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Compostagem resíduos incubatório frango

Quantificação e caracterização Química e Orgânica da Compostagem de Resíduos de Incubatório de Frango de Corte

Publicado: 28 de outubro de 2011
Por: Aires, A. M. (Doutorando em Zootecnia, UNESP/Jaboticabal-SP/Brasil); Kroetz Neto, F. L; Machado, C. R.; Lucas Júnior, J. de
RESUMO –
O objetivo desse trabalho foi quantificar e caracterizar os resíduos de incubação de frangos de corte e realizar a compostagem desses resíduos, ajustando os teores de umidade e aeração. Foram coletados em um incubatório, resíduos provindos da incubação de ovos, separando-os em casca de ovos, ovos de transferência, pintos natimortos e resíduos misturados. Como fonte carbonácea foi utilizada a cama de frangos de corte, com material originário da casca de arroz. Foram realizadas análises de matéria natural, matéria seca, sólidos totais, redução de sólidos totais e a relação C:N. Os resíduos de incubatório apresentam características altamente compostáveis com cama de frango, sejam de forma separada ou misturada, no entanto devem ser ajustados as quantidades de carbono e nitrogênio para uma relação de 20 a 22:1.
INTRODUÇÃO
Segundo a União Brasileira de Avicultura (UBABEF), o Brasil é o maior exportador e o terceiro maior produtor de carne de frangos de corte do Mundo, e a tendência de aumento de plantel se intensificam claramente, visto o avanço tecnológico que a cada ano se alcança. E nesse enredo de alta produtividade o Brasil não pode ficar de costas para os resíduos gerados nesse mercado, principalmente no que diz respeito aos rejeitos da incubação de ovos.
Segundo o especialista em incubação2, temos um percentual de 8 a 17 % de perdas na incubação de ovos, ou seja a estimativa é que sejam gerados no Brasil, aproximadamente 945.2 milhões de ovos não nascidos (resíduos de incubatório) ao ano.
Os resíduos de incubação são compostos por ovos inférteis, casca de ovos, pintinhos natimortos, mortalidade provinda da transferência da incubadora para o nascedouro e má formação durante o desenvolvimento embrionário, além disso, se for um incubatório de postura, os pintos machos também são considerados resíduos de incubatório.
Hoje ainda, pouco se cobram das empresas, em relação a disposição ecologicamente adequada dos resíduos avícolas. Por isso, estudos sobre alternativas que contemplem o aspecto econômico, técnico, social e ambiental, surgem com bons olhos para diminuição dos impactos ambientais provocados diariamente por esses resíduos.
Este fato ocorre pela falta de conhecimento das próprias corporações, visto que é possível utilizar esses resíduos de forma completa no mercado agrícola, através da compostagem. Desde que alguns parâmetros sejam adaptados, para que as carcaças possam ser decompostas de maneira segura, ou seja, sem que haja disseminação de doenças no ambiente (COSTA et al., 2005).
O uso da compostagem para a disposição de carcaças de aves foi mencionado inicialmente por Murphy (1988), cujos trabalhos indicaram que essa técnica proporciona um meio mais econômico e biologicamente seguro de converter carcaças resultantes da mortalidade diária, em material inodoro com características de húmus e útil como condicionador do solo.
O objetivo desse trabalho é caracterizar os resíduos de incubação de aves e materiais carbonáceos como opção factível para o tratamento dos resíduos em processo de compostagem.
MATERIAL E MÉTODOS
O Experimento foi conduzido no setor de compostagem da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Jaboticabal, sendo utilizado um pátio de 1,50 x 20,00 metros, coberto de telha de zinco com pé direito de 2,5 metros. As análises foram realizadas, no Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Campus de Jaboticabal, SP, Brasil. Foram coletados no incubatório do Departamento de Avicultura da UNESP, resíduos provindos da incubação de ovos (RI), separando-os da seguinte forma: casca de ovos (CO), ovos de transferência (OT), pintos mortos (PM) e resíduos misturados (RM), que contemplam todos os resíduos juntos. Foram coletados também, no Departamento de Avicultura, uma cama de frango (CF) de segundo lote.
Foi constituído um arranjo experimental de 4 x 3, em um delineamento inteiramente casualizado. Cada tratamento possuía 3 leiras de 300 kg no total, sendo 2/3 de cama de frango (casca de arroz) e 1/3 do resíduo. A cama de frango foi misturada a 100 kg de casca de ovos (CF + CO), ou 100 kg de pintinhos mortos (CF + PM), ou 100 kg de ovos de transferência (CF + OT), ou 33,33 kg de CO + 33,33 kg de PM + 33,33 kg de OT (CF + RM). Além disso, foram ajustados os teores de umidade da leira, adicionando água até que esta atingisse 60% de umidade, sendo este percentual monitorado e ajustado semanalmente.
