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Avaliação dos índices de conforto térmico para as diferentes fases de produção de frangos de corte utilizando cartas de controle

Publicado: 5 de maio de 2021
Por: Edson Iglesias, Welington Gonzaga Vale, Patricia Azevedo Castelo Branco Vale, Rodolfo Ferreira Mouro, Mariana Dias Meneses
Introdução
As condições ideais de temperatura e umidade são aquelas que dispensam ajustes para a obtenção do conforto térmico de aves criadas em regime confinado. O Brasil tem temperaturas médias variando entre 20 a 25ºC durante o ano, fica caracterizado um País de clima tropical e subtropical, mais propenso ao estresse por calor do que por frio, portanto estas condições de ideais de temperatura e umidade, não existem. Para garantir que o animal esteja em condições favoráveis para produzir foram desenvolvidos alguns indicadores sobre ambiente. Os índices de Índice de Temperatura e Umidade (ITU) e Índice de Temperatura de Globo Negro e Umidade (ITGU) são amplamente utilizados. A literatura cita inúmeros estudos relacionando a utilização de métodos de Controle Estatístico de Processo (CEP), tais como em gerenciamento de processos ou de sistemas produtivos, destinados a monitorar a estabilidade e acompanhar seus parâmetros ao longo do tempo (ROSA, 2009). Estudos relatam que o uso correto do CEP e técnicas estatísticas permite o monitoramento da qualidade e redução da variabilidade eficaz, e posteriormente, promovendo uma melhoria do processo produtivo. Sendo assim, objetivou-se neste trabalho comparar os valores de ITU e ITGU de um galpão de aves, localizado no município de São Cristóvão-SE com vistas à produção de aves de corte.
Métodos Para realização da presente pesquisa, foi utilizado um aparelho desenvolvido e validado pelo Departamento de Engenharia Agrícola/UFS, para registrar as temperaturas de bulbo seco, úmido e globo negro, umidade relativa do ar, calcular o ITU e ITGU e armazena em arquivo no formato de bloco de notas, em um microchip, através do shield Ethernet W5100, todos esses dados a cada 20 minutos. O aparelho permaneceu do dia 17/06/2019 a 04/08/2019 em funcionamento no Laboratório de Metabolismo de Aves (LBMA), da Universidade Federal de Sergipe, pertencente ao Departamento de Zootecnia, no campus de São Cristóvão. As temperaturas e umidades relativas do LBMA foram registradas por meio dos sensores de termômetros de bulbo seco e úmido e de globo negro e sensor de umidade, sendo o aparelho mantido no centro do galpão. Assim que os sensores registravam os valores, os mesmos já eram armazenados e convertidos nos índices ITU e ITGU. Para o cálculo dos índices a literatura comumente cita Buffington et al. (1981), cuja equação (1) para cálculo é:
ITGU=0,72*(Tgn+Tbu)+40,6 
em que,
Tgn - temperatura do globo negro colocado no mesmo local que os animais, ºC; e
Tbu - temperatura de bulbo úmido, ºC.
Para o ITU, Thom (1959) determina a seguinte equação (2):
ITU=0,8Ts+[UR*(Ts-14,3)/100]+46,3
em que,
Ts - temperatura média do ar, ºC; e
UR – umidade relativa média do ar, %.
As equações 1 e 2 foram inseridas no código do microcontrolador para calcular os valores de ITU e ITGU. Para confeccionar as cartas de controle, foram utilizadas as médias de cada dado observado, durante os dias de cada semana. Estes valores foram utilizados para comparação com as condições ideais de conforto térmico para frangos de corte, em função da sua idade em semanas de vida, de acordo com valores referência obtidos em literatura. Para analisar os valores dos índices de conforto térmico foi utilizada a carta de controle individual. As cartas de controle foram elaboradas utilizando o programa Minitab 19.
Resultados e discussão
As médias do índice de temperatura e umidade (ITU) registrados durante todas as semanas de vida das aves no interior do galpão, constam nas Figuras 1.
Observando a Figura 1 do ITU, referente a primeira semana de vida, os valores médios encontrados, para os períodos madrugada (77,7), dia (79,0), tarde (79,0) e noite (77,9), as aves, nesta idade, estariam em condições de alerta e perigo nos períodos da madrugada, dia e noite. Já no período da tarde na condição de emergência, de acordo com Nascimento et al. (2011). Na segunda semana de vida os valores médios encontrados, para os períodos madrugada (76,1), dia (77,8), tarde (78,5) e noite (75,6), seguem o mesmo comportamento da primeira semana. Nas outras cinco semanas seguintes o ITU médio ficou acima da faixa de conforto. De modo geral, os valores de ITU aumentaram até às 12:00 h e posteriormente reduziram até as 18:00 h tendo os seus valores máximos alcançados conforme as cartas de controle no período da tarde, durante todo o período de criação das aves. Desta forma, percebe-se que, nenhum período, durante toda a fase de criação das aves, os valores ITU estiveram dentro daqueles considerados de conforto.
Avaliação dos índices de conforto térmico para as diferentes fases de produção de frangos de corte utilizando cartas de controle - Image 1
Avaliação dos índices de conforto térmico para as diferentes fases de produção de frangos de corte utilizando cartas de controle - Image 2
Avaliação dos índices de conforto térmico para as diferentes fases de produção de frangos de corte utilizando cartas de controle - Image 3
Figura 1. Cartas de controle individual para o ITU médio obtido para aves da primeira semana (a), segunda semana (b), terceira semana (c), quarta semana (d), quinta semana (e), sexta semana (f) e sétima semana de idade (g), em São Cristóvão. *Faixa de emergência. **Faixa de alerta e perigo. ***Faixa de conforto térmico.
Avaliação dos índices de conforto térmico para as diferentes fases de produção de frangos de corte utilizando cartas de controle - Image 4
Avaliação dos índices de conforto térmico para as diferentes fases de produção de frangos de corte utilizando cartas de controle - Image 5
Figura 2. Cartas de controle individual para o ITGU médio obtido para aves da primeira semana (a), segunda semana (b), terceira semana (c), quarta semana (d), quinta semana de idade (e), sexta semana de idade (f) e sétima semana de idade (g), em São Cristóvão. *Faixa de emergência. **Faixa de alerta e perigo. ***Faixa de conforto térmico.
As médias do índice de temperatura e umidade de globo negro (ITGU) registrados durante experimentais, os valores de ITGU observados variaram de 76,1 a 86,9 e dos 21 aos 49 dias, variaram de 61,0 a 77,2. O ITGU classificado como ideal varia de 83,2-88,2, conforme estabelecido por Nascimento et al. (2011). Dessa forma, pode-se perceber que as aves foram mantidas dentro da faixa de conforto térmico. Os dados obtidos na presente pesquisa estão de acordo com os valores obtidos em outros trabalhos utilizando o ITGU como referência para conforto térmico ambiental para produção de frangos de corte (JÁCOME et al., 2007). Jácome et al. (2007) também definiram que valores para ITGU variando de 65 a 77 representam conforto térmico para aves. O ITGU é considerado um índice mais completo, se comparado ao ITU, uma vez que incorpora em um único valor os efeitos da temperatura de bulbo seco, umidade relativa, radiação e velocidade do ar (BUFFINGTON et al., 1981).
Conclusão
De acordo com os resultados encontrados para ITGU, o Laboratório de Metabolismo de Aves (LBMA) apresentou as condições ambientais ideais para o desenvolvimento adequado de frangos de corte. Com relação ao ITU, os valores mostraram-se inconsistentes em relação aos sugeridos pela literatura.

