Influenza Aviária: A Doença no Mundo e o que fazer para nos manter livre
Publicado:8 de agosto de 2006
Por:Alberto Back, Med. Vet., MSc. PhD
A influenza aviária (IA) tem se tornado foco de atenção no mundo todo nos últimos anos pela sua alta patogenicidade em aves, pela difusão em vários países e pela possibilidade de infectar seres humanos. Como esta doença é exótica no Brasil, o governo e a indústria de aves têm feito esforços para minimizar as possibilidades de que ela venha ocorrer em nosso território. O presente trabalho tem como objetivo abordar alguns aspectos sobre a IA no mundo e enumerar algumas ações que estão sendo ou que devem ser tomadas para mantê-la afastada de nosso plantéis. Antes porém, uma breve revisão sobre as principais características da doença.
Influenza Aviária. Influenza aviária pode ser definida como uma enfermidade viral, altamente contagiosa que acomete o trato respiratório, digestivo e nervoso da maioria das aves podendo ter como resultado elevadíssima mortalidade. As espécies de exploração econômica mais acometidas são galinhas e perus onde as perdas podem ser totais. Aves silvestres e aves migratórias podem adoecer, porém o mais comum é infectar-se, carrear o vírus e dissemina-lo sem manifestar sinais clínicos. As aves aquáticas silvestres são conhecidas como reservatórios naturais do vírus e também disseminadores importante para outros animais, principalmente para aves comerciais.
O agente causador da IA é um vírus do gênero Influenza A da família Orthomixoviridae. Além das aves este gênero infecta inúmeros outros mamíferos inclusive o homem. Existem outros dois gêneros desta família, Influenza B e C que infectam basicamente o homem. Devido a sua variação antigênica quanto as glicoproteínas de superfícies Hemaglutininas (H) e Neuroaminidases (N), os vírus Influenza A são divididos em subtipos. Atualmente são reconhececidos 16 subtipos de H (1-16) e 9 de N (1-9). Porém, devidas variações de patogenicidade (capacidade de causar doença) dentro destes subtipos, as amostras que infectam aves são classificadas ainda em baixa e alta patogenicidade. Todos os surtos de alta patogenicidade registrados até o momento em aves tem sido relacionados com os vírus que possuem H5 ou H7 na sua superfície, independentes da neuroaminidase.
A infecção das aves pelo vírus da influenza pode apresentar grandes variações nos sinais clínicos e na severidade da doença. Esta variação depende principalmente da patogenicidade da amostra e da espécie acometida. Em espécies de exploração comercial como galinhas e perus, o vírus de alta patogenicidade pode causar mortalidade de até 100%, sendo acompanhados da maioria das vezes pelos seguintes sinais: depressão, perda de apetite, queda de produção, sinais nervosos, edema e cianose da barbela e da crista, espirros, tosse, diarréia e mortalidade súbita, que pode ocorrer com ou sem os sinais acima descritos. Os achados de necropsia podem ser variáveis, mas geralmente estão associados a extensas hemorragias nos órgãos internos, nas patas, na barbela e crista. No caso de infecção por vírus de baixa patogenicidade, tanto os sinais clínicos como as lesões podem ser imperceptíveis ou pode resultar em quadro respiratório brando com diarréia, leve depressão e redução de consumo. Estresses de ambiente devido ao calor, amônia e contaminantes secundários podem agravar consideravelmente infecções por vírus de baixa patogenicidade.
A transmissão do vírus ocorre principalmente por contato direto com secreções de aves infectadas, especialmente fezes, alimento, água e equipamentos. Aves aquáticas (terrestres) e marinhas clinicamente normais podem ser fontes disseminadores do vírus no ambiente onde vivem ou para regiões onde migram.
O controle de surtos de IA em diferentes partes do mundo é feito fundamentalmente por erradicação, tratamentos são ineficazes. Vacinas têm sido usadas em algumas ocasiões, mas apresentam limitações, devem ser sorotipo específico e podem interferir na monitoria sorológica. A legislação brasileira prevê o controle de surto de IA via erradicação e o uso de vacinas vai depender de autorização do Ministério da Agricultura.
