Conclusões
- Ecobiol foi compatível com todos os coccidiostáticos comerciais testados.
Introdução
Os coccídios são presentes em praticamente todas as granjas de aves. O gênero Eimeria é o mais comum e infecta vários segmentos do intestino. O processo infeccioso é rápido (4-7 dias) e caracteriza-se pela multiplicação do parasita nas células do hospedeiro, causando danos significativos à mucosa intestinal. Medidas práticas de manejo para evitar riscos biológicos não são suficientes para prevenir a infecção por coccídios. Por isso, os anticoccidianos são administrados na ração para prevenir a doença e as perdas econômicas, frequentemente associadas à infecção subaguda. Os anticoccidianos devem ser usados de forma profilática, porque a maior parte do dano ao trato intestinal ocorre antes que os sintomas ou a redução do desempenho sejam evidentes. Além disso, o tratamento de uma infecção já instalada não interrompe completamente os surtos. A adição de coccidiostáticos a rações de aves é, portanto, uma prática comum (Allen et al., 2002, Greif et al., 2001). Em geral, os probióticos melhoram a conversão alimentar, diminuem a mortalidade, estimulam a resposta imune e protegem contra patógenos entéricos (Siragusa, 2012). Como foi observado que alguns coccidiostáticos também têm efeitos antibacterianos, a compatibilidade de bactérias probióticas vivas com esses produtos deve ser sempre confirmada antes de sua inclusão em uma fórmula de ração.
Objetivo
Avaliar a compatibilidade do B. amyloliquefaciens CECT 5940 (Ecobiol®) vivo com coccidiostáticos comumente usados, como monensina sódica, diclazuril, nicarbazina, cloridrato de robenidina, salinomicina sódica, lasalocida sódica A, narasina/nicarbazina, maduramicina de amônio, decoquinato e semduramicina sódica.
Materiais e Métodos
A compatibilidade com a monensina sódica, diclazuril e nicarbazina foi estudada in vitro através do ensaio de Concentração Inibitória Mínima (MIC). Esta técnica é utilizada para determinar a menor concentração de um composto específico necessária para matar bactérias. As diluições crescentes dos coccidiostáticos testados (representando diferentes concentrações do coccidiostático) foram adicionadas a um meio de cultura em poços separados de microplacas e os poços foram então inoculados com B. amyloliquefaciens CECT 5940. As placas foram incubadas de um dia para o outro. A turbidez do caldo de cultura em cada poço indica crescimento bacteriano, enquanto os poços que permanecem transparentes indicam que não houve crescimento. A MIC é a menor concentração do coccidiostático em que NÃO há crescimento. Para poder declarar compatibilidade, a EFSA estabeleceu uma MIC quatro vezes maior que a dose registrada dos coccidiostáticos testados.
Foi avaliada a compatibilidade in vivo do Ecobiol® com cloridrato de robenidina, salinomicina sódica, lasalocida sódica A, diclazuril, narasina/nicarbazina, monensina sódica, maduramicina amoniacal, decoquinato e semduramicina sódica. Ambos os ensaios, in vitro e in vivo, foram realizados de acordo com as metodologias indicadas no manual técnico “Compatibility of zootechnical microbial additives with other additives showing antimicrobial activity” (Compatibilidade de aditivos microbianos zootécnicos com outros aditivos que apresentam atividade antimicrobiana) do EFSA-FEEDAP.
EXPERIMENTO IN VITRO
O inóculo foi preparado a partir de colônias isoladas em placa de TSA (ágar triptona de soja, Bioser) após a incubação do B. amyloliquefaciensCECT 5940 de um dia para o outro a 30ºC (como recomendado pelo Clinical and Laboratory Standards Institute). O número de microrganismos viáveis em cada diluição foi calculado de forma a garantir pelo menos 108 UFC/mL. Todos os coccidiostáticos foram preparados de acordo com as recomendações do fabricante e foram feitas as diluições necessárias para preparar as concentrações selecionadas. Os valores de MIC dos coccidiostáticos foram determinados em placas de 96 poços. Foram utilizados três poços da seguinte forma: controle positivo, apenas com probiótico; controle negativo e controle com o coccidiostático. A MIC foi calculada como a média de três repetições da mesma concentração de cada um dos coccidiostáticos. O B. amyloliquefaciens CECT 5940 foi considerado compatível com o coccidiostático quando a MIC do coccidiostático foi quatro vezes maior que sua concentração máxima na ração. Portanto, as concentrações avaliadas foram selecionadas levando em conta a orientação da EFSA, que determina compatibilidade quando a MIC for quatro vezes maior que a dose máxima do coccidiostático na ração.
