1. Introdução
Os alimentos de origem vegetal não contêm o suficiente fósforo digestivel para a produção animal. Por esta razão, o P inorgânico é adicionado as dietas dos animais. Os alimentos de origem vegetal e animal tanto como as fontes de fosfato inorgánico contêm quantidades variaveis de fosfato disponível para funções bio-químicas. Pelo que os nutricionistas incluem medidas de segurança para não prejudicar a produção e suas características relativas. Essa prática pode facilmente conduzir ao excesso de fósforo na fórmula, o que é dispendioso e contribui a um excesso de fósforo liberado no meio ambiente.
Para formular uma dieta ideal para monogástricos, é necessario um conhecimento adequado do uso de fósforo em alimentos, assim como as necessidades correspondentes em cada estágio da produção. O dilema para o Nutricionista é que na literatura utiliza-se livremente o conceito de uso de P (bio-disponibilidade, digestibilidade e seus derivados) o que frequentemente gera confusão. Os nutricionistas que não possuem conhecimento do modo como estes valores foram determinados, podem (baseados nestas informações) formular alimentos errados. Deve-se dar énfase na percepção de diferenças do uso das fontes inorgánica ao fim de clarificar os conceitos envolvidos.
2. Medida de utilização de P
Nenhum elemento é completamente usado ou absorvido. Uma fração é inevitavelmente sempre perdida no processo digestivo e metabólico. Diferentes técnicas de pesquisas são usadas para determinar com a maior exatidão possivel , a quantidade que o animal é capaz de utilizar. Destes metodos uma grande terminologia é usada para quantificar a “’utilização’ ou “’bio-disponibilidade’ de fósforo (incluindo ‘’bio-disponibilidade, digestão aparente, digestão atual, retenção e outros). ‘’Bio-disponibilidade’ e ‘’digestibilidade’ são as mais usadas. Esta terminologia é constantemente usada fora de contexto é não se deve confudir uma com a outra.
Os primeiros testes feitos com frangos, utilizaron parámetros ósseos ( percentagem de cinza na tibia ou pé) para refletir o valor biológico relativo. Esta técnica, acha-se a mais apropriada para determinar a bio-disponibilidade, pois mais do 80% do fósforo é transferido ao esqueleto (Zwart, 1999). Além disso, o nivel de fósforo em alimentos deve estar por baixo do requerimento do animal (Potter et al., 1995).
Apesar desta técnica parecer ideal, deve considerar-se que estes estudos sobre bio-disponibilidade de fósforo não medem sua verdadeira bio-disponibiidade geralmente compara fontes de P numa base relativa (conforme mostra tabela 1). A execução de testes de fosfatos é comparada com uma referência padrão de fosfatos (Waldroup, 1999). A RBV (bio-disponibilidade) pode ser de 100% ou mais dependendo da fonte de fósforo de referência.
Muitas vezes em fontes de vegetais de alimentos o P disponivel é definido com ‘’P-total menos P-fitato assume-se que P-fitato não é digestivel e fósforo não-fitato é totamentle digestivel. Na maioria das tabelas de alimentos este conceito é usado para determinar o valor de P para o animal. Entretanto foi claramente demonstrado por van der Klis e Versttegh (1996) que a absorção de P de alimentos de origem vegetal era maior que ‘P total menos P fitato’ , enquanto a absorção de P não-fitato varía entre 55% e 92%. Muitas tabelas de alimentos consideram aos fosfatos inorgánicos como de origem não-fitato é completamente disponivel ao animal, este não é o caso. Isto ilustra a necessidade de avaliar a absorção de P em todos os tipos de alimentos (inorgánico, vegetal e animal).
