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Energia Milho Enzima Exógenas

Incremento da energia metavolizável do milho com adição de enzima exógenas

Publicado: 27 de outubro de 2011
Por: N. Kazue Sakomura
Introdução

O milho contribui com aproximadamente 65% da energia metabolizável e com 20% da proteína em uma dieta inicial, entretanto a composição nutricional do milho pode ser variável em função da quantidade de amido, óleo, proteína e fatores antinutricionais como fitato, inibidores de enzimas e amido resistente (Cowieson, 2005). A adoção de enzimas exógenas em dietas a base de milho e farelo de soja tem melhorado o valor nutricional das mesmas através da melhoria da digestibilidade dos nutrientes e atuação sobre os fatores antinutricionais. O conhecimento do valor nutricional do milho com adição de enzimas exógenas é importante para estabelecer a matriz nutricional do mesmo. Dentre os métodos utilizados para determinação da digestibilidade dos nutrientes, o método de coleta total, com o uso de dietas teste e dieta referência, tem sido o mais utilizado. Entretanto, não permite a determinação do efeito de enzimas sobre a energia metabolizável do alimento. A técnica de alimentação precisa pode ser utilizada para essa finalidade, pois permite isolar o efeito das enzimas sobre os substratos específicos de cada ingrediente. Entretanto, essa técnica tem sido usada apenas em galos. Tendo em vista a dificuldade de isolar o efeito das enzimas sobre o valor energético do milho com os métodos convencionalmente utilizados para determinar a energia metabolizável dos alimentos, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da adição enzimas sobre a energia metabolizável do milho utilizando uma técnica alternativa.


Material e Métodos

Foram utilizados 280 pintos de corte machos da linhagem Cobb® com sete dias de idade distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com sete tratamentos, cinco repetições de 8 aves cada, alojadas em baterias de metabolismo. No inicio do experimento as aves foram pesadas individualmente e distribuídas nas parcelas conforme o peso médio obtido (138,77+0,51g). O programa sanitário e de luz seguiram as recomendações do manual da linhagem. As temperatura (ºC) e umidade (%) máximas e mínimas durante o período experimental foram de 39 e 18,5 °C e 86 e 48%, respectivamente.
Foi formulada uma dieta basal composta por milho, fosfato bicálcico, calcáreo, sal, coccidiostático e premix vitamínico e mineral para proporcionar um nível mínimo de fósforo disponível (0,300%), cálcio (0,780%) e sódio (0,180%) e um fornecimento adequado de vitaminas e minerais. A dieta foi suplementada com as enzimas testadas. 0s tratamentos consistiram em avaliar a energia metabolizável do Milho; Milho + amilase (500g/ton ); Milho + xilanase (500g/ton ); Milho + fitase (100g/ton ); Milho + avizyme 1502 (amilase, xilanase e protease, 500g/ton); Milho + avizyme 1502 (500g/ton )+ fitase (100g/ton ) e Milho + Grindazyme (xilanase, pectinase e β-gucanase, 500g/ton ).
O método utilizado foi o de coleta total de excretas. As dietas foram fornecidas à vontade, durante oito dias (7 a 14 dias de idade), sendo quatro dias para adaptação das aves e quatro para coleta de excretas. As rações foram pesadas no início do experimento e as sobras no final do período de coleta, para determinação dos consumos de alimento.
As excretas foram coletadas em cada unidade experimental, duas vezes ao dia, acondicionadas em sacos plásticos identificados e armazenadas a -5ºC até o final do período de coleta. Posteriormente, as amostras foram descongeladas e homogeneizadas, retirandose alíquotas de aproximadamente 450 g, que foram mantidas em estufas ventiladas, a 55ºC, durante 76 horas, para secagem e posteriores análises laboratóriais. A matéria seca (MS) e Nitrogênio nas excretas e rações foram determinados de acordo com a AOAC (1995). Os valores de EB das rações e das excretas foram determinados por meio de bomba calorimétrica (Parr Instruments).
Para determinação da energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) e coeficientes de digestibilidade da MS (CDMS) foram utilizados as formulas propostas por Matterson et al. (1965). Os dados foram analisados pelo procedimento GLM do SAS (1996), utilizando o teste SNK ao nível de 10%.


