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Virus Doença Infeciosa Bolsa Fabricio

Caracterização molecular do virus da doença infeciosa da bolsa de fabricio em casos de diagnóstico na América Latina em 2010

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: Taylor Barbosa, E Turpin, R Verdi, M Tamayo Pfizer Poultry Health
Sumário

A presença do vírus da doença infecciosa da bolsa de Fabrício (IBDV) em granjas de frangos de corte e poedeiras na América Latina foi estudada. Amostras suspeitas de IBDV de toda America Latina foram enviadas através de cartões FTA e processadas nos Estados Unidos. Durante o ano de 2010, foram recebidas 187 amostras de vários países da América Latina e, destas, 86 foram positivas através de RT-PCR. A região variável da proteína viral 2 (VP2) de todas as amostras positivas foi seqüenciada. Vírus idênticos e isolados de uma mesma granja foram considerados apenas uma vez e incluídos na análise filogenética. A maioria dos isolados (52%) foi identificada como cepas variantes. Vírus clássicos e muito virulentos (vvIBDV) representaram 8,5% das amostras. Cepas similares a vacinas foram identificadas em 31% das amostras. Nosso propósito é continuar prestando estes serviços de diagnostico nos próximos anos, cujos resultados servirão de base para analises epidemiológicas da presença de IBDV na America Latina.
Palavras Chave: Gumboro, IBDV, Seqüenciamento, Diagnóstico, America Latina.

