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Imunossupressão frangas leves

Estudo de campo de um quadro de imunossupressão num lote de frangas leves

Publicado: 20 de outubro de 2011
Por: L Pascual*1; C de los Santos2, S Viora3 - 1Laboratorio Servetya; 2Laboratorio Esifar; 3Universidad Nacional de Luján. Buenos Aires. Argentina
Sumário

Os quadros de imunossupressão em aves comerciais podem ser observados, com maior intensidade, nos atuais sistemas de criação. Apresenta-se um caso que aconteceu num lote de frangas leves, de 8 semanas de idade, recriadas em gaiolas, com mortalidade elevada, durante 3 semanas, deixando como sequela desuniformidade, baixa produtividade e uma baixa resposta imune. Realizou-se a autópsia de aves, histopatologia de Gumboro (IBD), Bronquite Infecciosa (IBV), Anemia Infecciosa do Frango (CAV), Mycoplasma synoviae (MS) e Mycoplasma gallisepticum (MG), pesquisa de enterobactérias em órgãos, e pesquisa de micotoxinas em ração balanceada. Os estudos histopatológicos descreveram uma esplenite com amiloidose, e congestão venosa, necrose, hiperemia e infiltrados de heterófilos. No fígado, se observou uma marcada congestão venosa, hiperplasia de conduto biliar, hepatose vacuolar e necrose, correspondentes a lesões de origem tóxica. Os estudos sorológicos indicam soroconversão para CAV e MS, assim como também títulos maiores aos esperados para IBV e IBD. Foram isoladas bactérias compatíveis com Escherichia coli em conteúdo de sacos aéreos. Foram detectados valores de toxina T2 entre 500 e 1000 ppb no extrusado de soja utilizado para a fabricação da ração balanceada. Chega-se à conclusão de que este quadro de imunossupressão foi causado pela adição de vários fatores que agiram sinergicamente: vírus de anemia, micoplasmose, colibacilose, micotoxicose, elevada densidade populacional e falhas nos sistemas de biossegurança, como um inadequado vazio sanitário e procedimentos de higiene e desinfecção deficientes. Isto resultou numa menor produtividade do lote durante todo o ciclo. A mortalidade foi descendo paulatinamente, manifestando uma uniformidade de peso aproximada de 50%. Atualmente, as aves se encontram em postura, sem sintomas clínicos aparentes, com uma porcentagem de postura de 5 pontos abaixo dos padrões da linha
Palavras-Chave: Imunossupressão, Micotoxinas, Anemia infecciosa do frango.

Introdução
Os quadros de imunossupressão em aves comerciais são observados com maior intensidade nos atuais sistemas de criação. Eles podem ser atribuídos a causas ambientais, nutricionais, sanitárias e tóxicas, sem que se possa determinar com certeza qual delas foi o agente primitivo que desencadeou o quadro.  Ocorrem, geralmente, em forma crônica, com uma mortalidade não muito elevada (Rosales, 1999). Este tipo de casos tem sido atribuído à ação de determinados vírus, como aquele da Anemia Infecciosa do Frango, além da doença de Gumboro, micoplasmose, micotoxicose, etc. (Dohms & Saif, 1984)
Este trabalho apresenta um caso ocorrido numa granja de recria, localizada no partido de Luján, província de Buenos Aires, Argentina, durante o mês de maio de 2010, num lote de frangas leves para a produção de ovos, de 8 semanas de idade, alojadas em gaiolas, onde aconteceu uma mortalidade elevada que durou 3 semanas, deixando como sequela uma marcada desuniformidade e uma pobre resposta imune a vacinas aplicadas posteriormente.

