O tema bem estar dos animais destinados a fornecer alimento para o homem foi um dos pontos mais discutidos nesta primeira década no século XXI A pressão dos consumidores incluiu nos seus desejos de ingestão de alimento de origem animal, além da qualidade nutricional e inocuidade, a escolha por produtos originados de animais obtidos, criados e abatidos dentro dos critérios de bem estar animal. Reagindo a esses apelos, órgãos governamentais e não governamentais de países da Comunidade Européia (DEFRA, RSPCA, FAWC), Canadá (CARC), EUA (FASS) estabeleceram normativas de práticas de bem estar animal, incluindo procedimentos em incubatórios de aves de produção comercial. A maior preocupação nesses procedimentos referem-se à manipulação dos pintos nascidos (vacinação, sexagem, transporte) e eutanásia de embriões vivos e pintos refugos, mas também incluem aspectos de meio ambiente (sanitárias, equipamentos) para permitir o bom desenvolvimento dos embriões e atingir o máximo de eclodibilidade dos ovos férteis e a melhor condição de saúde dos neonatos. Para atingir esse objetivo, segundo os especialistas em bem estar, não basta ter equipamentos controlados automaticamente e procedimentos rigorosos de biossegurança e acompanhamentos da incubação, nascimento e seleção dos neonatos. É necessário oferecer a melhor condição ambiental para a plena expressão do potencial genético, atingindo o máximo de eclodibilidade dos ovos férteis e melhor condição de saúde dos neonatos, medida através do comportamento e qualidade do pinto, bem como os índices de mortalidade no final do sétimo dia de alojamento.
É evidente que todo incubatório trabalha para atingir esses objetivos por questões econômicas. Mas, será que é oferecido ao embrião o melhor ambiente para a obtenção de pintos de frangos de corte saudáveis com o máximo de conforto ambiental? A ciência avícola evoluiu, ampliando de modo significativo os conhecimentos em fisiologia, genética, nutrição e sanidade do frango de corte, reconhecendo a alta correlação dos resultados obtidos no final do período de criação (35 dias) com os resultados de eclodibilidade, janela de nascimento, qualidade do neonato e viabilidade na primeira semana pós-eclosão. Por sua vez, esses resultados dependem, e muito, do adequado desenvolvimento embrionário (22 dias), correspondendo atualmente a cerca de 40% da vida útil do frango de corte (57 dias).
Existem inúmeros fatores que podem afetar as exigências básicas do embrião (temperatura, nutrição, trocas gasosas e movimentações), determinando uma evolução embrionária inadequada, capaz de determinar a morte do embrião ou até influenciar o crescimento e viabilidade inicial da vida pós-eclosão. Entre esses fatores, a temperatura é considerada a mais importante durante o período de incubação artificial. Estudos recentes da comunidade científica demonstraram que após a estocagem e antes da colocação do ovo fértil em temperatura de incubação, o manejo deve permitir a elevação gradual e constante da temperatura interna do embrião, medida através da temperatura da casca, de tal modo que durante todo o período de incubação seja mantida em 37,8 ºC. A não observância da temperatura em condições adequadas prejudica o desenvolvimento embrionário, a qualidade do neonato e predispõe a perdas na primeira semana pós-eclosão por mortalidade ou problemas locomotores devido a assimetria bilaterial do fêmur e/ou da tíbia e, principalmente, o predispõe a desempenho inferior, manifestado através de alta conversão alimentar, baixo ganho de peso diário e desuniformidade. Esse manejo da temperatura só é conseguido em máquinas com estágio único de incubação. O estágio único permite melhorar a condição sanitária da incubação, manter constante a perda de umidade e, ainda, ajustar as trocas gasosas em relação à qualidade da casca do ovo, conservando a temperatura ótima do embrião para a adequada atividade metabólica, fatores que condicionam e maximizam a qualidade do desenvolvimento embrionário. Além disso, a revisão técnica da máquina é realizada com uma periodicidade maior, minimizando as perdas de incubação por quebra do equipamento no meio do período de desenvolvimento embrionário. Constata-se, pois, que a otimização da produção do frango de corte, no ponto de vista produtivo e de bem estar, é altamente dependente da fase de desenvolvimento embrionário que pode e deve ser melhorado com o uso de máquinas de incubação
de estágio único.