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Dietas Úmidas Frango Corte

Utilização de dietas úmidas para frango de corte

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: Luis Carlos Garibaldi Simon Barbosa, MT Antunes, CC Silva, R Albuquerque, MM Mota, RA Silva, JG Ferreira, V Godoy, CSS Araujo, LSC Valadares, LF Araujo - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos
Sumário

Realizou-se um ensaio experimental para avaliar a influência de dietas úmidas nos parâmetros de desempenho e histomorfologia duodenal de frangos de corte. Neste experimento foram utilizados 768 animais distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com 6 tratamentos (nível de inclusão de água na dieta: 0%, 10%, 20%, 30%, 40% e 50%), com 4 repetições de 32 aves cada uma, sendo avaliados o ganho de peso, conversão alimentar e consumo de ração. No dia do alojamento e aos 7 e 21 dias, duas aves por repetição foram abatidas para a avaliação histológica da morfologia intestinal. Durante 49 dias foi monitorada a temperatura corporal de duas aves por repetição. Os dados obtidos foram analisados com auxílio do procedimento GLM do software estatístico SAS (2001), e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. A dieta úmida proporcionou redução no consumo de ração de frangos de corte e melhor conversão alimentar, com exceção do tratamento com inclusão de 30% de água. Não houve diferenças significativas na temperatura corporal das aves. Foi observado também aumento nas vilosidades no tratamento de 50%, e também aumento na profundidade de criptas do mesmo tratamento.
Palavras Chave: Água, Avicultura de corte, Desempenho, Histomorfologia.

Introdução
A água é a substância mais abundante nos seres vivos, a porcentagem de água do corpo varia conforme a espécie, a quantidade de gordura e a idade do animal. Nos frangos de corte, a quantidade de água corporal deve ser mantida dentro dos limites para regular as funções fisiológicas do animal, como por exemplo, as atividades cardiovasculares. Considerando que o consumo e a excreção de água nos pintinhos (proporcionalmente ao peso), são maiores do que na ave adulta. Esse fato tem grande relevância, pois a perda de água em grande quantidade nas primeiras semanas de vida, sem o conseqüente aumento do consumo, pode desencadear refugagem do lote, principalmente nas devido ao estresse pelo calor (Butolo, 2005). A quantidade de água que as aves consomem durante toda sua vida é um pouco superior ao dobro da quantidade de ração ingerida. Se não houver água suficiente, o consumo de ração é reduzido, com prejuízos de desempenho (Boleli, 2002). No início da vida, a ave é muito sensível à desidratação (Butolo, 2005). Só a deficiência de oxigênio é mais crítica que a falta de água. A água potável é de vital importância para o desenvolvimento das aves. A perda de água de 10%, por desidratação, acarreta queda no desempenho das aves, e a perda de 20%, pode levar a morte. Na produção de frangos de corte é de grande importância o equilíbrio na relação de consumo de água e ingestão de ração, A utilização da dieta úmida para frangos de corte tem apresentado promissores efeitos no consumo de ração, na eficiência da utilização dos alimentos e no aumento na retenção dos nutrientes (Yalda & Forbes, 1995). O objetivo deste trabalho foi avaliar o fornecimento de dietas com diferentes níveis de umidade na alimentação de frangos de corte no período de 1 a 49 dias.
Material & Métodos
Foram utilizados 768 pintinhos de corte machos, da linhagem comercial Cobb®. As aves foram distribuídas em delineamento inteiramente casualizado com 6 tratamentos (0, 10, 20, 30, 40 e 50% de inclusão de água na dieta) com quatro repetições de trinta e duas aves cada e quatro períodos de fornecimento da dieta (pré-inicial - 1 a 7, inicial - 8 a 21, crescimento - 22 a 42 e final - 43 a 49). As aves foram criadas durante um período que abrangeu 49 dias, com água e alimentação calculadas de acordo com tabela de consumo da linhagem utilizada para facilitar a adição de água na dieta e evitar perdas. As dietas experimentais foram formuladas à base de milho e farelo de soja e os níveis nutricionais são descritos na Tabela 1.
Tabela 1. Composição percentual e valores nutricionais calculados das dietas experimentais dos frangos de corte
 
