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Tapando o furo no fundo do balde - o intervalo entre o início do parto e o desmame

Publicado: 5 de maio de 2015
Por: Larry Coleman, DVM; Fixing the Hole in the Bottom of the Bucket.
Possivelmente, com a exceção de surtos de doenças catastróficas, a melhor oportunidade que temos na indústria de suínos para evitar perdas de leitões é no intervalo entre o início do parto e o desmame. As médias de desmame têm melhorado de forma constante a cada ano. No entanto, o aumento no número de desmamados é menor do que o aumento anual do total de nascidos, devido à genética e outros fatores. Isto é decepcionante já que os processos necessários relacionados ao aumento do número de nascidos vivos e capacidade de sobrevivência dos leitões ao desmame são bem conhecidos e amplamente divulgados. Infelizmente, nós não temos abordado estas perdas, basicamente temos aumentado a média de desmamados simplesmente contando com melhorias genéticas e outros fatores relacionados ao número total de nascidos, ao invés de reduzir as perdas de leitões.
É como se a cada ano, estivéssemos despejando água em um balde em um ritmo frenético sem fazer nada para consertar o buraco (mortalidade pré-desmame) que está no fundo dele. Sinto que esta é realmente uma questão de liderança (falha), e acredito que o foco exclusivamente no treinamento de pessoal para evitar as perdas será ineficaz na resolução do problema. As razões que aponto para isso são:
 
