Introdução
A utilização da fitase em dietas para aves tem como objetivo principal possibilitar o aproveitamento do fósforo (P) fítico, presente nos vegetais. Alguns estudos têm sido realizados com a finalidade de verificar se a fitase tem efeito na digestibilidade da energia e de outros nutrientes, como os aminoácidos. De acordo com um estudo de Tejedor et al. (2001), a suplementação de fitase na ração inicial de frangos de corte melhorou o ganho de peso e a conversão alimentar. O objetivo do presente trabalho foi verificar se a presença de fitase em rações, à base de milho e farelo de soja, com níveis crescentes de energia metabolizável aparente corrigida para nitrogênio (EMAc), tem efeito sobre o desempenho, balanço de fósforo e nas energias das rações de frangos de corte. Foram utilizados 700 pintos machos da linhagem Ross, criados até os 23 dias de idade em baterias. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso seguindo um fatorial 5x2, sendo 5 níveis de energia (2800, 2850, 2900, 2950 e 3000 kcal/kg) e dois níveis de fitase (zero e 750 FYT/kg fornecidos através de 150 g/ton de Ronozyme P 5000 (CT)), com 7 repetições de 10 pintos. Nas dietas suplementadas com fitase os níveis calculados de fósforo disponível e cálcio foram 0,35 e 0,90%, respectivamente, e naquelas sem fitase 0,45 e 1,00%, respectivamente. As dietas eram isoprotéicas e isoaminoacídicas, sendo fornecidas à vontade durante todo o experimento. No período de 19 a 23 dias de idade foram coletadas as excretas, em intervalos de 12 horas, para a determinação da EMAc das rações pelo método total de excretas (Hill & Anderson, 1958). Os valores de EMAc foram ajustados com base na retenção de nitrogênio de acordo com Matterson et al (1965). Aos 23 dias de idade foi medido o peso corporal, ganho de peso, consumo de ração e calculada a conversão alimentar. Também foi abatida uma ave de cada repetição para retirada de uma tíbia para a determinação das cinzas e fósforo. Além disso, foi determinado o fósforo total das dietas e excretas. Os dados foram analisados através da análise de variância considerando os efeitos de bloco, fitase, energia metabolizável e a interação dos dois últimos fatores. O desdobramento da análise para o efeito dos níveis de energia metabolizável foi realizado através da análise de regressão por polinômios ortogonais.
Resultados e Discussão
Os dados de desempenho e EMAc nas rações estão apresentados na Tabela 1.
TABELA 1. Peso médio inicial, consumo médio de ração, peso médio final, conversão alimentar média de frangos de corte no período de 1 a 23 dias de idade e médias de energia metabolizável aparente corrigida para nitrogênio (EMAc) das rações, com respectivos erros padrão da média.
Não foi verificada interação significativa (P>0,05) entre fitase e nível de energia das dietas, nem efeito da fitase sobre as médias de peso final, consumo de ração e conversão alimentar dos frangos aos 23 dias de idade (P>0,05). Da mesma forma, não houve efeito significativo (P>0,05) da fitase sobre os valores de EMAc das rações. No entanto, houve efeito linear (P<0,05) dos níveis de energia das dietas para peso final, conversão alimentar e média das EMAc das rações, exceto para o consumo médio de ração. Alguns autores também não verificaram efeito da fitase sobre os valores de EMAc como Sebastian et al (1996). A porcentagem de cinzas na tíbia não foi afetada (P>0,05) pela fitase ou níveis de energia das rações. A fitase teve efeito significativo (P<0,05) nos teores de fósforo na tíbia, fósforo consumido, excretado e retido (Tabela 2).
Tabela 2. Níveis de fósforo na tíbia, consumido, excretado e retenção de fósforo.
As dietas com fitase, independente do nível energético, mesmo com baixo nível de fósforo (0,35%), determinaram maior porcentagem de fósforo (P<0,005) na tíbia do que aquelas sem fitase com 0,45% de fósforo. Estes resultados estão de acordo com aqueles obtidos por Sebastian et al (1996). Os resultados verificados no experimento demonstram que é possível reduzir o teor de fósforo na ração sem afetar a porcentagem de fósforo na tíbia e o desempenho, resultando consequentemente em menor excreção deste mineral para o meio ambiente. O fósforo consumido e excretado foi maior nas rações sem fitase (P<0,05). O fato do consumo e da excreção de fósforo serem maiores nas dietas com 0,45% de fósforo disponível já era esperado, já que tinham maior teor deste mineral. Houve efeito da fitase na retenção de fósforo somente quando utilizada dieta com 2800 kcal/kg de EMAc. Isso mostra que o emprego desta enzima na alimentação das aves é importante do ponto de vista nutricional e ambiental.
Conclusões
Pelos resultados obtidos concluiu-se que a utilização de 750 FYT de fitase por quilograma de ração, na alimentação de frangos de corte permite reduzir o nível defósforo disponível, até os 23 dias de idade, ao redor de 23%, sem afetar o desempenho, determinando uma diminuição significativa da excreção deste mineral ao meio ambiente. Por outro lado a utilização deste nível de fitase na ração não melhora a digestibilidade da energia das rações.
5. Referências Bibliográficas
HILL, F.W.; ANDERSON, D.L. Comparation of metabolizable energy and productive energy determination with growing chicks. Journal of Nutrition, v.64, p.587-608. 1958.
MATTERSON, L.D.; POTTER, L.M.; STUTZ, N.W. et al. The metabolizable energy feeds ingredients for chickens. Storrs: University of Connecticut, 1965. 11p.
SEBASTIAN, S.; TOUCHBURN, S.P.; CHAVEZ, E.R. ; LAGUE, P.C. The effects of supplemental microbial phytase on the performance and utilization of dietary calcium, phosphorus, cooper and zinc in broiler chickens fed cor-soyabean diets. Poultry Science, v.75, p.729-736. 1996.
TEJEDOR, A.A.; ALBINO, L.F.T.; ROSTAGNO, H.S.; VIEITES, F.M. Efeito da adição da enzima fitase sobre o desempenho e a digestibilidade ileal de nutrientes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, p.802-808. 2001.