Controle Ambiental Avicultura

À medida que cresce a necessidade por melhorias ambientais, também cresce a necessidade do tratamento dos dejetos orgânicos, tendo em vista o atendimento das diretrizes do desenvolvimento sustentável. O processo da construção de uma avicultura sustentável deve não somente implicar em buscas de tecnologias de produtividade, mas também fortalecer, de fato, a avicultura na base da produção.

O emprego de boas práticas na atividade avícola, baseadas no conhecimento, na tecnologia e na legislação vigente, faz com que o criador busque atualizações, para a realização de um trabalho que melhore a produtividade e ao mesmo tempo preserve as condições do meio ambiente.

O licenciamento ambiental é necessário e de grande importância social. O desenvolvimento avícola sustentável pode ser iniciado tendo por base o planejamento da implantação da atividade e do manejo correto dos dejetos, que usa a estratégia de crescimento a partir da reciclagem dos resíduos.

A concretização de uma avicultura sustentável favorece ainda a sua inserção num processo ecológico. Esta inserção é facilitada quando o caráter de preservar o meio ambiente, dando prioridade à unidade de produção é considerado. Aonde as necessidades coletivas conduzem a uma gestão dos meios de produção, incorporada à complexidade das relações ambientais.

As tendências favoráveis para a inserção do uso de dejetos nas áreas agrícolas, que vêm demonstrando uma crescente demanda por nutrientes, os quais apresentam elevados custos, apontam para o início de uma concepção das relações de comercialização entre produções, onde a utilização dos resíduos tem ficado mais próxima de um processo de reciclagem, consolidando uma melhor sustentabilidade. O grande desafio da pesquisa agora, é encontrar a melhor possibilidade para implantar sistemas eficientes, que sejam compatíveis com a legislação brasileira e menos excludentes no sentido sócio-econômico-cultural.

Em sistemas de criação do tipo avicultura de postura, onde as aves apresentam uma idade média de 365 dias, pode-se estimar uma produção de dejetos, a cada mil cabeças, que varia entorno de 35 a 44 toneladas. Portanto, ao realizar o tratamento dos dejetos deste setor, o produtor deve estar atento para evitar problemas como a proliferação de moscas, o mau cheiro, a multiplicação de agentes patogênicos, o aparecimento de sementes de plantas indesejadas (inços), a concentração de microorganismos indesejáveis e a perda ou eliminação de nutrientes e fertilizantes.
Existem três diferentes tipos de tratamento da cama de aviário: a fermentação da cama sem o empilhamento e secagem, com queima das penas por vassoura de fogo; a aplicação de cal hidratado sobre a cama; e, o mais utilizado, o empilhamento e fermentação da cama, que consiste em amontoar a cama em pilhas de até um metro e meio de altura, em local seco, e de acordo com as distâncias mínimas exigidas pelos órgãos ambientais, mantendo-a coberta com lona plástica. Quando a cama estiver muito seca, será necessário umedecê-la, tomando o devido cuidado para não encharcá-la, pois se isso ocorrer ela irá apodrecer. Só deverá ter umidade para fermentar, desta forma ocorrerá o processo de estabilização e a transformação da cama em adubo orgânico. A trincheira umedecida deverá ser mantida coberta por um período suficiente para que suceda à fermentação, em torno de 30 dias em épocas quentes e 40 dias nos meses de menor temperatura.

Embora seja um assunto mais difundido na área suinícola, os resíduos provenientes da avicultura de postura também podem ser utilizados para a geração de biogás. A biodigestão ou digestão anaeróbia, é o processo pelo qual bactérias anaeróbias, por meio da fermentação ocorrida em biodigestores, degradam a matéria orgânica, gerando como subproduto o biogás (gás inflamável) e o biofertilizante.

O processo de biodigestão com produção de biogás, pode ser utilizado para a geração de energia alternativa nas propriedades rurais. Além disso, a redução da emissão de efluentes gasosos contribui signitivamente para o arrefecimento do efeito estufa. Entretanto, para o bom funcionamento da biodigestão é necessário que sejam estabelecidas as condições favoráveis para a atividade dos microorganismos. Existe uma necessidade de misturar água junto aos dejetos, fazendo com que a biomassa possua no máximo de 20% de sólidos. Outro ponto importante refere-se ao tamanho do substrato. É preciso que este seja formado por partículas pequenas para que os microrganismos tenham maior facilidade de degradação.

Vantagens do processo anaeróbico

.- Redução da carga poluidora da matéria orgânica diminuindo a demanda bioquímica de oxigênio;
.- Não necessita do uso de equipamentos sofisticados, pois a biodegradação é realizada por microrganismos naturais;
.- Produção de biogás (fonte de energia renovável);
.- Substituição da energia elétrica pelo biogás para o aquecimento dos galpões, iluminação e aquecimento da água;
.- Redução da emissão de odores e gases;
.- Diminuição da proliferação de moscas e patógenos.

Desvantagens do processo anaeróbico

.- Corrosividade do biogás;
.- Necessidade de um equilíbrio entre a produção e o consumo de biogás;
.- A adição de água aumenta o volume do dejeto e o transforma em um resíduo líquido;
.- Conforme o sistema de produção, o biodigestor deverá ser tipo batelada, sendo manejado em baterias.

A prática da biodigestão anaeróbica é um processo de tratamento que ocorre dentro de uma câmara fechada e depende de várias condições físicas, químicas e microbiológicas para a obtenção de uma boa eficiência. Os biodigestores que melhor se adaptam a avicultura são os do tipo batelada, levando em conta a forma de limpeza dos galpões. Embora o manejo do biodigestor seja simples, é preciso conhecer o processo para que ao final o resíduo tenha sido estabilizado.

Sendo a avicultura altamente dependente de recursos naturais como água e solo e, de insumos, principalmente, ração e energia elétrica, o uso racional destes irá proporcionar uma longevidade produtiva à criação e vantagens econômicas a serem refletidas no custo de produção.

A agricultura é o maior setor econômico do planeta. Para que ela se sustente ao longo do tempo deverá ser compatível com os processos ecológicos que sustentam a vida sobre a Terra. Em resumo, se manejada de forma inteligente, a agricultura pode oferecer oportunidades de preservação, pois o que caracteriza-se como resíduo de um sistema produtivo pode transformar-se no insumo do outro, conforme o Princípio de Lavoisier: “na Natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”.

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