Em meio a uma crise que levou a uma diminuição significativa nas exportações, um consequente excedente de produção de cerca de 80 mil toneladas, e prejuízos em torno de R$ 0,60 por quilo produzido, os suinocultores paranaenses vão receber ajuda do governo do Estado para enfrentar o período ruim.
Ontem, em Curitiba, o secretário da Agricultura, Valter Bianchini, recebeu representantes dos produtores e anunciou medidas que vão desde campanhas educativas, nas escolas, a favor da carne de porco e a inclusão do produto na merenda escolar, até subsídios no uso de energia elétrica à noite.
Bianchini explicou que a maior parte das medidas devem entrar em vigor já nos próximos dias. "Apenas a inclusão do produto na merenda deve demorar mais tempo, pois necessita de lançamento de edital e tomada de preços", afirma.
Segundo ele, os descontos no consumo de energia elétrica à noite, já aplicados em setores como a avicultura, devem ser autorizados na semana que vem, e podem chegar a até 60%. Em uma propriedade com 200 matrizes, por exemplo, isso pode significar uma economia de cerca de R$ 700 mensais.
De acordo com o secretário, os cerca de 10 mil produtores do Estado integrados ao mercado estão bastante "inquietos" devido à queda nas exportações, sentida principalmente a partir do final do ano passado.
Em 2007, o Brasil exportava 605 mil toneladas de carne suína, sendo que 39,4 mil toneladas saíam do Paraná. Em 2008, esse número caiu para 528 mil toneladas no Brasil, e 31,4 mil toneladas, no Paraná.
O presidente da Associação Paranaense dos Suinocultores (APS), Irineu Wessler, explica que a queda nas exportações gerou um excedente de produção, que por sua vez derrubou o preço pago ao produtor pela carne suína.
Segundo ele, enquanto o custo de produção é de R$ 2,30 por quilo do produto, o valor que recebem vem sendo, em média, de apenas R$ 1,70. "Na venda ao frigorífico, temos R$ 60 de prejuízo para cada suíno terminado, que pesa 100 quilos", calcula.
Brasília
Além das medidas anunciadas pelo Estado, os suinocultores também esperam auxílio de instituições como o Banco do Brasil, de quem pedem mais facilidade para obtenção de crédito, e do governo Federal.
A proposta deve ser discutida em Brasília no final deste mês, quando um grupo nacional de produtores deve se reunir com os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes e do Planejamento, Paulo Bernardo. Entre outros itens, é prevista a criação de um valor de referência para venda do produto à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
As ações incluiriam, ainda, um Prêmio para Escoamento de Produtos (PEP), para estimular o envio de parte da produção a mercados nacionais onde o consumo da carne de porco e derivados ainda é pequeno, como a região Nordeste.