O caminho de digestibilidade aparente de P também é frequentemente determindada (Tabela 2 e 3) Dellaert et al. (1990) concluiram que a digestibilidade total de P é o criterio mais eficiente para avaliar os valores nutricionais de fontes do fosfatos alimentícios em suinos. Um dos fatores mais importantes é a quantidade de fósforo endógeno presente nas fezes e o teor de fósforo na urina. A compensação destas frações (digestibilidade real) é considerada como boa reflexão da bio-disponibilidade de P. Esses efeitos podem ser diminuidos mantendo o teor de fósforo das dietas experimentais abaixo do teor necessario ao animal (Jongbloed et al., 1999). Isto pode ser verificado se os resultados de analises de urina mostrarem teor abaixo ou proximo do limite de retenção (<25mg/L). Em dietas balanceadas, a concentração de fósforo na urina de suinos alimentados acima do teor necessario é entre 150 e 400mg/L (Mulder e Jonglboed, 1986). Em Aves existe um modo ideal de amostra íleal para exames de quimo (Van der Klis, 1993). Isto Implica que a excreção de P na urina não interfere com a analise a nivel íleal.
A digestibilidade aparente é um valioso parámetro do potencial do P em alimentos, com a condição prévia que o conteúdo de P na dieta experimental seja debaixo do recomendado ao animal. Este é provavelmente o modo mais prático de demonstrar o valor do componente de P num alimento.
3. Como estas técnicas refletem na fonte de fósoforo inorgánica?
Através dos anos, muitos estudos foram feitos no uso de suplementos de fósforo inorgánico em animales. Estes mostraram diferenças no uso de fontes genéricas assim como outras fontes de mesmas descrições. Além destes resultados, outras pesquisas onde fosfatos inorgánicos foram usados (fitatos, trabalho de enzimas, determinações de requrimentos digestiveis, etc.) raramente foram consideradas as diferenças de uso de fontes de fósforo inorgánicas. Em muitas destas pesquisas, fontes de DCP (fosfato bicálcico) são utilizadas sem referência à propria fonte (ie. dihidratada ou anhidro ou sua digestibilidade). Postula-se que divergencias encontradas nestes estudos atribuem-se estes fatores. O dilemma para o nutricionista está em assinalar o valor correto da disponibilidade/digestibilidade da fonte de P para formular a mistura.
Resultados dos testes feitos por Waibel et al. (1984) mostram a determinação da bio-disponibilidade por cinza de tibia relativa à fonte de MDCP (fostato monodicálcico) (Tabela 1). Duas conclusões distintas são:
- A disponibilidade relativa de valores é um método cómodo para classificar fosfatos alimenticios para determinar o valor nutritivo relativo referente à fonte (neste caso MDCP). Foi demonstrado que estes valores dependem da fonte de refêrencia usada. E Possivel entretanto obter valores acima de 100% o que torna difícil, (senão impossível) comparar resultados de estudos concluidos.
- Discrepancias em bio-disponibilidade entre as fontes de mesma descrição genérica podem ser imensas. Isto pode ser acentuado pelas respectivas diferenças em percentagem 32 – 31% e 18% respectivamente entre os mais altos e mais baixos, valores para MDCP, MCP e DFP (na tabela 1). O uso da media de valores de bio-disponibilidade para os produtos genéricos descritos sem conhecimento do produto específico pode causar grandes erros. Além que a tabela se mostra media um diferença de 5% entre bio-disponibilidade entre fontes de MDCP e DCP. Isso pode levar a concluções errada se foram aceitas como diferenças genéricas.
Tabela 1: Bio-disponibildade de fosfatos para perus (Waibel et al., 1984)
1 Usando cinza de tibia
Resultados desses estudos onde digestibilidade aparente (refletida como bio-disponibilidade) de fosfatos em rações foram determinados conforme mostram as Tabelas 2 e 3. O relatório de trabalho por Van de Klis e Versteeg (1996) mostra a mesma classificação como valores de bio-disponibilidade relativa conforme a Tabela 1 para MDCP e DCP. Entretanto estes valores são mais baixos que os valores da Tabela 1 devido ao modo quantitative que foi usado. Valores de digestibilidade determinados desta forma podem auxiliar o nutricionista dar valor prático às fontes diferentes. Parte da diversidade mostrada na Tabela 1 onde fontes foram descritas como MDCP, DCP ou DFP, pode ser explicada através dos valores na Tabela 2. A diferença entre DCP (anhidro) e DCP (dihidratado) resultou numa diferença em disponibilidade de P de 22%. Postula-se que parte da variação em MDCP em números, pode ser devida ao mesmo fenómeno.