EXPERIMENTOS IN VIVO
Foram realizados dois experimentos para avaliar a compatibilidade do Ecobiol® com coccidiostáticos em frangos de corte. O primeiro experimento foi realizado com 144 frangos Cobb 500 de um dia de idade (72 machos e 72 fêmeas). As aves foram distribuídas ao acaso em 12 gaiolas com 12 aves cada. A duração do experimento foi 21 d.
Todos os grupos receberam uma dose padrão de 1 x 109 UFC de Ecobiol/kg de ração. A dose foi confirmada por análise microbiológica. Os tratamentos foram: T1, Controle (Ecobiol® a 1 x 109 CFU/kg de ração); T2, Controle + cloridrato de robenidina a 36 mg kg-1 (Cycostat 66G); T3, Controle + salinomicina sódica a 70 mg kg-1 (Sacox 120); T4, Controle + lasalocida sódica A a 125 mg kg-1 (Avatec 15% cc); T5, Controle + diclazuril a 1 mg kg-1 (Clinacox 0,5% premix) e T6, Controle + narasina a 50 mg kg-1 /nicarbazina a 50 mg kg-1 (Maxiban G160).
O segundo experimento foi realizado com 120 frangos Cobb 500 de um dia de idade (60 machos e 60 fêmeas). As aves foram distribuídas ao acaso em 10 gaiolas com 12 aves cada. Todos os grupos receberam uma dose padrão de 1 x 109 UFC de Ecobiol®/kg de ração. A dose foi confirmada por análise microbiológica. Os tratamentos foram: T1, Controle (Ecobiol® em 1 x 109 CFU/kg de ração), T2, Controle + monensina sódica 125 mg kg-1 (Elancoban 200); T3, Controle + maduramicina de amônio 5 mg kg-1 (Cygro 1%); T4, Controle + decoquinato 40 mg kg-1 (Deccox) e T5, Controle + semduramicina sódica 25 mg kg-1 (Aviax 5%).
Em ambos os experimentos, todos os coccidiostáticos comerciais foram incluídos na ração na dose máxima recomendada e as doses foram confirmadas por análise química. Em ambos os experimentos, as dietas basais foram dietas comerciais típicas à base de milho, trigo e farelo de soja e foram fornecidas fareladas. As aves estavam saudáveis no início do experimento e todos os incidentes incomuns, doenças, descarte e mortalidade foram registrados. No final do experimento, foi coletado o conteúdo cecal de 18 aves por tratamento e foi realizada a contagem de Bacillus amyloliquefaciens.
Resultados
EXPERIMENTO IN VITRO
Houve crescimento de B. amyloliquefaciens CECT 5940 (Ecobiol®) em todas as concentrações testadas. Portanto, os resultados indicam que o Ecobiol® é compatível in vitro com os coccidiostáticos monensina sódica, diclazuril e nicarbazina.
EXPERIMENTOS IN VIVO
Exp. 1:
A saúde e o desempenho das aves foram considerados normais durante o estudo e não foram detectadas diferenças significativas entre os tratamentos aos 21 dias de idade. Embora houvesse algumas diferenças na contagem de Bacillus amyloliquefaciens CECT 5940, a diferença não foi maior que ± 0,5 log UFC/g digesta. Além disso
Exp. 2:
A saúde e o desempenho das aves foram considerados normais durante o estudo e não foram detectadas diferenças significativas de peso corporal ou ganho de peso aos 21 dias de idade entre o controle (T1) e os outros tratamentos testados, com exceção do T3 (Cygro), que teve impacto negativo no peso corporal e no ganho de peso no final do teste (34,7 vs. 32,1 g/d; P<0,05). As contagens de Bacillus amyloliquefaciens CECT 5940 foram equivalentes entre tratamentos, diferindo em aproximadamente ± 0,5 log UFC/g digesta. Não foram detectadas diferenças significativas nas contagens cecais entre o tratamento Ecobiol® e os tratamentos incluindo coccidiostáticos (Tabela 3).