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Produção animal e sustentabilidade

O contexto das Mudanças Climáticas e as possíveis conseqüências sobre a produção agropecuária

Publicado: 3 de maio de 2010
Por: João Luis dos Santos (Supervisão Comercial/Produto - Beraca Sabara Químicos e Ingredientes)
Introdução.
De acordo com o relatório da FAO "FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS - Rome, 2006" a criação de animais é mais danosa ao clima do que a poluição causada pelos automóveis e a produção de alimentos cresceu muito nos últimos anos.
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O crescimento populacional, a cultura da alimentação america e o fortalecimento de economias do terceiro mundo são fatores que levaram ao expressivo aumento do consumo de proteína animal.
Neste sentido a produção animal cresceu sem um planejamento ambiental, visando apenas o atendimento das demandas geradas pelos produtos, sem conscientização do consumo adequado destes. Atualmente o setor produtivo começa a ser cobrado por uma conta que; ou pela ingenuidade não mediu as conseqüências futuras, ou deliberadamente as ignorou. Infelizmente, seja qual for o caso, a conta tem que ser paga, por todos nós, agora ou no futuro pelos que ha assumirão.
Emissão de CH4 na Pecuária e a Sustentabilidade.
Segundo estudiosos no tema, a promoção de uma agricultura sustentável depende da adequação de um tripé relacional entre consumidores, produtores e setores produtivos que, que se dediquem a formas de manejo, em um mercado ético e solidário.
Edição 83 - Jan/Fev 2010 da revista Meio Ambiente Industrial
A Agropecuária é o maior responsável pelas emissões de CH4, sendo a principal emissão decorrente da fermentação entérica do rebanho de ruminantes, quase toda  referente  ao  gado  bovino. As
emissões anuais de CH4 associadas à fermentação entérica foram estimadas em 49,4 Tg, 92% do total de  emissões  de  CH4 do  setor  Agropecuária em 1994.
Os 8% restantes resultaram do manejo de dejetos de animais, da cultura do arroz irrigado e da queima de resíduos agrícolas. As emissões do setor aumentaram 7% no período de 1990 a 1994, devido, predominantemente, ao aumento do rebanho de gado de corte.
Teragrama é unidade de massa equivalente a 1.000.000 de toneladas (109 kg ou 1 teragrama (Tg).

Os gases que possuem maior influência no efeito estufa são chamados de Gases de Efeito Estufa (GEE, ou em inglês, GHG – greenhouse gases) e são: o vapor d’água (H2O), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), ozônio (O3) e clorofluorcabonos (CFC’s).Maiores informações sobre o tema podem ser encontrados no “Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa”, disponível no site http://www.mct.gov.br/clima
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do Programa Nacional de Mudanças Climáticas.A Edição 83 - Jan/Fev 2010 da revista Meio Ambiente Industrial traz na capa o tema: Agronegócio Sustentável e afirma que segundo dados do Depros a emissão por gado fica em torno de 50 a 55Kg de metano por ano. Mas se o agricultor preparar um bom pasto, bem manejado e recuperado, o balanço torna-se positivo.A quantidade total de dejetos produzidos na suinocultura varia de acordo com o peso corporal dos animais, com valores de 4,9% a 8,5% de seu peso vivo/dia, para faixas de 15 a 100kg. Considerando-se uma produção média de 2,5 m3 de dejeto líquido por suíno/ano (KONZEN, 1983, em SCHERER et al., 1996) e um rebanho de 32,4 milhões de cabeças em 2004 (IBGE), tem-se no país uma produção anual de 81 milhões de metros cúbicos de dejeto líquido.
Total de emissões de CH4 em 1994.
O Metano do setor Energia
Apenas como comparativo, em 1990 as emissões de metano proveniente de mineração do carvão fóssil contribuíram com cerca de 23 a 39 Tg onde seguem os maiores responsáveis.
Tabela - Estimativa de emissões fugitivas de CH4 provenientes da extração de carvão mineral.
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O Aquecimento Global e as Mudanças Climáticas.
A questão do aquecimento global, difícil de ser compreendida devido sua complexidade científica e a existência de poucos especialistas neste tema no Brasil, geralmente envolvidos com projetos considerados mais prioritários, tornam a elaboração do Inventário Brasileiro de Emissões de Gases de Efeito Estufa um esforço complexo e pioneiro.
Uma pergunta que fazem hoje é: "Qual é a fração de aumento na temperatura média da superfície terrestre resultante de emissões globais de gases de efeito estufa não controladas pelo Protocolo de Montreal que resulta dessas emissões no Brasil?"

Entretanto, enquanto se fazem divagações em cima do tema, o meio ambiente ao nosso redor esta mudando. "É como a lenda do sapo na panela que esta sendo aquecida lentamente. Ele se acomoda a temperatura, a água ferve e ele morre cozido". Lenda ou realidade o exemplo cabe bem, pois num ponto todos concordam. O Clima Mudou. Mas não mudou assim tão rápido como alertam. As mudanças podem ser pontuadas nos anos de maior industrialização mundial.
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Os últimos eventos climáticos que tornaram-se tema destas mudanças podem ter sido acentuados pelos efeitos antropicos.
A Antropia é a ação humana, capaz de produzir modificações no ambiente natural - quer construtivamente (ou "produtivamente"), quer destrutivamente.
Ações humanas modificam a natureza. Diferentemente das ações levadas a efeito por outros seres, inanimados ("elementos ou forças naturais sem vida) ou animados - estes, vegetais ou animais - as ações humanas são, pelo menos, de duas classes, sob a ótica da modificação.
O fato é que antrópicas ou apenas potencializadas pelas ações antrópicas o clima esta mudando muito mais rápido que o normal e há algumas perguntas que deveríamos responder:
Estamos preparados para mudar as culturas; se necessário; em função da mudança do clima?
Temos meios e tecnologias para minimizar os efeitos regionais das mudanças climáticas sobre as áreas produtivas que serão afetadas por tais mudanças sem necessidade primária de modificar a cultura local?
Temos condições/estruturas logísticas de efetuar esse tipo de mudança de cultura se for necessária?
Como essa mudança afetaria econômica, social e ambientalmente cada região afetada?
Quantas outras perguntas precisam ser respondidas?
Mas enquanto tais perguntas não forem respondidas, de forma responsável e cientifica, estaremos sempre sujeitos aos ecoterroristas à quem que não interessa ter no Brasil o maior produtor e exportador de alimentos do mundo.
Agrava-se o fato de que neste contexto, a água, em excesso ou escassez, assume um papel vital em todo processo, podendo levar autoridades, comunidade científica e formadores de opinião, a traçarem diretrizes restritivas sem fundamento científico e técnico, causando assim prejuízos que quando percebidos poderá ser tarde demais.
Imagem do Mar de Aral.
O maior acidente ambiental antropico. Fruto da ignorância de homens que tomam decisões sem fundamentos claros. O governo soviético começou a desviar parte das águas dos rios que alimentavam o Mar de Aral, o Amu Darya (ao sul) e o Syr Darya (no nordeste) em 1918.
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João Luis dos Santos
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