Introdução
A inserção do manejo ambiental nas produções pecuárias brasileiras é prática recente e ainda limitada a algumas produções, notadamente a suinocultura, bovinocultura de corte e carcinocultura por estas gerarem importantes produtos cárneos no conjunto de produtos exportados pelo país, além de ameaçarem a preservação de biomas e ecossistemas sensíveis. No entanto, mesmo nestas cadeias produtivas o manejo se limita, muito mais, a um conjunto de intenções, do que práticas no dia-a-dia produtivo das unidades de produção. Essas intenções são maiores ou menores de acordo com o momento produtivo, ou seja, em momentos de crise econômica as ações são paralisadas.
Mas essa situação deve ser mudada, pois os mercados consumidores internos e externos e os novos conceitos e as exigências como sistemas de rastreabilidade e certificação, produtos com denominação de origem, boas práticas de produção, entre outros, exigem que o manejo produtivo seja documentado e utilizem-se indicadores a fim de mensurar a eficiência ambiental da produção. As produções pecuárias brasileiras devem promover mudanças em sua situação ambiental, melhorando sua relação com os recursos naturais e demonstrando que o desenvolvimento com sustentabilidade é uma meta a ser alcançada.
A demanda por produtos animais aumentou significativamente nas últimas décadas e é esperado um crescimento ainda maior, particularmente, nos países em desenvolvimento, aumentando assim a pressão sobre os recursos naturais (DELGADO et al., 1999; PENNING DE VRIES et al., 1997). O aumento projetado da demanda de água pela pecuária mundial para o ano de 2025 é de 71%, e grande parte deste ocorrerá nos países em desenvolvimento (BRUINSMA, 2003; DELGADO et al., 1999; ROSEGRANT et al., 2002).
A relação da atividade pecuária com a gestão dos recursos hídricos gera desafios vinculados a diversos aspectos, dentre os quais se destaca: o avanço desordenado sobre novas áreas, com consequentes impactos socioambientais. O desafio é fornecer informações e condições para que sejam adotadas técnicas e práticas ambientalmente corretas (BRASIL, 2006).
Neste cenário, a relação água e produção de suínos é um tema que deve ser abordado de forma imediata e sistêmica, pois essa atividade é uma ameaça constante à quantidade e à qualidade deste recurso natural. Palhares e Calijuri (2007) destacam que na produção de suínos, os recursos hídricos são os mais impactados pela característica do principal resíduo desta produção que se apresenta na forma líquida.
Entre várias metodologias disponíveis para avaliação de impacto ambiental, o cálculo da pegada hídrica tem se mostrado eficiente e abrangente no estudo das relações de produção e de recurso natural, podendo ser aplicado a uma nação, cidade, comunidade, setor produtivo ou unidade produtiva.
A pegada hídrica de uma produção animal pode ser calculada de várias formas, sendo a mais comum a consideração da água consumida na produção do alimento e para dessedentação e limpeza das instalações (CHAPAGAIN; HOEKSTRA, 2003).
Os países desenvolvidos e em desenvolvimento consomem dietas ricas em proteína animal (PINGALI, 2007). O resultado deste processo é o aumento da pegada hídrica.
O objetivo do trabalho foi calcular a pegada hídrica dos suínos abatidos no Brasil em 2008 em cada um dos Estados da Região Centro-Sul do país.
Material e métodos
Nesse estudo se considerou para o cálculo da pegada hídrica o número de suínos abatidos no Brasil em 2008, de acordo com a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por animais abatidos entendem-se suínos abatidos sob inspeção federal, estadual ou municipal. A escolha por avaliar somente os Estados localizados na Região Centro-Sul do país justifica-se por esses concentrarem 98,3% dos abates no período, conforme a Tabela 1.
Há várias metodologias que se pode utilizar para o cálculo da pegada hídrica, inclusive incluindo a água necessária para a produção dos produtos gerados a partir do abate dos animais (RENAULT; WALLENDER, 2000). Neste estudo, utilizou-se a metodologia proposta por Chapagain e Hoekstra (2003) que considera para o cálculo a água consumida na produção de grãos (milho e soja), a água de dessedentação e a água utilizada na limpeza das instalações.
