A médica veterinária Karina Duarte, doutora em Zootecnia na área de Nutrição de Monogástricos, pela Universidade Estadual Paulista, UNESP - Jaboticabal, concedeu entrevista ao Engormix.com e comentou sobre o desenvolvimento de pesquisas nutricionais para frangos de corte e poedeiras comerciais. A doutora Duarte citou os números da avicultura, importante atividade para a economia brasileira, além de citar temas técncos e específicos, como a utilização de enzimas exógenas nas rações e outros assuntos de interesse da comunidade acadêmica. Boa Leitura!
1- Um resumo do seu perfil profissional.
Sou graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Lavras (2002), fiz o Mestrado (2005) e o Doutorado (2009) em Zootecnia na área de Nutrição de Monogástricos, na Universidade Estadual Paulista, UNESP - Jaboticabal. Iniciei minhas atividades de Pós-Doutorado (2009) na mesma instituição, sob a supervisão do prof. Dr. Otto Mack Junqueira, com bolsa do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) da CAPES.
2- Uma apresentação do seu tema de estudo; problemáticas vividas, últimas inovações, enfoque atual.
Tenho experiência na área de Nutrição e Alimentação de Monogástricos, desenvolvendo pesquisas principalmente com exigências nutricionais para frangos de corte e poedeiras comerciais. Considerando que a alimentação representa a maior parte dos custos na produção avícola, buscamos estudar alternativas que aumentem a produtividade, melhorem a qualidade dos produtos finais e reduzam os custos de produção, sem prejudicar o desempenho zootécnico das aves. A utilização de enzimas exógenas nas rações pode se constituir em ferramenta eficiente para melhorar a eficiência de utilização dos alimentos pelos animais, melhorando o desempenho e contribuindo para a redução na excreção de poluentes no ambiente. Atualmente, um dos maiores desafios na nossa área tem sido a busca de alternativas para se reduzir o uso dos antimicrobianos como promotores de crescimento em rações. Este desafio é consequência principalmente das crescentes pressões impostas por legislações de países que importam produtos de origem animal, como os da Comunidade Européia, que proíbem a inclusão de antimicrobianos nas dietas de frangos de corte e outras espécies animais. Essa situação tem levado as empresas do setor, a buscarem alternativas à esses promotores de crescimento (probióticos, prebióticos, simbióticos, etc) e nós, pesquisadores, a testarmos a eficácia e segurança dos mesmos, garantindo principalmente a segurança alimentar e a qualidade do alimento produzido.
3- Como surgiu o interesse pelo tema de estudo e/ou área de trabalho?
Meu interesse pela avicultura surgiu durante minha graduação, quando tive a oportunidade de estagiar no setor de avicultura da UFLA, junto ao Prof. Antonio Gilberto Bertechini e na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal/UNESP, junto ao prof. Dr. Otto Mack Junqueira. Também optei por fazer meu estágio de conclusão de curso na Embrapa Suínos e Aves em Concórdia/SC, sob a supervisão do Dr. Valdir Silveira de Ávila, onde acompanhei diariamente as pesquisas com frangos de corte nas áreas de nutrição, melhoramento genético, sanidade, ambiente e manejo. Diante de tudo isso, resolvi fazer minha pós-graduação na área, e foi o grande profissional e amigo professor Otto, que me deu essa oportunidade, aceitando ser meu orientador durante o mestrado, o doutorado e agora no pós-doutorado.
4- Comentar uma experiência professional e/ou acadêmica de destaque, interessante.
Minha experiência acadêmica de destaque foi sem dúvidas a conclusão da minha pós-graduação e hoje poder colher os frutos de tantos anos de estudo e dedicação. Tenho planos de seguir a carreira acadêmica, realizando pesquisas, publicando trabalhos e contribuindo para o desenvolvimento da avicultura brasileira.
5- Como vê as discussões futuras sobre seu o tema de estudo? Qual o rumo está tomando? Pontos positivos e negativos.
O setor avícola no país é umas das atividades de suma importância para o agronegócio brasileiro, respondendo por 1,5% do Produto Interno Bruto. De acordo com os últimos dados da União Brasileira de Avicultura, em 2008, o país registrou 5,468 bilhões de volume de aves de corte e 78,654 milhões de poedeiras. O mercado internacional de carne de frango mudou significativamente nas últimas décadas, devido principalmente à adoção de grande tecnologia, tanto na área biológica como na econômica. Pode-se dizer que em termos mundiais, o setor avícola foi o que mais se destacou em termos de absorver com rapidez as novas tecnologias e os novos sistemas integrados de produção e de transferí-los com eficiência, na forma de preços baixos e de elevado padrão de qualidade, para os consumidores finais. A avicultura nacional é responsável por cerca de 5 milhões de empregos diretos e indiretos e com mão de obra especializada. O custo das dietas na avicultura é extremamente importante e, por isto, cada vez mais pesquisas têm sido realizadas no sentido de reduzir esses custos, tornando a atividade mais rentável. Nestas condições, monitorar a qualidade das matérias primas é indispensável para o sucesso do negócio. No Brasil, entre tantos ingredientes utilizados, especial atenção deve ser dada à monitoria da qualidade do milho, do farelo de soja e das proteínas de origem animal. As formulações das rações estão cada vez mais voltadas ao atendimento das exigências da linhagem que está sendo criada, à sua fase de criação, ao ambiente, manejo, dentre outras variaáveis que deverão cada vez mais ser consideradas. Nos próximos anos, a avicultura brasileira tem tudo para continuar crescendo, desde que todos os segmentos envolvidos com o negócio avícola estejam agindo de comum acordo. Qualquer falha no processo, que envolva os aspectos produtivos ou legais, poderá afetar o negócio como um todo.
6- Teria algum recado para deixar aos colegas profissionais e acadêmicos que estão atuando na mesma área?
Os números da exportação, o crescimento do setor e as exigências do mercado internacional fazem da avicultura brasileira uma das mais desenvolvidas do mundo. Para atender à demanda de um país que está se solidificando entre os maiores exportadores mundiais do agronegócio, as empresas passaram por transformações e conseqüentemente, começaram a exigir um perfil diferenciado de seus profissionais. Sabemos que grande parte dos custos e do sucesso das criações de animais de interesse zootécnico tem como base o manejo nutricional e alimentar. Desta forma, investir em uma especialização teria o objetivo de capacitar, formar massa crítica e qualificar profissionais da área de nutrição animal, possibilitando estudos mais detalhados de técnicas ou domínio de áreas científicas para atender as exigências do mercado.