Por:Eng. Agr. Gerardo Grezzi - Consultor em Biosseguridade
Microorganismos patogênicos podem ser introduzidos em uma granja avícola ouincubatório de várias formas. Por isto, os protocolos de limpeza e desinfecção sãocomponentes essenciais de qualquer programa de biosseguridade, buscando conter oueliminar a disseminação de doenças. Os protocolos de limpeza e desinfecção, quandocorretamente adotados, podem ser um meio econômico de reduzir os microorganismospatogênicos e são parte integral de programas de bioseguridade. Geralmente, é maisfácil e mais barato prevenir uma doença do que ter que lidar com um surto. Portanto, odesenvolvimento e aplicação de um protocolo de limpeza e desinfecção para o controlee a prevenção de doenças infecciosas se tornaram essencial para a avicultura moderna,tanto na granja, quanto no incubatório. Os protocolos de limpeza e desinfecçãodependem da necessidade da granja (frangos de corte, matrizes, localização, desafios,etc.) ou do incubatório. Não há um desinfetante único adequado para todas assituações e todos os desafios. A desinfecção sem um protocolo anterior de limpeza nãoé economicamente eficaz. Os protocolos de limpeza e desinfecção usados diariamentesão diferentes dos necessários para controlar um surto de doença infecciosa.
Entretanto, ambos têm componentes em comum: a limpeza e a lavagem completa antesda aplicação de qualquer desinfetante são essenciais. Os objetivos desta revisão são:
1. Definir os termos comumente usados em referência ao processo de limpeza edesinfecção.
2. Dar uma visão geral dos fatores que devem ser considerados ao desenvolverum protocolo efetivo de limpeza e desinfecção, incluindo biofilmes.
3. Fornecer uma visão geral dos produtos químicos usados para a desinfecção,suas vantagens, limitações, alegações de rótulo e manipulação.
4. Descrever as etapas fundamentais de um protocolo efetivo de limpeza edesinfecção, especialmente contra vírus.
5. Discutir a questão da resistência e a necessidade de rotação de produtos.
Depois do desenvolvimento de um protocolo de limpeza e desinfecção éimportante o treinamento dos funcionários quanto aos procedimentos adequados aserem usados e às questões de segurança envolvidas, assim como as etapascolocadas em locais bem visíveis em toda a instalação para servir de lembrete dastécnicas adequadas de desinfecção.
Definição de desinfetantes
Agentes desinfetantes são substâncias usadas para controlar, prevenir oudestruir microorganismos prejudiciais (como bactérias e fungos) e inativar vírus emobjetos inanimados e superfícies. O organismo-teste oficial deve ser eliminado em 10minutos sob as condições definidas pelo teste adequado da AOAC. Os desinfetantespodem ser agentes físicos, como raios-X ou luz ultravioleta, mas geralmente sãoagentes químicos. O termo desinfetante é mais usado para designar substâncias químicas que matam as formas em crescimento, mas não necessariamente as formasresistentes, como esporos, de bactérias e fungos. Há cinco elementos que estes fatoresou substâncias devem atender para que sejam considerados desinfetantes:
- remover infecção;
- matar e, não apenas inibir, microorganismos em estado vegetativo;
- não, necessariamente, matar esporos;
- geralmente, é uma substância química, mas pode ser um agente físico;
- são usados apenas em objetos inanimados.
O processo de desinfecção não equivale à esterilização ou à limpeza.
Desinfecção comparada à esterilização e à sanitização
É importante diferenciar estes termos. Esterilização é o ato ou processo, químicoou físico, que destrói ou elimina todas as formas de vida, especialmentemicroorganismos até que não possam ser detectados em meios de cultura padrão, nosquais foi verificado que antes proliferavam. Esta é uma situação que não encontramosem granjas e incubatórios e não faz parte do objetivo de nenhum protocolo realista paraeste tipo de instalação.
A sanitização é o processo através do qual os contaminantes bacterianos sãoreduzidos a um nível seguro de acordo com padrões de saúde pública. É comumenteusado com substâncias que são aplicadas sobre objetos inanimados em restaurantes,banheiros, plantas de processamento de alimentos e cozinhas. Os sanitizantes devemmatar 99,99% dos organismos-teste em 30 segundos sob as condições definidas noteste apropriado da AOAC.
A diferença entre desinfecção e sanitização foi à base do método do teste dediluição de 10 minutos, para avaliar desinfetantes hospitalares e o método de reduçãoda contagem em 30 segundos, para os agentes sanitizantes usados nos setoresrelacionados à saúde pública. O primeiro é um teste tudo ou nada (100% deeliminação), enquanto que o segundo busca uma eliminação de 99,99%.
Isto é importante quando se considera o nível de contaminação necessário, quedepende da dose infectante do agente. Para alguns microorganismos, uma quantidadeínfima de virions ou UFC (unidade formadora de colônia) que pode causar doença,enquanto que para outros, é suficiente diminuir o seu número para um nível seguro, quedeve ser abaixo do limiar de infecção subclínica (Figura 1).
O processo de limpeza
É importante compreender o significado de limpeza e como isto afeta nossosprotocolos de higiene.
Um ponto importante a ser lembrado é que os desinfetantes e sanitizantes nãofuncionam se a superfície a ser desinfetada não for limpa antes da sua aplicação. Équase impossível desinfetar uma superfície suja. Em outras palavras, a limpeza e adesinfecção são procedimentos totalmente separados. A instalação deve ser limpa eposteriormente, pode ser desinfetada ou sanitizada.
Limpar as instalações se refere à remoção física da matéria orgânica, expondoassim os patógenos ao poder de eliminação do desinfetante. Matéria orgânica, comosolo, resíduos vegetais (como palha ou feno), leite, sangue, pus e esterco inativamalguns desinfetantes ou protegem os microorganismos dos ingredientes ativos dosmesmos. Desinfetantes à base de cloro são especialmente problemáticos nesteaspecto. O ingrediente ativo da água sanitária (cloro) é inativado relativamenterapidamente por resíduos orgânicos, como esterco, em concentrações usadas paradesinfetar superfícies limpas. Por isto é tão importante remover os resíduos orgânicosantes da desinfecção.
O procedimento de limpeza pode envolver duas etapas: limpeza seca seguidade limpeza úmida. O processo de limpeza seca remove o material orgânico antes da limpeza úmida. Com a limpeza seca, sujeira, resíduos, manchas e matéria orgânica quepodem neutralizar o desinfetante, devem ser retiradas. Cama de aviário, ração, fezes,penas, ovos quebrados e qualquer outro material devem ser varridos e retirados dointerior do galpão ou do incubatório. Se necessário, o piso deve ser raspado à mão pararetirar torrões de cama, de ração ou outros resíduos. Os equipamentos removíveisdevem ser levados para fora para permitir a limpeza completa e a posterior desinfecção.
A limpeza úmida envolve o uso de água e sabão ou detergente. Os detergentessão agentes de limpeza que servem para dispersar e remover a matéria orgânica dassuperfícies. Os detergentes molham estes materiais, reduzindo a tensão superficial,aumentando assim a capacidade da água penetrar. Também, têm ação emulsificante,dissolvendo e saponificando gorduras, evitando que estas se acumulem sobre assuperfícies. Não se recomenda lavar usando apenas água. Infelizmente, esta prática éobservada em diversas operações e pode dar uma falsa sensação de segurança.
