Atualmente, um dos grandes desafios na produção de frangos de corte está ligado à contaminação de grãos por micotoxinas, que são toxinas produzidas por fungos, responsáveis por perdas na capacidade produtiva das aves, por atingirem os sistemas imunológico, circulatório e digestório.
As aflatoxinas são consideradas as micotoxinas mais tóxicas em avicultura, pois causam modificações patológicas em quase todos os órgãos, tecidos e sistemas das aves [1]. O fígado é o órgão mais atingido, comprometendo o metabolismo geral dos animais, causando redução da ingestão de alimentos, redução no metabolismo energético, e como conseqüência, um crescimento retardado, com enormes prejuízos econômicos.
A neutralização dos efeitos tóxicos das aflatoxinas se faz através da incorporação de aditivos antimicotoxinas nas rações dos animais, sendo que a maioria destes aditivos é proveniente de matérias-primas extraídas de rochas vulcânicas e apresenta variação na sua composição química. Muitos dos produtos comerciais não possuem controle de qualidade, o que pode comprometer a sua eficiência [1].
Este estudo foi realizado com o objetivo de comparar a eficiência de diferentes aditivos antimicotoxinas em dietas de frangos de corte contendo aflatoxinas através da avaliação de suas características morfológicas.
Material e MétodosO experimento foi conduzido no Aviário Experimental do Departamento de Zootecnia, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas, no período de novembro a dezembro de 2005. Foram utilizados 735 frangos de corte, fêmeas, da linhagem Ross, de um a 28 dias de idade. As aves foram distribuídas em cinco tratamentos, com sete repetições, sendo a unidade experimental representada pelo boxe com 21 aves. O delineamento utilizado foi o completamente casualizado, sendo os tratamentos constituídos por: T1 (dieta basal - DB, sem aflatoxina), T2 (DB + 2,5 ppm de aflatoxina), T3 (DB + 2,5 ppm de aflatoxina + argila 1), T4 (DB + 2,5 ppm de aflatoxina + argila 2) e T5 (DB + 2,5 ppm de aflatoxina + argila 3). Os animais receberam os tratamentos até os 28 dias de idade. As argilas foram adicionadas às dietas de acordo com as recomendações de cada fabricante.
As dietas experimentais eram à base de milho e farelo de soja, sendo isonutritivas em todas as fases de produção e foram fornecidas às aves ad libitum.
Aos 14, 21 e 28 dias de idade foram selecionadas e abatidas 10 aves/tratamento, sendo avaliados o peso vivo no momento do abate (PV) e, o peso relativo do fígado em relação ao peso vivo (PRF). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%.
Resultados e Discussão
As médias das variáveis PV e PRF são apresentadas na Tabela 1. Observou-se que o PV das aves que receberam aflatoxinas na dieta foi significativamente menor quando comparado àquelas que receberam o tratamento controle, não havendo diferença 2 significativa do PV das aves entre os tratamentos que continham aditivos antimicotoxinas. O menor peso vivo observado no grupo de aves que receberam rações com aflatoxinas pode ser explicado pela diminuição nas taxas de síntese protéica e por alterações no metabolismo energético [4].
ab Médias na mesma coluna com letras distintas diferem pelo teste Tukey (P< 0,05)Tabela 1. Médias do peso vivo (PV) e peso relativo do fígado (PRF, %) para os diferentes tratamentos, durante o período de 1 a 28 dias de idade dos frangos de corte.
As aves que receberam aflatoxinas na ração apresentaram PRF significativamente superior quando comparadas às aves que receberam o tratamento sem aflatoxina, com exceção do tratamento contendo a argila 3, a qual demonstrou ser a argila mais eficiente em comparação com as demais. A adição dos aditivos antimicotoxinas não foi capaz de diminuir a hepatomegalia causada pela intoxicação, fazendo com que o fígado dos animais intoxicados fosse 67% maior do que o fígado das aves sadias. Estes dados mostram que as aflatoxinas são responsáveis pelo crescimento anormal desta víscera. Resultados semelhantes foram observados por [2], [5], [3] e [1]. Assim, a inclusão de diferentes aditivos antimicotoxinas foi insuficiente para reduzir os efeitos tóxicos das aflatoxinas no organismo das aves, demonstrando a importância da realização de avaliações periódicas in vivo em relação à eficiência de diferentes aditivos antimicotoxinas disponíveis no atual setor avícola.
Conclusão
A inclusão de diferentes aditivos antimicotoxinas na dieta não foi suficiente para neutralizar os efeitos tóxicos das aflatoxinas sobre características morfológicas de frangos de corte.
Bibliografia
[1] Lopes, J.M. Alterações de parâmetros produtivos, enzimáticos e histomorfopatológicos de frangos de corte alimentados com ração contaminada ou não por aflatoxinas contendo aditivos antimicotoxinas, Brasil. 2007. 147f. Tese (Doutor em Ciências)- Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
[2] Mariani, G.C. Desempenho produtivo de frangos de corte submetidos à intoxicação experimental com aflatoxina em diferentes idades. 1998.79 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de
Santa Maria, Santa Maria.
[3] Miazzo, R.; Peralta, M. F.; Magnoli, C.; Salvano, M.; Ferrero, S.; Chiacchiera, S. M.; Carvalho, E. C.; Rosa, C.
A.; Dalcero A. Efficacy of sodium bentonite as a detoxifier of broiler feed contaminated with aflatoxin and
fumonisin. Poultry Science, v. 84, n.1, p.1-8, 2005.
[4] Rosa, C.A.R.; Miazzo, R.; Magnoli, Z. et al. Evaluation of the efficacy of bentonite from the south of Argentina to ameliorate the toxic effects of aflatoxin in broilers. Poultry Science, v.80, p. 139-144, 2001.
[5] SANTIN E.; PAULILLO, A.C.; KRABBE, E.L.; ALESSI, A.C.;POLVEIRO, W.J.C.; MAIORKA, A. Low level of
aflatoxina in broiler at experimental conditions. Use of cellwall yeasts as adsorbent of aflatoxin. Archives of
Veterinary Science, n. 2: p. 51-55, 2003.