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Biosseguridade de granjas de aves matrizes de corte

Publicado: 10 de dezembro de 2018
Por: Paulo Roberto Raffi, médico veterinário da área de Serviços Técnicos da Diamond V da Cargill Nutrição Animal
O maior risco que podemos ter na produção avícola é não ter um programa de biosseguridade, porque a biosseguridade é parte fundamental de qualquer empresa avícola para reduzir a entrada de enfermidades nos lotes de aves.

O conceito de biosseguridade na avicultura faz referência de se manter o meio ambiente livre de micro-organismos ou com uma carga mínima que não interfira na saúde e na produção das aves. Podemos definir o conceito de biosseguridade como um conjunto de práticas de manejo que são adotadas para reduzir a entrada e transmissão de agentes patogênicos e seus vetores nas granjas de aves. As medidas de biosseguridade são descritas para prevenir e evitar a entrada de patógenos que podem afetar a sanidade, o bem-estar e os rendimentos técnicos das aves.

Del Pino (2000) define que a biosseguridade são práticas estabelecidas para impedir a disseminação de doenças nos estabelecimentos avícolas, que se pratica mantendo a granja de tal forma que se tenha uma circulação mínima de micro-organismos através de seus limites. A biosseguridade é a prática mais barata e efetiva para o controle das doenças, sendo que nenhum programa de prevenção de doenças funciona sem a sua prática.

O estado sanitário dos lotes de aves constitui um dos fundamentos da indústria avícola e isto nos obriga a possuir conhecimentos de como enfrentar as enfermidades, conhecer sobre elas, saber como se disseminam e, por sua vez, como devemos controlar. Por esse motivo, existe a biosseguridade, para se ter produções sadias e econômicas (Card y Nesheim, 1970).

Componentes operacionais

Quanto aos componentes operacionais de um programa de biosseguridade consideramos adequados os que são enumerados abaixo (Sesti, 2004):

1 – Isolamento;

2 – Controle de trânsito;

3 – Higienização, controle de vetores e tratamentos de resíduos;

4 – Quarentena, medicações e vacinações;

5 – Monitoramento laboratorial, confecção de registros e comunicação de resultados;

6 – Erradicação de enfermidades;

7 – Auditorias;

8 – Educação continuada;

9 – Plano de contingência


1.    Isolamento

Localização

É um dos primeiros aspectos que se tem em conta na hora de estabelecer um programa de biosseguridade na avicultura e talvez um dos fatores mais importantes. Em certas situações, o êxito ou o fracasso de um programa de biosseguridade vai depender do lugar da localização da granja e seu isolamento.

Independentemente da correta orientação da granja e dos aviários em função da altitude e da latitude da região, todo aviário deve ser construído o mais longe e isolado de outros setores com aves de idades diferentes (distância mínima 300 metros) ou de outras granjas de aves (distância mínima 3 quilômetros). Assim mesmo, a granja deve se manter a mais distante e isolada possível de qualquer centro urbano, planta de abate, lixão etc.

Em condições climáticas ótimas, as aves podem infectar-se por micro-organismos transportados nas partículas de poeira pelo vento. Entre os patógenos de maior risco estão os micoplasmas, algumas bactérias e vírus. Quanto mais isolada está a granja, menor probabilidade de que se possa ser transmitida alguma doença e ou ser visitada por pessoas estranhas que queiram roubar ou furtar e, consequentemente, trazer contaminações.

Nas granjas, devemos ter bem estabelecido se possível uma estrada suja e estrada limpa. Na estrada limpa é por onde haverá o trânsito dos funcionários, materiais e ração para chegar aos setores. Na estrada suja é onde sai todos os resíduos, como o esterco, as mortalidades do dia e a aves para o abate. O ideal seria que a estrada de acesso para a granja fosse exclusiva para as pessoas e veículos da mesma, dessa maneira reduziríamos o trânsito de caminhões e pessoas estranhas ao mínimo possível.

A granja deve ter uma cerca perimetral, se possível de alambrado, que impeça a entrada de pessoas e veículos não autorizados e também a entrada de outros animais. O setor deve ter uma cerca perimetral que permite delimitar a unidade e impedir o ingresso de pessoas, veículos e equipamentos. Estas cercas podem ter características especiais que permitam um melhor controle de roedores e evitem a entrada de animais menores.