Os sabões e, especialmente, os detergentes usados em granjas são bonsagentes de limpeza e aumentam a eficácia do processo de limpeza, deixando assuperfícies prontas para o aproveitamento completo do desinfetante que será aplicadoem seguida. Os detergentes usados em granjas penetram e degradam materiais difíceise são levemente germicidas, mas não são adequados como desinfetantes ou comosanitizantes. O detergente usado deve ser compatível com o desinfetante que seráusado no processo. Isto é essencial e deve ser considerado ao selecionar os produtos aserem usados no programa.
Os detergentes são classificados em três categorias: catiônicos, aniônicos enão-iônicos. Os detergentes catiônicos são soluções com carga positiva e, exceto peloscompostos de amônia quaternária, raramente são usados como agentes de limpeza. Osdetergentes aniônicos ou sabões são sais alcalinos de ácidos graxos com carganegativa. Não são ideais para a limpeza porque podem formar excesso de espuma,criando um resíduo que pode permitir o acúmulo de terra e microorganismos. Osdetergentes não-iônicos (sem carga) são excelentes emulsificantes, têm boapenetração e dispersão, são eficazes para diminuir a tensão superficial e produzemmenos espuma. Estes produtos geralmente não formam complexos com íons metálicos,como os encontrados em água dura. A maioria dos detergentes comerciais usados emgranjas é uma combinação de detergentes aniônicos e não-iônicos.
O processo de limpeza úmida envolve quatro etapas básicas: empapar, lavar,enxaguar e secar. Na limpeza úmida, deve ser dado tempo para empapar as superfíciesde forma a soltar os resíduos, para que possam ser facilmente removidos com escovaou jato. Os lavadores de alta pressão são muito úteis para limpar superfícies porosas(como as usualmente encontradas em galpões avícolas) durante a limpeza úmida. Aágua quente ajuda a acelerar o processo e a remover materiais gordurosos. A águaquente, também, é muito eficaz para matar bactérias, especialmente quando é usadoum detergente adequado desenvolvido para granjas. O uso de água quente não éobrigatório e pode não ser prático na maioria das granjas, onde geralmente não estádisponível. No entanto, em incubatórios, é mais provável que esteja disponível e,portanto, pode ser aplicada. Todo o jato de água deve ter pressão de 200psi (libras porpolegada quadrada) para ter boa penetração. Todavia, esta pressão pode provocarfuros em materiais envelhecidos ou que tenham uma camada superficial fina. Deve-setomar cuidado para que o jato não atinja motores elétricos. Pode ser usada fita isolantepara cobrir as aberturas da carcaça do motor. Deve ser usada uma aplicaçãosistemática do jato de água, como começar pelo teto, passando pelas paredes efinalmente o piso. Um enxágüe completo com água limpa remove o detergente equalquer resíduo orgânico que tenha permanecido e que possa interferir com a eficácia do desinfetante a ser usado. O enxágüe também diminui a possibilidade de prejudicaros animais por absorção acidental de qualquer detergente ou sabão residual.
A etapa final da limpeza é secar rápida e completamente as áreas molhadas. Sea instalação não for seca adequadamente, o excesso de umidade causa multiplicaçãode bactérias para níveis ainda maiores que antes da limpeza. Portanto, a limpezainadequada pode ser mais prejudicial do que benéfica. Assim que a instalação estiveradequadamente limpa, pode ser iniciado o procedimento de desinfecção.
A rotação de detergentes, usando produtos alcalinos ou ácidos, é recomendadapara remover material acumulado e facilitar a remoção de depósitos minerais ebiofilmes das superfícies. Também é importante fazer a rotação do pH dos detergentes,porque alguns tipos de sujeira, como gorduras, óleos e proteínas, necessitam dedetergente alcalino para sua remoção, enquanto que depósitos minerais, incrustações elimo são removidos mais facilmente usando um detergente ácido.
Desenvolver um protocolo adequado de limpeza é uma coisa séria. Para isso asempresa, geralmente, solicitam uma auditoria com especialistas em biosseguridade ediscutem quais são as necessidades e metas para implementar o melhor programa. Osprotocolos de limpeza e desinfecção devem ser personalizados de acordo com cadasituação que, na maioria dos casos, é diferente da dos seus vizinhos.
O processo de desinfecção
Como mencionado acima, os desinfetantes são agentes químicos que eliminampatógenos por contato. Toda a matéria orgânica e a sujeira devem ser removidas paragarantir que a substância química entre em contato completo com os patógenos.Os desinfetantes químicos podem ter diversos efeitos contra microorganismos.Portanto, é importante ter conhecimentos básicos sobre os diferentes agentes químicospara fazer a escolha certa. Os desinfetantes e sanitizantes geralmente reagem comproteínas, especificamente com enzimas essenciais dos microorganismos. As açõesincluem oxidação, hidrólise, desnaturação ou substituição. Quando implica em matar osmicroorganismos, usa-se o sufixo – cida (como biocida, bactericida, viricida, esporicida),enquanto que o sufixo – stático (como bacteriostático, virostático, esporostático) indicaque o crescimento do microorganismo é apenas inibido ou evitado. Isto está relacionadocom o conceito CIM (concentração inibitória mínima). CIM ou MIC é o nível necessáriopara inibir o crescimento, enquanto que concentração biocida é aquela que mata osmicroorganismos.
A principal meta do protocolo de limpeza e desinfecção é retirar a fonte decontaminação e doença pela minimização da oportunidade de multiplicação dospatógenos (Figura 2).
Lembre-se que os sanitizantes não destroem ou eliminam todas as bactérias oumicroorganismos, mas reduzem a contaminação bacteriana, em superfícies inanimadas,a níveis considerados seguros do ponto de vista da saúde pública. Isto é importantepara garantir que você atinja as metas do seu programa de higiene.
Há alguns princípios básicos a serem considerados para a desinfecção. Umponto importante é lembrar que a água dura pode neutralizar a atividade de algunsdesinfetantes. Além disso, algumas soluções desinfetantes permanecem ativas apenaspor alguns dias depois da preparação ou mistura. Utilizar soluções de desinfetantespreparadas há alguns dias ou visivelmente contaminadas com matéria orgânica, comofezes, significa usar um produto que não é mais eficaz (como exemplo, pode-se citar ospedilúvios com desenho errado e manutenção deficiente ou mesmo sem manutenção).
Ainda pior, pode gerar uma falsa sensação de segurança quanto ao processo dedesinfecção.
Concentração e tempos de contato suficientes podem superar alguns destesproblemas com certas classes de desinfetantes, mas geralmente, aumentar aconcentração ou tempo de contato torna o uso do produto pouco prático, caro, cáusticoou perigoso para os usuários e animais. Os desinfetantes também variamconsideravelmente em sua atividade contra diversas bactérias, fungos, vírus eprotozoários que causam preocupação na avicultura.
Depois de desenvolvido e implementado o plano de desinfecção, todos osfuncionários, inclusive os técnicos que visitam periodicamente a propriedade, devemser informados quanto à implementação correta do protocolo de desinfecção,enfatizando a importância da limpeza completa, do uso do banho ao entrar e ao sair, do uso de roupas limpas, de pedilúvios e de lavar as mãos freqüentemente com sabãoantibacteriano ou álcool-gel. Explicar as metas e os métodos com clareza, colocandocartazes para lembrar os funcionários dos protocolos. A utilização de cartazes, deacordo com as diretrizes HACCP e BPM, indicando os pontos de controle é muito útilpara lembrar os funcionários de o que precisa ser feito, como e porquê de cada pontocrítico ou de controle para minimizar a contaminação.