Dietas
Ingredientes
Pré-inicial
Inicial
Crescimento
Final
Milho
54,427
55,036
60,569
64,547
Farelo de soja
37,22
36,013
31,149
26,813
Óleo de soja
3,093
4,308
4,578
5,308
Fosfato bicalcíco
1,901
1,825
1,472
1,418
Inerte
1,000
0,500
0,200
0,000
Calcário calcítico
0,992
0,979
0,878
0,893
Sal
0,459
0,455
0,384
0,389
DL-Metionina
0,243
0,229
0,168
0,162
L-Lisina HCL
0,165
0,155
0,102
0,170
Suplemento Vitamínico-Mineral
0,500
0,500
0,500
0,300
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
Composição calculada
 
 
 
 
Cálcio %
0,988
0,960
0,820
0,800
Energia Metabolizável (Mcal/Kg)
2,950
3,050
3,150
3,250
Fósforo Disponível %
0,466
0,450
0,380
0,365
Lisina %
1,180
1,143
0,990
0,941
Metionina + Cistina %
0,832
0,807
0,71
0,669
Metionina %
0,545
0,525
0,444
0,419
Proteína Bruta %
21,915
21,400
19,572
18,000
Sódio
0,224
0,222
0,192
0,192
Treonina %
0,733
0,716
0,655
0,598
 