Características dos aviários

É necessário contar com um bom isolamento do teto como das paredes, não somente para favorecer a manutenção das condições ambientais de temperatura e umidade adequadas, mas também para que se possa implementar um programa de biosseguridade avícola. Os aviários climatizados devem evitar ou minimizar o risco de entrada de contaminantes pela entrada ar. O aviário deve estar o mais isolado possível e devemos ficar atentos para a direção dos exaustores de ar, para evitar que os mesmos eliminem a poeira para a portaria e ou para estrada interna da granja. Este isolamento deve ser construído para impedir o acesso de animais selvagens, insetos e roedores. A estrutura deve estar cercada (mínimo de 2 metros de altura) em seu perímetro e com somente duas entradas, uma para entrada do pessoal e outra para entrada de veículos, permanecendo as portas e portões fechados todo o tempo. Manter uma zona limpa de 10 metros por fora da cerca livre de vegetação inibe a circulação de roedores que não circulam em terreno limpo e aberto.

 

2.    Controle de trânsito

Controle de visitas e dos funcionários

Nas granjas de matrizes, devemos evitar as visitas ao máximo possível. O pessoal de manutenção que trabalha nas granjas pode ser um risco grande, devido a possibilidade de levar cargas microbianas de uma granja a outra através das caixas de ferramentas e dos maquinários usados. As pessoas que devem ter todos os cuidados são os funcionários e estes devem evitar contatos com aves de fundo de quintal e outras aves antes de entrar na granja. As medidas devem estender aos veterinários e gerentes que devem tomar cuidados máximos, pois visitam mais de uma granja e podem ter visitados granja com problemas. Por isso devem respeitar um fluxo de visitas das granjas com lotes de animais mais jovens para os mais velhos, havendo risco, se necessário fazer vazio sanitário.

De qualquer modo, todos os funcionários e visitantes devem tomar banho, e trocar de roupa e calçados. Com atenção especial ao cabelo, das unhas das mãos e dos pés, além de ensaboar as narinas e assoar o nariz por três vezes para retirar resíduos de poeira de ambientes externos visitados antes. No interior da granja, as pessoas deverão usar uniformes e calçados específicos para este fim. Os uniformes devem ser lavados se possível de pelos menos três vezes na semana.

Os visitantes e os terceiros prestadores de serviços devem usar roupas de cores distintas a dos funcionários, se possível de cor bem chamativa, por exemplo amarelo cor de gema e ou vermelho, isto se justifica pois permite que os funcionários e responsáveis das granjas possam observar qualquer conduta em desacordo com as regras de biosseguridade da granja. As salas de chuveiros devem estar separadas por áreas limpas e sujas, com o movimento em um único sentido. É obrigatório por lei o uso de um livro de controle de visitas, onde se especifique o nome da pessoa, da empresa, do motivo da visita, a data da visita e se teve contato com outras aves e animais. A entrada dos aviários devem ter pedilúvios para a desinfecção dos calçados. O pedilúvio deve contar com solução de desinfetante e que esta deve ser trocada sempre que estiver suja e com resíduos orgânicos. É muito importante a lavagem dos calçados ou botas antes de mergulhar no pedilúvio.

O trânsito das pessoas deve ser sempre dos lotes de aves mais jovens para os lotes de aves mais velhas. Devemos dar atenção ao banho com troca de roupas e atenção especial a lavagem de mãos quando visitamos diferentes lotes ou com idades diferentes. Os funcionários e visitantes não devem ter aves em suas residências e devem evitar em contato antes de entrar na granja.
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Autores:
Paulo Raffi
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Marcelo de Souza Lima
11 de diciembre de 2018
Muito bom o artigo e renova a importância do tema não somente no ponto de vista sanitário, como também na seguridade alimentar, principalmente, se tratando de um dos maiores plantéis mundiais. Deveria esse artigo servir de base para outrisvoaises
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Paulo Sérgio Félix Ribeiro
31 de marzo de 2020
Em primeiro lugar boa tarde Dr Paulo, nunca trabalhei com matrizes só com frango de corte. Ate gostaria; Bom gostei muito do conteúdo do seu trabalho, ele mostra detalhes que considero importantes
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Emanuel Lino correia
15 de agosto de 2019
Mito obrigado senhor Artur Raffi, pelo conteúdo apresentado . Vamos tramar isso em conta na nossa Granja.
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enrique gonzalez gonzalez
12 de diciembre de 2018
Magnifico su articulo Dr. Paulo, abarco todo, sin desperdicio.
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