A doença no mundo. A influenza aviária é uma doença reconhecida a mais de um século, porém nos últimos anos tem se difundido rapidamente com conseqüências econômicas desastrosas. A partir de 1.959 teve início o registro mais sistemático dos surtos de influenza de alta patogenicidade em aves, nos quais sempre tiveram envolvido os subtipos H5 e H7. Na tabela e no mapa abaixo podemos observar a incidência ao longo dos anos bem como a distribuição nos diferentes países dos cinco continentes. O Brasil é o único grande plantel avícola do mundo ainda sem ter passado por um caso de influenza aviária de alta patogenicidade. Este fato tem contribuído para tornar o Brasil no maior exportador de carne de aves do mundo.
A Tabela 1 mostra a relação dos principais surtos de IA de alta patogenicidade desde 1959 até o presente momento. Observe que num período de 31 anos, de 1959 a 1990 ocorreram apenas 10 surtos (cor verde). Nos 10 anos seguintes, 1991 a 2000 ocorreram 9 surtos (cor azul). Um aumento dramático ocorreu de 2001 a 2005, neste período de apenas 5 anos foram observados 22 surtos (cor vermelha), sendo que 16 deste total foram registrados somente em 2004.
Tabela 1. Distribuição dos surtos de IA de alta patogenicidade por subtipo, ano e país de ocorrência registrados desde 1959 até 2005*.
O mapa abaixo mostra a distribuição dos surtos de IA de alta patogenicidade de 1959 a 2005. Pode-se observar que a grande maioria dos surtos ocorridos recentemente localiza-se nos países asiáticos, geograficamente distantes do Brasil. Por outro lado, a IA também tem se espalhado na última década entre países do nosso continente, como é o caso dos surtos registrados no Canadá, EUA, México e Chile, embora que estes tenham ocorrido em menor freqüência do que nos países asiáticos.
Mapa 1. Distribuição geográfica dos surtos de IA de alta patogenicidade nos diferentes continentes desde 1959 até o presente momento.
Uma característica importante que devemos salientar sobre a ocorrência de muitos surtos em diferentes partes do mundo (exemplo:México, Itália, Paquistão...), é que estes iniciaram com vírus dos subtipos H5 ou H7, mas de baixa patogenicidade. Neste caso os sinais clínicos podem não ser muito evidentes. Porém, por passagens em aves susceptíveis o vírus tem o potencial de se tornar de alta patogenicidade. Esta alteração de patogenicidade é uma característica dos subtipos H5 e H7 do vírus de influenza. Isto demonstra a importância e a necessidade da monitoria ativa dos plantéis. A infecção deve ser detectada no início para não permitir que vírus de baixa patogenicidade circule, sofra mutação e se transforme em vírus de alta patogenicidade.
O conhecimento geral sobre a IA tem se difundido rapidamente no mundo. Aprendemos mais sobre esta doença nos últimos cinco anos do que nos cem anos anteriores. Entidades como a Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE) e a Food and Agriculture Organization (FAO) têm feito tremendos esforços na coordenação de estudos, geração e divulgação de informações para o conhecimento e controle da doença.
O grande esforço para o controle dos surtos da IA tem sido feito via erradicação e pouco pelo uso de vacina. Porém, tanto a OIE como FAO estão reconhecendo a possibilidade do uso de vacinas principalmente em países onde a doença está fora de controle. Países como o Vietnã que tem considerável população de patos selvagens, e estudos recentes mostram que cerca de 70% destes estão contaminados com o vírus H5, controlar os surtos de influenza sem a utilização de vacina se torna extremamente difícil. Um dos principais inconvenientes do uso das vacinas é que os anticorpos vacinais não se diferenciam dos de surtos de campo, dificultando com isso a monitoria sorológica. Também não podemos esquecer que mesmo em aves vacinadas ainda pode ocorrer a infecção pelo vírus de campo.
Influenza aviária e o homem. Não havia evidências até recentemente que o vírus de IA de alta patogenicidade, especificamente os subtipos H5 e H7 causassem infecção em humanos. Este cenário mudou em 1997 com o primeiro caso documentado de infecção humana a partir de um vírus somente encontrado em aves (H5). Este primeiro episódio ocorreu na China onde dezenas de pessoas se infectaram, sendo que 6 vieram a óbito. O número de mortes aumentou recentemente com a disseminação de vírus H5 em diversos países da Ásia como demonstrado no Mapa 1. De Janeiro de 2004 a meados de março de 2005 foram confirmados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) 69 casos de infecção em humanos pelo vírus aviário H5N1, sendo deste total 46 fatais. Estes números são insignificantes quando comparados com os casos de gripe comum, estimado serem causa de 250 a 500 mil mortes anuais segundo Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alérgicas (NIAID) dos EUA. Por outro lado, embora sejam poucos os casos mundiais de infecção humana pelo H5N1, a comunidade científica teme que o vírus sofra algum tipo de mutação que o torne capaz de se transmitir entre humanos. Caso isto ocorra, poderemos ter uma pandemia da doença semelhante a gripe espanhola em 1918 onde milhões de pessoas morreram. Na forma que o vírus tem se apresentado até o momento, não há evidências de passagem entre humanos, limitando portanto a chance de ocorrer uma pandemia.