Como parâmetro de fornecimento das dietas foi utilizado o manual de manejo da linhagem comercial utilizada. As dietas foram fornecidas pela manhã, suas sobras retiradas no dia seguinte, evitando possíveis efeitos de fermentação e para avaliar a matéria seca para posterior cálculo do consumo de ração.
Como características produtivas foram determinados o ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar aos 49 dias de criação além de todo o período experimental.O consumo de ração do tratamento 0 (sem inclusão de água) foi determinado pelo consumo total em cada período experimental, com pesagem das sobras somente no final de cada período, os demais tratamentos (10, 20, 30, 40 e 50% de inclusão de água) foram determinados diariamente através da pesagem da ração e posterior pesagem das sobras. O consumo de água por ave também foi determinado durante a realização do experimento. A água fornecida foi pesada em quantidade para o fornecimento diário e acondicionada em bebedouros tipo calha. O fornecimento foi ajustado diariamente de acordo com o consumo das aves. Para a lavagem dos bebedouros a sobra de água foi pesada e descontada do consumo. O consumo de água avaliado não considerou a quantidade de água adicionada à ração.
A temperatura corporal das aves foi aferida semanalmente sempre no mesmo horário nas seguintes regiões: cabeça, dorso e pernas. Foram avaliadas duas aves por repetição.
Aos 7 e aos 21 dias, duas aves por repetição, foram abatidas e coletado 2cm de fragmento da porção proximal do duodeno de cada animal, para avaliação histológicas. Após a preparação das lâminas, foram efetuadas 30 medidas de alturas das vilosidades e 30 medidas de profundidade das criptas para cada segmento do duodeno coletado. Para avaliação das lâminas foi utilizado o microscópio Axioplan II Zeisssendo onde as imagens foram observadas e fotografadas, e então realizadas medidas de altura das vilosidades e medida de profundidade de cripta. Os dados experimentais obtidos foram analisados utilizando o programa SAS (2001) e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados & Discussão
Pesquisadores observaram que aves alimentadas com dieta úmida apresentaram maior consumo de ração quando comparada com a dieta seca, na última semana de criação (Yalda & Forbes, 1995). Em outro experimento comercial comparou-se o desempenho de aves alimentadas com dieta úmida e alimentadas com dieta seca peletizada. Neste, o consumo de ração e o ganho de peso foram menores em aves alimentadas com dieta úmida, porém ocorreu um aumento de 5% na conversão alimentar (Preston et al., 2000). Na Tabela 2 observa-se que não houve diferenças entre os tratamentos para o consumo de água e ganho de peso. Entretanto houve uma piora significativa da conversão alimentar com a inclusão de 30% de água (P<0,05).
 Tabela 2. Desempenho zootécnico de frangos de corte alimentados com diferentes níveis de inclusão de água na dieta no período de 1 a 49 dias de idade
Tratamento
Consumo
Água (mL)
Consumo
Ração (g)
Ganho de
peso (g)
Conversão
Alimentar (g\g)
0
8.323
5.623b
3.509
1,60b
10
8.381
5.463c
3.393
1,61b
20
8.868
5.539d
3.351
1,65b
30
9.238
5.879a
3.269
1,80a
40
8.344
5.280e
3.228
1,64b
50
8.215
5.468d
3.375
1,62b
CV (%)
8,65
1,92
3,25
2,69
P
0,5445
0.0005
0.092
0.0015
Diferença significativa entre as médias (p<0,05) pelo Teste de Tukey.
Através da avaliação temperatura corporal foi observado que não houve efeito da dieta úmida sobre a temperatura de frangos de corte (Tabela 3). Isso pode ser explicado pelo fato do experimento ter sido realizado no período de outono/inverno, onde as temperaturas ambientais encontravam-se em níveis de conforto térmico para os animais (Araujo, 2003).
Tabela 3. Temperatura corporal de frangos de corte alimentados com diferentes formas físicas da dieta aos 49 dias de idade
Tratamento
Crista ºC
Dorso ºC
Pernas ºC
0
33,30
32,50
33,30
10
32,60
33,40
34,50
20
32,90
32,70
33,70
30
32,20
31,80
32,70
40
32,70
31,50
32,40
50
33,00
32,60
33,40
CV (%)
2,57
3,31
3,43
P
0,8895
0,2943
0,2761
Diferença significativa entre as médias (p<0,05) pelo Teste de Tukey.
Com relação à altura das vilosidades do duodeno de frangos de corte pode-se observar efeito (p<0,05) aos 7 dias aos 21 dias de idade. O aumento das vilosidades com a inclusão de água na dieta pode ser explicado ao verificar-se que as enzimas digestivas penetram mais facilmente nas partículas do alimento que é fornecido com a inclusão de água, resultando assim em uma melhor retenção dos nutrientes (Yalda & Forbes, 1995). Assim como também aumenta a penetração do suco gástrico no alimento (Forbes, 2003).
 Tabela 4. Características histomorfológicas, altura de vilosidades (mm) e profundidade de criptas (mm) do duodeno de frangos de corte alimentados com dieta úmida, aos 7 e 21 dias
Tratamentos
7 dias
21 dias
Vilosidades
Criptas
Vilosidades
Criptas
0
1.066b
120
1.292c
210bc
10
1.057c
120
1.290c
199d
20
1.069b
120
1.353a
204c
30
1.043c
120
1.299c
206c
40
1.055c
121
1.331b
215ab
50
1.085a
123
1.349a
219a
CV (%)
3,67
4,28
3,09
4,88
Probabilidade
0,0064
0,5221
0,0033
0,0419
Diferença significativa entre as médias (p<0,05) pelo Teste de Tukey.
Conclusão
O presente trabalho constatou que a inclusão de diferentes níveis de água à dieta de frangos de corte não afetou positivamente o desempenho dos animais nem mesmo a temperatura corporal. Porém a inclusão de 50% melhorou a altura das vilosidades do duodeno dos animais.
Bibliografia
Araujo LF. Nutrição pós-closão: aspectos teóricos e práticos. 2003. In: Simpósio sobre Nutrição de Aves e Suínos. Anais ... Campinas, pp.183-210
Boleli IC. 2002. Estrutura funcional do trato digestório. In: Fisiologia Aviária Aplicada a Frangos de Corte. Macari M, Furlan RL, Gonzales E. editores. 3a Ed. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, pp.75-95.
Butolo JE. 2005. Bebedouros - Tipos - Vantagens e Desvantagens. Disponível em: http://www.avisite.com.br/cet/6/01/index.shtm.
Forbes JM. 2003. Wet food for poultry. Avian and Poultry Biology Rewies 14(4):175-193.
Preston CM, Mccracken KJ, McaliIster A. 2000. Effect of diet form and enzyme supplementation on growth, efficiency and energy utilisation of wheat-based diets for broilers. British Poultry Science 41:324-331.
Yalda AY & Forbes JM. 1995. Food intake and growth in chickens given food in the wet form with and without access to drinking water. British PoultryScence 36:357-369.
 
 
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