Tabela 2: Disponibilidade de fósforo digestibilidade em fontes de fosfato inorgánicas medidas em frangos ( Van der Klis e Versteegh, 1996)
Tabela 3: Coeficientes de Digestibilidade em suinos (Kemme et al.,2001
1 MCP = Fosfato monocálcico; MDCP = Fosfato monodicálcico; DCP = Fosfato bicálcico
MSP = Fosfato Monosodico
2 abc Valores de sobrescrição diferentes diferem significamente em P,0.05
Com o fim de categorizar os fosfatos alimenticios de forma mais correta dentro de um grupo genérico, um número de fatores podem ser observados. Estas diferenças (tipo de produto) depende principalmente na reação química de fosfatos diferentes. A dinámica destas reações impõe que todo produto final é uma mistura química de fosfatos diferentes. Isso significa que qualquer fosfato alimenticio inorgánico convencional é uma mistura de componentes diferentes (eg.uma fonte commercial de MCP sempre contera traços de DCP).
3.1. DCP
Os controles sobre o processo de produção (temperatura, controle de reação química, etc) determinam a diferença na composição de DCP. Temperaturas elevadas (reação não controladas) podem resultar na evaporação de àgua em cristalização formando um produto anhidro. Um modo para o nutricionista determinar se o produto é anhidro seria primeiramente notar seu valor de fósforo. Perda de àgua na cristalização concentraria o produto , resultando em valor de fósforo elevado. Tipicamente, DCP dihidratado contém por volta de 18% de fósforo, enquanto DCP anhidro pode conter até 20% de fósforo. Outra forma é analise de humidade. Um produto dihidratado perderia mais humidade quando seco em temperatures acima de 100 C do que um produto anhidro.
Outro Método seria analizar o produto por defração de raios X (Kemme et al., 2001), o que distinguiria entre as diferentes propriedades químicas da fonte. O modo mais exato entretanto seria se um produtor pudesse fornecer quantias de digestibilidade (bio-disponibilidade) para seu produto específico testado in vivo numa instituição de reputação usando técnicas comprovadas.
3.2. MCP/MDCP
Os fosfatos MCP/MDCP são misturas químicas de MCP e DCP. Os produtos são classificados como MCP se a fração dos derivados de fósforo constituem mais que 80% do produto com DCP completando o resto. Os dados na Tabela 3 mostram que Kynofos 21pode competir favoravelmente com os melhores produtos do mundo.
Tanto como DCP, MDCP pode diferenciar substancialmente em composição e bio-disponibilidade conforme mostra Tabela 1. A Proporção de MCP e DCP pode variar de abaixo de 50% de P para MCP ate 80% de MCP. As diferenças de 12% em unidade em bio-disponibilidade para MDCP y DCP, para suinos (Tabela3) mostram que as caraterísticas de MDCP são cruciais em assinalar um valor realistico ao produto.
O específico Kynofos 21referido na Tabela 3 têm uma proporção de P de MCP de 75% e 25% de fósforo em DCP. Esta é provavelmente a razão pela qual valores de bio-disponibilidade não diferem significativamente (P
Praticamente, dois processos podem ser seguidos para determinar a proporção de MCP /DCP numa fonte de MDCP.
- O Fósforo em MCP puro e totalmente diluivel em àgua (100%) e fósforo em DCP puro e insoluvel em àgua (0%) (CEFIC 1999). Através da determinação da solubilidade do P num produto (ou por informações proveniente do fornecedor do produto) a proporção de MCP para DCP pode ser determinada, ie.75% de P indícaria um produto no qual 75% do teor de P e derivado de MCP e 25% derivado de DCP.
- Conforme o teor de DCP em MDCP aumenta, também aumentaria o teor de Ca (DCP contém mais cálcio que MCP - tipicamente 24% contra 16%) Uma proporção de Ca para P por volta de 0.8 poderia indicar um produto no qual 70% ou mais de P e obtido de MCP, enquanto uma proporção acima de 0.9 de Ca para P poderia indicar um produto no qual 50% de P foi obtido de MCP. Estas proporções auxiliam o nutricionista caracterizar o tipo de produto em questão e adaptar valores de disponibilidade devidamente.