Tabela 1. Total de cabeças de suínos abatidas por Estado da Região Centro-Sul no ano de 2008.
Na Tabela 2, observa-se a constituição da dieta dos suínos em crescimento e terminação utilizada como referência para o cálculo da quantidade de milho e farelo de soja consumido. Por ser uma atividade com elevado grau de agroindustrialização, os padrões nutricionais estão bem estabelecidos, portanto entende-se que a dieta de referência reflete a realidade produtiva vigente.
Tabela 2. Consumo de ração, milho e farelo de soja durante a fase de crescimento-terminação.
Considerando que a evapotranspiração durante todo o ciclo da cultura de milho, para o Centro-Sul brasileiro, seja de 450 mm (0,45 m3 m-2) (COUTO; SANS, 2002), tem-se a necessidade de água de 4.500 m3 ha-1. Utilizando-se a produtividade média para a cultura em cada Estado da Região Centro-Sul, de acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2009), calculou-se a quantidade de água consumida, considerando-se o milho consumido pelos suínos abatidos em 2008, conforme a Tabela 3.
No cálculo do consumo de água para produção de uma tonelada de soja foi utilizado o referencial de 600 mm (0,6 m3 m-2) (COUTO; SANS, 2002). Nesse caso, tem-se a necessidade de água de 6.000 m3 ha-1. Utilizando-se a produtividade média para a cultura em cada Estado da Região Centro-Sul, de acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), calculou-se a quantidade de água consumida, considerando-se a soja consumida pelos suínos abatidos em 2008.
Tabela 3. Consumo de água por Estado para produção do milho.
Os três principais produtos do denominado complexo soja são grão, farelo e óleo. Desses, o farelo é a forma que os suínos consomem a soja. Portanto, nem toda água consumida para a produção dos produtos do complexo pode ser contabilizada no cálculo da pegada. Utilizando-se os índices constantes nos Fatores de Conversão das Commodities Agropecuárias da FAO (FAO, 2009), considera-se que no caso brasileiro, de cada grão produzido, 77% são farelos e 23% são óleo. Desta forma, da água consumida na produção da soja, somente 77% foram contabilizadas no cálculo da pegada, conforme a Tabela 4.
Tabela 4. Consumo de água por Estado para produção do farelo de soja.
O total de água consumida para dessedentação dos animais e a limpeza das instalações estão presentes na Tabela 5.
Tabela 5. Consumo de água dos suínos abatidos na dessedentação e na limpeza das instalações.
Resultados e discussão
Qualquer cálculo de pegada seja hídrica, ecológica ou de carbono expressa tendências e não valores exatos. Isso se deve à dificuldade de se obter informações confiáveis para realização dos cálculos; variação dos sistemas produtivos e entre os próprios sistemas; condições ambientais e padrões tecnológicos e ausência de banco consistente de dados. Com isso, as informações ficam muito dispersas dificultando seu rastreamento. Essas dificuldades não diminuem a importância do cálculo o qual se propõe a servir como um indicador de uso do recurso natural para instrumento de gestão, além de inserir uma visão sistêmica das cadeias produtivas fundamental para a equalização e gestão ambiental das produções.
Em uma temática de pesquisa muito nova, como são os cálculos das pegadas, é inevitável que muitas dúvidas sobre definições e princípios básicos ocorram. Para Khan e Hanjra (2009), a pegada hídrica da produção de alimentos, muitas vezes, não é considerada porque as relações entre essas produções, o ambiente e os recursos hídricos são mal compreendidos.
Na Tabela 6, observa-se a pegada hídrica dos suínos abatidos por Estado da Região Centro-Sul no ano de 2008. Na Tabela 7, a porcentagem que milho, farelo de soja e dessedentação e limpeza representam na pegada hídrica.
