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Armazenamento Millho

Controle de Pontos Críticos em Armazenamento de Millho

Publicado: 6 de junho de 2012
Por: Julian Cristina Borosky (Selko)
São diversos os fatores que influenciam a qualidade das rações para aves e suínos. Por conseguinte é evidente a importância da qualidade das matérias-primas que têm maior inclusão nessas formulações.
De forma geral o milho é o principal componente das dietas para aves e suínos, participando em até 90% da composição em algumas delas.
Assim, a qualidade bromatológica, microbiológica e toxicológica desse insumo deve ser critério de seleção para as formulações.
Sabe-se que são inúmeras as variáveis que interferem nesses parâmetros, no entanto as condições de beneficiamento, segregação e armazenamento do grão e do farelo são determinantes na manutenção ou depreciação de sua qualidade.
Nesse contexto a implementação de um programa de controle de pontos críticos associado a tratamentos específicos é imprescindível para a redução da contaminação microbiológica e toxicológica, garantindo ainda a qualidade bromatológica do material armazenado.
Os cuidados com o grão devem ser iniciados no recebimento dos mesmos, dando preferência aos carregamentos com grãos úmidos (> 26%, por exemplo), pois milhos muito úmidos se deterioram rapidamente (Weber, 2005).
Antes de proceder o descarregamento, a carga deve ser analisada quanto ao teor de umidade dos grãos e também sua qualidade física (teor de impurezas, quebrados e ardidos). Para isso, os equipamentos utilizados devem ser adequados e a metodologia pré-definida para que se obtenha uma amostra significativa da carga.
Recomenda-se às empresas, quando viável, definir critérios para o recebimento baseado nos parâmetros citados acima.
Após a classificação dos grãos e o recebimento, o milho deve ser submetido a pré-limpeza, secagem, limpeza e só então armazenado nos silos.
Esses três processos estão diretamente relacionados a qualidade microbiológica do grão que será armazenado. Estudos têm demonstrado que existe umaa alta correlação entre as impurezas, grãos quebrados e ardidos e a contaminação fúngica (figuras 1 a 3).
Além disso, a umidade do grão está diretamente ligada a atividade de água e consequentemente ao crescimento microbiológico (tabela 1).
Controle de Pontos Críticos em Armazenamento de Millho - Image 1
Figura 1: amostra de milho após o descarregamento
Figura 2: classificação da amostra de milho
Controle de Pontos Críticos em Armazenamento de Millho - Image 2
Figura 3: Análise da contaminação fúngica nas diferentes partículas que compõem a carga de milho (autor desconhecido)
Tabela 1:. Crescimento fúngico, umidade e atividade de água do grão nos 10 primeiros dias de armazenamento, em temperatura ambiente 30oC e URA de 85%
Controle de Pontos Críticos em Armazenamento de Millho - Image 3
Considerando que as cargas de milho não são padronizadas, o ideal é que a empresa que as está recebendo tenha pelo menos 2 linhas de beneficiamento, a fim de segregar os grãos segundo o nível de umidade. Nesse sentido, uma linha deve ser destinada para recebimento e beneficiamento de grãos com até 20% de umidade, com secagem contínua e outra linha para grãos com umidade superior a 20% e secagem intermitente (Weber, 2005).
Dessa forma, é importante destacar que a temperatura de secagem deve ser controlada a fim de que não ultrapasse os 80ºC no interior da massa de grãos e a atividade de água para armazenamento deve ser mantida em 0,65 (Afonso, s.a.). 
Como último PCC (ponto crítico de controle) se encontram os silos. Eles devem estar devidamente preparados para a recepção dos grãos. Seus equipamentos devem estar funcionando adequadamente, as vedações reparadas e seu interior deve estar limpo e seco.
Possíveis alterações nessas condições irá favorecer ao acúmulo de umidade e consequentemente ao crescimento fúngico (figuras 4 e 5).
Controle de Pontos Críticos em Armazenamento de Millho - Image 4
Figuras 4 e 5: Silos prontos para recebimento do milho. Note o excesso de umidade externa e interna.
O material que o silo foi confeccionado e a temperatura de armazenamento também favorecem a movimentação de umidade dentro do silo e ao crescimento microbiológico.
Heinrich Brunner (1989) observaram que grãos resfriados no armazenamento têm menor perda de matéria seca que grãos armazenados em temperatura média ou alta (tabela 2).
Tabela 2:. Relação entre a temperatura de armazenamento e a perda de Matéria Seca.
Silos metálicos favorecem ao aquecimento da massa de grãos provocando a evaporação da umidade durante o dia e, durante a noite promovem a condensação da mesma e gotejamento de água sobre os grãos (figuras 6 e 7).
Controle de Pontos Críticos em Armazenamento de Millho - Image 7
Figura 6:. Esquema da distribuição da umidade em silos metálicos.
Controle de Pontos Críticos em Armazenamento de Millho - Image 8
Figura 7:. milho brotando no topo da massa armazenada, devido a gotejamento

