O frigorífico Independência entrou nesta segunda-feira com pedido de recuperação judicial para reestruturar suas dívidas e continuar em operação. Em nota oficial divulgada hoje, a empresa diz que "à luz das mudanças materiais adversas nos mercados global e brasileiro de carne bovina, a contínua volatilidade e turbulência nos mercados financeiros do Brasil e do mundo, e com o objetivo de preservar o caixa necessário para dar continuidade às suas operações, a Companhia recorreu à proteção judicial", diz a nota.
Em sua primeira manifestação oficial desde a última quinta-feira, quando anunciou a suspensão temporária dos abates de animais em todas as unidades no Brasil, a empresa disse que seus negócios sofreram a influência negativa da queda da demanda internacional. Além disso, a retração dos preços externos, a falta de liquidez que impediu o rolamento de linhas de financiamento, o nível elevado de inadimplência e a renegociação de contratos de venda também tiveram grande impacto no negócio do frigorífico.
Na nota, o Independência disse que dará continuidade às suas atividades e manterá suas relações comerciais com seus clientes e fornecedores. De qualquer forma, a empresa irá apresentar em 60 dias, a contar da decisão da Justiça em conceder a recuperação, um plano de reorganização perante seus credores. "O plano irá detalhar as providências a serem tomadas de forma a permitir que a companhia endireitar sua atual situação financeira, de forma a viabilizar a continuidade de seus negócios e satisfação dos interesses comuns de todas as partes envolvidas", diz a nota.
Diante do pedido de recuperação judicial a agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor's rebaixou hoje para 'D' os ratings atribuídos ao frigorífico. A decisão foi tomada assim que o frigorífico comunicou seu pedido à Justiça. Até a noite de sexta-feira, o Independência tentava negociar junto ao Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a liberação da segunda parcela do aporte anunciado pelo banco em novembro do ano passado. Fontes informaram que a direção da empresa chegou a se reunir com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para tentar viabilizar a liberação, o que aparentemente, não aconteceu. Em novembro, o banco estatal de fomento aplicou R$ 250 milhões no frigorífico e outra parcela de R$ 200 milhões deveria ser liberada.