Em virtude do aumento dos principais ingredientes utilizados nas rações animais como o milho, a soja e outros, é importante avaliarmos possíveis substitutos prezando sempre a qualidade do produto final além de assegurarmos uma maior segurança alimentar para os consumidores.
Na nutrição de aves e suínos, principalmente, pode ser destacado a inclusão do sorgo como ingrediente energético que substitui ao milho. O sorgo caracteriza-se por ser um concentrado energético, geralmente apresenta um preço inferior ao milho além de sua maior resistência à seca, o que favorece o seu cultivo em várias regiões com baixa pluviosidade. Apesar da maior resistência, o sorgo perde por ser menos produtivo e baixo teor em pigmentos em comparação ao milho (FIALHO e BARBOSA, 1997).
No geral, algumas variedades de sorgo apresentam um teor de proteína bruta superiores em relação ao milho, cerca de 8% de PB do sorgo e o milho 7,6% de PB. Apesar dessa leve superioridade em PB, o sorgo perde um pouco para o milho em termos de energia metabolizável sendo, portanto menos digestível.
Uma atenção especial quando trabalhamos com o sorgo, consiste na presença do tanino. Nos trabalhos de melhoramento genético com plantas, o Brasil está obtendo cultivares com baixa concentração de tanino ou até cultivares isentos dessa substância. É o tanino que evidencia uma pigmentação mais expressiva na carne e gemas de ovos.
O consumo crescente de carne de frango e suíno no Brasil vem ganhando destaque nos noticiários do nosso cotidiano. Talvez uma das explicações para esse crescimento seja pela questão do preço mais baixo em comparação á carne bovina. Devido a isso, os consumidores tendem a apresentar de certo modo uma mudança em seus hábitos alimentares, principalmente no que abrange ao consumo de uma carne para outra.
Nas criações de frangos e suínos, a base alimentar está vinculada principalmente ao milho e farelo de soja; ambas correspondem a 80% da produção de grãos no Brasil. O enfoque de nossa informação está ligada ao milho que é a principal fonte energética das rações.
Com o aumento desses ingredientes, faz-se necessário a busca por insumos alternativos que possam satisfazer a qualidade nutricional do alimento sem que fique onerosa nossa dieta.
O sorgo é uma fonte alternativa de nutrientes que pode substituir ao milho nas rações sem causar qualquer tipo de desequilíbrio nutricional.
De acordo com trabalhos desenvolvidos por GARCIA et al. (2005), através da substituição de diferentes níveis de sorgo frente ao milho, verificaram que não ocorreram diferenças significativas para peso vivo, rendimento de carcaça e rendimento dos cortes em frangos.
Resultados semelhantes foram encontrados por MORAIS et al. (2002) onde, avaliando o desempenho e qualidade da carne de frango de corte alimentados com sorgo, não houve diferenças significativas em termos de desempenho e rendimento de carcaça.
A substituição do milho pelo sorgo nas rações de frangos de corte é recomendado por não afetar características de desempenho e rendimento de carcaça. Com relação às características de cor da carne, essa substituição por um sorgo com baixo tanino pode promover uma despigmentação sendo que para isso, pode-se utilizar pigmentos naturais nas dietas. Os pigmentos naturais, como por exemplo, xantofilas, farinha de urucum apresentam maior expressividade para aves de postura. Essa característica pose ser observada de forma prática, na pigmentação da gema do ovo que passa de um amarelo tradicional para um alaranjado forte (SANCHEZ, 1965).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FIALHO, E.T., BARBOSA, H.P. 1997. Alimentos alternativos para suínos. Lavras, MG: FAEPE. 228p.
GARCIA, R.G. et al. Desempenho e qualidade da carne de frangos de corte alimentados com diferentes níveis de sorgo em substituição ao milho. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária, Belo Horizonte, v. 57, n. 5. p. 634-643, 2005.
MORAIS, E. et al. Efeitos da substituição do milho pelo sorgo, com adição de enzimas digestivas sobre o ganho médio de peso de frangos de corte. Archives of Veterinary Science, Curitiba, v. 7, n. 2, p. 109-114, 2002.
SANCHEZ, R.M. 1965. El achiote. Agricultura Tropical, 21(4): 224-227.