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Codornas butirato de sódio fitase dietas

Suplementação de butirato de sódio e fitase em dietas para codornas de postura

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: E.J. Fassani, LJ Lara, BA Soares, AG Bertechini, JO Nunes - Universidade Federal de Lavras
Sumário

Estudos em nutrição de aves com utilização de ácidos orgânicos, associados ou não a enzimas demonstram efetividade para frangos de corte e poedeiras. Contudo, não se encontram trabalhos envolvendo codornas japonesas. No presente estudo, objetivou-se avaliar a suplementação de butirato de sódio e fitase na ração de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica). Foram utilizadas 240 codornas, na fase pós pico de postura, e o período experimental foi de 84 dias, divididos em quatro períodos de 21 dias cada, recebendo cinco tratamentos: 1- ração controle positivo (CP), sem butirato de sódio (BS) e sem fitase; 2- ração controle negativo (CN), com reduções nos níveis nutricionais; 3- CN+fitase, 4- CN+BS, 5- CN+fitase+BS. As aves foram distribuídas aleatoriamente em gaiolas de postura contendo 8 aves, com total de seis repetições por tratamento. Foi avaliado o desempenho em produção de ovos, peso dos ovos, consumo de ração, conversão alimentar e determinado os coeficientes de matabolizabilidade da matéria seca (CMMS) e da energia bruta (CMEB) das rações. Os resultados demonstraram não haver efeito isolado ou associado do butirato de sódio e da fitase sobre o desempenho das aves e sobre o CMMS e o CMEB das rações, comparado ás aves do controle positivo. Fato que em parte pode ser explicado, pelo nível de nutrientes utilizados na ração CP, que pode estar superestimado para codornas na fase pós pico de postura, impedindo haver queda no desempenho das aves que receberão tratamentos preparados com ração CN.
Palavras Chave: Avicultura, Ácido orgânico, Enzima.

