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Tempo ótimo misturador rações

Determinação do tempo ótimo de mistura de um misturador de rações

Publicado: 22 de maio de 2012
Por: Gustavo Lima e Kátia Nones, Engenheiros Agrônomos
A atitude do produtor no sentido de garantir que seus animais recebam dietas com os nutrientes em quantidades e proporções exigidas para o máximo desempenho acarretará em maior produtividade e redução dos custos de produção.
Através de avaliações de diferentes misturadores verticais, veri?cou-se que há misturadores que apresentam boa mistura em apenas 5 minutos, enquanto outros apresentam desempenhos tão ruins que não se pode indicar qual o tempo ideal de mistura. Isso contradiz a idéia genérica de que misturadores verticais devem operar de 12 a 15 minutos, após a adição de todos os ingredientes, para se obter uma mistura homogênea. Assim, todo misturador deve ter seu tempo ótimo de mistura determinado nas suas condições normais de funcionamento para o melhor conhecimento do equipamento, de maneira a promover a mistura mais homogênea possível e avaliar a sua e?ciência. Além disso, considerando-se que um misturador é um equipamento que normalmente opera por vários anos para o preparo de toda a ração utilizada em uma propriedade, deve-se compreender que a determinação do seu tempo ótimo de mistura pode se constituir em um passo importante para a melhoria da qualidade das rações e consequentemente do desempenho dos animais.
Existem várias maneiras de determinar o tempo ótimo de mistura, mas todos os métodos se baseiam em analisar diferentes amostras coletadas de um misturador em funcionamento e em intervalos regulares de tempo e analisá-las para um determinado nutriente ou componente.
 
Metodologia.
Para determinar o tempo ótimo de mistura são necessários:
  • 40 sacos plásticos com capacidade para 200 a 300g;
  • 40 etiquetas para identi?cação das amostras;
  • 1 calador para amostragem da mistura;
  • Um cronômetro ou um relógio que marque segundos.
Uma vez de posse de todos os materiais, deve-se:.
    1. Utilizar uma fórmula de ração que empregue diversos ingredientes, inclusive sal e pré-mistura de vitaminas e minerais ou núcleos. Para esse ?m, não se recomenda o uso de uma ração que utilize concentrado, pois esse representa aproximadamente 40% da dieta e já sofreu uma mistura prévia.
    2. Após pesados todos os ingredientes, eles devem ser colocados no misturador começando-se pelo ingrediente que entra em maior quantidade até o que entra em menor quantidade. É importante ressaltar que o último ingrediente a ser adicionado ao misturador deve ser aquele que contém o nutriente ou marcador que será analisado para determinação do tempo ótimo de mistura. O sódio, presente no sal, e o manganês contido no núcleo ou premix, são exemplos de bons indicadores do tempo ótimo de mistura, pois aparecem em pequena quantidade na ração. A decisão deve ser tomada também com base no custo de cada análise. Nutrientes que entram em grandes quantidades nas rações, tais como, proteína bruta e potássio, entre outros, não servem para determinar o tempo ótimo de mistura, pois não apresentam grande variações ao longo do tempo. O carregamento dos ingredientes no misturador deve ser o mais rápido possível, desligando-se o equipamento em seguida.
    3. A partir do carregamento, e com o auxílio do relógio, serão coletadas quatro amostras em cada um dos seguintes tempos de mistura: 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 e 19 minutos.
    4. No momento de coleta das amostras o misturador deve estar desligado, devendo-se retirar as amostras com toda a segurança em diferentes pontos do misturador. O uso de caladores é aconselhável, principalmente quando se deseja atingir locais de mistura de difícil acesso. Mas em alguns pontos, a mistura pode ser coletada com o uso das mãos. Todo cuidado deve ser tomado para que nenhum acidente ocorra e possa por em risco a integridade física do indivíduo que coletar as amostras. Uma das formas de se evitar acidentes é o envolvimento de apenas uma pessoa nessa tarefa, de maneira que ela mesma colete as amostras e ligue e desligue o misturador.
    5. As amostras devem ser identi?cadas mencionando-se o tempo de amostragem (1 a 19 minutos) e o número da amostra coletada naquele tempo, ou seja, 1, 2, 3 ou 4.
    6. As amostras deverão ser enviadas para um laboratório para a análise do nutriente ou marcador escolhido.
    7. De posse dos resultados das análises, deve-se calcular o coe?ciente de variação para cada tempo amostrado. O coe?ciente de variação é uma estatística que resume o grau de variabilidade entre diferentes valores. Quanto maior o coe?ciente de variação de um conjunto de dados, maiores são as diferenças entre esses valores. A fórmula para cálculo é a seguinte:  
Determinação do tempo ótimo de mistura de um misturador de rações - Image 1
  1. Com os respectivos valores dos coe?cientes de variação para cada tempo, veri?ca-se em que tempos apresentaram-se os menores valores, sendo essa faixa de tempo indicada como a de melhor tempo de mistura.
Determinação do tempo ótimo de mistura de um misturador de rações - Image 2
 
Através de um grá?co, como o apresentado acima, pode-se visualizar com maior facilidade a faixa de tempo ideal de trabalho para um misturador. No exemplo, o tempo ótimo de mistura está entre 11 e 17 minutos, devendo-se utilizar o menor tempo, ou seja, 11 minutos, porque trará maior economia.
Para se determinar o tempo de mistura é su?ciente que se realize apenas um ensaio como o descrito. Entretanto, se houver alterações no equipamento, inclusive desgaste de peças e troca da potência do motor, recomenda-se que a avaliação seja repetida para maior segurança. Se houver necessidade, os tempos de amostragem podem ser diferentes dos apresentados, mas devem ser igualmente espaçados e em número sempre igual ou superior a dez tempos de amostragem.
Normalmente, são veri?cados coe?cientes de variação da ordem de 10% para misturadores verticais e 5% para misturadores horizontais, mas é possível observar-se em alguns misturadores verticais coe?cientes de variação da ordem de 5%.
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Autores:
Gustavo Lima
Embrapa Suínos e Aves
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Comentário
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Adriano Padiglione
28 de mayo de 2012

Caro Gustavo , meus parabéns pelo artigo.
É um tutorial prático e factível e espero que incentive os produtores a fabricar com mais critérios as dietas em suas propriedades.
Cabe a nós profissionais do ramo sugerir o procedimento, mas contribuições como a sua terão sempre boa aceitação, principalmente por você ser um respeitado formador de opinião.

Grande abraço !

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