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A vacinação como ferramenta auxiliar no controle integrado de salmonella

Publicado: 17 de setembro de 2019
Por: Gleidson B. C. Salles, MSc em Ciência e Produção Animal e Assist. Técnico SC / RS em Aves da Zoetis
 Nos dias de hoje o tema mais estudado, discutido e trabalhado na avicultura é a salmonella. Pesquisadores, empresas, governo e produtores, buscam incansavelmente achar soluções e ferramentas para combater esse patógeno. As salmoneloses estão entre as principais doenças de aves comerciais e é responsável por perdas econômicas e por riscos relacionados a doenças transmitidas por alimentos.

Desde as primeiras criações de aves, ouvimos relatos de salmonellas, devido à sua grande complexidade, epidemiologia, sorovares envolvidos, o seu controle passa por medidas integradas relacionadas ao conhecimento do agente etiológico, hospedeiro ambiente e particularidades geográficas. Através do amplo desenvolvimento em estudos e pesquisas, as investigações científicas permitem hoje, um grande avanço no entendimento dos mecanismos de infecção e da forma que o agente resiste no hospedeiro, tais como imonoistoquímica, citometria de fluxo e determinação de citocinas, técnicas moleculares de sequenciamento do genoma das aves, identificação das ilhas de patogenicidades do agente.

O Brasil passou por uma forte crise de imagem e consequentemente financeira no setor devido às etapas da Operação Carne Fraca, principalmente no mercado europeu, cujas exigências e controle sobre nossos produtos aumentaram consideravelmente. O banco de dados dos alertas rápidos da Europa em relação à carne exportada é uma boa fonte para nos dar uma ideia da situação atual. E infelizmente nessa sequência histórica nós tivemos uma explosão de notificações no ano de 2017. Ao todo foram 321. Nunca o Brasil havia recebido tantas notificações e seguramente isso é resultado da mudança no sistema de vigilância, do aumento de amostragem e de fatores relacionados à coleta.

Diferentemente das aves caipiras, as aves industriais não têm contato com a sua progenitora, na natureza. As aves de vida livre, ao eclodirem já recebem uma carga muito grande de bactérias da mãe no ninho, nas fezes e no ambiente, e de certo modo, essa microbiota auxilia na proteção da ave recém-nascida, já que essa carga bacteriana é composta por bactérias benéficas, em sua maioria. Nas aves industrias isso não acontece, uma vez que os ovos férteis vão para o incubatório e os pintinhos não terão contato com a sua progenitora. A Salmonella é uma enterobactéria e como tal, a sua relação com a resposta imunológica da mucosa intestinal e com a microbiota tem sido alvo de investigação. Alguns sorovares têm presença mais restrita ao trato gastrintestinal, enquanto outros são também microrganismos septicêmicos, sendo capazes de invadir a corrente circulatória.

A resposta imunológica da ave depende do grau de agressão e principalmente da capacidade de invasão do sorovar em questão. As infecções por salmonelas estimulam tanto a imunidade celular quanto a humoral.

Quando pensamos em utilizar a vacinação como uma medida auxiliar no controle de salmonella, devemos entender o que esperar de cada “arma”, e ter em mente que esta ferramenta é parte fundamental de um conjunto de ações, entre elas, a principal - a biosseguridade. Antes de qualquer coisa, é importante saber qual é o grande inimigo, para aí fazer o uso estratégico das vacinas. Ao estabelecer um programa de vacinação nas reprodutoras, o foco é proteger essa ave, reduzir os riscos do ambiente, evitando assim a transmissão vertical de salmonella para progênie. Se o foco da vacinação são os frangos de corte, o principal ponto é a proteção precoce desses animais, normalmente por via massal.

A forma de avaliação da resposta imune contra salmonella é mediada principalmente pelas defesas inatas, mucosas, macrófagos, células natural killers e interferons, e pela defesa adaptativa, anticorpos e linfócitos T específicos, CD4+ e CD8+. Dentro desse contexto, devemos escolher a ferramenta que melhor se encaixa para a necessidade. A maioria das vacinas pode ser classificada basicamente em não replicantes (inativadas) e replicantes (vivas). As vacinas replicantes (vivas) funcionam infectando as aves com a própria doença, mas com atenuação, que elimina ou minimiza os sintomas e as consequências, conferindo uma rápida resposta imunológica, com produção de imunoglobulina de mucosa, IGA secretora, de linfócitos citotóxico T CD8+. No caso da salmonella, uma bactéria intracelular facultativa, essa resposta é fundamental. As vacinas não replicantes (inativadas) estimulam a produção de anticorpos circulatórios (defesa humoral) e de linfócitos T CD4+.

Comparações entre vacinas inativadas e vacinas vivas demonstraram que as últimas são mais efetivas no estímulo da resposta imune, mediadas por células com participação de percentual de células CD4+ e CD8+, significativamente maior em relação a vacinas inativadas.

O controle e a prevenção devem contemplar ações conjuntas que evitem a transmissão vertical e horizontal. Nesse contexto, devemos analisar e atuar em toda a cadeia avícola, de forma integrada e consistente. Desse modo, a chance de sucesso no controle de salmonella aumenta muito.

 
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Autores:
Gleidson Salles
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Amanda Gabriela Cobucci Tirado
Proteon Pharmaceuticals
4 de agosto de 2023
Atualmente, é possível associar com as vacinas outras ferramentas, como os coquetéis compostos com mais de uma cepa de BACTERIÓFAGOS, que melhoram muito o resultado de prevenção de Salmonella à campo. Os bacteriófagos são vírus que controlam de forma natural a proliferação de espécies específicas de bactéria, como a Salmonella Gallinarum. Os fagos do tipo lítico resultam na lise dessas bactérias, diminuindo a contagem de bactéria, reduzindo a mortalidade das aves, melhorando ganho de peso e CA, e garantindo uma maior rentabilidade da produção.
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Márcio Baio
18 de marzo de 2021
Já existe essa vacina??? Favor passar o nome para que eu possa procurar na minha região Obrigado
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