Para que o processo de desinfecção seja econômico, é importante lembrar oseguinte:
• Limpeza - os desinfetantes raramente funcionam (há variações,dependendo da substância química) se houver muita matéria orgânica presente.Desinfecção não é sinônimo de limpeza e por isso é extremamente importantelimpar primeiro desinfetar depois. Desinfetantes à base de iodo e de cloro são muitosensíveis à sujeira orgânica (Pryor & Brown, 1975). Jono et al. (1986) investigaramo efeito da albumina sérica bovina (ASB) sobre a atividade bactericida de compostosde amônia quaternária (CAQ) e demonstraram que a 2% de ASB, até 80% da dosede CAQ ligava-se à ASB. Na presença de soro humano ou de extrato de levedura,era necessário de 10 a 100 vezes mais CAQ para atingir um nível específico dedesinfecção.
• Concentração - para obter uma desinfecção eficiente, é necessárioutilizar uma concentração que seja suficientemente alta. Isto é um dos pontos maisimportante a ter me mente. Produtos que comprovam sua eficácia biocida emcondições laboratoriais (geralmente usando concentrações baixas, como 1:1000 –1:2000) simplesmente não funcionam bem quando aplicado em condições decampo, onde os desafios (pressão de doença, dureza da água, matéria orgânica,alterações de pH, temperatura, etc.) são muito piores. A concentração e o tempopara fazer efeitos estão ligados, o mesmo produto usado em concentrações maisbaixas precisa de mais tempo para ser eficaz e realizar seu objetivo. Isto éespecialmente importante em pedilúvios, rodolúvios e arco de desinfecção, cujotempo de contato com a superfície a ser tratada é mínimo.
• Tempo - os desinfetantes não agem instantaneamente. E necessáriocerto tempo para que funcionem. Antes de afetar o microorganismo, o desinfetanteprecisa penetrar a parede celular e isto leva tempo. Como mencionado acima, otempo também está ligado à concentração.
• Temperatura - a dependência que a atividade antimicrobiana de umagente químico tem da temperatura é uma soma complexa do efeito da mudança datemperatura sobre a taxa de crescimento, a taxa de morte por calor e a taxa dedesinfecção química e, portanto, difícil de analisar. A velocidade dos processosligados à desinfecção aumenta com a temperatura. Geralmente, a velocidade dobracom um aumento da temperatura de 5 para 15ºC. produtos diferentes são mais oumenos afetados pelas mudanças da temperatura (produtos à base de aldeídos, porexemplo, são muito afetados e alguns produtos funcionam melhor que outros emcondições frias). Isto é especialmente importante nos meses de inverno cujatemperatura média é de menos 20ºC.
• pH - a maioria dos desinfetantes depende do pH adequado para ser omais eficiente possível ou mesmo funcionarem. Acidez ou alcalinidade extremapode limitar o crescimento de microorganismos, sendo pH de 4,5 a 9,0 o intervalo delimitação de muitos deles. A atividade dos agentes antimicrobianos que ocorremcontra diferentes espécies, dentro de um intervalo de pH compatível comcrescimento microbiano, pode ser influenciada por pequenas alterações do pH domeio. A eficácia do glutaraldeído depende do pH e funciona melhor em pH acima de 7,0. Por outro lado, os CAQ são mais eficazes em pH entre 9,0 e 10,0. O pH podeafetar a atividade dos compostos fenólicos, hipoclorito e iodo. • Dureza da Água - em geral, parece que a interferência é resultado dediversos fatores inter-relacionados de forma complexa. Acredita-se que durezacausada por certos íons, como cálcio, magnésio e bicarbonato, seja mais importanteque a dureza total. A eficácia de compostos de amônio quaternários mais antigos éparticularmente afetada pela dureza da água. A água dura reduz a eficácia dedesinfetantes e este efeito está incluído nos testes oficiais da AOAC paradetergentes e santizantes e, também, nos testes de eficácia de desinfetantes daUnião Européia (Davis, 1990; Holah, 1995). Os desinfetantes contêm agentesquelantes, como EDTA para ajudar a ligar estes íons.
• Umidade - a umidade relativa pode influenciar a atividade de algunsdesinfetantes. Por exemplo, a fumigação com formaldeído demanda uma umidadedo ar maior que 70% para ser eficaz.
Desinfecção e controle de vírus
Os vírus certamente são o maior desafio da avicultura e por isso é importantemencionar alguns pontos quanto à sua transmissão e seu controle. A única forma deevitar a infecção viral é evitar a exposição. A suscetibilidade dos vírus aos desinfetantesdepende do tipo de vírus. Vírus lipofílicos (com envelope), como orto e paramixovírus,demonstram maior sensibilidade aos biocidas comuns, enquanto que os hidrofílicos(sem envelope) mostram maior resistência, especialmente os vírus menores, comoparvovírus, retrovírus e reovírus. Exemplos de sensibilidade moderada são os poxivíruse os adenovírus. Se um desinfetante passar num teste reconhecido, como o testeviricida EPA, contra os vírus menos sensíveis (mais difíceis de serem inativados), nãohá dúvida que é, de fato, um desinfetante de amplo espectro.
Ainda assim, pode ser difícil predizer a atividade de uma fórmula (emcomparação a um ativo puro), porque diferentes proporções de excipientes,sequestrantes, solventes e detergentes produzem um efeito inespecífico e sinérgico. Épor isso que as fórmulas modernas, com ação comprovada, devem ser usadas, em vezde simples substâncias químicas, contendo apenas um ativo e água.
Os vírus são inativados através da ruptura da sua estrutura de superfície. Aatividade antibacteriana, por outro lado, freqüentemente, está associada a eventosintracelulares. A ruptura das superfícies dos vírus perturba a configuração básica de“chave-fechadura” dos sítios de adesão no vírion e receptor na superfície da célulahospedeira. Quando associado a desinfetantes, o termo inativação viral significa que aspartículas virais não são mais capazes de aderir e ser absorvidas pela célulahospedeira. Entretanto, enquanto o ácido nucléico do vírion permanecer intacto e, seextraordinariamente o ácido nucléico nu entrar na célula, a replicação é teoricamentepossível. Esta possibilidade foi demonstrada com o RNA de um poliovírus extraído comfenol (Bitton, 1980). Existem, no mercado,os desinfetantes que destroem os ácidosnucléicos e estes produtos devem ser escolhidos, quando disponíveis.
As boas práticas de manejo são fundamentais para o controle de infecções edoenças virais. Os fatores de estresse têm papel importante na predisposição dosanimais a infecções e disseminação de doenças. Há três vias de transmissão dedoenças infecciosas, inclusive vírus: horizontal, vertical e em zigue-zague. Osdesinfetantes estão envolvidos com esta última. Esta via comum de transmissão podeser animada (animal para inseto para animal) ou inanimada (animal para fômite paraanimal). Esta pode ser prevenida com o uso de desinfetantes. Os vírus são particularmente perigosos, porque são altamente infecciosos por via respiratória eporque são especialmente resistentes a terapias com medicamentos (Block, 1991).
Desinfecção e controle de coccídios
Usar um desinfetante de amplo espectro pode ajudar a controlar a coccidioseem locais onde os coccídios permanecem apesar dos métodos comuns de prevenção.Praticamente todos os frangos de corte são desafiados por estes parasitas durante asua curta vida. Em geral, a doença é controlada com o uso de um coccidiostático naração, embora saiba-se que a inclusão de um medicamento tenha efeitos deletériossobre o crescimento e a produção devido ao efeito depressor de crescimento doscoccidiostáticos.
Em alguns casos, o desafio é grande o suficiente para superar a proteção dococcidiostático e causar coccidiose clínica e graves efeitos sobre o desempenho.
