Introdução
A coccidiose aviária é provocada por protozoos do gênero Eimeria. É uma das doenças mais prevalentes na produção avícola de carne, por isso vários esforços têm sido levados a cabo no campo da medicina veterinária para controlar esta enfermidade.
São conhecidas várias espécies de Eimeria parasitas do trato digestivo das aves, no entanto 3 delas são as mais frequentes na Argentina: E. tenella,E. maxima e E. acervulina (González et al., 2005).Das eimerias mencionadas, E. tenella pode provocar surtos espetaculares de coccidiose, com hemorragias cecais e grande mortalidade. Estas perdas são devidas não só à elevada mortalidade, como também à inadequada transformação de alimentos, atraso do crescimento e a uma diminuição da qualidade dos animais (Jordan & Pattison, 1998).
Junto ao grande crescimento da indústria avícola nos últimos anos, tem havido uma contínua proliferação de produtos utilizados para combater a coccidiose. Os anticoccidianos são usados quase universalmente em rações de frangos criados intensivamente, com o objetivo de conseguir uma prevenção contínua das coccidioses (Conway et al., 2001; El-Banna et al., 2005; Matsuno, 1996). De acordo com isto, os coccidiostatos são administrados de modo profiláctico, de forma contínua, ao longo do período de crescimento dos frangos.
A incidência de coccidioses clínicas nas granjas de uma empresa avícola está sempre precedida por uma proporção muito maior de granjas com coccidioses subclínicas, que só são detectadas através de recontagens de OPM e RSM. O objetivo deste trabalho foi aplicar esta metodologia como uma ferramenta diagnóstica precoce e evitar, desta forma, as enormes perdas econômicas das coccidioses clínicas.
Materiais e Métodos
Foi avaliada em campo a eficácia anticoccidiana de Diclazuril 0,5 % (Vetribac® D), Robenidina 6 % (Vetancox® R60), Maduramicina 0,75 % + nicarbazina 8 % (Lonomicin® MN), Maduramicina 1 % (Lonomicin® M), Salinomicina 12 % (Lonomicin® S), Monensina 20 % (Coccivet® 200), Nicarbazina 25% (Nicarvet®250) e Clopidol 25 % (Vetancox® C 250), em 188 granjas das províncias de Entre Ríos, Buenos Aires e Santa Fe, dedicadas à criação de frangos de corte. A pesquisa foi realizada durante o período compreendido entre os meses de dezembro de 2006 e abril de 2010, em estabelecimentos que utilizam estes produtos rotineiramente como profilaxia de coccidiose. Dentro dos distintos parâmetros avaliados, foram incluídas recontagens de OPG de pooles de cama e matéria fecal de cada galpão, utilizando o método descrito por MAFF (1986) e RSMI de duodeno, jejuno- íleo e cecos de 5 aves por cada 10.000 (Mattiello et al., 1990).
Resultados e Discussão:
Os resultados obtidos aparecem no quadro 1 e nos gráficos 1 e 2.
Quadro 1. Resultados dos coccidiostatos avaliados
Gráfico 1. Resultados de OPG de Cama e Fezes
Gráfico 2. Resultado das Raspagens Seriadas de Mucosas
A quantidade de amostras com um OPG de cama e fezes baixo supera amplamente às recontagens elevadas. Da mesma maneira acontece como os RSM negativos e positivos. Considerando o RSMI como uma técnica validada para o diagnóstico da coccidiose subclínica (Mattiello et al., 1990), a prevalência neste estudo foi de 14,5 %. Estes resultados são consideravelmente menores aos encontrados por Reza Razmi e Ali Kalideri (2000), no Irã, utilizando idêntica metodologia. Haug et al. (2008) realizaram um trabalho em dois períodos anuais diferentes e consideraram um umbral de 50.000 OPG por grama de fezes para considerar uma granja como "em estado de risco de coccidiose clínica". Considerando estes valores, a prevalência de coccidioses subclínicas encontradas foi de 11 % e 15 % para os períodos 2000-2001 e 2003-2004 respectivamente. No entanto, para nosso critério, este umbral é demasiado elevado. Se aplicássemos nosso limiar neste estudo, a prevalência seria de 21 % e 30 % para os períodos mencionados.
Estes resultados indicam que um programa de monitoração de coccidioses subclínicas permanente é capaz de detectar precocemente a incidência desta afecção e permite corrigir os programas anticoccidiais, minimizando as perdas econômicas que esta doença produz.
Conclusões
Os resultados obtidos indicam uma ótima efetividade dos coccidiostatos avaliados. Deve-se recalcar a importância de um acompanhamento contínuo na avaliação da efetividade dos planos anticoccidianos, mediante a detecção de coccidioses subclínicas, para determinar uma correta combinação e rotação a tempo destes planos, com o propósito de garantir o bom uso das drogas e, assim, evitar o aparecimento de resistência parasitária.
Bibliografia
Conway DP, Mathis GF, Johnson J, Schwartz M, Baldwin C. 2001. Efficacy of Diclazuril in comparison with Chemicals and ionophorous anticoccidials against Eimeria spp in Broiler Chickens in floor pens. Poultry Science 80:426-460.
El-Banna HA, El-Bahy MM, El-Zorba HY, El-Hady M. 2005. Anticoccidial efficacy of drinking water soluble Diclazuril on experimental and field coccidiosis in Broiler Chickens. J. Vet. Med. A52:287-291.
González H, De Franceschi M, Barrios H. 2005. Identificación de especies de coccidios en pollos parrilleros de Buenos Aires y Entre Ríos. Revista de Medicina Veterinaria 86(4) 154-160.
Haug A, Gjevre AG, Skjerve E, Kaldhusdal M. 2008. A survey of the economic impact of subclinical Eimeria infections in broiler chickens in Norway. Avian Pathol. 37(3):333-41.
Jordan F & Pattison M. 1998. Enfermedades de las aves. Tercera Edición. Ed. Manual Moderno. México.
Matsuno T. 1996. Investigation for the characteristic anticoccidial activity of diclazuril in battery trials. J.Vet Med Science 58(2):129-133.
MAFF. 1986. Manual of Veterinary Parasitological Laboratory Techniques. London, Her Majesty's Stationery Office.
Mattiello R, Doti F, Boviez J, Muruzeta A, Ruiz J. 1990. Método de diagnóstico de la coccidiosis subclínica por raspajes seriados de mucosa intestinal. pp 595-598. In: Proc. of VIII. European Poultry Conference. Barcelona España.
Reza Razmi G & Ali Kalideri G. 2000. Prevalence of subclinical coccidiosis in broiler-chicken farms in the municipality of Mashhad, Khorasan, Iran. Prev Vet Med. 44(3-4):247-253.