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Saúde intestinal produtividade frangos de corte

A saúde intestinal é elementar para a produtividade de frangos de corte

Publicado: 18 de abril de 2012
Por: Julian Cristina Borosky (Selko)
O Trato Gastro-Intestinal (TGI) é responsável pelo processo digestório, ou seja, é nele que o alimento consumido sofre transformações físicas, químicas e enzimáticas para que os nutrientes que contém possam ser liberados e absorvidos de forma eficiente. No entanto, para que isso aconteça adequadamente os animais devem apresentar um TGI saudável. Por saúde gastro-intestinal entende-se a ausência de enfermidades que possam lesar e/ou causar inflamação do TGI, ou induzir comprometimento de sua função secretória, digestiva, absortiva ou peristáltica (Ito et al, 2004).
De acordo com a literatura, cada episódio de gastroenterite será causa de efeitos deletérios com comprometimento do desempenho zootécnico do lote por afetar a digestão e absorção de nutrientes essenciais para o desenvolvimento do frango. 
A menor digestão pode ocorrer tanto pelas lesões causadas em enterócitos, pela espoliação decorrente a infecção por parasitos, vírus ou bactérias como pelo aporte de nutrientes e maior gasto energético pelo animal, para produção de células de defesa e/ou para recuperação do epitélio lesionado.
Portanto, quando um lote de frangos de corte não apresenta nenhum comprometimento de sua saúde gastro-intestinal aumentam-se as probabilidades do mesmo apresentar excelente (ou máximo) resultado zootécnico.
Embora o pintinho nasça com completo desenvolvimento anatômico do TGI, o mesmo apresenta capacidade funcional digestória imatura, comparando-se ao TGI de aves adultas (Maiorka, 2004). O intestino das aves completa seu desenvolvimento durante os primeiros 20 a 30 dias de vida, nesse período ele passa por um período de maturação que envolve adaptações morfo fisiológicas (Maiorka, 2004).
Na primeira semana de vida, o intestino cresce cinco vezes mais que o resto do corpo e na segunda semana, as vilosidades intestinais dobram de compromimento. No final do seu desenvolvimento, o peso intestinal da ave aumentou de 27 vezes quando comparado com o início de sua formação embrionária. Após os 30 dias de vida da ave seu intestino não se modifica mais, exceto no processo fisiológico de renovação celular, que ocorre a cada dois a cinco dias (Ito et al, 2004).
Dados de literatura indicam que a manutenção da integridade e saúde intestinal durante o desenvolvimento e maturação do TGI é essencial para o máximo desempenho zootécnido da ave. Em um estudo realizado por Maiorka (2003) foi observado que jejum hídrico ou sólido nas primeiras 24 horas de vida de pintinhos afetou negativamente o desenvolvimento da mucosa intestinal.
Ito et al (2004) sugerem que gastroenterites nos primeiros dias de vida podem comprometer irreversivelmente o sistema digestório do frango de corte, incapacitando-o de realizar suas funções fisiológicas e predispondo a ave a ter gastroenteropatias irreversíveis, má digestão e/ou má absorção pelo resto do ciclo produtivo. A tabela 1 apresenta as principais injúrias que afetam a mucosa intestinal e seus agentes.
Tabela 1: Principais injúrias que acometem a mucosa intestinao e seus respectivos agente.
A saúde intestinal é elementar para a produtividade de frangos de corte - Image 1
A mucosa intestinal é um dos componentes do TGI que merece atenção especial quando se avalia a saúde intestinal. Segundo Maiorka (2004) a mucosa faz parte do sistema imunológico da ave, agindo como um barreira contra microorganismos patogênicos passíveis de causar septicemias.
Nesse sentido fica clara a influência da viscosidade do conteúdo intestinal sobre a integridade da mucosa.
Ao se avaliar a microbiota do TGI deve-se considerar que ela é composta por uma flora normal. Esta é formada por microorganismos aderidos ao muco secretado pelas células caliciformes da mucosa interna ou fibras encontradas na dieta. A composição e quantidade de microorganismos que estão presentes nessa flora varia segundo a idade da ave e região do TGI avaliada. Ao nascer, pintos saudáveis são estéreis, mas bactérias ambientais rapidamente colonizam seu TGI durante a eclosão e após o nascimento.
Portanto é evidente a influência do ambiente em encubatório na formação da flora intestinal e consequente definição de seu status sanitário.
Embora a flora intestinal seja estabelecida nas primeiras horas de vida do pintinho, muitos microorganismos (como bactérias e fungos) podem ser introduzidos no TGI da ave, por deglutição. Assim, a ração, a água de bebida, o ambiente do aviário e outras aves que compõem o lote (principalmente aqueles formados por aves de diferentes origens) são importantes fontes de infecção por bactérias patogênicas ao TGI.
Esses microorganismos podem causar disbacterioses (desequilíbrio da flora intestinal) quando a pressão de infecção for muito elevada ou quando a ave estiver sob estresse, podendo acarretar em quadros de gastroenterite e consequente queda de produtividade do lote.
Dessa maneira, é crucial a adoção de manejos e tecnologias estratégicas que objetivem a manutenção da estabilidade da flora e saúde intestinal.
Os ácidos orgânicos têm sido utilizados há décadas na alimentação de leitões para amenizar o surgimento de enterites na fase imediatamente após o desmame.
Na avicultura brasileira, os ácidos orgânicos têm sido usados principalmente para reduzir a excreção de Salmonela no pré-abate. Por sua vez, na europa, os produtos têm sido usados nos primeiros 15 dias de alojamento, a fim de promover adequada saúde intestinal aos animais no início de seu desenvolvimento. 
Estudos recentes demonstram que os ácidos orgânicos de cadeia curta (SCFA), como o acético, propiônico e butírico além de atuarem reduzindo o pH e auxiliando a eliminação de microorganismos no bolo alimentar e em estruturas proximais do TGI, atuam de forma benéfica na integridade das células da mucosa intestinal.
Hoffmann e Litscheva (2005) avaliaram, em uma granja de frangos de corte comercial, o uso de SCFA e seus sais de amônia na água de bebida e observaram melhoria de 2,4% no ganho de peso diário, 3,7% na eficiência alimentar, 15,8% na mortalidade e redução na rejeição de cortes no frigorífico de 59% (tabela 2).
Tabela 2: Resultados zootécnicos de lotes tratados e não tratados com SCFA e seus sais de amônia.
A saúde intestinal é elementar para a produtividade de frangos de corte - Image 2
Em outro trabalho, o uso de SCFA e seus sais de amônia em água de bebida para frangos de corte, promoveu redução na mortalidade total do lote de 11% e redução nos custos com medicamentos de 42,8% (Selko BV, 2011). De forma geral os pesquisadores tem avaliado diferentes aditivos alternativos aos antibióticos em busca da integridade intestinal, redução da excreção de patógenos específicos (como as salmonelas) e melhoria de desempenho.
Considerando portanto, que a idade de abate de frangos de corte praticada comercialmente está entre 42 e 48 dias de idade, conclui-se que cerca de 2/3 desse período o frango possui seu TGI em desenvolvimento e assim necessitam ao máximo de cuidados específicos buscando a manutenção da integridade intestinal e máximo desempenho zootécnico.
O uso de aditivos a base de ácidos orgânicos de cadeia curta e seus sais de amônia, quando no início do alojamento (ao modelo europeu) se mostra uma excelente ferramenta para atingir esse objetivo com um baixo custo de tratamento.
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Julian  Borosky
Trouw Nutrition
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Julian  Borosky
Trouw Nutrition
19 de abril de 2012