Poucos desinfetantes têm ação comprovada contra oocistos de coccídeos, que podemser mortos por gases tóxicos, como amônia e brometo de metila. Há um produto quelibera gás de amônia de baixo peso molecular com eficácia comprovada, mas esteproduto que não é capaz de eliminar totalmente o desafio de oocistos. A literatura relataação parcial de alguns compostos fenólicos contra oocistos, mas os dados científicossão inconsistentes e raros. As boas práticas de manejo, especialmente de manejo dacama, são essenciais para o controle da doença.
Rótulos de desinfetantes e alegações dos rótulos
Os rótulos dos produtos contêm informações importantes sobre o usoadequados e os perigos de uma substância química. Muitas vezes estas informaçõessão ignoradas, mas nos Estados Unidos e, em outras partes do mundo, é ilegal usar umproduto de forma diferente da indicada em seu rótulo. Portanto, deve-se dar muitaatenção ao uso adequado de um produto em relação à sua aplicação, eficácia e riscos.Estas informações apoiarão as decisões e esforços para o controle de infecções. Osdesinfetantes podem ter diferentes indicações de uso, como agente de limpeza,desodorizante, sanitizante, desinfetante, fungicida, viricida ou para uso hospitalar,institucional ou industrial.
Outras informações importantes sobre o rótulo do produto que precisam serconsideradas são:
- Eficácia do produto sob determinadas condições. Nos EUA, o teste doproduto para a EPA requer testes sob condições de água com até 400ppm dedureza (CaCo3) na presença de contaminação de 5% de soro para similar a eficáciados produtos em condições de campo. Se o produto for testado em outrascondições, estas devem ser listadas no rótulo.
- Ingredientes ativos. Os ingredientes ativos do produto são listados empercentagens e são as substâncias químicas responsáveis pelo controle dosmicroorganismos.
- Ingredientes inertes. Os ingredientes inertes geralmente estão agrupadose incluem ingredientes como detergentes, surfactantes, EDTA, citrato de sódio,isopropanol, corantes, perfumes e água. Os ingredientes inertes têm um papelimportante na eficácia geral de um produto, tornando-o mais eficaz que um produtosimilar que contém apenas um ingrediente ativo e água.
- A declaração de precaução descreve os potenciais riscos do produto(para pessoas e animais) e ações para diminuir estes riscos (como, usar luvas ouóculos de proteção). São usadas palavras indicativas do grau de risco. Os descritores usados são cuidados, aviso importante, perigo e perigo-veneno, sendoque cuidado é utilizado para o de menor risco e perigo-veneno, para o de maiorrisco.
- A seção de primeiros socorros lista a ações a serem tomadas no caso deingestão, inalação ou contato acidentais com o produto. Podem estar incluídasnotas com informações médicas específicas.
- Declarações adicionais de precaução contidas no rótulo inclueminformações adicionais de segurança e precaução, como perigos ambientais, físicose químicos (como corrosão e incêndio) e informações de armazenamento edescarte.
- A seção instruções de uso indica o que o produto controla, assim comoonde, como e quando usá-lo. Alguns produtos têm múltiplos usos (limpeza versusdesinfecção), requerem diluições ou tempo de contato diferentes para estas açõesespecíficas (sufixo cida versus sufixo stático) e também o melhor método deaplicação (spray direto ou passar na superfície).
Considerações e avaliação de um plano de ação de limpeza e desinfecção
Antes de selecionar os agentes de limpeza e desinfetantes a serem usados emum protocolo de higiene, diversos fatores devem ser levados em conta. Algunsdesinfetantes são eficazes para protocolos de desinfecção de rotina na granja e noincubatório, mas são necessários outros para situações de surto (controle deemergência de doenças). Em um protocolo eficaz de desinfecção, deve ser consideradoo microorganismo a ser atingidas, as características de um desinfetante específico equestões ambientais. Além disso, a saúde e a segurança dos funcionários e dosanimais sempre é uma consideração especial.
Em granjas e incubatórios, recomenda-se usar um detergente específico paragranjas, especialmente desenvolvido para funcionar nestas condições e remover osdesafios de sujeira normalmente encontrados em instalações que alojam animais. Odetergente selecionado deve ser compatível com o desinfetante que será aplicadodepois.
A seleção do equipamento de aplicação é um fator-chave para obter o máximodos produtos selecionados. As aplicações com espuma requerem uma máquina defazer espuma. Este tipo de aplicação, mais usado em incubatórios e abatedouros,permite mais tempo de contato com superfícies e sujeira e ajudam a visualizar as áreastratadas. Em galpões avícolas, o equipamento ideal para aplicação de detergentes é ojato de água de alta pressão.
A seguir algumas dicas para uso de alta pressão:
• Adaptar a mangueira de água no equipamento. Verificar os níveis decombustível e óleo (se o motor for à gasolina). Ligar a máquina.
• Lavar o galpão e os equipamentos com água misturada com detergente.Usar pressão baixa para que a água e o detergente não espirrem.
• Lavar a uma distância de 65 a 100 cm da superfície que está sendolavada. Começando do ponto mais baixo das máquinas para o mais alto. Evitandoque a água escorra.
• Aplicar detergente suficiente para dissolver a sujeira da superfície quevocê está lavando.
• Espere 5-10 minutos para que o detergente comece a dissolver osresíduos.
• Utilizar alta pressão para começar a retirar a sujeira da superfície.
• Enxágüe – usar água limpa em abundância para retirar a sujeira.Começando no ponto mais alto. Isto evita que a sujeira escorra sobre as áreas jálimpas e enxaguadas. Os melhores resultados são obtidos com o ângulo de spraymais aberto (25 ou 40 graus).
• Deixar que as superfícies secassem antes de aplicar o desinfetante.
Há várias formas de aplicar desinfetantes. As superfícies de objetos e paredesde um prédio podem ser tratadas com uma solução de desinfetante com pano, pincel ouspray. Os ovos podem ser desinfetados por imersão, fumigação ou spray. Bandejas ecaixas podem ser desinfetadas com equipamentos automáticos. Os desinfetantespodem ser aplicados em spray com o mesmo lavador de alta pressão (previamenteenxaguado) usando baixa pressão. O essencial é molhar todas as superfíciesadequadamente. Para aplicações aéreas, podem-se usar atomizadores elétricos ounebulizadores térmicos. Estes aplicam o desinfetante em gotículas que permanecemflutuando no ar por períodos mais longos e são capazes de cobrir grandes áreas deforma mais rápida e econômica que os sprays manuais. Finalmente, em galpõesavícolas, o sistema de nebulizadores também pode ser usado para este propósito.
Recomenda-se usar bicos de plástico ou de aço inoxidável para evitar a corrosãocausada por alguns produtos.
Através de limpeza e da desinfecção, o uso de macacões limpos e pedilúvios éessencial para evitar a disseminação de vírus por fômites. Estes aspectos do manejodevem ser realizados sempre, e especialmente durante surtos de doença.