O Estado que apresentou a maior pegada hídrica foi o Rio Grande do Sul (2,702 km3), seguido de Santa Catarina (2,401 km3) e Paraná (1,089 km3) que, juntos, concentraram 70,3% dos abates no ano de 2008. Apesar do Estado de de Santa Catarina ter o maior número de abates, 29,74% do total e esses serem 5,5% maiores que os abates do Rio Grande do Sul, o Estado não apresentou a maior pegada hídrica. Isso se deve às baixas produtividades das culturas de milho e soja no Estado gaúcho para o ano de estudo.
Tabela 6. Pegada hídrica dos suínos abatidos no ano de 2008 por Estado da Região Centro-Sul.
Tabela 7. Porcentagem que milho, farelo de soja e dessedentação e limpeza representaram na pegada hídrica dos suínos abatidos no ano de 2008.
O Estado do Rio Grande do Sul apresentou a terceira mais baixa produtividade para o milho e a pior produtividade para soja. Isso está relacionado a fatores climáticos, pois, tradicionalmente, o Estado é um grande produtor dessas culturas, apresentando produtividades acima da média nacional em anos com condições climáticas favoráveis.
O consumo de água pelas culturas vegetais representou na média nacional 99,88% da quantidade de água total da pegada.
Quanto menor a produtividade por hectare das culturas vegetais, menor a eficiência hídrica, consequentemente maior será a pegada da atividade avaliada. Esse fato demonstra a importância em se melhorar, por meio de zoneamentos e tecnologias, a produtividade de água pelas culturas vegetais, que são a base das dietas dos suínos.
Segundo Pimentel et al. (2004), a cada ano, 253 milhões t de grãos são utilizados nos Estados Unidos como alimento para os animais, exigindo cerca de 25 1013 L de água. No mundo, calcula-se que a necessidade de grãos seja três vezes maior que a necessidade estadunidense, como consequência a necessidade de água também será, aproximadamente, três vezes maior.
Os Estados com as menores pegadas foram Rio de Janeiro (0,00215 km3), Distrito Federal (0,0354 km3) e Espírito Santo (0,0719 km3). Os três representaram 1,1% do total de abates, entre os Estados avaliados. Apesar de Rio de Janeiro e Espírito Santo apresentarem as piores produtividades para o milho e produtividades medianas para soja, isso não se refletiu em uma grande pegada, pelo inexpressivo número de abates. O mesmo foi observado para o DF, mas de forma inversa, pois esse teve a melhor produtividade para soja e a segunda melhor para o milho. No entanto, como seus abates representaram somente 0,5%, essas altas produtividades não refletiram no cálculo da pegada em comparação com os outros Estados.
Se o Estado de Santa Catarina tivesse as mesmas produtividades para o milho e para soja que o Distrito Federal, sua pegada seria de 1,963 km3, isso significa uma redução de 18,25% na pegada calculada. No caso do Rio Grande do Sul, a pegada seria de 1,5959 km3, 41% menor que a pegada calculada. Esses cenários demonstram a importância de se ter elevadas produtividades para as culturas vegetais, sendo isso benéfico em termos produtivos e econômicos para o agricultor e benéfico para conservação dos recursos hídricos do país. Deve-se destacar que as altas produtividades não podem ser conquistadas pela degradação ambiental pelo uso excessivo de fertilizantes e defensivos.
Excetuando o Estado do Paraná, maior produtor de milho e segundo maior de soja no período 19902008, os outros dois Estados sulistas não são os maiores produtores de milho e soja do país, mas são os dois maiores produtores de suínos. Portanto, Santa Catarina que importa grandes quantidades de grãos de outros Estados, também está importando água. Esse tipo de água denomina-se água virtual. O Estado produziu 4.089.400 t de milho (primeira safra) em 2008, onde animais em crescimento e terminação foram responsáveis pelo consumo de 40% dessa quantidade. No caso da soja, o consumo desses animais representou 64% do total de soja produzida.