Neste ano de 2005, nos EUA está sendo testada a primeira vacina em humanos contra o vírus H5N1. Este fato é considerado um marco na tentativa de evitar ou amenizar uma possível pandemia. Logo outros países como Alemanha, França e Japão também estarão testando. Até o momento uma das grandes limitantes das vacinas é que elas são subtipos específicos. Por exemplo, vacina contendo o vírus H5N1 vai proteger contra surtos H5, surtos com H7 não terão proteção. Estudos estão em andamento para desenvolver vacinas que proporcionem imunidade cruzada, tanto para humanos como para animais, porém não há perspectivas que estas estejam disponíveis em curto prazo.
O que estamos e o que não estamos fazendo para nos manter livres da influenza. Existem algumas perguntas sobre influenza que todos gostaríamos de ter a resposta. Por exemplo, será que vamos ter um surto de IA de alta patogenicidade no Brasil? E se vamos ter, quando será? O que estamos fazendo é suficiente para prevenir um surto? Caso a IA de alta patogenicidade ocorra, quanto seria a nossa perda? As respostas para estas perguntas não são fáceis pela complexidade do assunto. Nem mesmo os mais experientes têm informações seguras sobre questionamentos desta natureza. Por outro lado, conhecendo algumas das principais características do vírus da influenza tais como: difusibilidade, resistência, patogenicidade e principalmente epidemiologia, é razoável pensar que o Brasil como um dos maiores produtores de aves no mundo não permanecerá livre para sempre. O que podemos e devemos fazer, é melhorar o conhecimento sobre esta enfermidade, acompanhar atentamente o que está ocorrendo pelo mundo e agir preventivamente para retardar ao máximo o seu aparecimento.
Como uma forma de exercício para que cada um de nós possa tirar suas próprias conclusões, seguem abaixo uma lista de ações e procedimentos favoráveis e não favoráveis à ocorrência de um surto de IA de alta patogenicidade no Brasil.
Condições e procedimentos que podem favorecer o aparecimento de IA de alta patogenicidade em nosso país.
1. Aumento da população avícola. Nos últimos trinta anos houve um aumento contínuo da população de aves comerciais no Brasil. Sabemos que quanto maior for o número de aves, maiores são as chances de serem introduzidas enfermidades. Aumentam as trocas, o transporte, as visitas, importações de aves e insumos. Aumentando a população aumenta também a possibilidade de contato das aves comerciais com aves silvestres.
2. Preservação das espécies. Principalmente nas últimas duas décadas tem aumentado a conscientização para preservar as espécies animais e com isto elevou-se a população de muitos grupos de aves silvestre. Este fato aumenta as possibilidades de contato e por conseqüente a transmissão de doenças das aves silvestres para as aves comerciais.
3. Aumento de visitas. Com o desenvolvimento da avicultura e o incremento das exportações, as visitas internas e do exterior aos criatórios de aves aumentaram dramaticamente. Estas, se não conduzidas adequadamente podem abrir portas para a introdução de várias enfermidades, entre elas a influenza.
4. Disseminação da Influenza no mundo. Na última década, e principalmente nos últimos dois anos, tem havido um aumento significativo de casos de Influenza em vários países dos diferentes continentes (ver Tabela 1 e Mapa 1 anexo). Com a Influenza se disseminando pelo mundo aumentam as chances dela chegar um dia aos nossos plantéis.
5. Infraestrutura governamental. Embora exista um plano nacional de sanidade avícola (PNSA) que dentro de sua legislação contempla o controle de influenza, este ainda não está implementado em muitos estados da federação. Também, as verbas destinadas à defesa sanitária animal têm sido insuficientes e até reduzidas do orçamento em 2005. Há limitações quanto ao número e treinamento dos fiscais federais e fiscais das secretarias de agriculturas dos estados. Os postos de vigilância de fronteiras, portos e aeroportos necessitam de adequações, existem pontos vulneráveis.