A boa higiene depende de seis etapas diferentes:
1. Retirada de equipamentos portáteis.
2. Limpeza com detergentes específicos para uso em granjas.
3. Desinfecção final e nebulização.
4. Secagem antes da entrada do novo lote.
5. Monitoramento regular (auditorias).
6. Lidar com outras ameaças invasivas (roedores e insetos) através de umprograma de manejo integrado de pragas.
Avaliação do protocolo de limpeza e desinfecção
A primeira etapa de um protocolo eficaz de desinfecção envolve uma avaliaçãocompleta do problema através de uma auditoria de biosseguridade da granja ouincubatório. Isto inclui identificar e avaliar o agente infeccioso suspeito, seu meio detransmissão, áreas potencialmente afetadas e a seleção do desinfetante químicocorreto. Como os animais doentes têm contato com uma ampla gama de elementos(como galpões, equipamentos, comedouros, bebedouros, pessoas), todos os elementosdo ambientes devem ser considerados e avaliados em termos de contaminação.Embora a inspeção visual da limpeza seja importante, devem ser coletadas amostrasbacteriológicas para determinar a eficácia do protocolo de limpeza e desinfecção.
Falhas no programa de desinfecção podem estar relacionadas à seleção de umdesinfetante ineficaz, uso descuidado de um desinfetante eficaz ou fatores ambientais,como temperatura, umidade relativa e pH. O momento da coleta de amostras éimportante. O melhor momento de coletar amostras é dois a três dias depois dadesinfecção. Caso isto não seja possível, amostras as superfícies pelo menos 30minutos depois da desinfecção. As amostras para análises microbiológicas não devemser coletadas de uma superfície úmida (o desinfetante ainda pode estar agindo e osseus resíduos podem inibir o crescimento de microorganismos nos meios de cultura).
Portanto, deve-se deixar que área amostrada seque antes de coletar amostras.
Amostras de superfícies pequenas e lisas podem ser coletadas esfregando um meioumedecido e com capacidade de absorção (suabe estéril) sobre superfícies nãoporosas.
Para áreas maiores, podem ser usadas tiras de gaze estéril. Além disso, todasas etapas do plano de ação de limpeza e desinfecção (avaliação, limpeza, lavagem esanitização, desinfecção) devem ser avaliadas em relação aos problemas encontradose à utilidade ou eficácia das técnicas de limpeza e desinfecção. Auditorias periódicas dagranja conduzidas por especialistas em biosseguridade são muito úteis para detectar ecorrigir estes problemas.
O fator biofilme
Os biofilmes são comunidades de microorganismos (principalmente bactérias)que estão dentro de uma matriz de polissacarídeos (EPS) produzidos pelas bactérias eque aderem a uma superfície viva ou a uma superfície inerte. Na natureza, os biofilmessão uma forma de crescimento protegido que permite que as bactérias sobrevivam emambientes hostis. As estruturas que formam estas micro-colônias contêm canais,através dos quais os nutrientes circulam e, em diferentes zonas do biofilme, asbactérias expressam genes diferentes, como se fossem parte de uma estruturaorganizada.
A idéia geral é que as bactérias individuais são expostas a agentes encontradosno ambiente (incluindo, por exemplo, a possibilidade de se tornarem alvo de umdesinfetante), enquanto que, dentro do biofilme, estas células são protegidas(Costerton, 1999).
A formação de biofilme consiste da adesão inicial, formação de micro-colônia eprodução de EPS, seguida de maturação (Davey & O’Toole, 2000). A transiçãobacteriana de estado planctônico para séssil é desencadeada por sinais ambientais.
Geralmente, os ecossistemas naturais têm poucos nutrientes e a formação de biofilme éuma adaptação importante para a sobrevivência nestas condições (Mittelman, 1998).
Estudos de espécies bacterianas em sistemas naturais mostraram que a agregaçãopode envolver o recrutamento de células planctônicas do meio circundante comoresultado de comunicação célula-a-célula (quorum sensing) (McLean et al., 1997; Pesciet al., 1999).
Os biofilmes podem se formar em áreas úmidas mesmo com nutrientesmínimos, mas a presença de nutrientes e umidade estimula o crescimento. Se forpermitido que se formem biofilmes, a limpeza da superfície se torna mais difícil por casada presença do EPS de adesão.
Um detergente específico para granjas não apenas solta o depósito gordurosoda matéria fecal em torrões, permitindo a remoção de bactérias para que o desinfetantepossa atuar, como também danifica o biofilme que permanece. Um detergente facilita aação dos desinfetantes. Foram realizados diversos experimentos por cientistas quedeterminaram que fosse necessário um bom tempo de contato para que o detergentecomece a remover o biofilme. Também concluíram que a aplicação de um desinfetanteé essencial para inativar os microorganismos que permanecem na superfície depois dalimpeza (Dunsmore et al., 1981).
Agentes oxidantes, como ácido peracético, peróxido de hidrogênio e compostosperoxigênicos, constituem a melhor opção de desinfetantes para lidar com biofilmes.
Os biofilmes fornecem um nicho ideal para a troca de DNA extra-cromossômico(plasmídeos). Como os plasmídeos podem codificar para resistência a diversos agentesantimicrobianos, o biofilme também fornece um mecanismo para a seleção e adisseminação bacteriana a agentes antimicrobianos.
Em geral, os produtos desinfetantes e sanitizantes precisam ser maisconcentrados para ter esta atividade biocida na presença de biofilmes. Isto deve serlevado em conta na elaboração de protocolos de desinfecção.
Considerações econômicas
As considerações econômicas são importantes (mas não as mais importantes)ao escolher um desinfetante. Os fatores mais importantes a considerar são:
• eficácia comprovada contra organismos de difícil eliminação
• segurança para o operador, animais e equipamentos e impactoambiental.
• o custo deve vir depois que todos estes requisitos foram satisfeitos.Os desinfetantes variam em custo, tempo de contato e diluição e, portanto, ocusto deve ser sempre calculador em termos de litro de uso ou diluição e não pelo custodo concentrado. É extremamente importante que o fator de diluição considerado sejacomprovadamente eficaz em condições de campo e não apenas a concentração quepassou por condições ideais de laboratório.
Os protocolos de desinfecção são meios econômicos de reduzir os organismospatogênicos. Por exemplo, um produto que custa R$10,00 por litro de concentradocustará R$0,40 por litro diluído (4cc de concentrado por litro de água). Considerandoque um litro de desinfetante obre aproximadamente três a quatro metros quadrados, ocusto de desinfetar 1000m2 seria de R$10,00. É importante saber que osmicroorganismos têm diferentes suscetibilidades a desinfetantes (Figura 3). É provávelque um desinfetante não seja o mesmo para galpões, equipamentos, incubatórios,veículos, sistema de água, etc. É essencial levar em conta as características dodesinfetante para selecionar o produto mais útil, eficaz e econômico para cada situação.
Consideraçõe de segurrança
A mayoría dos desinfectantes causa irritação nos olhos, pele ou trato respiratorio e, por tanto, a seguranca de todos os funcionários deve ser levada em conta. É esencial realizar treinamento dos procedimentos carretos de armazanamento, mistura e aplicação. Equipamento de proteção individual (EPI), como luvas, máscaras e óculos de proteção, devem ser usados durante a mistura e aplicação de desinfetantes. Todos os desinfetantes químicos possuem uma folha de dados de segurançã do material (FDSM) listando a estabilidade, os riscos e a proteção individual necesaria, assim como informações de primeiros socorros. Estas informações devem estar sempre disponiveis aos funcionários.
Principias grupos de desinfetantes químicos
Os desinfetantes são classificados por sua estrutura química e cada classe temcaracterísticas, riscos, toxicidade e eficácia únicas. Como mencionado acima,condições ambientais, como presença de matéria orgânica, pH e dureza da águapodem influenciar a ação de um desinfetante. Portanto, antes de usar qualquerdesinfetante químico, deve-se ler e seguir as instruções do rótulo.