Introdução
A doença infecciosa da bolsa de Fabrício é uma doença viral aguda e altamente contagiosa em aves jovens que resulta em imunossupressão e mortalidade (Toro et al., 2009; van den Berg et al., 2000; Di Fabio et al., 1999). O genoma viral codifica para 5 proteínas, sendo que a proteína viral 2 (VP2) é a principal proteína estrutural do capsídeo, onde estão localizados os epítopos neutralizantes (Letzel et al., 2007; Lee et al., 2006). A caracterização molecular do IBDV pode ser feita através do mapeamento da região variável da proteína VP2. Atualmente, o seqüenciamento é o método mais utilizado para este tipo de análise (Jackwood et al., 2009). A Pfizer Saúde Avícola disponibiliza serviços de diagnóstico global para o setor avícola. Dentre as ferramentas específicas para IBDV, destacam-se a metodologia IPA (analise de imagens histológicas digitais) para determinar o nível de lesão em bolsa de Fabrício e o seqüenciamento de amostras de campo. As amostras enviadas durante o ano de 2010 para caracterização por seqüenciamento são analisadas neste trabalho.
Material & Métodos
Durante o ano de 2010, 187 amostras coletadas de frangos de corte ou poedeiras foram protocoladas  no laboratório da Pfizer Animal Heatlh - Global Poultry, Durham, NC para posterior envio  a Universidade de Ohio para identificação do IBDV. Estas amostras representam diversos países da America Latina e Caribe, e foram coletadas de aves em condições de campo através de impressão da bolsa de Fabricio em cartões FTA, indicados para preservação do material genético e transporte adequado (Moscoso et al., 2006). A região variável da proteína viral 2 (VP2) de todas as amostras foi seqüenciada e analisada através do software Lasergene 8 (DNAStar - MegAlign) (Burland, 2000). A região alvo possui 234 aminoácidos que cobrem toda a região variável da VP2 (Lee et al., 2006). As analises foram feitas utilizando-se o método Clustal W e reportadas através de árvores filogenéticas e tabelas de identidade.
Resultados & Discussão
Do total de 187 amostras de IBDV isoladas de amostras de campo na America Latina em 2010, 86 foram positivas para a RT-PCR. Todas foram seqüenciadas e analisadas. Amostras oriundas de mesma procedência e com seqüência idêntica de aminoácidos constam apenas uma vez na árvore filogenética (Figura 1).
Figura 1. Árvore filogenética dos isolados de IBDV latinoamericanos em 2010
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A grande maioria das amostras foi caracterizada como variante. Estas cepas foram identificadas na Colômbia, Venezuela, Perú e Jamaica. Amostras altamente virulentas formam identificadas somente na Colômbia. Neste mesmo país, aves que receberam vacinas do tipo complexo Antigeno-Anticorpo tiveram o vírus vacinal re-isolado e identificado. Atualmente, estamos processando amostras procedentes de granjas do Argentina, Brasil, Equador. Paraguai e América Central.
Poucos são os trabalhos de caracterização molecular de IBDV na America Latina, a maioria dos trabalhos limita-se a amostras coletadas em um único país. A caracterização de 41 amostras de IBDV brasileiras isoladadas entre 1997 e 2005 demostrou que 60% destas foram identificadas como altamente virulentas (vvIBDV) (Fernandes et al., 2009). Em outro trabalho foram sequenciaram 113 isolados de  18 países, sendo 8 destes latino-americanos, todas as amostras eram de casos clínicos com alta mortalidade, a grande maioria das cepas foram consideradas vvIBDV com pouca variação entre elas (Jackwood & Sommer-Wagner, 2007). Estes resultados diferem dos resultados encontrados no presente trabalho, onde a maioria dos casos de campo estão associados com cepas variantes. Este encontrado poderia evidenciar o aumento da incidencia de cepas variantes na America Latina. A continuação de trabalhos de idenficacão das cepas de IBDV são necessarios para comprovar esta tendencia, isto beneficiaria o controle da doença, pois programas de vacinação especificos poderiam ser utilizados para cada uma das situação encontradas nos diferentes países.
Conclusão
Este estudo demonstra a variabilidade dos isolados de IBDV na América Latina. A maioria das amostras foi identificada como cepas variantes. Continuaremos expandindo a aplicação desta ferramenta diagnóstica, com o objetivo de manter atualizado nosso banco de dados, que estará disponível para futuras investigações epidemiológicas na America Latina.
Bibliografia
Burland TG. 2000. Dnastar's Lasergene sequence analysis software. Methods Mol. Biol. 132:71-91.
Di Fabio J, Rossini LI, Eterradossi N, Toquin MD, Gardin Y. 1999. European-like pathogenic infectious bursal disease viruses in Brazil. Vet. Rec. 145:203-204.
Fernandes, MJ, Simoni IC, Vogel MG, Harakava R, Rivas EB, Oliveira MB, Kanashiro AM, Tessari EN, Gama NM, Arns CW. 2009. Molecular characterization of brazilian infectious bursal disease virus isolated from 1997 to 2005. Avian Dis. 53:449-54.
Jackwood DJ & Sommer-Wagner S. 2007. Genetic characteristics of infectious bursal disease viruses from four continents. Virology. 365:369-75.
Jackwood DJ, Sommer-Wagner SE, Stoute AS, Woolcock PR, Crossley BM, Hietala SK, Charlton BR. 2009. Characteristics of a very virulent infectious bursal disease virus from California. Avian Dis. 53:592-600.
Lee CC, Ko TP, Chou CC, Yoshimura M, Doong SR, Wang MY, Wang AH. 2006. Crystal structure of infectious bursal disease virus vp2 subviral particle at 2.6a resolution: implications in virion assembly and immunogenicity. J. Struct. Biol. 155:74-86.
Letzel T, Coulibaly F, Rey FA, Delmas B, Jagt E, van Loon AA, Mundt E. 2007. Molecular and structural bases for the antigenicity of vp2 of infectious bursal disease virus. J. Virol. 81:12827-12835.
Moscoso H, Alvarado I, Hofacre CL. 2006. Molecular Analysis of infectious bursal disease virus from bursal tissues collected on fta filter paper. Avian Dis. 50:391-396.
Toro H, Effler JC, Hoerr FJ, van Ginkel FW. 2009. Pathogenicity of infectious bursal disease virus variant Al2 in young chickens. Avian Dis. 53:78-82.
van den Berg TP, Eterradossi N, Toquin D, Meulemans G. 2000. Infectious bursal disease (Gumboro disease). Rev. Sci. Tech. 19:509-543. 
 
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Autores:
Taylor Barbosa
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