Após o enleiramento dos materiais, monitorou-se semanalmente a temperatura das leiras de compostagem com termômetro digital, com haste de 30 cm. A leira foi revolvida a cada sete dias manualmente e pesada em balança digital a cada 30 dias, até chegar a um total de 90 dias de experimento.
Foram feitas amostragens no inicio, e a cada 30 dias, sendo estas secas em estufa à 60 ºC e corrigidas em 105 ºC, para quantificação do percentual de matéria seca total (MS). Foram quantificados os teores de carbono orgânico (KIEHL, 1985), cuja análise fundamentase no fato da matéria orgânica oxidável ser atacada pela mistura sulfocrômica, utilizando-se o próprio calor formado pela reação do dicromato de potássio com o ácido sulfúrico como fonte calorífica. O excesso de agente oxidante, que resta deste ataque, foi determinado por titulação com sulfato ferroso. A quantidade de nitrogênio foi determinada conforme metodologia descrita por SILVA (1981), sendo realizada uma relação entre o percentual de carbono e o de nitrogênio (Relação C:N).
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM do SAS program version 9.1. (2003) e as médias comparadas pelo Teste de Tukey a um nível de significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se, na Tabela 1 que as reduções das leiras são mais representativas no início do processo, quando a atividade microbiológica é mais intensa. A redução de peso (MN) e na MS da leira de compostagem foi expressiva, sendo que o resultado encontrado foi de 139,27 kg MN e 29,05 kg na MS, para os resíduos misturados com cama de frango, sendo este o tratamento com maior (P<0,05) redução de MN, MS e ST
A redução de sólidos totais demonstra que a atividade aeróbia chegou a uma fase de estabilização entre 60 e 90 dias, diferente dos valores de redução entre 30 e 60 dias, os quais apresentaram reduções favoráveis (P<0,05) para a degradação da matéria orgânica compostável. Sendo que as leiras com pintinhos mortos apresentaram valores de reduções maiores (P<0,05) que os outros tratamentos. No entanto, as leiras com ovos de transferência (18,58 %) e resíduos misturados (20,79 %), apresentaram valores próximos, das leiras com pintinhos mortos (21,37 %).
Foi verificada, uma porcentagem superior de carbono nos ovos de transferência (29,55 %) e nos pintos mortos (29,75 %) em comparação a casca de ovos (10,91 %), devido à diferença estrutural de moléculas existentes entre os tecidos dos pintos e a casca dos ovos.
A relação C:N encontrada nos tratamentos com casca de ovos e resíduos misturados, 20 e 22:1 reduziram a sua relação em 2:1, já os tratamentos com pintinhos mortos e ovos de transferência, reduziram 1:1. Este fato indica um melhor desempenho em redução para os tratamentos com relações de C:N entre 20 e 22:1. Segundo Sivakumar et.al. (2007) e Kumar et al. (2007), a relação C:N de 20:1, acelera o processo de compostagem, sendo que em seus trabalhos foram encontradas dificuldades na maturação do composto, quando utilizado a relação de 25 a 30:1. Em contrapartida, Rynk et. al. (1992), recomenda valores entre 20 a 40:1.
Na Figura 1, observa-se uma semelhança no comportamento da temperatura ao longo do tempo. Com mínimas de 31,6 ºC e máximas de 74,5 ºC, na primeira e terceira semana de compostagem, chegando ao final do período de enleiramento com média de 36,8 ºC. Esse aumento elevado da temperatura nas primeiras semanas de compostagem se dá devido ao desenvolvimento de reações bioquímicas mais intensas, conseqüência da atividade microbiológica de degradação da matéria orgânica. Segundo Vitorino e Pereira Neto (1994), com a exaustão da fonte de carbono mais disponível, a temperatura diminuiu a 40 °C, caracterizando o fim da fase termofílica.
CONCLUSÕES
Os resíduos de incubatório apresentam características altamente compostáveis com cama de frango, sejam de forma separada ou misturada, no entanto devem ser ajustados as quantidades de carbono e nitrogênio para uma relação de 20 a 22:1. Desta forma a compostagem atingirá picos mais altos de temperatura que consequentemente diminuem o tempo de enleiramento e garantem um material orgânico adequado para incorporação no solo.
Quantificação e caracterização Química e Orgânica da Compostagem de Resíduos de Incubatório de Frango de Corte - Image 5
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Autores:
Airon Magno Aires
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Everton F. O Paim
30 de marzo de 2019
BOA NOITE! Excelente matéria. Preciso montar um projeto para compostar resíduo de incubatório. Você teria algum modelo para eu me orientar. Ou me indicar ?
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