6. Aves migratórias. Embora o Brasil esteja fora das grandes rotas migratórias de patos, principais disseminadores do vírus da influenza, outras aves silvestres migram em nosso território conectando principalmente o Brasil com a América do Norte. Destas aves o vírus de influenza H2, H3 e H4 já foi isolado. Isto demonstra a necessidade e a importância de evitar o contato das aves silvestres com as aves comerciais.
7. Biosseguridade. A avicultura industrial de corte, que representa a grande maioria do nosso plantel, está toda confinada e com limitado contato com as aves livres, principalmente de fundo de quintal. Por outro lado, a vasta maioria dos aviários permite o acesso e contato com aves silvestres. Também, as aves de postura, embora confinadas, permitem o acesso e contato ainda mais fácil com aves silvestres. Nestas granjas a biosseguridade é bastante deficiente, tornando-as significativamente mais vulneráveis a introdução de enfermidades como influenza. Outro grupo de aves, embora pequeno, mas merece atenção especial, são patos/marrecos criados soltos (lavouras de arroz). Eles estão expostos de maneira direta com aves silvestres. No caso de Santa Catarina, onde patos são criados próximos do litoral, estes podem ainda manter contatos ocasionais com aves marinhas que também são eventuais portadores do vírus de influenza. A monitoria destas aves para influenza e o isolamento do contato com avicultura industrial devem ter prioridade.
Condições e procedimentos que não favorecem o aparecimento de IA de alta patogenicidade em nosso país.
1. Rotas de aves migratórias. Apesar de existirem migrações de aves silvestres no Brasil, nós estamos fora das grandes rotas migratórias de aves aquáticas (patos). É de conhecimento que a disseminação da influenza está muito ligada a presença deste tipo de ave. O fato de termos limitadas áreas alagadas próximos de criações comerciais em nosso território, diminui o habitat e o atrativo para este tipo de ave.
2. Clima. O clima tropical e subtropical do Brasil não é tão favorável à sobrevivência do vírus da influenza como em regiões de clima frio.
3. Instalações. Praticamente todas as nossas aves comerciais no Brasil são criadas em confinamento. Embora as instalações não sejam as ideais em termos de isolamento e biosseguridade, elas oferecem uma certa proteção das aves silvestres e de fundo de quintal. Isto é verdadeiro principalmente para aves de corte, as quais representam maioria do nosso plantel.
4. Conscientização. Tanto por parte dos técnicos do governo como da indústria há uma consciência da necessidade de mantermos nossos plantéis avícolas livres de IA e dentro de suas limitações todos têm se empenhado consideravelmente para isso.
5. Legislação. O Brasil possui um plano nacional de sanidade avícola com uma legislação que contempla a identificação e o controle de surtos de Influenza o qual está em concordância com o que preconiza a OIE.
6. Treinamento. Um número bastante expressivo de técnicos ligados à defesa agropecuária, tanto do governo como das indústrias, receberam treinamento sobre a identificação e controle de surtos de influenza.
7. Laboratório. Existe um laboratório oficial (LARA – Campinas) estruturado e com capacidade para trabalhar com influenza. Nele todas as aves e ovos comerciais que ingressam no Brasil são monitorados. Em caso de suspeita de surto este laboratório tem condições de isolar, identificar e subtipificar o vírus.
8. Importações. Todas as importações de aves comerciais estão sendo feitas na forma de ovos e não de aves vivas. Isto diminui o risco de introduzir enfermidades. Também a entrada está restrita a dois aeroportos (Guarulhos e Viracopos), com isso há maior fiscalização e controle.
9. Regionalização. Está em fase de entendimento entre técnicos do governo (MAPA) e da indústria avícola para implementar a regionalização. Isto dividiria o Brasil em regiões (provavelmente por estados) para que no caso de surto, a área acometida possa ser isolada e o restante prosseguir com as atividades normais, inclusive de exportações.
10. Monitoramento. Está sendo realizada monitoria ativa para detectar anticorpos e vírus circulante de IA em aves comerciais e migratórias. Também de todas as aves e ovos comerciais que ingressam no Brasil, amostras são avaliadas pelo LARA Campinas para certificar-se que estão livres do vírus da IA.
