Os Estados Unidos irão plantar sua maior área de soja da história no ciclo 2009/10, que começa a ser cultivado em abril. Se o clima for satisfatório, o desempenho das lavouras deve ajudar a recompor os estoques mundiais do grão, hoje próximos de 50 milhões de toneladas. A avaliação é do economista chefe do departamento de agricultura do país (USDA), Joseph Glauber, expressada durante o Agricultural Outlook Forum, na semana passada, em Arlington, estado da Virgínia (EUA). "Em 2009, pela segunda vez em nove anos, a produção mundial de alimentos será maior que o consumo", disse. Conforme o USDA, os norte-americanos irão cultivar na próxima safra 31,2 milhões de hectares com soja, um incremento de 560 mil hectares.
"Se o clima for favorável, o aumento de área pode acrescentar à produção do país perto de 1,6 milhão de toneladas", calcula o analista da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) Robson Mafioletti . Na temporada 2008/09, o país colheu uma safra de 80,5 milhões de toneladas, conforme o USDA. Agora, pode atingir o recorde verificado em 2006/07, de 87 milhões de toneladas. A conta considera uma produtividade de 2.800 quilos/ha.
Para o analista Fernando Muraro, da AgRural Commodities Agrícolas, os dados apresentados pelo USDA eram previsíveis. Ele destaca, no entanto, a preocupação com a tendência de baixa nas cotações devido à previsão de uma oferta maior de soja pelos norte-americanos. Confirmada a área nos EUA, os estoques mundiais da oleaginosa podem passar de 60 milhões de toneladas em 2009.
Já na avaliação do coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Garcia Gasques, os dados são positivos para o Brasil. "A projeção feita pelos técnicos norte-americanos indica que a demanda mundial pela oleaginosa continua forte e que o mercado ainda tem problemas de estoques, um cenário que pode sinalizar preços mais altos para a soja", considera. Gasques lembra que, apesar de ainda estarem baixos, os estoques mundiais do grão vêm sendo recompostos nos últimos três anos.
A área de milho, por sua vez, deve manter-se estável, em 34,8 milhões de hectares. Os números, apresentados no Outlook, são preliminares, calculados a partir da venda de insumos nos EUA. O primeiro levantamento oficial de plantio norte-americano será anunciado apenas no final de março, tarde demais para ter grande influência na safrinha brasileira de milho, afirma Marcos Matos, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).