A possibilidade de adquirir grãos de outros Estados é benéfica em termos produtivos, pois tem viabilizado a suinocultura catarinense, mas pode ameaçar a segurança hídrica dos Estados exportadores, bem como no caso do Mato Grosso, maior produtor de soja no período 1990-2008, ameaçar a conservação de seus biomas.
Por ser relativamente recente, o conceito de água virtual ainda é pouco conhecido e difundido. As implicações das escolhas produtivas sobre a disponibilidade hídrica se dão em razão da demanda de água do produto desde sua plantação até o consumo. Ojima et al. (2008) demonstram que não se trata apenas da escolha ou da otimização dos processos produtivos, mas também da escolha dos produtos mais adequados, de acordo com a disponibilidade hídrica da região.
O cálculo da pegada hídrica pode subsidiar o cálculo de outro indicador que começa ser utilizado a fim de se mensurar a eficiência hídrica de uma produção pecuária. Essa eficiência tem sido expressa como produtividade hídrica, ou seja, a quantidade de água consumida para se produzir 1 kg de carne. Quanto menor essa relação, maior a eficiência hídrica da unidade ou cadeia produtiva.
Os cálculos realizados nesse estudo demonstram que a melhoria da produtividade hídrica da suinocultura depende da melhoria da produtividade hídrica dos plantios de milho e soja. Isso não exclui ações, programas e políticas para reduzir o consumo de água de dessedentação e limpeza nas unidades produtivas, apesar de percentualmente esse consumo ser insignificante na soma da pegada. A produção suína está muito concentrada no território nacional, portanto o consumo para dessedentação e limpeza sempre será uma ameaça à segurança hídrica das regiões de concentração pela intensificação da atividade. Ressalta-se o fato que essas regiões também apresentam grandes concentrações de unidades produtores de frangos de corte.
Os resultados demonstram que a maior parte do consumo de água para se produzir suínos está nas culturas vegetais que são a base das dietas e não no consumo para dessedentação e limpeza das instalações. Isso insere uma mudança de visão, ou seja, a gestão hídrica da suinocultura brasileira não pode se limitar a unidade produtiva, mas deve abranger a cadeia produtiva. A partir dessa mudança de visão, ações de zoneamento econômico-ecológico se tornam de fundamental importância a fim de regular a expansão das produções de grãos e suínos nos territórios, bem como subsidiar comunidades, poder público e Comitês de Bacia Hidrográfica na tomada de decisão e delineamento de ações.
Essa visão de cadeia produtiva também deve inserir a água consumida no abate dos animais e processamento de seus produtos, o que não ocorreu nesse estudo. A dificuldade em se inserir esses consumos está na falta de informações disponíveis para a realidade brasileira.
Conclusão
Na pegada hídrica de um suíno em crescimentoterminação, a água consumida para produção do milho representou o maior montante. O consumo na dessedentação e limpeza das instalações foram insignificantes no montante da pegada, mas devem ser considerados na gestão hídrica do local e das regiões de concentração da atividade. Com isso, a gestão hídrica da cadeia produtiva de suínos não pode ter como única abordagem a unidade produtiva, devendo inserir as cadeias agrícolas que se relacionam com ela.
O cálculo demonstrou que baixas produtividades nas culturas de milho e soja impactam negativamente a pegada, elevando seu valor. Portanto, os Estados devem ter programas e políticas para manutenção ou aumento das produtividades a fim de reduzir o impacto na pegada. A utilização da metodologia propiciou a visualização quantitativa dos fluxos hídricos inerentes à produção de suínos. Desta forma, ações mitigatórias devem ser delineadas considerando esses fluxos e não somente ações pontuais.
Agradecimentos
Aos pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, Ricardo Brito e Camilo de Lelis T. de Andrade, e ao pesquisador da Embrapa Soja, José Renato, pelas informações referentes ao consumo de água pelas culturas de milho e soja. Ao pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Gustavo J. M. M. de Lima, pela disponibilização das formulações das dietas para suínos em crescimento e terminação.
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