Introdução
Um dos motivos considerados para a utilização de enzimas exógenas é a agregação de valor à energia e aos nutrientes dos ingredientes da dieta, uma vez que elas podem melhorar a eficiência das enzimas endógenas. É neste contexto que a a-amilase exógena poderia melhorar a utilização do amido contido nos ingredientes das rações. Este trabalho foi realizado com o objetivo de verificar o efeito da suplementação das dietas com a-amilase sobre o desempenho de frangos de corte, superestimando ou não a energia metabolizável aparente corrigida para nitrogênio (EMAc) do milho.
Material e Métodos
Foi realizado um experimento na Embrapa Suínos e Aves utilizado-se 720 pintos machos da linhagem Ag- Ross 308, criados, em boxes, de um até os 42 dias de idade. A enzima utilizada nas dietas foi a a-amilase, obtida de cultura específica de Aspergillus oryzae, com atividade de 1210 AZg-1. Para a montagem do experimento utilizou-se um delineamento em blocos ao acaso, com 6 tratamentos e quatro repetições de 30 aves. Os tratamentos experimentais (T) foram os seguintes: T1 - dieta controle sem a-amilase e sem superestimar a EMAc do milho; T2 - dieta controle sem superestimar a EMAc do milho com 0,0045% de a-amilase; T3, T4, T5, e T6, com 0,0045% de a-amilase, superestimando a EMAc do milho em 3, 5, 7 e 9%, respectivamente.
A EMAc considerada padrão para o milho foi de 3390 kcal de EMAc/kg. As dietas experimentais foram calculadas para conter: na fase inicial (1 a 21 dias) 22% de proteína bruta (PB) e 3050 kcal de EMAc/kg de dieta; na fase de crescimento (22 a 35 dias) 21% de PB e 3150 kcal de EMAc/kg de dieta e na fase final (36 a 42 dias) 20% de PB e 3200 kcal de EMAc/kg de dieta, além de atenderem aproximadamente as exigências em aminoácidos digestíveis indicadas para a linhagem Ag-Ross 308, (AGROCERES, 2004). As variáveis estudadas foram, peso corporal (PC), consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) nos períodos de um a 21, um a 35 e um a 42 dias de idade. Adicionalmente, foi calculada a margem bruta aos 42 dias de idade dos frangos. Para isso, foram considerados os preços de todos ingredientes, entre eles, o do milho = R$ 0,39/kg, do farelo de soja = R$ 0,56/kg, do óleo de soja = R$ 1,40/kg e da enzima = R$ 60,00/kg, bem como o preço do frango vivo = R$ 1,14. Os dados foram submetidos à análise de variância e de regressão para os tratamentos que incluíram a-amilase (SAS, 2002).
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 1. Verifica-se que a utilização de a-amilase não interferiu (P>0,05) no consumo de ração, peso corporal e ganho de peso nos períodos de 1 a 21, 1 a 35 e 1 a 42 dias de idade dos frangos. A conversão alimentar sofreu efeito linear crescente (P<0,05) dos níveis superestimados de EMAc do milho nos períodos de 1 a 21 e 1 a 35 dias de idade. Porém não houve efeito significativo (P>0,05) na conversão alimentar considerando o período de 1 a 42 dias de idade. Os resultados são diferentes de um outro estudo conduzido na Embrapa Suínos e Aves por BRUM et al. (2006), quando utilizaram uma a-amilase na mesma quantidade, em dietas para frangos de corte até os 23 dias de idade, porém com atividade de 1728 AZg-1 e sem superestimar a EMAc. Os autores concluíram que o uso desta enzima em dietas à base de milho e farelo de soja melhorou, de forma linear, o GP e PC, até os 23 dias de idade. As diferenças entre os dois experimentos provavelmente davam-se à menor atividade da enzima utilizada no presente trabalho, bem como diferenças nos níveis energéticos utilizados nos dois experimentos. O cálculo da margem bruta aos 42 dias de idade foi de 0,41; 0,46; 0,44; 0,48; 0,47 e 0,53 reais por frango, para os tratamentos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, respectivamente, mas sem detectar-se efeito significativo de tratamentos (P>0,05) sobre a esta variável. O fato de não ter sido verificado efeito sobre as variáveis de consumo de ração, peso corporal, ganho de peso e conversão alimentar no período de 1 a 42 dias de idade mostra que é possível superestimar a energia do milho sem prejuízo ao desempenho das aves. Além disso, embora sem diferenças estatísticas entre as margens brutas, verificou-se que a ração contendo a enzima e EMAc do milho superestimada em 9% apresentou o maior valor para a margem bruta.
Conclusões
A energia metabolizável do milho pode ser superestimada em até 9% quando as dietas forem suplementadas com 45g/Ton de a-amilase (45g/Ton.), sem afetar o consumo de ração, peso corporal, ganho de peso e conversão alimentar de frangos de corte criados de um até 42 dias de idade. O maior retorno econômico ocorreu com o tratamento em que a energia metabolizável do milho foi superestimada em 9%, embora sem diferenças significativas com os outros tratamentos.
Referências Bibliográficas
AGROCERES. Manual de Manejo de Frangos de Corte AgRoss 308. Disponível em: . Acesso em 10 abr. 2004.
BRUM, P. A. R. de; AVILA, V. S de; LIMA, G. J. M. M. de; COLDEBELLA, A.; SCHEURMANN, G. Utilização de alfa-amilase em dietas à base de milho e farelo de soja de frangos: efeito na energia metabolizável e no desempenho. In.: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43., 2006, João Pessoa, PB. Anais. Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2006. 1CD-ROM.
SAS INSTITUTE INC. SAS® user''''s guide: statistics.
Cary, 2002. 1 CD-ROM.
Tabela 1. Efeito da suplementação com a-amilase em dietas com a EMAc do milho superestimada em zero, 3, 5, 7 e 9%, no consumo de ração, peso corporal, ganho de peso e conversão alimentar de frangos de corte e respectivos erros padrões das médias.