Resultados e Discussão


Os resultados de EMAn na matéria seca, na matéria natural e dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS) estão demonstrados na Tabela 1. A adição das enzimas no milho proporcionou melhoria na digestibilidade dos nutrientes.
A combinação de avizyme e fitase proporcionou maior incremento (2,11 %) na EMAn do milho, resultando em um aumento de 74kcal/kg. Os incrementos observados na EMAn com a adição de amilase, xilanase, fitase, avizyme 1502 e grindazyme foram de 1,26, 1,51, 1,51, 1,66 e 0,86 %, respectivamente comparado ao milho sem adição de enzimas.
A fitase atua na quebra do fitato, e este por sua vez, pode estar complexado à cátions, carboidratos, enzimas e aminoácidos. Segundo Kornegay (2001) a fitase pode liberar o Ca2+ (que é necessário à atividade normal de algumas enzimas digestivas), amido ou a áamilase ligados ao fitato, favorecendo dessa forma um maior aproveitamento do amido e consequentemente um aumento na EMAn. A degradação de componentes da parede celular pela xilanase, pode melhorar o acesso de enzimas endógenas ou exógenas ao substrato a ser digerido (Barbosa, 2006). Desta forma, a ação da amilase e protease presente na avizyme seria favorecida pela ação da xilanase e também da fitase.
A menor resposta observada para a Grindazyme é provavelmente devido a falta de substrato para a sua atuação, pois as enzimas que fazem parte deste produto (xilanase, pectinase e β-gucanase) atuam melhor em alimentos que possuem elevada quantidade de polissacarídeos não amiláceos (PNA) solúveis.
Observou-se que os valores de EMAn do milho encontrados estão um pouco abaixo dos indicados por Rostagno et al. (2005), provavelmente devido à idade das aves. Contudo, os valores encontrados se aproximam dos resultados obtidos por Freitas (2004), que avaliou a EMAn do milho em pintos na primeira semana.
O uso de uma dieta basal contendo fontes de macro e microminerais e vitaminas possibilitou detectar os efeitos da adição de enzimas exógenas sobre a EMAn do milho, demonstrando ser uma técnica viável para este objetivo.

Incremento da energia metavolizável do milho com adição de enzima exógenas - Image 1



Conclusões


A adição de enzimas exógenas melhorou a EMAn do milho, com incrementos que podem chegar até 2,11 % da energia utilizando associação de amilase, protease, xilanase e fitase.
O uso de uma dieta basal contendo fontes de macro e microminerais e vitaminas foi viável para detectar os efeitos da adição de enzimas exógenas sobre a EMAn do milho.


Referências Bibliográficas

Barbosa NAA. Avaliação de enzimas exógenas nas dietas a base de milho e soja sobre o desempenho e a digestibilidade ileal de nutrientes em frangos de corte. Jaboticabal: Faculdade de Ciência Agrárias e Veterinárias, 2006. Dissertação (Mestrado em Zootecnia): Faculdade de Ciência Agrárias e Veterinárias/Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2006.

Cowieson AJ. Factors that affect the nutritional value of maize for broilers. Anim. Feed Sci. Technol., 119:293-305,2005.

Freitas ER. Avaliação nutricional de alguns alimentos processados para aves por diferentes metodologias e suas aplicações na formulação de rações para frangos de corte. Jaboticabal: Faculdade de Ciência Agrárias e Veterinárias, 2004. Tese (Doutorado em Zootecnia): Faculdade de Ciência Agrárias e Veterinárias/Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2004.

Kornegay ET. Digestion of phosphorus and other nutrients: the role phytases and factors influencing their activity. In: Bedford MR, Partridge GG. Enzymes in farm nutrition. CABI Publishing. P. 237- 274, 2001.

Matterson LD. et al. The metabolizable energy of feed ingredients for chickens. Storrs: The University of Connecticut, Agricultural Experiment Station, 1965. 11p. (Research Report, 7).

Rostagno HS. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2ª ed.- Viçosa: UFV, 2005, 186p.
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Autores:
Nilva Kazue Sakomura
UNESP - Universidad Estatal Paulista
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