Com o intuito de complementar o trabalho medidas de controle de pragas (insetos e roedores) e tratamentos com antifúngicos também devem ser implementados.
As pragas devem ser controladas pois deterioram a integridade do grão, quebrando a película e expondo o gérmen. Dessa forma, há o favorecimento do crescimento fúngico e depreciação econômica do material armazenado.
A tabela 3 expõem o resultado de um trabalho comparativo entre os valores nutricionais de milho bom e milho fungado, onde fica claro a redução de aproximadamente 5% tanto na Energia Metabolizável quanto na Proteína Bruta em milhos contaminados (Selko BV, s. a). 
Tabela 3: Comparação bromatológica entre milho bom e milho fungado
 
 
A depreciação nutricional do grão influencia diretamente as formulações de rações, obrigando os nutricionistas a buscarem ferramentas para compensá-la. Não obstante a isso, percebe-se que a redução de peso específico do grão contaminado também afeta diretamente a remuneração das cerealistas. Isso deixa claro que o controle antifúngico durante o armazenamento beneficia a todos.
O uso de ácidos orgânicos tamponados por amônia em milho armazenado tem se mostrado uma excelente opção de tratamento antifúngico.
Trabalho científicos e práticos têm demonstrado que além de controlar o crescimento fúngico, os produtos não são corrosivos e são biodegradáveis.
Em trabalhos realizados no laboratório da Selko BV (Holanda), foi possível observar que milhos tratados com mistura de ácidos orgânicos e seus sais de amônia (0,1%) tiveram sua qualidade preservada por 8 a 11 meses, enquanto que milhos não tratados apresentaram-se degradados e sinais de crescimento fúngico em 2 a 3 meses de armazenamento, no teste de estresse (temperatura a 37ºC e umidade relativa do ar de 95%).
Por fim e como benefício extra do controle fúngico, pode-se esperar menor contaminação toxicológica no milho armazenado.
As micotoxinas são substratos produzidos no metabolismo secundário de fungos filamentosos (Aspergillus sp.; Fusarium sp, etc).
São substâncias extremamente tóxicas, em dosagens mínimas, ao homem e aos animais e, uma vez produzidas pelos fungos elas permanecem no alimento mesmo após a eliminação destes.
A formação dessas toxinas depende de uma série de fatores como umidade, temperatura, presença de oxigênio, tempo para o crescimento fúngico, constituição de substrato, quantidade de inóculo fúngico bem como da interação/ competição entre microorganismos (Mallmann, s.a.).
Consequentemente é incontestável que o controle do crescimento fúngico no armazenamento de milho pelo tratamento com misturas de ácidos orgânicos e seus sais de amônia associado a medidas de controle de pontos críticos garantirá a qualidade bromatológica, microbiológica e toxicológica desse insumo, garantindo adequado retorno econômico à cerealista, à fábrica de ração e à produção animal.
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Autores:
Julian  Borosky
Trouw Nutrition
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Julian  Borosky
Trouw Nutrition
8 de junio de 2012

Prezado Robson, boa tarde!

Muito obrigada pelo seu comentário!! No entanto, a intenção do artigo é alertar sobre a importância de se cuidar desses pontos críticos, focando a obtenção de um produto final de qualidade, a fim de se reduzir prejuízos na produção animal. Ele não tem pretensão de ser um manual técnico de armazenamento de milho, mesmo por que essas orientações tem que ser passadas por um Engenheiro Agronômo e eu sou Médica Veterinária.


atenciosamente,


Julian

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Robson Lins
7 de junio de 2012

Bom dia,
Faltou na explanação, valores de umidade padrões de armazenagem e recebimento do grão, como operar silos que tenha fonte de aeração, que hora deve-se ligar os ventiladores, como aplicar os antifúngicos, qual a maneira correta que aplicamos, com esses dados o artigo fica mais completo.

sds
Robson Lins
G. cont. Qualidade.

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