Governo precisa somar forças à indústria nacional de defensivos agrícolas
Publicado:20 de junho de 2008
Por:Tulio Teixeira de Oliveira é presidente da Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (Aenda)
A história dos grandes impérios e potências mundiais mostra que decisões políticas mal equacionadas podem ser tão graves que desestabilizam setores econômicos por décadas. Quando os governos seguintes não se posicionam no sentido de estabilizar as atividades prejudicadas dos antecessores, o que torna o panorama destas ainda mais fragilizado.
A “moderna abertura de mercado” do governo Collor, no início da década de 90, realizada de forma inconseqüente e sem estudo de seletividade, serviu como revés para a indústria nacional de insumos agrícolas.
A área de fertilizantes simplesmente estancou seus investimentos na exploração de novas minerações de Fósforo e Potássio – insumos essenciais a esta indústria – e as empresas petrolíferas também deixaram para segundo plano a produção de elementos nitrogenados. No setor de defensivos agrícolas, diversas sínteses nacionais foram imediatamente substituídas por importações com preços mais compensadores.
Desde então, assistimos a um segundo momento, marcado pela aceleração da economia de países emergentes, notadamente na Ásia, fato que disparou o consumo dos insumos agrícolas, mas com nuances diferentes sobre os diversos insumos aqui no Brasil
No caso dos fertilizantes, o trio Nitrogênio, Fósforo e Potássio, essencial para o aumento da produção agrícola, passa por alarmante aumento de preços internacionais, e a dependência brasileira agrava a situação para os custos da nossa agricultura.
Os defensivos agrícolas, que asseguram a sanidade das culturas, passam por um fenômeno inverso ao dos fertilizantes, uma vez que a Índia e, especialmente, a China são grandes fabricantes dessas substâncias a custos baixos. Na década passada, a indústria nacional sofreu com as importações, que passaram a dominar o cenário. Os agricultores comemoraram num primeiro momento os preços baixos. Em contrapartida, não houve incentivo à produção brasileira e a oferta continuou concentrada nas mãos de empresas ultramarinas, que se abastecem essencialmente na China.
O cenário dos insumos agrícolas parece surrealista em um país com agricultura poderosa e alicerce do equilíbrio na balança comercial. No entanto, não se vê ainda um esboço sequer de planejamento que incentive e assegure produções estratégicas desses insumos fundamentais. Salvo a melhoria no sistema de registro dos defensivos, por sinal só implementado a partir de forte movimentação da indústria de genéricos e das lideranças agrícolas. De resto, tudo está entregue às forças do mercado.
Porém, as forças de mercado, por vezes, fogem de um convívio mais civilizado e passam a esmagar os pequenos ou a prejudicar áreas de interesse estratégico da nação. Quem tem o poder e a missão de regular tais distorções? A resposta obvia é o governo e ele precisa, com urgência, ocupar o seu posto de protetor dos interesses nacionais nesta questão.
Tulio Teixeira de Oliveira é presidente da Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (Aenda)