A síndrome ascítica em frangos de corte, também conhecida como “barriga d’água”, é um problema que acontece quando há o acúmulo de líquido na cavidade abdominal das aves. Esse problema surge por causa do comprometimento do sistema respiratório e circulatório dos frangos pela baixa concentração de oxigênio nos tecidos. Alguns sinais visíveis observados nos frangos com ascite são a dificuldade para respirar, apatia, perca de peso, apetite e acúmulo de líquido no abdômen (Figura 1). Além disso, em casos mais graves, pode resultar na morte ou na condenação das carcaças no frigorífico, gerando grandes perdas econômicas ao produtor e ainda comprometer o bem-estar animal que é uma exigência de países importadores de carne de frango.
Figura 1. Esquema das alterações fisiológicas durante a síndrome ascítica.
Fonte: Adaptado de Guerreiro et al., 2024.
Primeiro é essencial compreender as causas desse desajuste no organismo do frango. Esse acúmulo de líquido no abdômen ocorre por diversos motivos. Dentre eles, a genética dos frangos, a alimentação com muita energia ou variações nutricionais, a má ventilação do galpão, variações ambientais como temperatura do ar, regiões de criação com altitudes elevadas (baixo nível de oxigênio) (Figura 2).
Figura 2. Fatores que podem desencadear a síndrome ascítica
Então, para prevenir e controlar a ascite, os produtores precisam adotar alguns cuidados:
- Manter o galpão bem ventilado para promover a renovação do ar;
- Evitar oscilação da temperatura ambiente, especialmente nos dias mais frio;
- Regular a alimentação, evitando que as aves cresçam rápido demais nas primeiras semanas de vida;
- Respeitar o programa de luz recomendado pela empresa fornecedora das aves.
Esses cuidados ajudam a diminuir o estresse, melhora a oxigenação do galpão e auxilia na prevenção do surgimento da ascite, contribuindo para uma criação mais saudável dos lotes.
Quanto a manter o galpão bem ventilado, entenda que reduzir a ventilação em épocas de baixas temperaturas pode comprometer a qualidade do ar, pois a ventilação abaixo do ideal levam a redução do oxigênio e a elevados valores de gases tóxicos como monóxido de carbono, dióxido de carbono ou amônia. Nessas condições prejudicam os sistemas respiratório e cardiovascular das aves e aumenta a predisposição ao desenvolvimento de ascite.
Quanto a ambiência dentro do galpão, as variações de temperatura também podem são desencadeadoras da síndrome ascítica. Desse modo, é fundamental proporcionar temperaturas ideais conforme a idade da ave. Atentando-se que a umidade relativa do ar deve estar entre 60 e 70%. Para isso, deve-se seguir as recomendações da empresa e atendimento ao conforto térmico da ave.
A alimentação de frangos de corte desempenha um papel fundamental no desenvolvimento saudável e na prevenção de doenças metabólicas, como a ascite. Esse distúrbio pode ser agravado pela ingestão de uma dieta altamente energética e de rápido consumo, que eleva o metabolismo e aumenta a demanda por oxigênio, sobrecarregando o sistema cardiovascular (Figura 3). Para minimizar a ocorrência de ascite, recomenda-se um manejo nutricional equilibrado, com ajustes nos níveis de energia e proteína e a inclusão de aditivos que favoreçam a saúde cardiovascular, como antioxidantes e probióticos.
Figura 3. O papel da alimentação na síndrome ascítica.
Fonte: Adaptado de Guerreiro et al., 2024.
O programa de luz é uma estratégia essencial no manejo de frangos de corte, pois influencia diretamente o metabolismo e o desenvolvimento das aves. A iluminação contínua ou excessiva pode acelerar o crescimento dos frangos, aumentando a ingestão de alimento e o consumo de oxigênio, o que sobrecarrega o sistema cardiovascular e eleva o risco de ascite. Para mitigar esses riscos, programas de luz intermitentes, com períodos de escuro, são recomendados, pois reduzem a atividade metabólica e o ritmo de crescimento, promovendo uma adaptação cardiovascular mais eficiente (Figura 4). Com um programa de luz adequado, é possível equilibrar o crescimento rápido e a saúde das aves, contribuindo para a redução da incidência de ascite e, assim, favorecendo a produção sustentável e melhorar o grau do bem-estar animal. Para isso, deve-se seguir as recomendações da empresa e atendimento ao protocolo ideal para a ave.
Figura 4. O papel do programa de luz na síndrome ascética.
Por fim, conclui-se que a ascite é uma condição desencadeada por diversos fatores e que pode prejudicar bastante a saúde, a produção de frangos de corte que compromete o retorno econômico da atividade. No entanto, com boas práticas de manejo é possível controlar e reduzir os impactos causados pela síndrome ascítica
ARTIGO INÉDITO PARA ENGORMIX.