Para DCP, o método mais exato para determinação seria quando o fornecedor indicasse o fator de disponibilidade para seu produto especifico, testado in vivo numa instituição de boa reputação usando técnicas comprovadas.
4. Observações Gerais
O nutricionista deve estar altamente à par das contradições na procura de determinar e quantificar valores nutricionais de P em fontes de alimentos. Muitos métodos são utilizados para testar digestibilidade em fontes de fósforo. Os resultados destes testes são refletidos como digestibilidade ou como bio-digestibilidade relativa (expressada como valor biológico relativo (RBV). Nâo se deve confundir um com o outro. A Digestibilidade é dada um coeficiente de digestibilidade de
O fósforo disponivel em ração de origem vegetal é definido como P-total menos P-fitato, o que pode causar erros em avaliar a mais ou a menos o potencial do alimento ja que nem todas as fontes de P não-fitato são igualmente disponiveis. Deve-se também lembrar que P de origem animal e inorgánico não fazem parte de tal sistema e precisam ser avaliadas diferentemente.
A digestibilidade aparente é de grande valor na medida do potencial de P em alimentos, mas com a pre-condição de que o teor de P na dieta experimental seja abaixo da recomendação de P para animais. Este é provavelmente o modo mais prático em expressar o valor do componente P em alimentos.
O valor de uma ração de fosfato inorgánico para animais não pode ser certificado pelo seu nome genérico (MDCP,DCP). Dentro destas classes descritivas existem grandes diferenças em composição e utilização pelos animais. Isto inclui diferenças tais como produtos hidratados e anhidros tanto como a proporção de MCP para DCP no produto. Para o nutricionista saber qual é o valor de bio-digestibilidade assinalada ao produto, de um produtor específico, certas caracteristicas químicas podem ajudar na decisão. Isto não somente o levara formular alimentos com exatidão, também o auxiliará na determinação de um produto específico.
5. Referências
CEFIC, 1999. A Guide to Feed phosphates
Dellaert, B.M., Peet, G.F.V. van der, Jongbloed, A.W., Beers, S., 1990. A comparison of different techniques to assess the biological availability of feed phosphates in pig feeding. Neth. J. Agric. Sci. 381: 555-566.
Jongbloed, A.W., Kemme, P.A., Diepen, J.T.M. van, Weij-Jongbloed, R. van der, 1999. Herziene verteerbaar fosfornormen voor varkens. Rapport ID-Lelystad nr. 99.056, 46 pp.
Kemme, P.A., van Diepen, J.T.M., Jongbloed, A.W., Ferreira, P., 2001. Confidential report ID-Lelystad no. Draft.
Mulder, L., Jongbloed, A.W., 1985. [Determination of the value of feed phosphates in pig feeding: literature review and an experiment with piglets]. Rapport IVVO no. 169.
Potter, L.M., Potchanakorn, M., Ravindran, V. and Kornegay, E.T., 1995. Bioavailability of phosphorus in various phosphate sources using body weight and toe ash as response criteria. Poultry Science 74:813-820
Ravindran, V., Kornegay, E.T., Potter, L.M., Ogunabameru, B.O., Welten, M.K., Wilson, J.H. and Potchanakorn, M., 1995. An evaluation of various response criteria in assessing biological availability of phosphorus for broilers. Poultry Science 74:1820-1380
Van der Klis, J.D. (1993). Physico-chemical chyme conditions and mineral absorption in broilers. PhD thesis, Agricultural University, Wageningen, The Netherlands.
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Waldroup, P, 1999. Nutritional approaches to reducing phosphorus excretion by poultry. Poultry Science 78:638-691
Waibel, P.E., Nahorniak, N.A., Dziuk, H.E., Walser, N.M.and Olsen, W.G., 1984. Bioavailability of phosphorus in commercial feed phosphate supplements for turkeys. Poultry Science, 63:730-737
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