BUFFINGTON, D.E., COLLASSO-AROCHO, A.,
CANTON, G.H., PITT, D. Black globe-humidity index (BGHI) as comfort equation for dairy cows.
Transaction of the ASAE, American Society of
Agricultural and Biological Engineers, St. Joseph, v.24, n.3, 1981.
JÁCOME, I.M.T.D., FURTADO, D.A., LEAL, A.F.,
SILVA, J.H.V., MOURA, J.F.P. Avaliação de índices de conforto térmico de instalações para poedeiras no nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Engenharia
Agrícola e Ambiental, Campina Grande/PB, v.11, n.5, p.527-531, 2007.
NASCIMENTO, G.R., PEREIRA, D.F., NÃÃS, I.A.,
RODRIGUES, L.H.A., Índice fuzzy de conforto térmico para frangos de corte. Engenharia Agrícola, v. 31, n 2, p. 219- 229, 2011.
ROSA, L.C. Introdução ao Controle Estatístico de
Processos. Santa Maria, Ed. da UFSM, 2009.
THOM, E.C. The discomfort index. Weatherwise, v.12, Boston, p.57-60, 1959.

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Autores:
Welington Gonzaga do Vale
Edson Iglesias
Patricia Azevedo Castelo Branco Vale
Rodolfo Ferreira Moura
Mariana Dias Meneses
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Patricia Azevedo Castelo Branco Vale
5 de mayo de 2021
Esse é apenas o primeiro de muitos outros trabalhos nessa mesma linha de pesquisa que estamos desenvolvendo na UFS, fruto de uma parceria produtiva entre Engenharia Agrícola e Zootecnia!!
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Rodolfo Ferreira Moura
6 de mayo de 2021
Muito prazeroso, fazer parte disso
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