Introdução
A criação de codornas japonesas, especializadas na produção de ovos, cresceu muito nos últimos anos e, o Brasil figura atualmente como grande produtor mundial de ovos de codornas, apresentando um dos maiores plantéis comerciais dessa ave. A expansão da coturnicultura brasileira se apoiou em pequenos e médios criadores, normalmente com tradição na produção de ovos de galinhas e com visão empreendedora da atividade avícola.
Praticamente em conjunto com a expansão da coturnicultura, a sociedade vem, a cada dia, se preocupando mais com o modo em que os alimentos são produzidos e com tudo àquilo que possa gerar impactos negativos ao ambiente. Essa visão ambiental já ocorre na avicultura industrial brasileira e a prioridade está sendo incorporar na dieta das aves, aditivos nutricionais que contribuam na melhoria da digestibilidade e absorção de nutrientes e, consequentemente, reduzindo excreções de elementos potencialmente poluidores. As enzimas exógenas são um exemplo de aditivos, que sabidamente quando adicionados as rações, favorecem a utilização dos nutrientes pelas aves, propiciando a melhoria no uso dos recursos nutricionais e, minimizando as excreções ao ambiente.
Os ácidos orgânicos são outro grupo de aditivos que desperta interesse, pois permitem melhoria da saúde intestinal (Van Immerseel et al., 2005), e uma maior absorção dos nutrientes, melhorando o desempenho da ave e também diminuindo a quantidade de nutrientes excretados no ambiente. Recentemente alguns trabalhos, como os de Liem et al. (2008), estão identificando um sinergismo entre o uso de enzimas e alguns ácidos orgânicos na produção de frangos de corte. Contudo, nada se sabe sobre os efeitos do uso associado entre enzimas exógenas e os ácidos orgânicos para codornas japonesas.
O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da suplementação do butirato de sódio e fitase, isolados ou associados, em rações para codornas japonesas na fase pós pico de postura, sobre o desempenho e a metabolizabilidade da matéria seca e da energia bruta das rações.
Materiais & Métodos
O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura da UFLA, no galpão convencional para codornas de postura. Foram utilizadas 240 codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) em fase pós pico de produção, alojadas em gaiolas de postura com densidade de 144 cm²/ave (8 aves/gaiola).
As aves foram distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado, constituído por cinco tratamentos e seis repetições de oito aves por unidade experimental, com quatro períodos de avaliação de 21 dias cada, configurando um esquema fatorial 5 x 4 (tratamentos x períodos). As rações experimentais, foram formuladas à base de milho e farelo de soja, seguindo as recomendações descritas por Vilar et al. (2007) e a composição química dos ingredientes utilizados na formulação foram conforme as tabelas brasileiras (Rostagno et al. 2005), suplementas, ou não, com fitase de origem bacteriana e por butirado de sódio revestido por polipeptídio.
O arraçoamento das aves foi realizado duas vezes ao dia, em comedouros do tipo calha, permitindo consumo ad libitum e água fornecida em sistema de válvulas do tipo niplle, instaladas em cada gaiola. Adotou-se um programa de iluminação de 16 horas diárias das 5h00 até 21h00.
Os tratamentos estudados foram: 1- ração controle positivo (CP), sem butirato de sódio (BS) e sem fitase; 2- ração controle negativo (CN), com reduções dos níveis nutricionais, conforme matriz da enzima; 3- CN+fitase, 4- CN+BS, 5- CN+fitase+BS. A ração CN seguiu as seguintes reduções nutricionais: 0,40 pontos % na proteína bruta, 0,12 pontos % no fósforo disponível, 0,15 pontos % no cálcio, 0,019 pontos % na lisina digestível, 0,007 pontos % na metionina, 0,014% pontos % na metionina + cistina digestível, 0,013% na treonina digestível, 0,003 pontos % no triptofano digestível e 30 kcal na energia metabolizável. Os níveis de fitase e de butirato de sódio utilizados foram de 500 FTU/kg de ração e 0,015g/kg de ração, respectivamente.
O desempenho das codornas foi medido através da produção de ovos (%/ave/dia), consumo de ração (g/ave/dia) e conversão alimentar (g/g).
Ao final do período experimental, foi realizado um período de três dias de coleta total de excretas. As excretas foram coletadas em bandejas forradas com plástico, instaladas sob todas as parcelas experimentais. O período inicial e final de coleta foi identificado utilizando o óxido férrico como marcador e as coletas foram feitas duas vezes ao dia, sendo registrado o consumo de ração e produção total de excretas no período. Posteriormente foram realizadas análises para determinação da matéria seca e da energia bruta, tanto das excretas como das rações experimentais, seguindo metodologia descrita por Silva & Queiroz (2002), possibilitando calcular o coeficiente de metabolizabilidade aparente da matéria seca das rações experimentais (CMMS), bem como o coeficiente de metabolizabilidade da energia bruta (CMEB).
Os resultados foram analisados utilizando o pacote estatístico SISVAR, segundo Ferreira (2000), sendo os tratamentos comparados pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Resultados & Discussão
O desempenho das codornas esta apresentado na Tabela 1. Não houve efeito da suplementação das rações com fitase ou butirato de sódio de forma isolada ou associada (P>0,05) sobre a produção de ovos e consumo de ração. Contudo, a conversão alimentar apresentou diferença entre os tratamentos (P<0,05), indicando uma pior CA para as aves que receberam ração suplementada com butirato de sódio. Esse resultado indica que a utilização do ácido orgânico de forma isolada em rações reduzidas em metionina + cistina digestível pode afetar a conversão, piorando tal índice. A exigência nutricional adotada para o preparo das rações pode estar acima da exigência real das aves em fase pós pico de produção, fato que impossibilitou a redução na produção de ovos para as aves recebendo a ração do controle negativo.
Não houve efeito (P>0,05), da suplementação das rações com fitase e butirato de sódio sobre os coeficientes de metabolizabilidade aparente da matéria seca (CMMS) e da energia bruta (CMEB) das rações experimentais (Tabela 2).
Tabela 1. Desempenho de codornas japonesas em postura recebendo ração suplementada com butirato de sódio (BS) e fitase.
Tratamento
Produção de ovos (%)1
Consumo de ração (g/ave/dia)1
Peso de
Ovos (g)1
CA
(g/g)
Controle Positivo (CP)
87,4
25,1
12,4
2,33 a
Controle Negativo (CN)
86,3
25,0
12,1
2,43 ab
CN+fitase
87,7
25,3
12,0
2,44 ab
CN+BS
86,3
25,3
12,2
2,47 b
CN+ fitase+BS
88,7
25,1
12,1
2,37 ab
CV (%)
9,6
9,9
10,1
14,2
Média seguida por letra distinta, na coluna, indica efeito significativo pelo teste de Tukey (P<0,05).
1- (P>0,05); CV - coeficiente de variação.
Tabela 2. Coeficiente de metabolizabilidade aparente da matéria seca (CMMS) e da energia bruta (CMEB) das rações experimentais para codornas japonesas em postura recebendo ração suplementada com butirato de sódio (BS) e fitase.
Tratamento
CMMS (%)
CMEB (%)
Controle Positivo (CP)
79,18
84,25
Controle Negativo (CN)
77,38
82,91
CN+fitase
77,27
82,10
CN+BS
77,37
82,01
CN+ fitase+BS
78,19
83,25
CV(%)
6,61
4,77
(P>0,05); CV - coeficiente de variação.
Conclusão
A suplementação das rações de codornas japonesas, na fase de pós pico de postura, com o butirato de sódio, isolado ou associado a fitase bacteriana, não permitiu melhoria no desempenho das aves, demonstrando haver necessidade de mais estudos envolvendo tais aditivos.
Agradecimento
À Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG, pela disponibilização de recursos financeiros (Protocolo PPM054/09).
Bibliografia
Ferreira DF. 2000. Sistema de análises de variância para dados balanceados. Lavras: UFLA, (SISVAR 4. 1. - pacote computacional).
Liem A, Pesti GM, Edwards HM. 2008. The effect of several organic acids on phytase phosphorus hydrolysis in broiler chicks. Poultry science 87:689-693.
Rostagno HS, Albino LFT, Donzele JL et al. 2005. Tabelas brasileiras para aves e suínos; composição de alimentos e exigências nutricionais. 2a ed. - Viçosa: UFV, DZO. 186p.
Silva DJ & Queiroz AC. 2002. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed. Viçosa, MG: Editora UFV. 235p.
Van Immerseel F, Boyen F, Gatois I, Timbermont L. 2005. Supplementation of coated butyric acid in the feed reduces colonization and shedding of salmonella in poultry. Poultry science 84:1851-1856.
Vilar JH et al. 2007. Exigências nutricionais de codornas. In: III Simpósio Internacional e II Congresso Brasileiro de Coturnicultura, Lavras - MG, Brasil. Anais. Lavras: UFLA/NECTA, p. 44-64. 
 
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Autores:
Edison Jose Fassani
UFLA - Universidade Federal de Lavras
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