Tradução: Júlia Linck Moroni, Medicina Veterinária
A falta de um sentido de urgência entre os responsáveis: Eu raramente vejo um senso de urgência em busca da resolução do problema da mortalidade pré-desmame entre os responsáveis em um sistema de produção de suínos, no qual desmamar 13 leitões é totalmente viável. Muitos líderes na indústria tornaram-se satisfeitos alcançando a média de 10,3 e se sentem bastante contentes ao desmamar 11 leitões. Esta comodidade é facilmente transmitida aos funcionários responsáveis pelo cuidado dos animais.
A falta de olhar para o quadro geral: Não é incomum que em sistemas com muitas granjas, que todas tenham um desmame médio inferior a 12 leitões. Entretanto, uma delas com certeza poderia ter uma média de desmame de alto padrão, ou seja, aproximando-se 13 desmamados- se esta fosse uma simples questão de treinamento e gerenciamento.Mesmo você analisando apenas a média geral, você pode deduzir que o problema é sistêmico; caso contrário, certamente uma das granjas individualmente seria capaz de alcançar médias de desmame elevadas.
Mentalidade do menor custo: Grande parte da nossa indústria suína moderna foi construída sobre a filosofia de que ser um produtor de “menor custo” garante a sobrevivência na atividade. Esta mentalidade levou à construção de instalações que hoje em dia são inadequadas para o tamanho da fêmea suína moderna, bem como impróprias para as necessidades de leitões recém-nascidos. Essa mentalidade muitas vezes impede os gerentes de examinarem se a filosofia do menor custo é realmente eficaz. Este comportamento acaba impedindo investimentos em instalações, apesar de mudanças na tecnologia das instalações existirem. Raramente uma indústria consegue competir com concorrentes sem reais investimentos de capital.
Falta de envolvimento dos líderes: Tenho observado que muitos líderes agrícolas raramente visitam as salas de parto e não entendem os obstáculos que estão no caminho para permitir que os funcionários resolvam problemas relacionados ao pós-parto. Líderes costumam contratar “especialistas” para visitar as granjas, pedindo-lhes para se concentrar em uma área em que eles estão autorizados a trabalhar, ou seja, o treinamento de funcionários. Em minha opinião, líderes que compreendem e trabalham em instalações de maternidade seriam mais focados solucionar os problemas que os funcionários enfrentam nas suas tarefas diárias.
A falta de pesquisa: Quando iniciei minha carreira na medicina de suínos há 30 anos, falava-se muito sobre as gaiolas de maternidade, sobre o espaço adequado para as fêmeas e o efeito das instalações no momento do parto. Em minha opinião, este assunto tem sido deixado de lado nos últimos anos.
Falta de funcionários comprometidos: Gerentes e proprietários muitas vezes parecem ter estabelecido que a falta de treinamento dos funcionários é o principal problema que enfrentam. Isso fez com que eles (os líderes) não prestem atenção no fato de que o engajamento dos funcionários (ou falta dele) é a principal razão para que os eles não consigam colocar em pratica todo seu potencial. Infelizmente, isso tem causado um diagnóstico errôneo ao culpar os funcionários, quando na verdade os líderes é que estão cometendo erros permitindo um sistema funcione sem a presença de funcionários devidamente comprometidos.
Falta de vitórias: Os responsáveis também não conseguem perceber que muitas granjas obtêm taxas abaixo da média na capacidade de sobrevivência dos leitões durante anos. A falta de uma temporada vitoriosa desmoraliza qualquer equipe de esportes, e não é diferente com uma equipe de funcionários. É responsabilidade dos líderes conquistarem uma vitória; A maneira mais eficaz de solucionar um problema motivacional é conquistando tornando a equipe vitoriosa.
A falta de supervisão de 24 horas pós-parto: Cinquenta anos atrás, a indústria levava o parto e os recém-nascidos a sério e fazia isso com grande intensidade. Isto envolvia supervisão noturna, o que infelizmente, foi descartado na era da produção de suínos moderna. Curiosamente, com o advento das explorações de maiores dimensões, cuidados 24 horas por dia é viável economicamente. Infelizmente, como já observado em outros artigos, a prestação de cuidados 24 horas por dia é um desafio à liderança, e não um problema orçamentário (contratar trabalhadores extras).
Além de prevenir surtos de doenças, eu diria que o conserto do buraco no fundo do balde é um dos maiores problemas que o sistema de criação americano vem enfrentando. Como sugestão prática, proponho que todos os grandes sistemas de produção escolham uma fazenda e, em seguida, façam o que for preciso para desmamar consistentemente 13 leitões por fêmea na granja em questão. Este ato exigiria uma abordagem “sem restrições”. E se realizada com sucesso, poderia facilmente abrir um caminho para que outras granjas sigam o exemplo.
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Caio Vitor Oliveira Silva
20 de julio de 2015
É fundamental que o manejo com o leitão recém nascido não seja negligenciado,pois atitudes simples e de baixo custo vão promover uma maior capacidade de sobrevivência aos leitões,amenizando os principais desafios que eles enfrentam no pós parto,como o cuidado com os ajustes de temperatura.A assistência ao pós parto com a secagem e cura do umbigo,direcionamento para a primeira mamada e treinamento durante a primeira semana para o uso do escamoteador são medidas simples de resultados bem satisfatórios.
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Leonardo Leite Medeiros
13 de julio de 2015
É excelente o testo e nos coloca da importância da tecnologia em qualquer criação e uma delas é o cuidado durante e após o parto de uma matriz suína pois pode haver morte de leitões por esmagamento principalmente em fêmea de primeiro. Por isto digo ao senhor deves treinar seus funcionários quanto ao manejo dos leitões.
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Prof. Roberto de Andrade Bordin
Universidade Anhembi Morumbi - Brasil
13 de julio de 2015
Bom dia excelente artigo. Com certeza todos os aspectos descritos no texto são importantes e podem ser resumidos..."atraso tecnológico". Claro que para algumas granjas este atraso é coisa do passado pois apresentam a tecnificação adequada - mão de obra e equipamentos...porém para a maioria isto ainda é um problema. Na atual conjuntura do país a suinocultura industrial deverá passar por uma grande transformação em seus atores. abs
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Coio Bahia
8 de julio de 2015

sou um pequeno produtor e é frustante a matriz parir 10 filhotes e voce se ausentar 7 dias ao voltar o empregado dizer que apareceram 4 porquinhos mortos, em resumo não pos a fêmea na gaiola e perdi meu lucro. Grato pelo artigo, vou ter mais cuidado ou acabar com a criação. Antonio Luiz Figueiredo

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