As principais classes de desinfetantes e suas características são:
• ÁLCALIS E ÁCIDOS - as propriedades desinfetantes de ácidos e álcalisminerais fortes são proporcionais à extensão de sua dissociação na solução. Algunshidróxidos são mais eficazes do que os valores preditos. Em geral, os ácidos sãomelhores desinfetantes que os álcalis. O mecanismo de ação é atribuído aoaumento de espécies de H+ e OH- nas soluções, interferindo com certas funçõesmicrobianas. Todavia, o efeito total não depende apenas do pH. Os ácidosorgânicos fracos são mais potentes que os inorgânicos, apesar das baixas taxas dedissociação em solução. Sua ação é atribuída à ruptura das estruturas secundária eterciária das enzimas e proteínas estruturais. Exemplos deste grupo são o ácidoacético, o ácido cítrico e o hidróxido de sódio (soda cáustica). O carbonato de sódio(cal) tem sido usado em solução a quente para desinfetar galpões avícolas. É maiseficaz como agente de limpeza do que como desinfetante, uma vez que não éeficiente contra algumas bactérias e contra a maioria dos vírus. Geralmente serecomenda uma solução a 4%. No entanto, tem baixa atividade na presença dematéria orgânica e pode ser desativado por água dura. O uso de formulaçõesmodernas de desinfetantes é uma opção mais segura, inteligente e barata.
• ÁLCOOIS - são agentes antimicrobianos de amplo espectro quedanificam os microorganismos por desnaturação de proteínas, causando dano àmembrana celular e lise celular. Os álcoois são usados para a desinfecção desuperfícies, como anti-séptico tópico e loções sanitizantes para as mãos. Os álcooissão considerados de ação rápida e são capazes de matar a maioria das bactériasem cinco minutos de exposição, mas têm atividade viricida limitada e são ineficazescontra esporos. O etanol é considerado viricida, já o isopropanol não age contravírus não-envelopados. Uma consideração importante em relação aos álcoois é aconcentração usada, sendo 70 a 90% a ideal. Não são desinfetantes adequados para operações avícolas e seu uso é mais comum em hospitais e clínicasveterinárias como desinfetantes tópicos. • ALDEÍDOS - os aldeídos têm amplo espectro germicida. Osglutaraldeídos são bactericidas, viricidas, fungicidas e, em altas concentrações (2%)e longo tempo de contato, esporicidas. Têm atividade residual moderada e sãoeficazes na presença de matéria orgânica. Os produtos à base de glutaraldeídodevem ser usados a um mínimo de 1000ppm de ingrediente ativo em superfícieslimpas. Se as superfícies não estiverem limpas, são necessárias concentraçõesmais altas do ativo. O glutaraldeído é mais ativo em pH alcalino que ácido. Quantomais o pH externo passar de ácido a alcalino, mais sítios reativos se formarão nasuperfície da célula, levando a um efeito bactericida mais rápido. Por outro lado, aestabilidade do glutaraldeído é maior em pH mais baixo. Vários desinfetantes à basede glutaraldeído são formulados com compostos de amônia quaternária paramelhorar sua capacidade detergente. O mecanismo de ação do glutaraldeídoenvolve uma forte associação com as camadas externas das células bacterianas,especificamente as aminas não-protonadas da superfície celular, que possivelmentesão os sítios reativos. Os formaldeídos, incluindo o formol, são desinfetantes muitopotentes, mas podem ser muito tóxicos para humanos e animais. O formol é umasolução aquosa contendo 34 a 38% de CH2O com metanol para retardar apolimerização. O formaldeído é bactericida, esporicida e viricida, mas funciona maisdevagar que o glutaraldeído. É difícil determinar com precisão o mecanismoresponsável pela inativação microbiana induzida pelo formaldeído. As suaspropriedades interativas e de formação de ligações cruzadas certamente têm umpapel importante nesta atividade. Os produtos de formaldeído devem ser usadosapenas como último recurso e sob a supervisão treinada em um local bem ventilado.
Seno que, para se um desinfetante realmente eficaz, a concentração certa, que éentre 3 e 5% deve ser usada e não 1% ou menos, como se observa às vezes acampo. O paraformaldeído é um polímero sólido de formaldeído. O paraformaldeídogera gás de formaldeído quando é despolimerizado por aquecimento a 232 a 246°C.
O material despolimerizado reage com a umidade do ar para formar gás deformaldeído. Este processo é usado para a descontaminação de capelas desegurança biológica de fluxo laminar grandes, quando o trabalho de manutenção oua troca de filtros demanda acesso à parte vedada da capela. O uso de equipamentos de proteção individual adequados é essencial para a manipulação deformol e produtos afins.
• FENÓIS - fenólicos são derivados do fenol (ácido carbólico). Estesbiocidas atuam através de dano na membrana. Os fenóis são ativos contra bactérias(especialmente Gram +) e vírus envelopados. Dependendo da formulação (nemtodos os produtos são iguais), alguns fenóis podem não ser eficazes contra vírusnão-envelopados e esporos. A substituição do halogênio intensifica a potênciabiocida dos derivados dos fenóis. A introdução de grupos aromáticos no núcleo dosfenóis halogenados aumenta a sua potencia bactericida. Os desinfetantes fenólicos(especialmente os fenóis naturais) funcionam melhor que outros desinfetantes sobdesafio de matéria orgânica e, portanto, são mais úteis em pedilúvios, rodolúvios,cama, pisos de terra batida e outras áreas cuja matéria orgânica não pode sercompletamente removida ou cuja limpeza é deficiente. Têm boa atividade residual.
Sabe-se há muito que, embora sejam freqüentemente designados como “venenosprotoplasmáticos gerais”, os fenóis atuam sobre a membrana, o que contribui parasua atividade geral (Denyer, 1995). Os fenóis possuem propriedades antifúngicas eantivirais. Sua ação antifúngica envolve dano à membrana plasmática, resultandoem vazamentos do conteúdo intracelular (Russell, 1996). Os fenóis podem serderivados do alcatrão (ácidos de alcatrão de alto ponto de ebulição) ou formulaçõessintéticas e geralmente tem aparência leitosa ao serem adicionados à água e umodor forte, típico de fenol ou pinho. Os desinfetantes fenólicos geralmente sãoseguros para humanos, mas a exposição prolongada da pele pode causar irritação.
Concentrações acima de 2% são muito tóxicas para todos os animais,especialmente gatos.
• COMPOSTOS PEROXIGÊNICOS - agentes oxidantes são compostos deamplo espectro, à base de peróxido, que funcionam desnaturando as proteínas e oslipídios dos microorganismos. Sua capacidade microcida varia, mas sãoconsiderados eficazes quando usados em superfícies rígidas e equipamentos. Naforma diluída, estes agentes são seguros, mas pode ser irritantes e danificar asroupas, quando concentrados. Alguns compostos peroxigênicos modernos têmatividade ampla, contra vírus, bactérias, fungos e esporos. Este tipo de produtoincorpora um detergente na fórmula para ajudar a reduzir a tensão superficial, permitindo um maior contato com o microorganismo. Em geral, os compostosperoxigênicos não prejudicam o meio ambiente e não são mutagênicos. Peróxido dehidrogênio, ácido peracético e monopersulfato de potássio são as melhores opçõesdisponíveis. Produtos à base de ácido peracético e monopersulfato de potássio sãobastante usados na avicultura em todo o mundo. Têm amplo espectro de ação e nãoprejudicam o ambiente. A química oxidativa é atraente como base da desinfecçãoporque agem rápido, não apresentam evidências de resistência microbiana, têmamplo espectro de atividade, são eficazes na remoção de biofilmes e nãoprejudicam o ambiente.