Materiais & Métodos
O lote de 24.000 aves estava alojado em gaiolas, com uma densidade de 200 cm2 por ave, aproximadamente. Aconteceu um aumento da mortalidade, fato que foi aumentando durante os dias seguintes e persistiu até 13 semanas. As porcentagens de mortalidade variaram de 3,13 % a 11,20% entre 8 e 13 semanas de vida.
Foram vacinadas em planta de incubação contra Marek, Doença de Gumboro, Laringotraqueíte Infecciosa e Varíola Aviária com vacinas recombinantes. Foram aplicadas duas doses de Newcastle e três de Bronquite, através da água de beber, a última, 12 dias antes do início da manifestação dos sintomas.
A ração balanceada foi de produção própria. Foram realizados controles físico-químicos e micotoxicológicos periódicos desta ração e de suas matérias primas.
O estado geral do lote era bom no início, manifestando somente sintomas respiratórios leves. Os pesos eram inferiores aos padrões da linha. Nesse momento, houve uma medicação feita com fosfato de tilosina associado a oxitetraciclina, durante 7 dias, na ração, a doses terapêuticas. A ração foi reforçada com cloruro de colina e suplemento vitamínico mineral em doses recomendadas pelo nutricionista.
Foram realizadas as seguintes determinações:
  1. Autópsia de aves com sintomas clínicos, e de aves mortas recentemente.
  2. Histopatologia de órgãos: fígado, baço, intestino.
  3. Detecção de anticorpos em 15 soros contra IBD, IBV, CAV, MS e MG, mediante a técnica de ELISA proposta por Idexx Laboratories (Kleven, 2001).
  4. Pesquisa de enterobactérias, a partir do fígado e do conteúdo de sacos aéreos de 10 aves (isolamento em Ágar Mac Conkey).
  5. Pesquisa de micotoxinas em ração balanceada, por cromatografia em camada delgada (TLC), segundo a metodologia proposta pela A.O.A.C. (1990).
Resultados & Discussão
Na autópsia se observou uma marcada congestão e aumento de tamanho do fígado, friabilidade hepática, hemorragias generalizadas no intestino, com conteúdo hemorrágico em seu interior, presença de conteúdo hemorrágico em cavidade abdominal, com alteração marcada da coagulação, marcada atrofia do timo, aerossaculite fibrinosa, opacidade de sacos aéreos.
Os estudos histopatológicos descreveram uma esplenite com amiloidose, e congestão venosa, necrose, hiperemia e infiltrados de heterófilos. No fígado, evidente congestão venosa, hiperplasia de conduto biliar, hepatose vacuolar e necroses, correspondentes a lesões de origem tóxica.
Os estudos sorológicos realizados em 11 semanas de idade indicaram soroconversão para CAV, sendo positivos o total dos soros analisados. 55% do soros analisados foram positivos a MS e a totalidade dos soros foram negativos para MG. Os títulos para IBD foram altos, de acordo com os esperados, para uma vacina recombinante, indicando um desafio da doença. A média dos títulos de IBV foi alta, indicando um possível desafio da doença. Foram isoladas colônias bacterianas compatíveis com Escherichia coli em conteúdos de sacos aéreos. Não foram detectadas outras enterobactérias.
Os estudos para a determinação de micotoxinas deram valores de T2 entre 500 e 1000 ppb em extrusado de soja utilizado para a fabricação da ração balanceada, no período transcorrido entre um mês antes e um mês depois da ocorrência do caso.
A mortalidade foi diminuindo paulatinamente (Figura 1), manifestando uma uniformidade de peso aproximada de 50%. Em fevereiro do ano 2011, as aves encontravam-se em postura, sem sintomas clínicos aparentes, com uma porcentagem de postura de 5 pontos abaixo dos padrões da linha genética, e títulos de anticorpos contra a síndrome de baixa postura não protetivos, por isso o lote foi revacinado sem apresentar sintomas clínicos até o presente.
Este quadro de imunossupressão foi causado por fatores que agiram sinergicamente: vírus de anemia, micoplasmose, colibacilose, micotoxicose, elevada densidade populacional e falhas nos sistemas de biossegurança, como um inadequado vazio sanitário e procedimentos de higiene e desinfecção deficientes.
Figura 1. Curva de mortalidade das aves da 1ª  até a 18ª  semana de idade.
 Estudo de campo de um quadro de imunossupressão num lote de frangas leves - Image 1
Conclusões
As elevadas exigências produtivas a que são submetidas as aves das atuais linhas genéticas diminuem sua resistência a certos fatores de estresse. O permanente desafio sanitário, sobretudo em granjas de recria de idades múltiples, somado a deficiências nos níveis de biossegurança, exigem que estas aves contem com um sistema imunológico competente. É importante implementar um procedimento de rotina para a determinação de micotoxinas, com a finalidade de prever, na medida do possível, o desvio ou rejeição de insumos contaminados, além de uma monitoração sorológica de rotina para avaliar níveis de anticorpos desenvolvidos em resposta às aplicadas.
Bibliografia
AOAC International. 1990. Method no. 986.17 and 986.18. In: Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists, Helrich K. (ed.), Arlington.
Dohms JE & Saif YM. 1984. Criteria for evaluating immunosuppression. Avian Dis. 28:305-310.
Kleven SH. 2001. Some perspectives on micoplasma diagnosis and control. En XVII Congreso latinoamericano de avicultura. Guatemala.
Rosales AG. 1999. Inmunosupresión causada por enfermedades virales, estrés, micoplasmas, manejo y nutrición. En III Encontro Internacional de Ciencias Agrarias. MG. Brasil.
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