de bactérias, sobretudo as mesófilas aeróbicas ou microaerófilas, dentre as quais se encontram a maioria das bactérias da microbiota fisiológica intestinal como também enterobactérias patogênicas e artrópodes, em especial Alphitobius diaperinus (2).

A fermentação tem sido um método empregado nas granjas avícolas para diminuir a carga bacteriana e de insetos, porém sem muitos estudos. Este trabalho teve como objetivo avaliar a temperatura da cama no processo de fermentação sem e com aerobiose mensurando a umidade total, pH e Aw da cama em estudo, num período de até sete dias para que possamos ter uma comprovação da eficiência e uma unificação de métodos para a fermentação visando o melhor controle de enfermidades e de pragas como o Alphitobius diaperinus que trazem prejuízos a avicultura.


MATERIAL E MÉTODOS

Foi comparando o processo convencional de fermentação com a subministração de oxigênio durante 7 dias em um aviário do município de Encantado. A cama era constituida de maravalha e casca de arroz e utilizada pelo 2° lote de criação. Ela foi amontoada e vedada com lona preta nas dimensões 1m² x 0,20 m de altura, e de 2m² x 0,50 m de altura, variando apenas a umidade que foi acrescida de 10, 15, 20 e 25% do peso da cama. Foram quatro testes convencionais e 4 com aerobiose que procederam da mesma forma, porém com um cano de PVC de no meio da amostra para permitir a entrada de oxigênio em ambas as dimensões. Foram realizadas aferições de pH antes e depois do processo por um Phmetro Digital pHs-3B*. A temperatura foi monitorada no centro da leira por um termômetro automático Mini Data Logger* já programado para registrar as aferições e por termômetros de bulbo. A avaliação da umidade foi baseada na utilização do método de Weend modificado, antes e após a fermentação. Os testes de Aw e bacteriológico para enterobactérias foram analisados em laboratório pelo método padrão.


RESULTADOS E DISCUSSÃO


Foram isoladas cepas de Salmonela e E.coli antes do processo fermentativo verificando através de cultura redução da população de E.coli após a fermentação. O pH da cama variou de 8,6 a 9,6 não alterando significativamente após a fermentação. A temperatura média dos testes com O2 foi de 32,9°C e sem O2 de 30,19 durante 7 dias. A Aw foi de 0,97 e a umidade variou entre 55,49% a 44,1% nos testes. O teste controle apresentou maior temperatura média 33,88°C e menor Aw 0,947 sendo a umidade total 34,51%, nas dimensões 1m² x 0,20 m². No entanto, nas dimensões de 2m² x 0,50 m a temperatura média foi de 43°C, umidade total de 34,84% e Aw de 0,94.

Os testes, de ambas as dimensões, onde foram adicionadas 20 e 25% de água em relação ao peso inicial, após a fermentação verificou-se que a cama ficou inutilizada pelo aspecto visual, devido ao excesso de umidade. A umidade inicial da cama antes dos experimentos era de 32,14% a Aw de 0,93.

A temperatura é um agente físico de grande eficiência na inativação de bactérias. A forma factível de se obter altas temperaturas na cama do aviário é através da fermentação. Embora altas temperaturas sejam eficientes na inativação das principais bactérias a dificuldade está em atingir 57,2 ºC que é a morte térmica da salmonela, por exemplo, porém com temperaturas menores já se inibem outros patógenos (5). Deve-se levar em conta que a eliminação de patógeno é dependente da temperatura e do tempo e exposição a esta. Neste experimento avaliamos durante sete dias por ser este o período que mais se aproxima do vazio sanitário realizado pelas integrações

O pH e Aw abrangeram a amplitude que permite o crescimento da maioria das bactérias. A elevação do pH pode também ter alguma ação benéfica na redução da concentração de bactérias ativas. Contudo, sua eficácia parece mais difícil de ser atingida provavelmente devido ao poder de tamponamento das fezes, sobretudo pela presença de ácido úrico (2). Estudos demonstram que pH na faixa de 4 e Aw de 0,84 não permitiriam crescimento bacteriano e buscam alternativas para essa diminuição (5).

CONCLUSÃO
O processo fermentativo diminuiu o grau de E.coli da cama, podendo esta ser reutilizada com, mas segurança por lotes posteriores. A temperatura máxima atingiu 43°C em 7 dias e demonstrou não ser o fator mais importante. Não houve significância estatística entre a administração de oxigênio e o processo convencional.

O melhor resultado obtido foi nas umidades totais de 34,51 e 45,38%. A Aw e o pH encontrados são os ideais para proliferação enterobactérias necessitando de práticas que promovam a redução destes. Notou-se também mortalidade de Alphitobius diaperinus no local da fermentação, sendo de qualquer forma um processo biológico que minimiza patógenos e vetores.


BIBLIOGRAFIAS
1. EMBRAPA suínos e aves Documentos, n°.19. p. 30. 1991.
2. FIORENTIN L. V Seminário Internacional de Aves e Suínos – AveSui - Florianópolis – SC. 2006.
3. HAAPAPURO, E.R.; Barnard, N.D.; Simon, M. Preventive Medicine, v.26, p.599-602. 1997.
4.JEFFREY, J. USPEA Final Report. University of California-Davis. Davis, CA, USA, 8p. 2001.
5. PAYNE J.B Poultry Science Association Inc. V 86 p.191-201.2007.
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