• COMPOSTOS DE AMÔNIA QUATERNÁRIA (CAQ) - os CAQ sãoproduto de uma reação de substituição nucleofílica de alquil halidas por aminasterciárias. Embora o mecanismo de ação dos compostos de amônio quaternárioainda não tenha sido descrito em detalhes, há explicações para o mecanismo deação de desinfetantes catiônicos em geral. Uma das principais considerações aoexaminar o mecanismo de ação é a caracterização de compostos de amôniaquaternária como surfactantes catiônicos. Esta classe de substâncias químicasreduz a tensão superficial nas interfaces e é atraída por superfícies com carganegativa, incluindo microorganismos. Os compostos de amônia quaternáriadesnaturam as proteínas das células de bactérias e fungos, afetam as reaçõesmetabólicas e permitem que substâncias vitais vazem para fora das células,causando sua morte. Em 1935, Dogmack elucidou a atividade antibacteriana dossais de amônio quaternário de cadeia longa. Depois de várias gerações, foramdesenvolvidos compostos de amônia quaternária de importância comercial. O valordos ingredientes ativos pode aumentar através da formulação e de misturassinérgicas.
A classificação das gerações de compostos de amônia quaternária pode causarconfusão. As definições atuais das diferentes gerações de compostos de amônioquaternário são as seguintes (Block, S 1991) (Buck, K):
1) Primeira geração: cloretos de benzalcônio (exemplo: cloreto de benzalcônio).Estes têm a menor atividade biocida relativa e são geralmente usados comoconservantes.
2) Segunda geração: cloretos de benzalcônio substituídos (exemplo: cloretode alkil-dimetil-benzil amônio). A substituição do anel aromático de hidrogênio por cloro e grupos metila e etila resultaram nestes compostos de amônio quaternário desegunda geração, com alta atividade biocida.
3) Terceira geração: compostos de amônia quaternária duais (exemplo:contém uma mistura em partes iguais de cloreto de alquil-dimetil-benzil amônio +cloreto de alquil-dimetil-etilbenzil amônio). Estas misturas de dois compostos deamônio quaternário específicos resultaram em um produto duplo, que oferece maioratividade biocida, maior capacidade de detergente e maior segurança para o usuário(toxicidade relativamente baixa). 4) Quarta geração: compostos de amônia quaternários duplos ou de cadeia dupla –di-alquil aminas (exemplo: cloreto de didecil-dimetil amônio e cloreto de dioctildimetilamônio). Os compostos de quarta geração têm maior poder germicida,formam menos esputam e têm maior tolerância para proteína e água dura. 5) Quinta geração: as misturas de compostos de amônio quaternário de segundageração (exemplo: cloreto de didecil-dimetil amônio + cloreto de alquil-dimetil-benzilamônio). Estes compostos têm excelente desempenho germicida, são ativos sobcondições mais hostis e são mais seguros de usar.
Estas informações têm caráter geral. Nem sempre um desinfetante CAQ émelhor que um de quinta geração. Os componentes não-germicidas de umdesinfetante (ingredientes inertes) também influenciam o seu desempenho geral. Épor isso que, como mencionado anteriormente, os produtos formulados em geralsão melhores opções que substâncias químicas simples. Ingredientes inertes, comoEDTA, citrato de sódio, surfactantes, isopropanol, são essenciais para diminuí-la asensibilidade dos CAQ à água dura e à matéria orgânica. Embora consideradascomo padrão oficial, as definições das gerações de CAQ apresentadas acimapodem ser diferentes. Independentes disso, os exemplos dados apresentamfornecem uma visão da evolução dos desinfetantes e santizantes à base de amônioquaternário. Os CAQ têm certo efeito residual, mantendo as superfíciesbacteriostáticas por um breve tempo. São mais ativos em pH neutro a levementealcalino, mas perdem atividade em pH menor que 3,5. Os CAQ são consideráveisestáveis no armazenamento, mas geralmente são facilmente inativados por matériaorgânica, detergentes, sabões e água dura (isto pode variar de acordo com ageração). Os CAQ são tóxicos para peixes e não devem ser descartados em fontesde água. • CLORO E COMPOSTOS DE CLORO - cloro disponível pode ser definidocomo uma medida da capacidade oxidante e é expresso em termos de quantidadeequivalente do elemento cloro. A concentração de hipocloreto (ou qualquerdesinfetante oxidante) pode ser expressa como cloro disponível determinante aquantidade eletroquímica equivalente de Cl2 no composto. Em água clorada, certaquantidade de cloro será consumida pelas impurezas da água e o cloro nãoconsumido permanecerá como cloro residual disponível. A diferença entre o cloroaplicado e o cloro remanescente na água é chamada de demanda de cloro destaágua. Na cloração, é adicionado cloro suficiente para atender a demanda inicial daágua e é adicionado cloro extra para fornecer um resíduo de cloro livre disponível.
Isto é útil quando se prepara um protocolo de desinfecção de sistemas de água emgranjas avícolas, quando se deseja cloração marginal.
O cloro em solução aquosa, mesmo em quantidades muita pequenas, tem açãobactericida rápida. O mecanismo de ação ainda não foi bem elucidado, apesar dagrande quantidade de pesquisas. Quando o cloro é adicionado à água, forma ácidahipocloroso (HOCl). Andrewes at al (1904) foram os primeiros cientistas e sugeriremque o HOCl era responsável pela destruição de microorganismos. Nunca foidemonstrada a forma exata com que o ácido hipocloroso destrói osmicroorganismos, mas especula-se que o ácido hipocloroso ajuda a emergência dooxigênio, que por sua vez se combina com componentes do protoplasma, destruindoo microorganismo. Os pesquisadores supuseram isto por causa do baixo nível decloro necessário para a ação bactericida – o cloro deve inibir algumas reaçõesenzimáticas essenciais na célula. A inibição destas reações metabólicascitoplasmáticas é responsável pela destruição de células bacterianas e fúngicas. Adissociação do HOCl depende do pH e do equilíbrio entre o HOCl e o OLC-, emborao HOCl seja constantemente consumido através de sua ação biocida (Baker, 1959).
A eficácia desinfetante do cloro diminui com o aumento do pH e vice-versa. Isto estárelacionado a alterações na concentração de HOCl não-dissociado. A concentraçãode HOCl está intimamente relacionada com a velocidade de eliminação. Foidemonstrado que os compostos clorados afetam o antígeno de superfície de vírusenvelopados e o DNA, e provocam alterações estruturais em vírus nãoenvelopados.
Os desinfetantes à base de hipoclorito são corrosivos e afetados pormatéria orgânica (consume o cloro disponível), temperatura e pH, mas não peladureza da água.
Os compostos à base de cloro mais comuns são:
• Cloro líquido
• Hipocloretos – líquido e sólido. Comumente usados em granjas noprocesso de limpeza e na desinfecção do sistema de água.
• Dióxido de cloro – para a desinfecção da água, tratamento da águaservida, controle de limo e como desinfetantes em abatedouros avícolas.
• Cloraminas orgânicas. • COMPOSTOS DE IODO - o iodo, principalmente me sua formamolecular, pode penetrar rapidamente a parede celular de microorganismos (Chang,1971). A morte dos microorganismos pelo iodo pode ser causada por suaincapacidade em sintetizar proteínas devido à oxidação de um importanteaminoácido, pelo aumento do número de molecular de aminoácidos, que leva àdesnaturação do DNA, ou a adição de iodo a ácidos graxos insaturados pode levar auma alteração na propriedade física dos lipídios. Observações em microscopiaeletrônica sustentam a conclusão que o iodo, por interagir com as ligas duplas dosfosfolipídios, causa dano à parede celular, levando a uma perda de materialintracelular. Halógenos, como o cloro e o iodo, reagem não só com microorganismosvivos, mas também como os microorganismos mortos e com proteínas dissolvidas.