Prezado Mário!!

perfeito!! a informação passada refere-se a revisão de anatomia e fisiologia do animal.

Obviamente no campo não conseguimos promover ausência de infecção geral. Esse índice que você comenta representa um excelente parâmetro para se avaliar a incidência de enterites em lotes de frangos, podendo ser aplicado na prática.

Mas a idéia do artigo é essa mesma! é alertar sobre os problemas que enterites causam e sobre a importância de manejarmos os lotes, principalmente no início de seu desenvolvimento com o intuito de preservar a saúde intestinal dos animais.


abraços,

Mario Real
Real H – Nutrição e Saúde Animal
19 de abril de 2012

Ok, tu falas que frangos após 30 dias, não modificam mais sua estrutura digestiva, se vivessem em ambientes controlados.
É que a minha visão é prática, ou seja, não existem, no campo, aves que não tenham sofrido agressões intestinais, mesmo com o uso dos insumos específicos para proteçao.
Assim a avaliação do Índice Entero Somático é uma forma indireta de medir o nível de agressão e resposta da população, e neste particular que temos trabalhado, incluindo aí o Índice Hepato Somático, também um excelente sinalizado do tamanho do problema.
Logicamente que todas ações preventivas, visando a produtividade devem ater-se a saúde intestinal, por ser a porta de acesso dos nutrientes bem como dos agentes infecciosos.

Obrigado

Julian  Borosky
Trouw Nutrition
19 de abril de 2012

Prezado Mário, bom dia!

Quando me refiro que após os 30 dias de vida o intestino não se modifica, me refiro as modificações referente ao desenvolvimento normal do órgão. observamos apenas substituição de tecido lesionado ou células velhas.

A modificação a qual o colega se refere se deve a uma agressão ao enterócito e não uma modificação natural.

Toda vez que os enterócitos sofrerem alguma alteração o organismo da ave irá recuperar o epitélio lesionado, destinando nutrientes para esse fim. A maior ou menor gravidade da lesão determinará o tempo e nutrientes necessários para que a estrutura volte a suas condições normais.

Mais ao final do texto comento isso, que a perda de desempenho da ave, em casos de enterite, não se deve apenas a menor digestibilidade do alimento mas também aos nutrientes que a ave destina para combater a infecção (na produção de anticorpos) e também para recuperar as estruturas lesionadas.

De toda forma, animais que não tiveram enterites no início de seu desenvolvimento têm maior facilidade de debelar infecções tardias, enquanto que animais que tiveram constantes enterites nas fases iniciais de seu desenvolvimento serão mais sensíveis a infecções e poderão apresentar diversos problemas de ordem entérica resultando em queda de desempenho final.


att,

Julian










Mario Renck Real
Real H – Nutrição e Saúde Animal
19 de abril de 2012

Prezada Colega Julian
A colega afirma que após os 30 dias o intestino não se modifica mais...apenas o turn over celular normal...
Porém sabe-se que o Índice Entero-Somático se altera, quando as aves sofrem repetidas agressões por coccideos. Este índice correlaciona o peso dos intestinos vasios com o peso total do corpo da ave viva.
Neste caso o organismo destina recursos (energia e nutrientes) para compensar a lentidão da digestão (fruto das lesões repetidas em maior ou menor grau)..
Se isto for fato, então há uma modificação significativa, mesmo após os 30 dias... e esta modificação interfere diretarmento no rendimento de carcaça.

Gostaria de seu comentário a respeito.
obrigado

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