Mesmo depois de analisar esta lista de condições e procedimentos que favorecem ou que dificultam a entrada e/ou controle da IA de alta patogenicidade em nosso país, fica evidente a dificuldade para responder as questões anteriores. A presença da doença vai depender muito da nossa eficiência na adoção e implementação das medidas preventivas. Sabemos que muitas das implementações são complexas e exigem investimentos e ações imediatas e isto nem sempre tem ocorrido. Apesar dos esforços positivos que a indústria e o governo estão fazendo, cito alguns exemplos que merecem mais atenção e destacam as nossas vulnerabilidades:
a) A idéia da regionalização é muito boa, mas a velocidade de sua implementação é muito lenta, a burocracia do governo tem retardado a sua implementação.
b) Temos um laboratório (LARA Campinas) capaz de isolar, identificar e subtipificar o vírus de influenza, porém em caso de surto o número de amostras será excessivo para a sua capacidade. É evidente que há necessidade de ampliação do sistema laboratorial, inclusive para a monitoria sorológica que já deveria estar sendo feita em maior escala.
c) Atenção rápida tem que ser voltada para a avicultura de postura. A estrutura organizacional, a biosseguridade e o treinamento de seus técnicos é bastante deficiente quando comparada com a avicultura de corte.
d) Detector de matéria orgânica nos portos e aeroportos e dispositivo para incinerar o lixo orgânico são medidas importantes de prevenção às doenças, porém não tem saído do papel.
e) Mais atenção deverá ser dada para a indústria de patos. Estas aves necessitam ser monitoradas. Comparativamente com galinhas, a indústria de patos é pequena, mas são aves de alto risco e grande potencial de contaminação e disseminação do vírus de influenza.
f) Praticamente todos os países avícolas do mundo têm aumentado as verbas governamentais para defesa sanitária, exceto o Brasil, que no início de 2005 reduziu. Isto é ir à contra-mão, esta decisão tem que ser imediatamente revista.
g) Considerando as dificuldades orçamentárias do governo para a defesa agropecuária, talvez seja o momento da indústria participar financeiramente com mais intensidade para manter e melhorar a estrutura da vigilância e com isso amenizar os riscos. No caso da ocorrência de um surto ela será a grande prejudicada.
Quanto custaria um surto de Influenza para o Brasil? É difícil estimar estes números, mas acredita-se que seria uma catástrofe econômica para indústria avícola. Certamente o impacto maior não seria o resultado da mortalidade das aves, mas sim prejuízos decorrentes da interrupção das exportações. Os custos dos surtos recentes de Newcastle nos EUA e de influenza na Holanda e Itália servem de referência para uma estimativa. Para controlar o surto de Newcastle na Califórnia, o EUA gastou pouco mais de 90 milhões de dólares. Na Holanda onde foram abatidas quase 30 milhões de aves, o custo do controle do surto de influenza chegou ao redor de 110 milhões de dólares. Na Itália o custo estimado dos dois surtos foi de 170 milhões de euros. Pelo tamanho da nossa avicultura, um surto no Brasil poderia extrapolar em muito estes números. A experiência no mundo diz que custa muito menos prevenir do que controlar. Este deve ser o nosso foco, prevenir. Porém, o temor de muitos é que não estamos agindo com a rapidez necessária para prevenir.
Referências para consulta.
1. Cápua I. e Mutinelli F. A Color Atlas and Text on Avian Influenza, 1a ed. Papi Editore, Bologna Italy, 2001. 2. Fouchier R.A.M. et al. Characterization of a Novel Influenza a Virus Hemagglutinin Subtype (H16) Obtained from Black-headed Gulls. Journal of Virology, 79 (5), 2814-2822, 2005. 3. http://www.oie.int/downld/AVIAN%20INFLUENZA/A_AI-Asia.htm (acessado em maio de 2005). 4. http://www.oie.int/eng/AVIAN_INFLUENZA/home.htm (acessado em maio de 2005). 5. Moraes H. L. S., Salle C. T. P. Influenza Aviária In: Doença das Aves, 1a ed. Facta, Campinas, 2000. 6. Swayne D. E., Halvorson D. A. Influenza In: Disease of Poultry, 11th ed. Iowa State Press, Iwoa, 2003.