Em contraste com o cloro, que produzem compostos oxidantes e bactericidas Ncloro,a eficácia do iodo é menor porque não são formados compostos N-iodo. Osiodóforos (como são comumente vendidos a maioria dos desinfetantes) são umcomplexo formado pelo elemento iodo com um veículo (polímeros neutros), que tem3 funções principais: aumentar a solubilidade do iodo, fornecer um reservatório deliberação contínua do halógeno e reduzir o equilíbrio de iodo molecular livre. Emboraa atividade germicida seja mantida, os iodóforos são menos ativos contras certosfungos e esporos do que as tinturas (Rutala, 1995).
Produtos à base de iodo podem ser usados como desinfetantes e anti-sépticos.
Têm um bom espectro de ação, mas os desinfetantes modernos disponíveis hojesão muito mais eficazes no controle dos desafios de doença enfrentados pelaavicultura. Por exemplo, são necessárias 15ppm de iodo residual ativo (I2) parainativar vírus entéricos (99,99%) em 10 minutos (Chang, 1971).
• BIGUANIDAS – um ejemplo é clorexidina. As biguanidas são prejudiciais ppara os microorganismos por reagirem com os grupos de carga negativa na membrana celular, alterando a sua permeabilidade. As biguanidas tem amplo espectro antibacteriano, mas sua eficacia contra virus é limitada e não são esporicidas, micobactericidas ou fungicidas. As biguanidas funcionam apenas dentro um intervalo estreito de pH (5,0 a 7,0) e são fácilmente inativas por sabões e detergentes. Estes produtos são toxicos para peixes e não devem ser descartados no embiente. Aclorexidina é comumente usada com agente enti-séptico em sabões antibacterianos. A Figura 4 mostra a acão biocida de diferentes desinfetantes quimicos.
Breves comentários sobre a resistência a desinfetantes e a rotação dedesinfetantes
Este assunto é muito longo e complexo para ser discutido aqui e o propósitodesta revisão não é fornecer muitos detalhes. No entanto, alguns comentaários devemser feitos. Excesso de uso… esta palavra soa como um aviso. Uma quantidadeexcessiva de uma coisa boa pode ser uma coisa ruim. Há inúmeros relatos sobre aresistência microbiana a antibióticos e a biocidas. Já foram relatados cases deresistência cruzada entre estes grupos de substâncias. Sensibilidade e resistência sãotermos relativos. Diz-se que os microorganismos são resistentes quando não sãomortos por uma concentração de uma droga quimioterápica normalmente usada in vivo(concentração no soro) ou por um desinfetante em uma concentração usada na prática,quando não são mortos pela concentração de uma droga que mata a maiorias dascélulas em uma cultura ou quando uma cepa não é morta por um agente que matacepas similares a uma concentração especificada. A resistência pode ser inata(característica de uma espécie ou cepa) ou adquirida (por mutação ou transferência deresistência). A transferência de resistência geralmente ocorre pelo cruzamento debactérias Gram. negativas durante o processo de conjugação.
A resistência, que é um fenômeno geneticamente determinado, deve serdiferenciada de processos fenotípicos de adaptação, que não são hereditários. Aadaptação pode ser evitada através de boas práticas de limpeza e desinfecção, usandoos detergentes adequados na lavagem e evitando o uso de desinfetantes em diluiçõesaltas, abaixo de sua concentração biocida. Como mencionado anteriormente nesteartigo, é extremamente importante usar desinfetantes na concentração certa para mataros microorganismos. Estas diluições devem ser comprovadamente eficazes emcondições de campo e de desafio (e não em condições ideais de laboratório). Namaioria dos relatos, a resistência é definida como uma concentração inibitória mínima(CIM) elevada.
Ao avaliar o impacto dos fenômenos de resistência sobre os protocolos delimpeza e desinfecção, é importante diferenciar a resistência por concentraçãomicrobiocida da resistência por concentração inibitória mínima. Esta não temnecessariamente impacto sobre os protocolos de limpeza e desinfecção se osdesinfetantes forem usados em condições adequadas e na diluição correta.
A rotação de diferentes tipos de desinfetantes para evitar o desenvolvimento deresistência tem sido motivo de controvérsia.
A rotação do uso de diferentes desinfetantes pode ser recomendada para evitaro desenvolvimento de resistência ou seleção de cepas resistentes em um ambientefreqüentemente desinfetado. Esta prática é bastante usada em granjas avícolas eincubatórios, mas não necessariamente de maneira correta. A rotação de desinfetantessó é útil se forem aplicados desinfetantes com ingredientes ativos diferentes. Alémdisso, segundo as definições de resistência descritas acima, foi demonstradaresistência cruzada entre diferentes ingredientes ativos (Langsrud et al., 2003). Se arotação for usada para evitar problemas de resistência, devem ser escolhidosingredientes ativos com mecanismos de ação completamente diferentes. Nesta revisão,foi mostrado que os diferentes grupos químicos atuam de formas diferentes para obtersua ação biocida. Por outro lado, esta rotação tem causado controvérsias (Meyer,2000). Se os desinfetantes forem usados em concentrações microbiocidas e aresistência for definida como aumento da CIM, a resistência não significa que osmicróbios vão sobreviver à desinfecção.
A comprovação científica de que o uso de rotação de desinfetantes evitaproblemas é escasso. No entanto, é interessante investigar a presença da microfloraresidual depois da desinfecção para detectar o desenvolvimento de uma flora resistente.
O desenvolvimento desta flora pode ser evitado aumentando a concentração dodesinfetante ou usar desinfetantes com ingredientes ativos diferentes.
Em condições práticas, a maioria dos problemas de desinfecção está de fatorelacionada com a pseudo-resistência (Heinzel, 1998). Deve-se escolher umdesinfetante com um espectro adequado de eficácia para evitar problemas deresistência é o primeiro passo para desenvolver um bom protocolo de limpeza edesinfecção em operações avícolas. Adaptar freqüências, técnicas e procedimentos delimpeza e desinfecção para evitar ou minimizar a formação de biofilmes é outro pontocrucial. Um modo de aplicação que assegure o contanto intenso das superfícies aserem desinfetadas com o uso correto da concentração e evitar a diluição pelo produtoresidual ou água de enxágüe previne o desenvolvimento de adaptação fenotípica.
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Muito interessante esta tecnologia em se preocupar com patogênicos, pois estão criando resistência a cada aplicação de produtos quimicos,
Quero ter a oportunidade de receber o produto ou comprar para teste, atendo uma região de + ou - 12 milhões de aves de postura, trabalho com produto de mistura no alimento destas aves efeito no trato intestinal e fezes no galpão, menos odor e colonização de microorganismos do bem.
Parabéns, muito completo, principalmente a informação sobre a soda caustica que estava precisando saber sobre o produto, contudo poderia me dizer sobre o desgaste do piso do aviário com a utilização da mesma, é verdadeiro?
Bom dia, gostaria de dizer que somos uma empresa voltada para a avicultura e com produtos orgânicos e parabenizar esta matéria, pois a limpeza adequada dos galpões é fundamental para um bom desempenho do lote e uma melhor condição de trabalho para o granjeiro que é nossa preocupação.